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APLICAÇÕES DO

GEOPROCESSAMENTO
NO ESTUDO E
PLANEJAMENTO DO
ESPAÇO URBANO E
RURAL.

Prof. Marcello Alves – Doutorando em Geociências – Instituto de


Geociências Unicamp.

2008
O presente módulo, segundo os objetivos gerais do curso visa:

“Promover a difusão do uso das geotecnologias em vista de um conhecimento mais


abrangente, aprofundado e preciso sobre o território brasileiro e suas diferentes regiões;
Ressaltar a potencialidade do geoprocessamento como recurso para a produção,
organização, tratamento, integração, gerenciamento e acesso das informações a respeito
de fenômenos onde a localização geográfica é um elemento fundamental para os
processos de organização, consultas, análise e decisão.Contribuir para o desenvolvimento
de novos conhecimentos, habilitações e competências para o avanço da produção do
conhecimento acadêmico e o aprimoramento da atuação profissional”.

Neste sentido se propõe a apresentação de 5 estudos de casos que serão debatidos e


analisados, buscando-se subsidiar a elaboração de um trabalho final no formato de artigo
científico.

Tem-se como suporte algumas das diversas bases instrumentais presentes no mercado.

Dois destes instrumentos de Geoprocessamento são de caráter livre e estão disponíveis no


site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, já o seguinte compõe a
plataforma mais popular em ferramentas de Geoprocessamento do mercado – Arcgis –
ESRI.

Cada bloco do curso compõe uma discussão aprofundada dos dados e práticas com os
programas.

Vocês poderão trazer alguns dados em formato Shapefile para elaboração dos trabalhos
finais.

Dou-lhes as boas vindas e desfrutem.

Marcello Alves.
Artigo 1
(Módulo 1)

Todos os artigos fazem parte de um conjunto de


de informações publicadas em congressos,
simpósios e livros.
SIGAC – 2004
Workshop sobre aplicações de Sistemas de Informações Geográficas no Ambiente
Construído

01 de outubro de 2004
Instituto Tecnológico de Aeronáutica – São José dos Campos - SP

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS NO MONITORAMENTO DO CRESCIMENTO URBANO EM ÁREAS


DE RISCO À EROSÃO

Mário Valério Filho 1, Marcello Alves 1, Madalena Niero Pereira 2, Carlos Roberto Serafim 1

1-UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba


mvalerio@univap.br
2- INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
malves@dpi.inpe.br

RESUMO
Analisar a dinâmica do crescimento urbano e seus efeitos sobre o meio ambiente, tem sido em tempos
atuais, uma questão relevante na identificação de problemas gerados pela ocupação de áreas impróprias aos
assentamentos urbanos. Neste contexto, insere-se o município de São José dos Campos – SP, que expandiu-
se de maneira acelerada nas últimas décadas, principalmente nas regiões sul e leste, áreas onde ocorrem
problemas de ocupação urbana em locais indevidos. Este fenômeno da expansão urbana que na maioria das
vezes ocorreu de forma desordenada, concorreu grandemente para a ocupação de áreas desfavoráveis a
este tipo de uso, provocando uma série de desequilíbrios ao meio ambiente, pesado ônus ao poder público e
riscos à população. Neste sentido, o presente trabalho apresenta uma abordagem metodológica, para a
caracterização do crescimento urbano em áreas de risco potencial á erosão com o suporte das
geotecnologias, através da utilização de técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento. A análise e
interpretação de fotografias aéreas em preto e branco e coloridas, possibilitaram o mapeamento dos
perímetros urbanizados no período 1985, 1997 e 2000. Com o suporte das geotecnologias os atributos das
unidades geotécnicas, da cobertura pedológica e das classes de declividade, foram integrados para geração
da carta de risco potencial à erosão, a qual submetida aos cruzamentos com os mapeamentos das áreas
urbanizadas, permitiram a espacialização e quantificação da ocupação urbana nas áreas de risco potencial à
erosão no período analisado.

PALAVRAS CHAVES: Crescimento urbano, ocupação de áreas, geotecnologias, erosão;


1- INTRODUÇÃO
A Região do Médio Vale do Rio Paraíba do Sul, mais precisamente ao longo do eixo da Rodovia Presidente
Dutra, foi submetida a partir de meados do século passado a um processo de urbanização de forma
acelerada e intensa, formando aglomerados urbanos e contribuindo assim para uma ocupação desordenada,
onde estas áreas são caracterizadas por ocuparem locais inadequados para este tipo de uso do solo.
Assim, pode-se deduzir que a ocupação urbana desordenada e irregular pode causar problemas decorrentes,
provocando o desequilíbrio dos sistemas ambientais, causando pesado ônus ao Poder Público e riscos às
populações. Entre eles destacam-se aqueles relacionados ao meio físico e às atividades antrópicas
indiscriminadas, tais como, como a ocupação de áreas de várzeas, áreas sujeitas a inundações, áreas com
declividades acentuadas e áreas de solos suscetíveis aos processos de erosão, conforme atestam os
trabalhos de Escada (1992), Vieira et al. (1993), Costa (1996), Serafim (1998) Valério Filho et al.(2002)
entre outros.
Neste sentido, as geotecnologias através das técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento se
oferecem como ferramentas capazes de propiciar meios para o levantamento de dados do meio físico, do
uso e ocupação da superfície terrestre, bem como, na integração destes dados para posterior análise e
interpretação, os quais resultam em subsídios relevantes às propostas de ordenamento físico territorial,
como demonstram os trabalhos de Escada (1992), Costa (1996), Valerio Filho (1998), Serafim (1998),
Jardim (1999), Valério Filho et al. (2003) entre outros.
Assim, considerando-se as altas taxas de urbanização que ocorrem no setor leste do município de São José
dos Campos (Serafim, 1998) e procurando prestar uma contribuição na indicação do crescimento urbano em
áreas de risco aos processos de erosão, desenvolveu-se uma abordagem metodológica com o apoio das
geotecnologias, para a caracterização dos espaços urbanizados nas áreas de risco à erosão no setor leste do
município de São José dos Campos-SP.

2- MATERIAIS E MÉTODOS
2.1- Área de estudo
O presente trabalho foi desenvolvido na bacia hidrográfica do Rio Pararangaba, a qual envolve também uma
parte da Bacia do Rio Paraíba do Sul (Figura 2.1.1), com uma área de 73,20 km2, inserida na região leste do
município de São José dos Campos SP, por ser uma das regiões que vem apresentando altas taxas de
crescimento urbano nos últimos anos Serafim (1998).

Figura 2.1 1 - Localização da área de estudo (Bacia Hidrográfica do Rio Pararangaba)


2.2- MATERIAIS
Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizadas as cartas topográficas do Instituto Geográfico e
Cartográfico (IGC) na escala de 1:10.000 de 1978; Cartas topográficas do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística- IBGE, de 1974 na escala de 1:50.000; Carta Geotécnica do Município de São José dos Campos,
na escala de 1:50.000 IPT (1996), fotografias aéreas em papel na escala aproximada 1:25.000 de 1985
(preto e branco) e fotos na escala aproximada 1:10.000 (colorida normal) de 1997 e 2000.
Os equipamentos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho foram: GPS modelo Garmim Survey II
para georreferenciamento das informações obtidas em trabalho de campo, mesa de luz para análise e
interpretação das fotografias aéreas; Sistema de Processamento de Informação Georreferenciada -SPRING
(INPE, 2004); para análise e integração da base de dados temáticos.
A delimitação da área de estudo (bacia hidrográfica do Rio Pararangaba) na base cartográfica, foi realizada
com o auxílio das cartas topográficas na escala 1:10.000, procurando-se representar a rede hidrográfica,
rede viária e o divisor da bacia hidrográfica, processo este realizado através do software SPRING/INPE
(2004).
O mapeamento das áreas urbanizadas no período analisado, foram obtidas com apoio das técnicas de
fotointerpretação conforme Marchetti & Garcia (1986), Pereira et al. (1987) e Novo (1989).
Para a elaboração de cartas de risco potencial à erosão normalmente são considerados vários atributos do
meio físico que podem favorecer os processos de erosão (declividade, forma e comprimento das encostas,
textura, gênese e erodibilidade dos materiais inconsolidados, litologia, profundidade do nível de água,
pluviosidade, escoamento superficial, feições erosivas), Zuquette et al. (1994), Crepani et al. (1996).
No presente trabalho a carta de risco potencial à erosão foi elaborada com base em determinados
parâmetros, obtidos da carta geotécnica do município de São José dos Campos, conforme IPT (1996), tais
como, propriedades dos solos obtidas do mapa de solos da Região do Vale do Paraíba segundo Kurkdjian et
al. (1992), e classes de declividade extraídas da carta de declividade elaborada com o auxílio de um ábaco
analógico ajustado para uma base cartográfica na escala 1:10.000 conforme De Biasi (1970).
Após a obtenção desses dados, foram realizados os cruzamentos utilizando-se de programação em LEGAL
(Linguagem Espacial para Geoprocessamento Algébrico) em ambiente SPRING (INPE, 2004). Em uma
primeira fase foi realizado o cruzamento dos parâmetros obtidos da carta geotécnica, de solos e declividade,
dando origem à carta de risco potencial à erosão. Em uma segunda etapa foi realizado o cruzamento da
carta de risco com as áreas urbanizadas na área de estudo para as datas de 1985, 1997 e 2000, a fim de
caracterizar, quantificar e espacializar a urbanização nas áreas de risco para os períodos analisados;

3 - RESULTADOS
A análise e interpretação das fotografias aéreas possibilitaram o mapeamento dos perímetros urbanizados
para as diferentes datas (Figura 3.1) e os resultados são apresentados na Tabela 3.1. Pelos dados
apresentados, podemos verificar que houve um aumento significativo da área urbanizada no período
analisado. No tocante ao aumento de área urbanizada no período, necessário se faz esclarecer que em
parte, este acréscimo se deve ao fato de ter sido considerado também os perímetros urbanizados em fase
de implantação, bem como, aqueles que se encontram nas regiões de contato com os setores rurais do
município que na grande maioria estão associados aos loteamentos denominados de clandestinos.
(1985) (1997) (2000)
Figura 3.1 – Manchas urbanas na bacia hidrográfica do Rio Pararangaba para os anos 1985, 1997, 2000;

Tabela 3.1 – Quantificação das áreas urbanizadas para as datas de 1985, 1997 e 2000;
Bacia hidrográfica do Rio Pararangaba Área (Km2) Área (%)

Área Urbanizada em 1985 6,20 8,54


Área Urbanizada em 1997 15,58 21,46
Área Urbanizada em 2000 16,85 23,21

3.1- Carta de Risco Potencial aos Processos de Erosão

Para a confecção de cartas de riscos potenciais a erosão, normalmente são considerados vários atributos do
meio físico conforme Zuquette et al. (1994), porém, conforme observação dos próprios autores, em muitas
situações torna-se inviável a disponibilidade daquelas informações na escala compatível a de trabalho.
Assim, foram consideradas as unidades geotécnicas (IPT 1996), sendo que cada qual recebeu um
determinado peso em função da composição textural, e da posição que ocupam na paisagem, e os
respectivos pesos foram dados conforme recomendação de Pejon & Zuquette (1993), em que deve-se
atribuir pesos aos atributos considerados tanto maiores quanto maior for a sua influência no processo de
escoamento superficial.
Neste contexto a Tabela 3.2 apresenta os atributos das unidades geotécnicas e seus respectivos pesos em
função da maior ou menor influência nos processos de erosão do solo.
Tabela 3.2 – Unidades Geotécnicas com seus respectivos pesos;

Unidades Geotécnicas Peso das Unidades

Aluviões arenosos 7
Aluviões argilosos 5
Colinas/morrotes em sedimentos arenosos 5
Colinas/morrotes em sedimentos em argila-expansiva 3
Colinas/morrotes em sedimentos argilo-arenosos 3
Morros c/ substrato migmatitos/gnaisses/xisto/filitos 6
Colinas/morrotes com embasamento cristalino 6

Para as diferentes unidades de solos que ocorrem na área de estudo foram também estabelecidos os
respectivos pesos em função das características texturais, espessura do material intemperizado
(profundidade), conforme procedimento utilizado por Crepani et al. (1996) para elaboração de cartas de
vulnerabilidade natural à erosão. Assim, a Tabela 3.3 apresenta as unidades de solos e seus respectivos
pesos, em função da maior ou menor influência aos processos de erosão.
Verifica-se, que os solos que ocupam áreas de várzeas (HGHa2) e aqueles de textura arenosa em superfície
(PVa 23), são os que receberam maior peso, pelo fato de estarem associados à áreas de risco a inundação
para os solos Glei e maior influência aos riscos de erosão para os Podzólicos Vermelho Amarelo.

Tabela 3.3 – Unidades de solos com seus respectivos pesos;


Unidades de Solos Peso das Unidades
Glei Húmico Álico (HGHa2) 8
Latossolo Vermelho Amarelo Álico (LVa) 6
Podzólico Vermelho Amarelo Álico (Pva23) 7
Podzólico Vermelho Amarelo Álico (Pva19) 5

Com relação ao estabelecimento dos respectivos pesos para as classes de declividade, foi adotado o mesmo
procedimento utilizado para as unidades geotécnicas e unidades de solos, sendo que as classes de maior
declividade receberam os maiores pesos, com exceção das áreas de várzea que ocorrem na classe de
declividade entre 0 e 5%, e que pelo fato de serem áreas sujeitas à inundação receberam o peso máximo,
semelhante ao da classe com declividade maior que 30 %, conforme pode ser visualizado na Tabela 3.4.
Tabela 3.4 – Classes de Declividade com seus respectivos pesos;
Intervalos das Classes de Declividade (%) Peso das Unidades
0–5 1
0 – 5 (em áreas de várzea) 10
5 – 15 2
15 –30 3
> 30 10

Conduta semelhante foi realizada com a profundidade sendo que os solos mais rasos tiveram os maiores
pesos e os mais profundos menores pesos, bem como para o relevo onde as classes de relevo ondulado a
montanhoso receberam os pesos mais elevados e as classes de relevo plano a suave ondulado os menores.
Neste sentido as Tabelas 3.2, 3.3 e 3.4 representam a somatória dos pesos estabelecidos para os diferentes
atributos analisados.
Após a obtenção dos diferentes atributos e seus respectivos pesos, realizou-se a integração dos mesmos
para toda a área de estudo com o suporte do software SPRING, sendo obtidas todas as combinações
possíveis entre os diferentes atributos e seus respectivos pesos e os resultados foram agrupados em apenas
4 classes quanto aos riscos potenciais à erosão sendo: a) áreas não críticas b) áreas moderadamente
críticas, c) área crítica e d) áreas muito críticas, à erosão, conforme é apresentado na Figura 3.2.

Figura 3.2 - Carta de risco potencial à erosão


Com a disponibilidade da carta do potencial de risco à erosão e os mapeamentos das áreas urbanizadas nas
datas de 1985, 1997 e 2000, foi possível realizar os cruzamentos nos períodos analisados e posteriormente a
quantificação do crescimento urbano nas áreas de risco potencial à erosão para as diferentes classes, com o
suporte do SPRING e os resultados obtidos são apresentados na Figura 3.3 e na Tabela 3.5.

Figura 3.3 – Cruzamento das áreas urbanizadas com a carta de risco à erosão

Tabela 3.5 – Taxa de urbanização em áreas de risco à erosão;


Expansão Urbana Expansão Urbana Expansão Urbana
Áreas de risco
Km2 (1985) Km2 (1997) Km2 (2000)
Área não Crítica 3,46 9,48 9,90
Área Moderadamente
1,90 4,12 4,75
Crítica
Área Crítica 0,42 0,95 1,02
Área Muito Crítica 0,42 1,03 1,18

Conforme apresentado na Tabela 3.5, verifica-se que no período analisado houve um aumento significativo
de crescimento urbano no período de 1985 a 1997 em praticamente todas as classes de risco, sendo que a
classe não crítica foi a que apresentou maior expressão de área. Por outro lado é possível constatar que
para o mesmo período ocorreu um aumento em área de duas a duas vezes e meia a ocupação urbana nas
classes moderadamente crítica, crítica e muito crítica. Quanto ao pequeno aumento em área ocorrido no
período 1997 a 2000, em parte está associado ao período de apenas três anos e por outro lado está atrelado
também ao fato de que aquelas áreas que em 1997 estavam em processo de ocupação urbana (traçado da
estrutura urbana) e locais de baixa densidade de ocupação urbana passaram para a categoria de áreas mais
adensadas em 2000 e assim limitando o crescimento de novas áreas de expansão urbana. Assim, percebe-se
que no período analisado houve um incremento do crescimento urbano em áreas de risco potencial à
erosão.
Pelos valores apresentados e com a finalidade de avaliar a eficiência da metodologia proposta, foi realizado
um apoio de campo para verificar as consequências das áreas urbanizadas nas classes de risco consideradas
críticas e muito críticas, o que resultou na constatação de áreas submetidas aos diferentes processos de
erosão, as quais na sua maioria estavam associadas a áreas de expansão urbana mais recentes e ainda não
totalmente consolidadas, cuja principal causa é a ausência ou deficiência de obras de infra-estrutura,
disposição do sistema viário e da drenagem superficial, que permitem a concentração do escoamento, aliado
à inexistência de estruturas adequadas de adução, condução e lançamento das águas.
Assim, considerando-se que esta região é uma das áreas mais favoráveis ao processo de expansão urbana,
e que nos últimos anos tem apresentado altas taxas de urbanização conforme Serafim (1998), torna-se
necessário o direcionamento de ações mitigadoras para controlar este crescimento desordenado.

4- CONCLUSÕES
A metodologia para a elaboração da carta de risco potencial à erosão através da integração de atributos
basicamente do solo e relevo, mostrou-se eficiente como um instrumento para a caracterização das áreas
urbanas implantadas nas áreas de risco potencial à erosão, pelo fato da constatação de que as áreas
urbanizadas nas classes classificadas como críticas e muito críticas pela carta de risco, foram constatadas em
campo e também por ter sido possível a quantificação e espacialização do crescimento urbano em áreas de
risco potencial à erosão na área de estudo.
Embora os resultados tenham apresentado contribuições importantes para subsidiar propostas de
ordenamento territorial, é necessário uma investigação mais crítica na seleção dos atributos e seus
respectivos pesos a serem utilizados na elaboração de cartas de risco potencial à erosão.

5 - BIBLIOGRÁFIA
COSTA, S.M.F. Metodologia alternativa para o estudo do espaço metropolitano, integrando as tecnologia de
SIG e sensoriamento remoto – Aplicação à área metropolitana de Belo Horizonte. São Paulo, 1996.
Dissertação de Doutorado – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 179p.
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Curso de sensoriamento remoto aplicado ao zoneamento ecológico-econômico. São José dos Campos,
INPE, 1996. 18p.
DE BIASI, M. Cartas de declividade: confecção e utilização. São Paulo, USP. IGEOG, 1970. (Série
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ESCADA, M.I.S. Utilização de técnicas de sensoriamento remoto para o planejamento de espaços livres
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edição. 1996. São Paulo: IPT, 10/10/1996. 43p.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS – (INPE) - SPRING. Sistema de Processamento de
Informações Georeferenciadas. http://www.dpi.inpe.br/spring, 2004;
JARDIM, H. L. Estudo da expansão urbana próxima a área de mineração através de sensoriamento remoto,
índices morfométricos e geoprocessamento:Congonhas-MG. (Dissertação de Mestrado em
Sensoriamento Remoto). INPE, São José dos Campos, 1999, 139p. (INPE-7029-TDI/661).
KURKDJIAN, M.L.N.O.; VALERIO FILHO, M.; VENEZIANI, P.; PEREIRA, M.N.; FLORENZANO, T.G.; ANJOS,
C.E.; OHARA, T.; DONZELI, P.L.; ABDON, M.M.; SAUSEN, T.M.; PINTO, S.A.F.; BERTOLDO, M.A.;
BLANCO, J.G.; CZORDAS, S.M. Macrozoneamento da Região do Vale do Paraíba e Litoral Norte do
Estado de São Paulo. São José dos Campos, 1992. 176 p (INPE-5381-PRP/165)
MARCHETTI, D. A. B.; GARCIA, G. J. Princípios de fotogrametria e fotointerpretação. São Paulo, Nobel,
1986. 257p.
NOVO, E. M. L. M. Sensoriamento remoto, princípios e aplicações. São josé dos Campos. Ed. Edgard Blucher
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Junho de 2002. CD
VALERIO FILHO, M.; ALVES, M.; GARCIA, R.; FANTIN, M. Caracterização de bacias hidrográficas
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VIEIRA, I.M.; KURKDJIAN, M.L.N.O. 1993. Integração de dados de expansão urbana e dados geotécnicos
como subsídio ao estabelecimento de critérios de ocupação em áreas urbanas. In: SIMPÓSIO
BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 7. Curitiba, PR, 10-14 maio, 1993. Anais. Curitiba. v.1, p.
163-171.
ZUQUETTE, L. V.; PEJON, O. J.; SINELLI, O.; GANDOLFI, N. Carta de riscos potenciais de erosão - cidade de
Franca (SP) escala 1:25.000 (Brasil). III Latin American Symposium on Urbaan Geohazards. Anais.
1994.
Artigo 2
(Módulo 2)

Todos os artigos fazem parte de um conjunto de


de informações publicadas em congressos,
simpósios e livros.

13
“INTEGRAÇÃO DE DADOS SÓCIO-TERRITORIAIS E CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO, EM BACIAS
HIDROGRÁFICAS, COMO SUBSÍDIO À GESTÃO DA SAÚDE PÚBLICA”.
Marcello Alves;
Antônio Miguel V. Monteiro;
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE / Divisão de Processamento de Imagens – DPI
{malves, miguel} @dpi.inpe.br;

Resumo
O acelerado crescimento urbano brasileiro, associado ao acentuado processo de industrialização das últimas
décadas, vem contribuindo diretamente com a centralização e produção de intensas desigualdades sócio
territoriais nas cidades. Populações, vivendo muitas vezes em situações limites e forçadas a deslocamentos
em direção às periferias não normatizadas, vêm ocupando, em alguns casos, as áreas de bacias
hidrográficas responsáveis pelo abastecimento e regulação do ciclo das águas para um conjunto de centros
urbanos. A fragilização destas áreas compromete a médio e longo prazo a própria existência destes centros.
Neste sentido, este trabalho busca apresentar idéias preliminares para ampliar a capacidade dos sistemas
gestores locais, tratando integradamente os chamados dados de qualidade ambiental na escala dos
processos da bacia, com os dados de qualidade ambiental na escala do cidadão. Integrando a caracterização
do atendimento à infra-estrutura básica, obtido a partir de dados censitários agregados por setores, com as
características do meio físico da(s) bacia(s) hidrográfica (s), obtendo-se assim, a relação em curso de áreas
urbanas e o sistema ambiental de regulação do bem comum: a água. O uso de Sistemas de Informações
Geográficas e as técnicas de Análise Espacial compõem a base ferramental de integração e de construção de
medidas de cidades territorializadas em escala intra-urbana (Koga, 2003). Como área piloto, escolheu-se à
margem direita do Rio Paraíba do Sul, o município de São José dos Campos-SP, que conta com uma área
urbanizada distribuída em oito bacias hidrográficas. Utilizando-se de estudos anteriores de caracterização de
desigualdades sócio-territoriais através de indicadores com expressão territorial (Genovez, 2002) e da
caracterização das unidades físicas das bacias hidrográficas (IPT, 1996), procurou-se definir o grau de
fragilização que considere o sistema ambiental de regulação sem deixar de observar as necessidades das
populações que ali estão assentadas, subsidiando o planejamento e ao mesmo tempo à gestão de saúde
pública local, no tocante ao direciomento das ações emergenciais pertinentes e, de ordem comum a todos.

1- Introdução
Com crescimento das áreas urbanizadas próximas às áreas de drenagem, ocorre o desenvolvimento de
um conjunto de situações críticas que podem afetar a disponibilidade, a qualidade e o abastecimento das
cidades.

A Secretaria Municipal de Administração de São Paulo - SMA_SP (1997) constata que a poluição dos rios
por mercúrio, rejeitos sólidos dos garimpos, dejetos dos esgotos sanitários, assoreamento, interferência no
ciclo das águas por grandes projetos e exploração descontrolada dos recursos subterrâneos, afetam
diretamente a complexa rede hidrográfica brasileira. Porém, de acordo com Marcondes (1999), os maiores
problemas estão relacionados à escassez de água e a contaminação dos mananciais, ocasionados em sua
grande maioria por ocupações não normatizadas pela administração pública.

14
Tais ocupações que segundo Ravanelli (2003) ocorrem de forma clandestina, caracterizam o que Koga
(2003) sugere como “território onde as desigualdades sociais se fazem mais presentes”, caracterizadas por
um retardamento na implantação dos serviços básicos de esgoto, tratamento de lixo e abastecimento
d’água. Assim, muitos dos aglomerados urbanos não normatizados e estabelecidos clandestinamente
buscam saídas, muitas vezes alternativas como solução de tais carências.
A implantação de fossas sépticas, a aquisição de água para consumo através de poços artesianos e a
acomodação do lixo doméstico são algumas destas alternativas. Contudo, estas instalações, em sua grande
maioria, não obedecem quaisquer critérios básicos de funcionalidade, periculosidade e alocação. Assim o
rompimento de fossas sépticas em zonas de contato com as águas sub-superficiais ou o depósito do lixo nas
encostas do terreno podem afetar diretamente a rede hídrica local e das demais localidades que se
abastecem deste recurso mineral.
Inseridas neste contexto, de acordo com Campana e Tucci (1994), as bacias hidrográficas urbanas
necessitam ser planejadas levando-se em conta o seu desenvolvimento futuro. Considerando que a falta de
planejamento adequado e a ocupação descontrolada tornam esta tarefa bastante dificultosa.
Por sua vez, a Secretaria Municipal de Administração de São Paulo - SMA_SP (1997) relata que a
potabilidade da água de um rio é considerada quando a mesma apresenta menos de mil coliformes fecais e
menos de dez microorganismos patogênicos por litro (como aqueles causadores de verminoses, cólera,
esquistossomose, febre tifóide, hepatite, leptospirose, poliomielite etc.). Portanto, para a que a água se
mantenha nessas condições, deve-se evitar sua contaminação por resíduos, sejam eles agrícolas (de
natureza química ou orgânica), esgotos, resíduos industriais, lixo ou sedimentos vindos da erosão.
No entanto, as contaminações em bacias hidrográficas também podem ser agravadas segundo sua
alocação espacial em unidades específicas do meio físico, caracterizadas neste trabalho pela Carta de
Unidades Geotécnicas (IPT, 1996).
Destacam-se, as áreas próximas das margens dos rios contribuintes (Planícies aluvionares: Aluviões
arenosos e Aluviões argilosos) compostas pela sedimentação e acúmulo de material acarreado e
desagregado das zonas a montante da foz e, por conseguinte, as zonas de altitude elevada que se
caracterizam pelas altas declividades e pelo notório acarreamento de partículas ocasionado pelas águas das
chuvas.
Vale destacar que determinadas unidades do meio físico, quando expostas a uma intensa ocupação
urbana, realizada muitas vezes sem controle adequado e de forma clandestina refletem um cenário de
exclusão sociespacial que podem se agravar, desenvolvendo desta forma uma série de impactos ao meio
ambiente.
Genovez (2002), relata que o crescente processo de urbanização brasileira reflete diretamente em
muitas cidades, colocando-as como organismos de centralização de intensas desigualdades sócio-territoriais.
Desta forma a elaboração de propostas políticas, pertinentes que considerem o território como informação
estratégica faz-se necessário no intuito de subsidiar o planejamento local.
Assim, utilizando-se dos estudos realizados por Genovez (2002) que caracterizam as desigualdades
sócio-territoriais através de indicadores com expressão territorial, juntamente com o auxilio de Sistemas de
Informações Geográficas e Técnicas de Análise Espacial, buscar-se-á detectar os clusters de setores
censitários que apresentem maior precariedade dos serviços de infra-estrutura básica. Caracterizados por
Genovez (2002), em sua metodologia, como indicadores do índice “Qualidade ambiental”.

15
A estes clusters serão integradas as informações do meio físico da(s) bacia hidrográfica analisada,
determinando-se assim a que apresente maior “Fragilidade / Criticidade” segundo os critérios de integração
estabelecidos.
Buscando-se assim, subsidiar a elaboração de políticas publicas que visem uma melhor gestão
“Sociedade / Meio Ambiente”, no tocante a um bem comum, a água.

2- Materiais e métodos
2.1- Localização e características da área de estudo

O município de São José dos Campos, localiza-se no Médio Vale do Rio Paraíba do Sul, na província
geomorfológica denominada Planalto Atlântico, a 23º 13´53´´ de Latitude Sul e 45º 51´21´´ de Longitude
Oeste, com área total de 1.118 Km2 e altitude média de 600 metros.
O Rio Paraíba do Sul atravessa todo o município seguindo a direção NE formando assim uma
complexa rede de afluentes as margens esquerda e direita. Vale destacar que toda rede de drenagem está
sob influência das chuvas de verão, sendo os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro os mais chuvosos
(SMA, 1997).
Segundo Valério Filho et. Al. (2003) é na margem direita do Rio Paraíba do Sul que estão localizadas 8
(oito) bacias hidrográficas contribuintes, sendo 2 (duas) delas inter-municipais, Rio Comprido (Jacareí / São
José dos Campos) e Ribeirão Bom Retiro ( São José dos Campos / Caçapava) e 6 (seis) municipais Córrego
da Ressaca, Ribeirão Vidoca, Córrego Lavapés, Córrego Cambuí, Rio Alambari e Rio Pararangaba. As quais
refletem, em seu adensamento urbano, segundo os autores, o grande surto do crescimento no município de
São José dos Campos (Figura 1).

Divisão municipal da
Bacia hidrográfica do Rio
Paraíba do Sul. Destaque
para o município de São
José dos Campos

Margem Direita do Rio


Paraíba do Sul no
município de São José
dos Campos - SP

Figura 1: Localização da área de estudo

2.2- Materiais

Na elaboração deste trabalho foram utilizados uma série de dados em formatos analógicos e digitais.
Coletados em diversas fontes e formatos, segundo sua disponibilidade.

16
Assim, na execução do trabalho, foram utilizados, materiais cartográficos e equipamentos, descritos
nos item abaixo.

2.2.1- Material Cartográfico

• Carta de Unidades Geotécnicas


Elaborada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) em parceria com a Prefeitura municipal de São
José dos Campos. A carta de unidades geotécnicas, segundo IPT (1996), contém informações sobre o meio
físico e a ocupação do município. Gerando-se assim, importante subsídio às ações de planejamento e gestão
do uso das terras.
Desta forma, contextualizando o relatado pelo IPT (1996) o material cartográfico foi elaborado “através
do reconhecimento do terreno, segundo a predominância ou grau de susceptibilidade dos principais
processos/problemas considerados. Permitindo-se então a delimitação de 9 (nove) classes de unidades
geotécnicas, conforme o desempenho esperado destes terrenos ante seu uso.” Sendo assim, tem-se como
unidades geotécnicas, levantadas no município de São José dos Campos;
1- Aluviões;
2- Terraços Fluviais e Residuais;
3- Talús / Colúvio;
4- Colinas e Morrotes em Sedimentos Arenosos;
5- Colinas e Morrotes em Sedimentos Argilosos;
6- Colinas e Morrotes com Embasamento Cristalino;
7- Morros com Substrato de Migmatito / Gnaisses/ Xistos/ Filitos;
8- Morros com substratos de Rochas Graníticas;
9- Montanhas e Escarpas

• Malha dos Setores Censitários

Utilizou-se também na elaboração deste trabalho a malha dos setores censitários estipulada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano 2000;

• Mapa da Delimitação Espacial das Bacias Hidrográficas da Margem Direita do Rio Paraíba do Sul no
Município de São José dos Campos

Utilizando-se da metodologia proposta por Christofoletti (1974) para delimitação da rede de drenagem,
este mapa, elaborado por Valerio Filho et al. (2003), apresenta a compartimentação das bacias hidrográficas
presentes na margem direita do Rio Paraíba do Sul, no município de São José dos Campos. Caracterizando-
se assim as 8 (oito) bacias hidrográficas contribuintes alocadas na área estudada. Vale ressaltar que 2
(duas) destas bacias hidrográficas são inter-municipais, pois estabelecem como zona limítrofe inter-
municipal a calha do rio. Sofrendo assim, segundo os autores influência da carga de macro e micro-
drenagem de ambos municípios.

2.3- Equipamentos
Para a entrada, organização, manipulação, processamento e saída das informações do projeto
foram utilizados os seguintes equipamentos:

17
a) Micro padrão IBM/PC - Pentium 4 com instalação do sistema de informação geográfica SPRING
(Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas), desenvolvido no Instituto Nacional de
Pesquisas Espacias (INPE, 2003), que conjuga funções de processamento de imagens, análise espacial,
modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais;

2.3-Metodologia

Segundo Genovez (2002), o índice de “Qualidade Ambiental” é composto pelos índices de Precário
Abastecimento de água, Precária Instalação Sanitária e Precário tratamento de lixo (Figura 3). Vale destacar
que o mesmo não apresenta um Padrão de Referencia de Inclusão (PRI) definido e que sua escala de
representação, segundo a autora, varia de –1 a 0, representando as maiores porcentagens de instalações
precárias (-1) e, por conseguinte as menores (0).

Ressalta-se também que mesmo tendendo a ser um índice não muito representativo para o
município de São José dos Campos, de acordo com a autora, devido à universalização dos Serviços Públicos
de Abastecimento d’água, Tratamento de lixo e Coleta de esgoto, o município estudado apresenta diversas
áreas periféricas urbanizadas e em processo de ocupações não regulamentado pela administração pública ou
que Ravanelli (2003) relata como ocorrência de ocupações de forma clandestinas desprovidas da maioria
dos serviços públicos básicos.

Precária
Precário Instalação
Abastecimento Sanitária Precário
de Água Tratamento
do lixo

Iex Qualidade
Ambiental

Figura 3: Representação dos Indicadores que compõem o índice “Qualidade Ambiental”.

Assim, depois de agregada à base vetorial dos Setores Censitários, os valores referentes ao índice
composto de “Qualidade Ambiental”, realizou-se um agrupamento, propondo-se 4 (quatro) classes de
variação no escalonamento, “–1 a 0”. (Figura 4);

-1 0

Figura 4: Classes de agrupamento estabelecidas para o escalonamento proposto.

18
Após o agregamento e a espacialização das informações obteve-se o mapa síntese das informações,
demonstrando–se assim o comportamento dos setores censitários segundo o índice agregado de “Qualidade
ambiental” (Figura 5).

Figura 5: Índice de “Qualidade Ambiental” espacializado.

A esta base vetorial foi sobreposto o limite das bacias hidrográficas da área estudada,
estabelecendo-se assim o recorte dos setores com os índices de “Qualidade Ambiental” espacializados
(Figura 6). Este procedimento tornou possível uma análise fragmentada e pontual das informações
presentes em cada um das bacias hidrográficas.

Figura 6: Sobreposição dos limites das bacias hidrográficas da margem direita do Rio Paraíba do Sul
no município de São José dos Campos ao índice “Qualidade Ambiental” espacializado.

Obteve-se então as informações de cada uma das bacias hidrográficas, tornando assim, possível
detectar a área de ocorrência de cada uma das 4 (quatro) classes propostas sobre o escalonamento
estabelecido por Genovez (2002) (Figura 7).

19
70000

61.340
60000

49.667
(Variação) -1.0000 ~ -0.7500
(Variação) -0.7500 ~ -0.5000
50000 (Variação) -0.5000 ~ -0.2500
(Variação) -0.2500 ~ 0.0000

38.688
40000
Bacias hidrográficas
32.645

que apresentaram
criticidade
segundo o Índice
30000
"Qualidade de

20.577
Ambiental"

18.995
20000

12.425
11.635
6.923

5.420
10000

4.680
3.503
2.657
2.580

Valores de Área em Km2


0

Vidoca
Alambari

Rio Comprido
Cambui

Lavapés

Pararangaba
Bom Retiro

Ressaca
Figura 7: Gráfico representativo das áreas de ocorrência das 4 (quatro) classes propostas.

Porém, tendo em vista a pouca representatividade apresentada por Genovez (2002) do índice
“Qualidade ambiental” e estando o mesmo já escalonado entre –1 a 0, buscou-se avaliar a maior
pertinência, nas bacias hidrográficas analisadas, das classes próximas ao extremo negativo (-1), sendo elas
(-0.7500 ~ -0.5000 e -0.7500 ~ -1.0000). Tem-se então estabelecidas as principais áreas a serem
analisadas. Vale destacar que as classes (-0.5000 ~ -0.2500 e –0.2500 ~ 0.0000) não estão excluídas das
análises, pois todo índice “Qualidade Ambiental” está escalonado entre as maiores porcentagens de
instalações precárias. Contudo, neste trabalho dar-se-á ênfase às classes que supostamente apresentem
maior criticidade.

Neste sentido, tem-se como bacias hidrográficas prioritárias na análise deste trabalho:

Área 1: Bacia hidrográfica do Ribeirão Bom Retiro ( São José dos Campos / Caçapava) (Figura 8);

Figura 8: Recorte da Bacia hidrográfica do Ribeirão Bom Retiro com o índice “Qualidade Ambiental”
espacializado e seus respectivos valores percentuais de área.

20
Área 2: Bacia hidrográfica do Rio Pararangaba (Figura 9);

Figura 9: Recorte da Bacia hidrográfica do Rio Pararangaba com o índice “Qualidade Ambiental”
espacializado e seus respectivos valores percentuais de área.

Após o levantamento das bacias hidrográficas prioritárias, realizou-se a avaliação das informações do
meio físico, segundo o critério de “Fragilidade / Criticidade” à ocupação, apontado pelo Relatório Técnico da
Carta de Unidades Geotécnicas (IPT, 1996) e adaptado aos conceitos de análise deste trabalho; Contato
com Lençol freático e Escoamento superficial. Estabelecendo-se assim as possíveis combinações e as
respectivas qualificações com relação ao tema analisado.

2.3.1- Critérios de “Fragilidade / Criticidade” propostos segundo a integração do Índice de Qualidade


ambiental (Genovez, 2002) e as Unidades do Meio Físico (IPT, 1996);

Para elaboração dos critérios de “Fragilidade / Criticidade” das áreas analisadas foi avaliado o grau
de influência de cada unidade do meio físico segundo suas características. Tem-se então:

• Unidades Geotécnicas:
Aluviões (Arenosos ou Argilosos) – São as áreas consideradas mais críticas na ocorrência de
acidentes ligados à poluição devido à dificuldade de dispesão da matéria. Segundo o IPT (1996) estas
áreas se caracterizam pelas partículas desagregadas, profundidades de até 11 metros e níveis d’água
rasos ou aflorantes que proporciona um contato quase que direto com as águas sub-superficiais.
Normalmente são constituída por cascalhos e porcentagem diversificada de matéria orgânica e presença
eventual de turfas. As declividades são baixas e inferiores a 5%, estando sujeitas a inundações
periódicas.

Morros com Substrato de Migmatito / Gnaisses/ Xistos/ Filitos - Segundo o IPT (1996) estes sistemas
de relevo apresentam-se com declividade variando entre 20 e 58 % podendo ocorrer de forma
subordinada a outras formas de relevo de amplitude variada. O substrato é composto de rochas
cristalinas com estruturas bastante orientadas. Ainda segundo o IPT (1996) a composição heterogênea
dos solos no horizonte C, proporcionam, em alguns casos, um alto grau de erodibilidade devido ao
desgaste dos solos e à retirada da cobertura vegetal, facilitando assim o escoamento superficial.

21
Ocupadas de forma irregular as áreas de aluvião, alocadas nos encaixes dos morros podem tornar estas
áreas críticas.

Sendo assim, após avaliar as diferentes variáveis presentes na área estudada e seu comportamento
com relação ao tema analisado (Precária Qualidade ambiental / Características do Meio Físico),
estabeleceu-se os critérios de cruzamento e suas devidas qualificações (Tabela 1).

Tabela 1: Critério proposto no cruzamento das informações.

Unidades Geotécnicas que


Classes estabelecidas
contribuem com o
Critérios como prioritárias no Fragilidade / Criticidade
agravamento das situações
escalonamento
analisadas
Aluviões
1a (-0.7500 ~ -0.5000) (Acúmulo / Depósito de Alta
sedimentos)
Morros com Substrato de
Migmatito / Gnaisses/ Xistos/
1b (-0.7500 ~ -0.5000) Filitos Alta com Moderação
(Escoamento superficial /
Percolação)
Aluviões
2a (-0.7500 ~ -1.0000) (Acúmulo / Depósito de Alta
sedimentos)
Morros com Substrato de
Migmatito / Gnaisses/ Xistos/
2b (-0.7500 ~ -1.0000) Filitos Alta com Moderação
(Escoamento superficial /
Percolação)

• Descrição dos critérios de integração propostos (Fragilidade / Criticidade):


1a e 2a - “Alta” – Caracterizado pela ocorrência das classes de variação do escalonamento entre (-
0.7500 ~ -0.5000 e -0.7500 ~ -1.000) em áreas de Unidade Geotécnica (Aluviões (Arenosos ou Argilosos).
Estabeleceu-se este critério como “Alta” (Fragilidade / Criticidade) devido ao contato direto com o lençol
freático nestas áreas e a dificuldade de dispersão de materiais devido ao baixo fluxo de energia.

1b e 2b – “Alta com Moderação” – Caracterizado pela ocorrência da classe de variação do


escalonamento entre (-0.7500 ~ -0.5000 e -0.7500 ~ -1.000) e Unidade Geotécnica (Morros com Substrato
de Migmatito / Gnaisses/ Xistos/ Filitos). O baixo contato com as águas subterrâneas nestas áreas, sendo
evidenciado somente em casos de percolação em áreas de falhamento, estabeleceram os critérios de
avaliação. Porém a presença de declividades acentuadas, em algumas áreas, combinadas com depósitos de
lixo a céu aberto, facilita o escoamento superficial e o acarreamento e depósito do chorume nas áreas mais
baixas do terreno.

3. Resultados Obtidos
Os resultados obtidos através do cruzamento demonstraram a ocorrência de áreas de “Fragilidade /
Criticidade”, segundo os critérios adotados, nas duas bacias hidrográficas analisadas.

A Bacia hidrográfica do Ribeirão Bom Retiro apresentou a ocorrência tanto de áreas de classe “Alta”
como também de áreas de classe “Alta com Moderação”. Sendo que as classe de Alta “Fragilidade /
Criticidade”, encontram-se na zona limítrofe da bacia hidrográfica, entre os municípios de São José dos
Campos e Caçapava.
22
A ocorrência de habitações não normatizadas e de caráter clandestino nas zonas periféricas do
município de São José dos Campos, vêm contribuindo para que a cidade vizinha, Caçapava, receba toda a
carga de drenagem do Ribeirão Bom Retiro, após a mesmo cruzar as área mais afetada pela baixa qualidade
ambiental.

Vale também destacar que um dos braços intermitente do Ribeirão Bom Retiro tem sua nascente em
uma área de qualificação “Alta com Moderação”, fator este que contribui ainda mais com a queda da
qualidade do recurso hídrico presente. (Figura 10).

Figura 10: Espacialização das áreas de Fragilidade / Criticidade segundo o cruzamento do índice de
“Qualidade Ambiental” (Genovez, 2002) e as Unidades do Meio Físico (IPT, 1996 e Valerio Filho et. Al.,
2003) da bacia hidrográfica analisada.

Com relação à bacia hidrografia do Rio Pararangaba. Observou-se que a mesma apresenta somente
a ocorrência da classe “Alta com moderação”. Porém é possível destacar a existência de um maior
adensamento da rede de drenagem intermitente e perene nestas áreas, contribuindo com o aporte de
poluição na carga hídrica do Rio Pararangaba e, por conseguinte do Rio Paraíba do Sul.

Um outro elemento agravante da ocorrência desta classe na bacia hidrográfica analisada é que o
2
recobrimento de cerca de 4,559 km da classe “Alta com moderação”, encontra-se distribuído por diversas
cabeceiras ou nascentes. Contribuindo desta forma com a poluição, a contaminação de áreas mais baixas e
também com o agravamento da situação da qualidade das águas do Rio Paraíba do Sul (Figura 11).

23
Figura 11: Espacialização das áreas de Fragilidade / Criticidade segundo o cruzamento do índice Qualidade
Ambiental (Genovez, 2002) e as Unidades do Meio Físico (IPT, 1996 e Valerio Filho et. Al., 2003) da bacia
hidrográfica analisada.

4- Considerações finais

A utilização das informações espacializadas, obtidas através de indicadores sócio-econômicos com expressão
territorial, integradas às informações do meio físico com o auxilio dos Sistemas de Informações Geográficas,
apresentaram-se como importante subsídio a detecção de áreas de “Fragilidade / Criticidade” com relação à
qualidade do recurso hídrico local.

Assim, utilizando-se desta metodologia torna-se possível, após a detecção, a elaboração de políticas públicas
dirigidas efetivamente à solução dos problemas locais em bacias hidrográficas.

Contudo, considerando que a universalização dos serviços de infraestrutura básica deveria ter um caráter
comum, a regularização de determinados aglomerados urbanos de caráter clandestinos, expandiria a
fronteira das ações político administrativa. Tornando possível em curtíssimo prazo, solucionar alguns dos
diversos problemas que afetam o bem comum; a água.

5- Bibliografia

CAMPANA, N. A.; TUCCI, C. E. M. Estimativa de Áreas Impermeável de MacroBacias Urbanas. Revista


Brasileira de Engenharia. Caderno de Recursos Hídricos, vol.12, n. 2, dez/ 1994;
CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. São Paulo, Edgard Blucher, 149p, 1974;
GENOVÊZ, Patrícia. Território e Desigualdades: análise espacial Intra-Urbana no estudo da dinâmica de
exclusão/inclusão social no espaço urbano em São José dos Campos – SP. Dissertação de mestrado. INPE.
São José dos Campos, 2002;
GOUVÊA, R. A. R. O espaço urbano e a clandestinidade: um estudo de caso dos loteamentos clandestinos no
município de São José dos Campos; SP. Dissertação de Mestrado – Universidade do Vale do Paraíba -
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento / Mestrado em Planejamento Urbano e Regional, 234p.: il.; 31cm,
2003;
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS – (INPE) - SPRING. Sistema de Processamento de
Informações Georeferenciadas. http://www.dpi.inpe.br/spring, 2003;
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS-(IPT). Carta Geotécnica do Município de São José dos Campos.
São Paulo, IPT, 1996;
KOGA, Dirce. Medidas de Cidades: entre territórios de vida e territórios vividos. São Paulo, Editora Cortez,
2003;
ROLNIK, Raquel. A cidade e a Lei. 2 ed. São Paulo, Fapesp/Studio Nobel, 1999;
SMA - Secretaria do Estado do Meio Ambiente. Projeto Paraíba do Sul-Potencialidade de areia. São Paulo:
SMA/ Instituto Geológico, 1997b. V.1. 107p;

24
VALERIO FILHO, M.; KURKDJIAN, M. L.N.O.; PERRELLA, A. C. F.; PEREIRA, M. N.; ALVES, M.; FANTIN, M.
Projeto Macrodrenagem de São José dos Campos- Margem Direita do Rio Paraíba (no prelo). Prefeitura
Municipal de São José dos Campos / Universidade do Vale do Paraíba - Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento, 2003.
GOUVÊA, R. A. R. O espaço urbano e a clandestinidade: um estudo de caso dos loteamentos clandestinos no
município de São José dos Campos; SP. Dissertação de Mestrado – Universidade do Vale do Paraíba -
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento / Mestrado em Planejamento Urbano e Regional, 234p.: il.; 31cm,
2003.

25
Artigo 3
(Módulo 3)
Todos os artigos fazem parte de um conjunto de
de informações publicadas em congressos,
simpósios e livros.

26
A RELEVÂNCIA DE UMA INFRAESTRUTURA GEOINFORMA-CIONAL
COMO SUBSÍDIO AO DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS
URBANAS: O CASO DA INTEGRAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DO
MEIO FÍSICO E DADOS SÓCIO-TERRITORIAIS NO MUNICÍPIO DE
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS -SP

Marcel FANTIN 1
Marcello Alves COSTA 2
Antônio Miguel Vieira MONTEIRO3

RESUMO
Em grande parte dos municípios brasileiros podemos encontrar as trágicas conseqüências do
chamado "desenvolvimento industrial periférico” que resultou em um intenso processo de
urbanização, cumulado com negativos aspectos sócio-econômicos e uma grande especulação
imobiliária. Isto gerou uma ocupação urbana sem maiores considerações com o meio físico, com
sérias conseqüências danosas ao meio ambiente e a qualidade de vida da população, como por
exemplo, construções em locais com severas restrições ao uso urbano.

Procurando solucionar, minimizar ou mitigar estes impactos negativos, o Estatuto da Cidade (Lei
10.257/01) veio a estabelecer diretrizes gerais para a política urbana, trazendo uma série de
instrumentos que visam assegurar o direito às “cidades sustentáveis”.

Entretanto, a ausência de dados geográficos, a falta de acesso aos dados produzidos ou a falta de
precisão e confiabilidade da geoinformação existente nas bases municipais, podem dificultar ou
diminuir a eficácia dos instrumentos de política urbana previstos no Estatuto da Cidade.

Neste sentido, este trabalho busca apresentar idéias preliminares que visam fornecer subsídios a
formulação de políticas públicas voltadas a geoinformação, através de uma metodologia de
análise e integração de dados georeferenciados que envolve estudos anteriores relativos à:
caracterização de desigualdades sócio-territoriais através de indicadores com expressão territorial
(Genovez, 2002), unidades físicas do terreno (IPT, 1996), uso e ocupação da terra do município
de São José dos Campos (Valério Filho et al, 2003) e Lei de Zoneamento Municipal (Lei Municipal
165/97).

Procurou-se analisar como objeto de estudo a zona leste do município de São José dos Campos -
SP, uma vez que esta conta com um grande número de loteamentos clandestinos, implantações
em desconformidade com o meio físico e legislação, além da presença de grandes vazios
urbanos.

Para o cruzamento das geoinformações utilizou-se o software SPRING (Sistema de


Processamento de Informações Georeferenciadas) que permitiu espacializar, analisar e
diagnosticar as diversas informações relativas às dinâmicas municipais de maneira integrada,
definindo assim, um grau qualitativo de criticidade que considerou como parte integrante da
política urbana, tanto os dados relativos ao meio físico, quanto os dados relativos à escala do
cidadão.

Após, o resultado dos cruzamentos foi analisado com ênfase nos instrumentos de política urbana
previstos no Estatuto da Cidade e avaliado como ferramenta de subsídio à gestão dos
administradores públicos.

1
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, fantin@dpi.inpe.br.
2
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, malves@dpi.inpe.br.
3
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, miguel@dpi.inpe.br.
27
Foi possível concluir que o conjunto de dados organizados e com vínculo geográfico utilizados
esboçam, com clareza, um mosaico das estruturas relativas ao lugar e das variáveis relativas as
populações que habitam este lugar, criando novas possibilidades para o estudo dos impactos
provocados pela urbanização nas cidades.

Assim, esta metodologia ao ser aplicada em conjunto com os instrumentos de política urbana
avança na instrumentalização necessária do poder público para o desenvolvimento de uma gestão
territorial que contemple uma visão sistêmica para a solução dos problemas urbanos.

Daí, a importância da incorporação das geotecnologias e da aquisição e produção de dados


georeferenciados referentes às dinâmicas municipais pelo poder público que permitam melhor
visualizar a realidade local e gerar metodologias de integração mais adequadas para implementar
o Estatuto da Cidade nos municípios e atingir a “utopia” denominada “cidades sustentáveis”.

INTRODUÇÃO
No Brasil, a partir do século XX, vem ocorrendo um intenso e desenfreado processo de
“industrialização-urbanização” nas cidades brasileiras. Santos (2000) salienta que em nenhum
outro país foram contemporâneos e concomitantes processos como a desruralização, as
migrações desenraizadoras e brutais, a urbanização galopante e concentradora.

Assim, se em 1940 a população que residia nas cidades era de 18,8 milhões de habitantes
(26,3%), no ano 2000 ela chegou a aproximadamente 138 milhões de habitantes (81,2%)
(MARICATO, 2000).

Todo este crescimento dos centros urbano-industriais brasileiros foi realizado sem maiores
considerações com o meio físico, baseado em uma estrutura social injusta e ligado a uma grande
especulação imobiliária. Como resultado, surgem cidades caóticas, com sérios problemas
referentes à ausência de saneamento básico, escolas, transporte coletivo, violência, desemprego,
segregação urbana, concentração fundiária, degradação ambiental e favelização.

Procurando solucionar, minimizar ou mitigar estes impactos negativos, o Estatuto da Cidade (Lei
10.257/01) veio a estabelecer diretrizes gerais para a política urbana, trazendo uma série de
instrumentos que visam assegurar o direito às “cidades sustentáveis”.

Rolnik (2002) afirma que com a aprovação do Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001) foi
oferecido aos municípios uma nova concepção de planejamento e gestão urbanos, com um
conjunto inovador de instrumentos de intervenção sobre seus territórios.

Dentre estes instrumentos urbanísticos, podemos destacar: o plano diretor, o direito de superfície,
a concessão do direito real de uso, a edificação e o parcelamento compulsórios, o direito de
preempção, a urbanização consorciada, o imposto predial progressivo, a outorga onerosa do
direito de construir (solo criado), o usucapião especial urbano, a concessão de uso especial para
fins de moradia, a transferência do direito de construir, o consórcio imobiliário, o estudo do
impacto de vizinhança e a gestão democrática da cidade.

Entretanto, a ausência de dados geográficos, a falta de acesso aos dados produzidos ou a falta de
precisão e confiabilidade da geoinformação existente nas bases municipais, podem dificultar ou
diminuir a eficácia destes instrumentos.

Exemplo disto, é o dilema envolvendo o número de favelas existentes em todo Brasil, número
este, essencial para o desenvolvimento de políticas públicas urbanas.

De acordo com Maricato (2001), não há números gerais confiáveis sobre a ocorrência de favelas
em todo o Brasil. A divulgação dos resultados iniciais do Censo IBGE de 2000 dá a entender que
entre 1991 e 2000 o número de favelas teria aumentado 22% em todo o Brasil, atingindo um total
de 3.905 núcleos. Segundo o mesmo levantamento, o município de São Paulo, que apresentava
em 1991 585 favelas, passa a apresentar 612 em 2000. Porém, no mapeamento realizado pela
Prefeitura de São Paulo, classificando a situação e a localização de cada núcleo de favela,
revelam a existência de 763 núcleos já em 1980, e 1.592 núcleos em 1987.

28
Essa diferença pode ser explicada pelo fato do IBGE não contabilizar como favela núcleos que
possuam menos de cinqüenta unidades. Mas, provavelmente, a diferença não se deve,
simplesmente, a essa questão metodológica. Há uma grande incoerência entre estes dois
levantamentos. Ainda, os números a respeito do tema são, novamente, imprecisos e mesmo
inexistentes na maior parte das cidades brasileiras. A falta de rigor nos dados, que mostra o pouco
interesse no conhecimento do tema, já é, por si, reveladora.

Assim, para a efetiva implementação instrumentos de política urbana previstos no Estatuto da


Cidade, faz-se necessária à existência de uma infra-estrutura Geoinformacional sob pena de se
criar um vácuo entre a eficácia jurídica e a eficácia no mundo fático-social destes instrumentos.
Esta infra-estrutura é essencial no fornecimento de subsídios à implementação e gestão do
Estatuto da Cidade pelo Município, uma vez que permite espacializar, analisar e diagnosticar
integradamente as informações relativas às dinâmicas municipais e ampliar o debate sobre o
desenvolvimento urbano local.

Neste sentido, este trabalho busca apresentar idéias preliminares que visam fornecer subsídios a
formulação de políticas públicas voltadas a geoinformação, através de uma metodologia de
análise e integração de dados georeferenciados que envolve estudos anteriores relativos à:
caracterização de desigualdades sócio-territoriais através de indicadores com expressão territorial
(Genovez, 2002), unidades físicas do terreno (IPT, 1996), uso e ocupação da terra do município
de São José dos Campos (Valério Filho et al, 2003) e Lei de Zoneamento Municipal (Lei Municipal
165/97).

Procurou-se analisar como objeto de estudo a zona leste do município de São José dos Campos -
SP, uma vez que esta conta com um grande número de loteamentos clandestinos, implantações
em desconformidade com o meio físico e legislação, além da presença de grandes vazios
urbanos.

Para o cruzamento das geoinformações utilizou-se o software SPRING (Sistema de


Processamento de Informações Georeferenciadas) que permitiu espacializar, analisar e
diagnosticar as diversas informações relativas às dinâmicas municipais de maneira integrada,
definindo assim, um grau qualitativo de criticidade que considerou como parte integrante da
política urbana, tanto os dados relativos ao meio físico, quanto os dados relativos à escala do
cidadão.

Após, o resultado dos cruzamentos foi analisado com ênfase nos instrumentos de política urbana
previstos no Estatuto da Cidade e avaliado como ferramenta de subsídio à gestão dos
administradores públicos.

LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO


São José dos Campos localiza-se à altura do Médio Vale do Paraíba do Sul, na Província
Geomorfológica denominada Planalto Atlântico, entre 23º 13' 53" de Latitude Sul e 45º 51' 21" de
Longitude Oeste, com 1.118 km2 de área total e altitudes variando de 530 a 2000 metros acima
do nível do mar (PMSJC, 2000).

Este município passou por grandes transformações em virtude de um grande processo de


industrialização e como em outras localidades, acabou não sustentando o aumento do contingente
populacional, principalmente no que se refere ao setor habitacional, quando grande parte da
população de baixa renda acabou por ocupar áreas de forma ilegal, ocasionando o surgimento de
favelas e loteamentos clandestinos (GOUVÊA, 2003).

A Zona Leste de São José dos Campos, objeto de estudo especifico deste trabalho, possui cerca
de 136.180 habitantes, sendo que no período compreendido entre os anos de 1985 a 1987 a
ocupação dessa região foi responsável por 44,1% do crescimento da área urbana do município
(COSTA et al., 2001) (Figura 1).

29
Figura 1. Localização da área de estudo (zona leste do município de S. J. dos Campos).

Costa et al. (2001) ainda afirma que no início da década de 1980 houve na Zona Leste uma
explosão de loteamentos “legais” e “ilegais”, devido, entre outros motivos, a existência de grandes
vazios urbanos nessa região.

Maricato (2001), utiliza as expressões “cidade legal” e “cidade ilegal” para definir este fenômeno.
Para a autora, o número de imóveis ilegais na maior parte das cidades brasileiras é tão grande
que a cidade legal (cuja produção é hegemônica e capitalista) caminha para ser, cada vez mais,
espaço da minoria.

Para Santos (1981), existem duas ou diversas cidades dentro da cidade. Este fenômeno é o
resultado da oposição entre níveis de vida e entre setores de atividade econômica, isto é, entre
classes sociais. Assim, às diferentes paisagens urbanas correspondem classes sociais diferentes.

A “cidade legal” da zona leste do município de São José dos Campos é bem dotada de
equipamentos e serviços públicos urbanos, como: hospital, escolas, transporte coletivo e
saneamento básico (Figura 2).

30
Figura 2. Aspecto da “cidade legal” da zona leste do município de São José dos Campos.

Já, a periferia da zona leste do Município de São José dos Campos conta atualmente com um
grande número de vazios urbanos e ainda, é o maior vetor de crescimento desordenado
proveniente de loteamentos clandestinos da cidade (“cidade ilegal”) (Figura 3).

Segundo Freitas et al. (2002), existiam no ano de 2002 cerca de 120 loteamentos clandestinos em
toda a cidade, sendo em sua grande maioria localizados na zona leste.

O Loteamento Clandestino, segundo a definição estabelecida por Gasparini (1985), pode ser
entendido como um parcelamento, loteamento ou desmembramento em que o Poder Público
competente para examinar e, se for o caso, aprovar seu plano, dele não tem qualquer
conhecimento oficial.

Koga (2003) sugere que os loteamentos clandestinos são o território onde as desigualdades
sociais se fazem mais presentes, caracterizadas por um retardamento na implantação dos
serviços básicos de esgoto, tratamento de lixo e abastecimento d’água.

Figura 3. Vista Panorâmica de Loteamentos Clandestinos e vazios urbanos da zona leste do município de São
José dos Campos (1999).

MATERIAIS E MÉTODOS

Na execução do trabalho foram utilizados materiais cartográficos e equipamentos descritos a


seguir.

a) Materiais cartográficos:

31
- Carta de Unidades Geotécnicas elaborada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). A
carta de unidades geotécnicas, segundo IPT (1996), contém informações sobre o meio físico e a
ocupação do município. Foi gerada na escala 1:50000 e é um importante subsídio às ações de
planejamento e gestão do uso das terras.

- Índice Composto de Qualidade Ambiental elaborado por Genovêz (2002), agregado e


espacializado utilizando-se a malha dos setores censitários estipulada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) para o ano 2000.

- Mapa de Uso e Cobertura Vegetal Natural das Terras elaborado na escala 1:10000 por Valério
Filho et al (2002), que determina os diferentes tipos de uso e graus de intensidade de urbanização
nas bacias hidrográficas que compõem a margem direita do Rio Paraíba do Sul.

- Lei de Zoneamento do Município de São José dos Campos espacializada, que dispõe sobre a
ordenação do território mediante controle do parcelamento, do uso e da ocupação do solo no
Município de São José dos Campos.

Para a entrada, organização, manipulação, processamento e saída das informações do projeto


foram utilizados os seguintes equipamentos:

Micro padrão IBM/PC - Pentium 4 com instalação do sistema de informação geográfica SPRING
(Sistema de Processamento de Informações Georeferenciadas), desenvolvido no Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (CÂMARA et al., 1996), que conjuga funções de processamento
de imagens, análise espacial, modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados
espaciais.

b) Metodologia:

Para a realização deste trabalho, primeiramente foram integrados a base de dados os seguintes
dados secundários: Índice de Qualidade Ambiental (GENOVÊZ, 2002), Carta de Unidades
Geotécnicas (IPT, 1996), Carta de Uso e Ocupação do Solo (VALÉRIO FIHO et al., 2002), Lei de
Zoneamento do Município de São José dos Campos (Lei Complementar nº 165/97).

1. Índice de Qualidade Ambiental - Segundo Genovêz (2002), o índice de “Qualidade Ambiental” é


composto pelos índices de precário abastecimento de água, precária instalação sanitária e
precário tratamento de lixo. O mesmo apresenta um Padrão de Referência de Inclusão (PRI)
definido segundo a autora, variando de –1 a 0. Assim, este índice possibilitou evidenciar as
maiores porcentagens de instalações precárias (-1) e, por conseguinte as menores (0) para a
política urbana. Os valores referentes ao índice composto de “Qualidade Ambiental” foram
agrupados em (quatro) classes de escalonamento variando no intervalo “–1 a 0”.

2. Carta de Unidades Geotécnicas - Utilizou-se a integração das informações do meio físico,


segundo os critérios de “Fragilidade / Criticidade” à ocupação, apontados pelo Relatório Técnico
da Carta de Unidades Geotécnicas (IPT, 1996) e adaptados aos conceitos de análise deste
trabalho. Estabelecendo-se assim as possíveis combinações e as respectivas qualificações com
relação ao tema analisado. Para elaboração dos critérios de “Fragilidade / Criticidade” das áreas
analisadas avaliou-se o grau de influência de cada unidade do meio físico segundo suas
características de susceptibilidade ao fenômeno da urbanização.

3.Mapa de Uso e Cobertura Vegetal Natural das Terras - Valério Filho et. al. (2003) realizaram o
levantamento das diferentes classes de uso e cobertura vegetal natural das terras existente na
área de estudo a partir da análise e interpretação de fotografias aéreas coloridas na escala
aproximada de 1:10.000 relativas ao aerolevantamento realizado pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) no ano de 1997. Para a área de estudo foram determinados pesos
qualitativos para as densidades e estágios de ocupação.

4. A Lei de Zoneamento nº 165/97 - A Lei Complementar nº 165/97 dispõe sobre a ordenação do


território mediante controle do parcelamento, do uso e da ocupação do solo no Município de São
José dos Campos. Esta lei subdividiu as macrozonas urbanas e de expansão urbana I e II,
estabelecidas na Lei do Plano Diretor, estas zonas de uso foram agregadas à base de dados
fornecendo os subsídios para a análise.
32
Às quatro variáveis descritas acima (Uso do Solo, Índice de Qualidade Ambiental Agregado aos
Setores Censitários, Lei de Zoneamento e Carta de Unidades Geotécnicas) foram agregados
indicadores qualitativos divididos em quatro classes. Em seguida às classes foram agregados
pesos, variando seu valor de 1 a 4, gerando-se então uma grade numérica segundo o qualificador
atribuído previamente com base nas bibliografias consultadas, conforme as tabelas 1 (classes
qualificadoras) e 2 (pesos atribuídos às classes qualificadoras e intervalos para fatiamento após a
integração dos dados) abaixo:

Tabela 1. Classes qualificadoras.

UNIDADES
QUALIDADE USO_1997
GEOTECNICAS ZONEAMENTO
AMBIENTAL

Área não-consolidada baixa Zona Especial de Proteção


-1.0000_-0.7500 Planices aluvionares
(periférica) Ambiental Um
Colinas e morrotes em
Área em implantação Zona Especial de Proteção
-0.7500_-0.5000 sedimentos de argila
(periférica) Ambiental Três
expandida
Colinas e morrotes em Zona de Uso Pedominantemente
>-0.5000 ~ -0.2500] Pastagem (periférica)
embasamento cristalino Industrial
Colinas e morrotes em Zona Especial de Transição
>-0.2500 ~ 0.0000] Reflorestamento (periférico)
sedimentos arenosos Industrial
Colinas e morrotes em
Pasto sujo (periférico) ZEA
sedimentos argilosos
Mata/capoeira Zona Especial de Interesse Social
Zona de Vazio Urbano
Área consolidada taxa alta
(Periférica)
Área não consolidada taxa média
Zona Mista Quatro (Periférica)
(periférica)
Área consolidada taxa media Zona Mista Um

Área agrícola Zona Residencial

Área em implantação (central) Zona Residencial Dois


Área não consolidada taxa baixa
Zona Residencial Três
(central)
Área não consolidada taxa media
Zona Mista Dois
(central)

Pasto sujo (central) Zona Mista Três

Pastagem (central) Zona Mista Quatro

Reflorestamento (central) Zona de Vazio Urbano (Central)

Tabela 2. Pesos atribuídos às classes qualificadoras e intervalos para fatiamento após a integração dos
dados.
INTERVALOS PARA FATIAMENTO
QUALIFICADORES PESOS
APÓS INTEGRAÇÃO DOS DADOS

Bom 4 12 ~ 16
Moderado 3 8 ~ 12
Regular 2 4~8
Ruim 1 0~4

33
A integração destas informações foi realizada somando-se as grades numéricas de valores dos
pesos das variáveis presentes na área estudada.

Os valores integrados/somados dos pesos atribuídos aos qualificadores das variáveis foram
agregados em quatro intervalos representando as classes qualificadoras. Isto possibilitou
espacializar e gerar um mapa síntese que demonstra as áreas prioritárias à implantação de
assentamentos humanos (Figura 4).

Figura 4. Procedimentos adotados.

RESULTADOS
Os resultados obtidos através da integração das diversas variáveis estudadas através do critério
de Fragilidade / Criticidade demonstraram a ocorrência de áreas críticas e propícias à implantação
e adensamento de assentamentos humanos na zona leste do município de São José dos Campos
– SP (Figura 5).

34
Figura 5. Mapa de áreas prioritárias à implantação de assentamentos humanos.

De um total de 16099,1 hectares referentes a área de estudo, 34,4 hectares (0,22%) foram
classificados como “bom” para a implantação de assentamentos humanos, 3843,3 hectares

35
(23,8%) foram classificados como “moderado”, 7256,4 hectares (45,08%) foram classificados
como “regular” e 4965 hectares (30,9%) foram classificados como “ruim” (Tabela 3 e Figura 6).

Tabela 3. Resultado da espacialização das classes qualificadoras.


Classes Qualificadoras Área (Ha) Área (%)
Bom 34.4 0,22
Moderado 3843.3 23,8
Regular 7256.4 45,08
Ruim 4965 30,9

Figura 6. Resultado da espacialização das classes qualificadoras.

Ainda, com a classificação da área de estudo em quatro classes qualificadoras, foi possível
atribuir para as diversas áreas classificadas, a aplicação de determinados instrumentos presentes
no Estatuto da Cidade com o objetivo de valorizar a função social da cidade e subsidiar a
elaboração de políticas publicas que visem uma melhor gestão “Sociedade / Meio Ambiente” no
tocante ao desenvolvimento sustentável urbano.

As classes ”bom” e “moderado” são áreas com satisfatória “qualidade ambiental” e condição
geotécnica favorável à ocupação. Estão localizadas, principalmente, em setores mais centrais da
região leste, onde existe uma boa infra-estrutura e um adensamento urbano que ainda não
saturou o sistema viário local.

Estas áreas podem ser consideradas um “lócus privilegiado”, que remete a configuração urbana
destas áreas em relação aos demais espaços urbanos da zona leste, que são carentes de infra-
estrutura. Sendo assim, este fator está diretamente relacionado ao acesso as funções básicas,
serviços e aparelhos públicos urbanos.

Com o agravamento da crise habitacional brasileira, ocorreu uma grande valorização do fator
localização no sítio urbano, sendo assim, este “lócus privilegiado” passou a ser alvo de uma
grande especulação imobiliária (retenção especulativa de imóvel).

Segundo Oliveira (2001), a retenção especulativa de imóvel urbano ocorre quando o respectivo
proprietário não investe em seu terreno e também não o vende, esperando que seu valor de
mercado aumente ao longo do tempo, em virtude dos investimentos feitos na vizinhança pelo
poder público e, também, por agentes privados. O prejuízo que a ociosidade de imóveis pode
causar à população de uma cidade é o alto custo, por habitante, de equipamentos e serviços
públicos. Isso acontece quando muitos terrenos permanecem baldios no interior de bairros já
consolidados e quando, ao redor da cidade, se multiplicam loteamentos e conjuntos residenciais,

36
dispersos, em área ainda não urbanizada e distante dos locais onde há oferta de empregos,
comércio e serviços urbanos.

Para o combate aos terrenos ociosos dedicados à especulação imobiliária localizados nas classes
“bom” e “moderado” (Figura 5 a), podem ser indicados os seguintes Instrumentos previstos no
Estatuto da Cidade, que devem ser aplicados seqüencialmente:

Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios do Solo Urbano – este instrumento


possibilita que o poder público municipal, obrigar os proprietários de imóveis ociosos ou
subutilizado a dar uma destinação a estes, o que permite ampliar o acesso à terra urbana para
fins de moradia.

Imposto Predial e Territorial Urbano Progressivo no Tempo – este instrumento é utilizado quando
os proprietários não atendem à notificação para parcelamento, edificação ou utilização
compulsórios e possibilita punir com tributação de valor crescente, anual, os proprietários de
terrenos onde a ociosidade ou maU aproveitamento acarrete prejuízo à população.

Desapropriação com Pagamento em Títulos da Dívida Pública – após cinco anos de cobrança do
IPTU progressivo no tempo, sem o cumprimento pelo proprietário da obrigação de parcelamento,
edificação ou utilização, o poder público municipal pode proceder à desapropriação do imóvel,
com pagamentos em título da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado
Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

As áreas que chegarem a ser objeto de desapropriação poderão servir para a promoção de
transformações na cidade, dentre elas, por exemplo, a implantação de unidades habitacionais ou
a criação de espaços públicos para atividades culturais, de lazer e de preservação do meio
ambiente; bem com a destinação de áreas para atividades econômicas voltadas à geração de
renda e emprego para a população pobre (OLIVEIRA, 2001).

Um outro importante instrumento para o caso em questão é o Direito de Preempção – este


instrumento confere ao poder público municipal a preferência para a compra de um determinado
imóvel urbano, respeitado seu valor no mercado imobiliário, e antes que o imóvel de interesse do
município seja comercializado entre particulares.

Isto permite ao município a aquisição de áreas para a construção de habitações populares,


atendendo a uma demanda social, bem como para a implantação de atividades destinadas ao
lazer e recreação coletivos, como, por exemplo, parques, ou mesmo para a realização de obras
públicas de interesse geral da cidade (OLIVEIRA, 2001).

Ainda, em setores desta área central classificada como “bom” e “moderado” e que permitem uma
intensificação da urbanização, para uma melhor e maior otimização da infra-estrutura existente, é
também interessante a aplicação da outorga onerosa do direito de construir (Figura 5 c).

A Outorga Onerosa do Direito de Construir é um instrumento que permite ao poder público


municipal estabelecer uma relação entre a área edificável e a área do terreno, a partir da qual a
autorização para construir passaria a ser concedida de forma onerosa.

Os recursos advindos da outorga onerosa do direito de construir e de alterações de uso devem


ser aplicados na construção de moradias, regularização e reserva fundiárias, implantação de
equipamentos públicos urbanos, criação e proteção de áreas verdes ou de valor histórico, cultural
ou paisagístico.

A utilização deste instrumento possibilita um maior controle de densidades urbanas; permite a


geração de recursos para investimentos em áreas pobres; e promove a desaceleração da
especulação imobiliária. Cabe salientar, que a sua adoção exige, do poder público, controles
muito ágeis e complexos (OLIVEIRA, 2001).

Com relação a presença de submoradias nas diferentes classes qualificadoras (Figura 5 d & f),
podemos observar que os impactos sociais e ambientais da urbanização se entrelaçam e geram

37
uma dinâmica pontilhada de negatividades, levando pessoas a morarem em situações limites,
como favelas em áreas de risco.

Definem-se como áreas de risco, aquelas que podem resultar em danos à pessoa humana ou na
destruição do ambiente devido à forma de uso ou de ocupação inadequada da terra (Mendonça,
2003).

Maricato (2003) afirma que é justamente nas áreas rejeitadas pelo mercado imobiliário privado e
nas áreas públicas, situadas em regiões desvalorizadas, que a população trabalhadora pobre vai
se instalar: beira de córregos, encostas dos morros (figura 5 f), terrenos sujeitos a enchentes
(figura 5 d) ou outros tipos de riscos, regiões poluídas, ou áreas de proteção ambiental (onde a
vigência da legislação de proteção e a ausência de fiscalização definem a desvalorização).

Procurando mitigar estes impactos negativos da urbanização, muitas vezes, as soluções


encontradas pelos entes públicos ou agravam estes problemas ou acabam gerando outros
impactos sócio-ambientais ainda maiores. Casos clássicos são os de realocação de populações
que vivem em áreas de risco para as periferias dos municípios, ocupando, na maioria das vezes,
áreas com precárias condições de sobrevivência e baixa qualidade ambiental e de vida, o que
agrava a exclusão social e a segregação espacial dos centros urbanos.

Convém salientar que, segundo o conceito de Rezende (1982), as submoradias definidas na


figura 5 (d & f) surgiram justamente pela necessidade de uma parcela da população em se instalar
em um local onde existe acessibilidade a um centro de emprego e a equipamentos urbanos (lócus
privilegiado), áreas de alto valor da terra e, portanto, impróprias para essa população de baixa
renda da cidade sob o aspecto do consumo legalizado.

Assim, no sentido de se evitar o deslocamento de populações para as periferias através de


programas de realocação urbana, o Instituto Pólis (2005) afirma que, no tocante as áreas de risco,
faz-se necessário mapeamentos e estudos que permitam definir os diferentes graus de risco
existentes nas diferentes ocupações. Com isto, é possível promover programas para controlar
estes riscos, uma vez que algumas destas áreas podem receber obras que podem sanar o
problema, como é o caso dos programas de contenção de encostas.

Por apresentarem condições de localização, qualidade ambiental e geotécnica favoráveis, as


submoradias visualizadas na figura 5 f estão localizadas em uma área definida como “moderada”
para a implantação de assentamentos humanos, devendo então, primeiramente, sofrer uma
intervenção para a contenção e mitigação dos riscos existentes.

Ainda, deve-se criar uma Zona Especiais de Interesse Social (ZEIS) em conformidade com as
diretrizes estabelecidas no Estatuto da Cidade. Como os padrões urbanísticos idealizados são, na
prática, inviáveis para esta população (figura 5 f), a criação da ZEIS nesta área permite adotar
padrões urbanos mais flexíveis e compatíveis com a população de baixa renda, evitando deixa-las
na ilegalidade.

A instituição das ZEIS, estabelecendo regras especiais para determinada área, permitem a
municipalidade promover a integração das pessoas mais necessitadas aos espaços habitáveis
(OLIVEIRA, 2001).

Após, procede-se a Regularização Fundiária, objetivando dar licitude à ocupação da terra nos
casos em que o acesso à habitação tenha ocorrido de forma irregular.

Normalmente a expressão “regularização fundiária” é utilizada para designar a atuação destinada


a revestir com maiores proteções a posse existente sobre determinado imóvel. Isso pode ocorrer
mediante a instituição de um título de propriedade ou de outro direito real. Note-se que a posse é
situação de fato com proteções jurídicas em menor grau do que as existentes para os direitos
reais. Não há lei geral sobre o assunto (OLIVEIRA, 2001).

Ainda, se algumas destas moradias estiverem localizadas em áreas públicas, seria interessante a
aplicação da Concessão Especial de Uso para fins de Moradia – este instrumento previsto no
Estatuto da Cidade é utilizado para regularizar áreas públicas onde residam moradores de baixa
renda, uma vez que os imóveis públicos não podem ser adquiridos pelo Usucapião.
38
Entretanto, quando em última instância, a área de risco não comportar nenhum programa de
regularização é que o Poder Público pode fazer o remanejamento da população. Este é caso das
submoradias localizadas em uma área classificada como “regular” (figura 5 d).

Como estas submoradias (figura 5 d) estão localizadas em área de preservação permanente e


sujeita à inundação, isto inviabiliza qualquer programa de regularização.

Nestes casos é necessário que esta população seja removida para uma região vizinha à área
original, com condições de habitabilidade que propicie uma vida digna aos seus moradores
(INSTITUTO PÓLIS, 2005).

Convém salientar que esta região vizinha à área original pode ser adquirida através de
instrumentos já mencionados, como a Desapropriação com Pagamento em Títulos da Dívida
Pública e o Direito de Preempção.

No que tange aos recursos para programas de regularização e realocação de submoradias, estes
podem vir da Outorga Onerosa do Direito de Construir.

Desta forma, é possível resolver ou mitigar os problemas relacionados às áreas de risco e ao


mesmo tempo, considerar como parte integrante da política de intervenção/realocação urbana a
questão “localização”, uma vez que este conceito está diretamente relacionado ao direito de
acesso desta população às funções básicas da cidade.

Já, a ocorrência de habitações não normatizadas e de caráter clandestino na periferia da zona


leste do município de São José dos Campos (figura 5 e), caracterizadas pela baixa qualidade
ambiental e pela distância dos equipamentos públicos urbanos, acabaram contribuindo para
caracterizar este setor como “regular” e “ruim”, de acordo com a metodologia utilizada.

Assim, supõe-se que a adensamento urbano da periferia da zona leste, da forma como vem
ocorrendo, tende a congestionar ainda mais os serviços públicos oferecidos à população residente
neste local, uma vez que esta é subequipada e distante, além de aumentar as desigualdades no
acesso aos bens/serviços urbanos e agravar a segregação socioespacial existente.

Villaça (1991) destaca como o mais conhecido padrão de segregação socioespacial urbana o do
centro versus periferia. O primeiro dotado de serviços urbanos, públicos e privados, é ocupado
pelas classes de mais alta renda. A segunda, subequipada e distante, é ocupada
predominantemente pelos excluídos.

Silva (1999) afirma que os centros urbanos, cujas desigualdades e deficiências se acentuam,
criam obstáculos e estrangulamentos para a expansão das políticas urbanas, pois temos custos
crescentes de transportes, energia, falta de saneamento, abastecimento de água, deficiência de
comunicação, falta de preservação ambiental, etc.

Para Ab’Sáber (1986), a partilha de glebas em posições descontínuas na cidade, a quilômetros de


distância da área central, pode gerar uma dinâmica pontilhada de negatividades, com um alto
custo social e propiciadora de imensas desigualdades. Para ele, é necessária uma reforma de
mentalidade administrativa, mediante a incorporação de outras dimensões da percepção dos fatos
espaciais.

Assim, faz-se necessário primeiramente, ampliar a oferta de moradias nas áreas mais centrais e
dotadas de toda infra-estrutura urbana, preenchendo os vazios ali existentes e evitando um maior
adensamento da periferia da zona leste.

Quanto aos loteamentos clandestinos localizados na periferia da zona leste classificados como
“regular” e “ruim” pela metodologia utilizada, faz –se necessários investimentos para sanar os
problemas ambientais e de infra-estrutura para proceder a regularização fundiária.

Como estas ocupações clandestinas ocorrem em posições descontínuas e permeadas por


grandes glebas de particulares que irão se beneficiar com a valorização destes terrenos devido
aos investimentos públicos para a regularização fundiária, pode-se cogitar a realização das
Operações Urbanas Consorciadas com a participação financeira destes proprietários para evitar
ganhos especulativos.
39
As Operações Urbanas Consorciadas referem-se a um conjunto de intervenções e medidas,
coordenadas pelo poder público municipal, com a finalidade de preservação, recuperação ou
transformação de áreas urbanas contando com a participação de proprietários, moradores
usuários permanentes e investidores privados. O objetivo é alcançar, em determinada área,
transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental (OLIVEIRA,
2001).

Vale também destacar que foram classificados como “ruim” para a implantação de assentamentos
humanos, principalmente devido as restrições em relação ao meio físico, a grande Várzea do Rio
Paraíba do Sul (figura 5 b) e as várzeas de seus afluentes.

As áreas de várzea são terrenos baixos e praticamente planos, com declividade geralmente
inferior a 5% e sujeitos à inundação periódica. A característica dominante dos solos de várzea é a
má drenagem ou hidromorfismo.

Brito (1944) afirma que a inundação é um fenômeno da natureza e se o homem o considera uma
calamidade é porque habita ou cultiva terras inundáveis – as várzeas, as depressões alagadiças,
os pântanos, os lagos. Essas áreas constituem elementos reguladores das águas correntes. A
função é simples e conhecida: reter uma parte da água das chuvas ou das enchentes para fazer
lentamente a entrega ao curso de água. Dizia em seu alerta que querer tomar definitivamente ao
rio a várzea de expansão das águas para nelas edificar é estabelecer o problema das inundações.

Ab’Sáber (1995) salienta que área em comento não possui aptidão para a produção de espaços
urbanos. Entretanto, no momento atual, onde todos os espaços são vistos como mera mercadoria
financeiramente especulável, tem ocorrido um assédio sistemático a sua ocupação pela atividade
urbana.

Como solução para estas várzeas classificadas como “ruins” para a implementação de
assentamentos humanos, o Estatuto da Cidade estabelece como um de seus instrumentos a
criação e implementação de Unidades de Conservação que é regida pela Lei Federal nº 9985/00.

Segundo Oliveira (2001), os espaços territoriais que apresentem significativa importância ou


representatividade para o meio ambiente natural devem ser objeto de especial proteção, dispõe o
artigo 225, parag. 1º, III da Carta Constitucional. Para tanto a Lei Federal nº 9985/00 estabelece
uma série de unidades de conservação (parques, estações ecológicas, áreas de proteção
ambiental etc.), cada qual adequada para um tipo de situação. Todos os entes federativos são
competentes para estabelecer tais unidades em seus respectivos territórios, observando a
disciplina contida na legislação federal e eventualmente as suas respectivas normas.

Um outro importante instrumento previsto no Estatuto da Cidade para este estudo de caso é o
Estudo de Impacto de Vizinhança. Este determina que uma lei municipal deverá definir critérios,
delimitando as espécies de empreendimentos que dependerão de um estudo prévio de impacto de
vizinhança como condicionante de sua aprovação. O Estudo de Impacto de Vizinhança deve ser
executado com o objetivo de contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento,
analisando no mínimo, os impactos relativos ao adensamento populacional, aos equipamentos
urbanos e comunitários, ao uso e ocupação do solo, a valorização imobiliária, a geração de
tráfego, a demanda por transporte público, a paisagem urbana e o patrimônio natural e cultural.

Cymbalista (2002) alerta para a imperiosa necessidade de levar-se em conta impactos que
ultrapassem aqueles sobre o sistema viário, como variáveis ambientais, paisagísticas, econômicas
e sociais.

Assim, esta metodologia de análise e integração de dados, ao trazer um conjunto de dados que
esboçam, com clareza, um mosaico das estruturas relativas ao lugar e das variáveis relativas as
populações que habitam este lugar, fornece também, importantes subsídios para a análise do
impacto de grandes empreendimentos na área em estudo.

Finalizando, Maricato (1999) afirma que todos o processo de implementação dos instrumentos do
Estatuto da Cidade deve ser feito com uma ampla participação da comunidade, uma vez que, sem
a participação social a implementação de qualquer plano se torna inviável, pois toma os
moradores como objetos e não como sujeitos.
40
Entretanto, para que a participação social através da Gestão Democrática da Cidade, que é uma
das principais engrenagens do Estatuto da Cidade, seja efetiva e consciente, faz-se necessário
fornecer subsídios, propiciando dados organizados e com vínculo geográfico que tenham a
capacidade de representar e interconectar dados; revelar territórios e realidades invisíveis e
acompanhar as dinâmicas municipais de maneira integrada.

Nesse sentido, os dados utilizados neste estudo de caso, bem como a produção de dados à partir
da definição de um mapa urbano básico com acesso livre, permite atingir a chamada “função
social do dado” e cumprir o princípio constitucional da informação.

Com isto, seria possível qualificar a participação social dos habitantes do local, ampliar o debate
público do urbano e realizar um melhor monitoramento/controle social da aplicação dos
instrumentos de política urbana previstos no Estatuto da Cidade.

CONCLUSÃO
A utilização de dados secundários de diversas fontes apresentou-se como uma limitação
metodológica, não permitindo uma análise pelo método da classificação contínua, possibilitando
apenas a análise com uso da classificação booleana, uma vez que a análise final utiliza sempre
dados gerados por terceiros e disponibilizados em sua forma final, sem informações sobre seus
processos geradores e de sua qualidade em relação as propriedades de extensão e localização.

Câmara et. al. (2004) afirma que os processos tradicionais de análise geográfica (discretizar
variáveis para posteriormente combiná-las) engendram uma grande perda de sensibilidade no
resultado final. A alternativa é trabalhar sempre com dados em representação contínua, e utilizar
análises quantitativas sobre mapas geográficos.

Entretanto, se a incerteza posicional do diagnóstico, provocada pelo uso de dados secundários


sem muitas informações adicionais, dificulta afirmações definitivas quanto as classes
qualificadoras utilizadas, por outro lado permitiu demonstrar que o conjunto de dados utilizados
esboçam, com clareza, um mosaico das estruturas relativas ao lugar e das variáveis relativas as
populações que habitam este lugar, criando novas possibilidades para a implementação dos
instrumentos previstos no Estatuto da Cidade. Assim, esta metodologia ao ser aplicada em
conjunto com estes instrumentos avança na instrumentalização necessária para o
desenvolvimento de uma gestão democrática da cidade que contemple uma visão sistêmica para
a política urbana.

Daí, a importância de aquisição e produção de dados municipais que permitam melhor visualizar a
realidade local e gerar metodologias de integração mais adequadas.

Assim, para implementar o Estatuto da Cidade e atingir a “utopia” denominada “Cidades


Sustentáveis” neste descrita, é de fundamental importância instrumentalizar o poder público e a
comunidade com dados adequados que analisados de maneira integrada possibilitem a
observação das dinâmicas municipais.

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42
Artigo 4
(Módulo 4)

Todos os artigos fazem parte de um conjunto de


de informações publicadas em congressos,
simpósios e livros.

43
ELABORAÇÃO FUNCIONAL DE UM BANCO DE DADOS DE
PARÂMETROS “GEOHIDROLÓGICOS” COMO SUBSÍDIO ÀS ANÁLISES
DE DISPONIBILIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS.

Marcello Alves 1
Sueli Yoshinaga Pereira 1

1. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP / Instituto de Geociências – IGe


IG-UNICAMP, Caixa Postal 6152, CEP: 13083-970 - Campinas – SP – Brasil
1- marcelloalv@gmail.com
1 - sueliyos@ige.unicamp.br

RESUMO

Este trabalho propõe analisar a disponibilidade e qualidade de materiais cartográficos e multifontes, no intuito de se
elaborar um Banco de Dados Geográfico de parâmetros “Geohidrológicos” para a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do
Sul, localizada no Vale do Paraíba – SP – Brasil. A constante demanda por projetos que visem subsidiar as análises
espaciais e ambientais de determinadas áreas requer um conjunto de ferramentas e dados multifontes de qualidade e
confiabilidade. Entretanto, o que se pode observar em muitos produtos e dados disponíveis é o armazenamento
inadequado de dados analógicos, a não manutenção de bancos de dados informacionais, a falta de informações em
caráter multitemporal e o controle do meio privado para com algumas informações. Fatores estes que contrapõem uma
política de dados de livre acesso, o que favoreceria um maior e melhor conjunto de análises e estudos para a região
estudada. Esta de caráter estratégico devido à demanda crescente do uso dos recursos hídricos no local. Remetendo
assim à efetiva necessidade de um conjunto de informações que possam contribuir com as mais diversas pesquisas
científicas e análises de suporte.

Palavras Chaves: Recursos hídricos, Vale do Paraíba, Bancos de Dados Geográficos.

ABSTRACT
The present work proposes to study the availability and quality of cartographic and multisource materials. The focus is
to elaborate a Geographic Data Bank of “Geohydrologic”parameters to the Hydrographic Basin of Paraiba do Sul River,
located in Vale do Paraiba –SP –Brazil. The usual demand for projects which subsidize the space and environment
analyses of certain areas requires a group of multisource tools and data with quality and confidence. However, what can
be seen in many products and available data is the inappropriate storage of analogical data, the lack of maintenance in
informative data banks, the lack of regular information, and the control from the private companies regarded to some
information. These factors pit the free access to data policy that favor a larger and better group of analyses and studies
to the region studied with strategic character due to the growing demand of local water resources. In this way, it can be
noticed the real need for a group of information which may contribute to several scientific researches and support
analyses.

Keywords: Water resources, Vale do Paraíba, Geographic Data Bank.

44
1 . INTRODUÇÃO estado, São Paulo, próximo aos limites dos
Este trabalho tem como premissa estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro,
apresentar e discutir os temas levantamento, Segundo de Almeida & Carneiro (1998),
disponibilidade, seleção e, por conseguinte coleta o sistema de montanhas representado pelas serras
de dados geográficos para composição de um do Mar e da Mantiqueira constitui a mais
banco de dados de parâmetros “Geohidrológicos” destacada feição orográfica da borda atlântica do
para a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, continente Sul-Americano. Inserido neste
localizada no Vale do Paraíba – SP - Brasil. contexto o Vale do Paraíba do Sul em sua porção
A elaboração deste e seus componentes média conforme a Figura 1 apresenta-se
darão subsídios as possíveis análises de integração caracterizado por dois principais domínios,
de elementos da paisagem segundo seu potencial segundo Coltrinari (1974): 1 - embasamento
participativo no processo de infiltração (Alves, cristalino de idade pré-cambriana, que é o
2006). Isto com base no caráter sistêmico arcabouço estrutural da Serra do Mar e da
proposto na metodologia deste trabalho, onde a Mantiqueira, 2 - bacia sedimentar de Taubaté
soma das partes compõe o “todo” e o mesmo, (Terciária) com depósitos aluviais associados
segundo Capra (1999), (Quaternária).

não deve ser entendido ou mesmo reduzido a um


pequeno conjunto de partes.
Bastante alterada através dos anos, a
região do Vale do Paraíba vem apresentando
problemas no tocante à ocupação urbana e
também no aproveitamento de seus recursos
hídricos.

2 . OBJETIVOS GERAIS

Buscam-se descrever os procedimentos,


as dificuldades de aquisição e os métodos
utilizados para alocação de informações em um Fig. 1 . Localização da área de estudo
banco de dados de parâmetros “Geohidrológico”.
A denominação “Geohidrológico” parte do O embasamento cristalino da região está
principio de que o mesmo conta com um conjunto inserido no Complexo Embu que controla
de dados geográficos, referentes ao meio físico da estruturalmente a bacia de Taubaté tanto ao norte
área estudada e tem como função subsidiar a quanto ao sul, e é composto basicamente de
realização de análises e a detecção de áreas migmatitos. As rochas do embasamento cristalino,
homogêneas para a disponibilidade de recursos principalmente os migmatitos e gnaisses, são
hídricos, baseado-se na integração dos elementos responsáveis pelas serras locais e morros
da paisagem segundo o potencial participativo no alongados com espigões que se caracterizam por
ciclo hidrológico. perfis retilíneos, localmente abruptos, com
presença de serra locais, drenagem de alta
2.1. Objetivos específicos densidade, com padrão dendrítico a pinulado,
vales fechados, planícies aluvionares restritas.
Descrever a procedência do material A altitude variando de 500 a 2700
selecionado, os métodos utilizados na adequação metros, alta pluviosidade com médias anuais de
de grandezas escalares, alocação dos produtos em 80 a 120 mm, forte declive do relevo com áreas
ambiente digital e o processo de integração e com declividade acima de 40 % e a baixa
manipulação dos dados. temperatura que em alguns locais durante o
inverno podem atingir proximidades a 0º influem
3 . LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS diretamente nos tipos de solos, entre eles:
DA ÁREA DE ESTUDO Podzolizado com cascalho, Latossolos Vermelho
Amarelo fase rasa e Litossolos.
A área de estudo situa-se nas porções de Os formadores do Rio Paraíba do Sul e
nascente e final do trecho paulista, da bacia seus afluentes de alto curso compõem esta região,
hidrográfica do rio Paraíba do Sul, a que apresenta diversos parques e Áreas de
aproximadamente 200 quilômetros da capital do Proteção Ambiental (APA) – Parque Nacional da

45
Bocaina, Parque Estadual da Serra do Mar, limitações de apresentações impostas por esta
Estação Ecológica de Bananal. Destaca-se que a informação. Assim, o produto final deve assegurar
área escolhida para a execução e análise neste uma satisfação de exigência própria do projeto
trabalho abarca, como já dito, o conjunto de rios que lhe compete.
que formam o Rio Paraíba do Sul e o último A carência de materiais cartográficos
trecho referente ao âmbito Paulista da bacia principalmente em formatos digitais é
hidrográfica. Esta escolha torna-se providencial significativa. Em algumas regiões do país em
pelo fato de caracterizar os municípios que decorrência dos planos de trabalho e estudos
compõem a rede formadora do rio e os que se desenvolvidos anteriormente, grande parte dos
situam no transcorrer do trajeto do mesmo (Figura produtos que se encontram à disposição estão em
2). âmbito regional em escalas que de 1:100.000 a
1:250.000. Isto dificulta o acesso a bases
Zona final de trecho cartográficas em escala de análise reduzida ou
Paulista da bacia local variando de 1:10.000 a 1:50.000, ou mesmo
Hidrográfica do Rio
Paraíba do Sul àquelas em formato digital de caráter temático
(Geologia, Pedologia etc) e básico (Rede de
Drenagem, Estradas, Curvas de Nível).
Muitas vezes os produtos nestas escalas
em formato digital são de caráter privado e
ocasionalmente, inacessíveis por apresentarem
custos de aquisição elevados.
Da mesma forma, a digitalização destas
bases cartográficas demandaria um tempo
bastante dispendioso o que tornaria inviável a
realização de projetos de análise espacial em
caráter local visando resoluções imediatas. Outro
elemento a destacar é que a disponibilidade deste
Zona da Nascente e material nas prefeituras e órgãos administrativos
primeiro trecho da bacia responsáveis em alguns casos não é linear.
Hidrográfica do Rio Estas instituições muitas vezes não
Paraíba do Sul
conduzem bem seus arquivos apresentando dados
Fig. 2 . Localização da área de estudo danificados ou mesmo o extravio de informações
representando as zonas de Nascente e Final do em âmbito geral. Este fato pressupõe a falta de
trecho paulista do Rio Paraíba do Sul. capacitação especializada de pessoal para
execução e, por conseguinte manipulação dos
4 . COLETA DE DADOS dados. Outro agravante, ainda segundo de
Albuquerque et al. (2002), está relacionado ao
4.1. A disponibilidade de materiais desconhecimento dos objetivos cartográficos e a
cartográficos e dados multifontes para a área falta de cultura na utilização de seus produtos pela
estudada. sociedade, expresso neste sentido como uma
ferramenta de auxilio para compreensão dos
Os estudos ambientais em determinadas problemas físicos, humanos e culturais.
áreas do Brasil apresentam sérios Um dos últimos grandes trabalhos de
comprometimentos, devido à carência efetiva de mapeamento e elaboração de produtos
materiais cartográficos em escalas reduzidas e cartográficos temáticos realizados para a área
mesmo informações seqüenciais que possam estudada foi o Projeto MAVALE
expressar e dar suporte às análises multitemporais. (Macrozoneamento do Vale do Paraíba,
Fundamento básico para avaliação da dinâmica KURKDJIAN et. al. , 1992). O mesmo apresenta
dos processos e do entendimento do histórico das um conjunto de informações compiladas em
modificações e/ou degradações ambientais. mapas na escala 1:250.000.
Segundo de Albuquerque et. al. (2002), a Entretanto, outros produtos cartográficos
produção cartográfica está associada a uma em escalas maiores (1:10.000 e 1:50.000) foram
necessidade de apresentação de resultados. Ainda, produzidos, mas são de caráter planialtimétricos e
segundo o autor, os produtos elaborados devem estão muitas vezes defasados no tocante a
expressar um conjunto de informações como algumas informações (Redes Viárias e Redes de
também estarem ajustados às necessidades e Drenagem). Os demais produtos cartográficos

46
presentes para a região, restringem-se a comunidade científica com dados adequados, os
levantamentos aerofotogramétricos realizados em quais, analisados de maneira integrada
diferentes escalas como base de trabalhos possibilitem uma melhor observação das
elaborados pelo Instituto Cartográfico – IC, dinâmicas municipais.
Eletropaulo, Instituto Agronômico de Campinas - Um dos temas abordados durante as
IAC e também imagens orbitais disponíveis para seções temáticas do V Simpósio Brasileiro de
aquisição no Instituto Nacional de Pesquisas Geoinformática - GEOINFO (Campos do Jordão,
Espaciais - INPE. 2003) trouxe a tona opiniões de pesquisadores de
O incremento das imagens de satélite é renome na área de bancos de dados, tais como
sem dúvida um grande benefício no auxilio da Gilberto Câmara e Antônio Miguel Vieira
geração de subprodutos suprindo muitas vezes a Monteiro do Instituto Nacional de Pesquisas
carência de mapeamentos sistemáticos. Espaciais – INPE. Opiniões estas baseadas em que
Outro fator a destacar é o custo de um a disponibilização de dados multifontes por
mapeamento em escalas grandes que muitas vezes diversos órgãos, sendo eles públicos estaduais,
se apresenta fora dos padrões e disponibilidades federais, ou mesmo privados, tornaria
de projetos. extremamente eficaz e vantajosa à elaboração de
No entanto, não são somente as bases estudos e análises espaciais.
cartográficas que se apresentam escassas e Por exemplo, a disponibilização das
restritas a escalas de análise regionais, no contexto bases de dados propostas como as da Agência
da área estudada. Os dados multifontes e Nacional de Águas, Concessionária Bandeirante
tabulados referentes à produção agrícola, sócio- de Energia ou mesmo da Companhia de
econômicos e de população em geral, que Câmara Saneamento básico do Estado de São Paulo -
(SPRING / INPE, 2006) define como dados Sabesp, tornariam os estudos locais e regionais
espaciais, pois se apresentam ligados a um objeto muito mais eficientes e dinâmicos.
no espaço ou mundo real, também compõem um Outro fator a destacar é que a aquisição
problema constante na execução de projetos de de mapas e, produtos cartográficos em caráter
pesquisa para a área estudada. temáticos, tanto quanto os dados tabulados
Muitas informações a respeito de vazão referentes a informações espaciais apresentam-se
de rios e índices pluviométricos tal qual relatam nas mais diversas formas e escalas. Assim, a
Genovez et al (2000), apresentam-se defasadas e utilização de um Sistema de Informações
em alguns casos com estações sem operação há Geográficas para fins de compilação e adequação
mais de 15 (quinze) anos. de escalas é a alternativa mais viável para
Ainda segundo os autores, são trabalhar nas condições acima expostas.
necessárias ações de interpolação de dados
vizinhos para se atingir os objetivos da pesquisa, 5. OS “SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
desde que os dados da base de coleta não estejam GEOGRÁFICA” (SIG).
mais disponíveis. No entanto, os autores também
afirmam que muitas vezes não é possível contar O Sistema de Informação Geográfica –
com uma boa série de dados de pluviógrafos no SIG é um conjunto de ferramentas que auxilia as
local de estudo ou mesmo próximo a ele. análises espaciais em diversas frentes de pesquisa.
Problemas semelhantes foram De acordos com o INPE (SPRING /
encontrados por Fantin et al. (2005) em seus INPE, 2006) o termo “Sistemas de Informação
estudos. Estes ressaltaram que a carência de dados Geográfica” (SIG) é aplicado para sistemas que
cartográficos, a falta de acesso aos dados realizam o tratamento computacional de dados
produzidos ou mesmo a falta de precisão e geográficos. Devido à sua ampla gama de
confiabilidade da geoinformação existente nas aplicações, destacando-se aqui algumas como
bases municipais, podem dificultar ou restringir a agricultura, floresta, cartografia, cadastro urbano e
eficácia de estudos e políticas públicas em âmbito redes de concessionárias (água, energia e
municipal. Daí, a importância de se fornecer telefonia).
subsídios à formulação de políticas públicas Há pelo menos três grandes maneiras de
voltadas a geoinformação, com a aquisição e utilizar um SIG: como ferramenta para produção
produção de dados municipais que permitam de mapas; suporte para análise espacial de
melhor visualizar a realidade local e gerar fenômenos e como um banco de dados
metodologias de integração mais adequadas. geográficos, com funções de armazenamento e
Os autores afirmaram ser de fundamental recuperação de informação espacial.
importância instrumentalizar o poder público e a Este instrumento é uma das técnicas

47
que compõem as “Geotecnologias”, que 5.2. Adequação de escala e elaboração de dados
segundo Valerio Filho et. al. (2002) é o cartográficos
conjunto de ferramentas e materiais utilizados
no auxílio de análises espaciais, podendo citar 5.2.1. Bases Planialtimétricas
as imagens de satélite, os Sistemas de
Posicionamento Global - GPS, os “Sistemas de A variação da procedência dos produtos
Informação Geográfica” – SIG, entre outros. cartográficos denota uma gama de escalas e, por
Ainda segundo os autores, as conseguinte diferentes níveis de resolução e
ferramentas dos “Sistemas de Informação qualidade.
Geográfica” - SIG vêm sendo utilizadas como Este fator tende a ser um empecilho na
importantes instrumentos de auxilio, no elaboração de produtos finais de análise, pois os
tocante ao subsidio ao planejamento e as ações mesmos devem ser elaborados respeitando a
em diversas áreas de aplicação do compatibilidade das escalas dos produtos contidos
conhecimento. na base de dados e a análise desejada, neste caso o
Nos tempos atuais, em decorrência da caráter regional.
constante dinâmica espacial e da possibilidade O importante na seleção destes produtos
de integração de diversas variáveis em um é respeitar alguns princípios ligados diretamente à
único banco de dados, com diferentes escalas os qualidade, disponibilidade e fidedignidade.
“Sistemas de Informação Geográfica” – SIG As figuras 3 e 4 apresentam-se
vêm se apresentando de fundamental respectivamente como exemplo de alguns dilemas
importância, pois proporcionam a estabelecidos nas diferenças escalares. Nesse
compatibilização das mesmas em uma escala de caso, entre duas bases de drenagem e duas redes
trabalho final coerente com os dados básicos de viárias.A primeira em escala 1:50.000 e a segunda
análise propostos a qualquer área de estudo. em escala :100.000.
Não obstante, Burrough (1986), relata
que os “Sistemas de Informação Geográfica”
são representados por programas capazes de
armazenar, integrar, manipular e visualizar
diferentes informações da superfície terrestre.
Tais elementos compõem o denominado mundo
real em termos de posicionamento e estão
alocados segundo um sistema de coordenadas. 1:50.000 1:100.000
Os “Sistemas de Informação Geográfica” - SIG
tornam-se então uma importante ferramenta Fig. 3 . Representação vetorial de bases de Rede
de auxílio aos estudos de áreas ambientais e de Drenagem em diferentes escalas. Observam-se
recursos naturais, subsidiando o planejamento os diferentes níveis de informação entre elas
e as ações em diversas áreas.

5.1. Elaboração do banco de dados e escolha do


programa computacional a ser utilizado.

A elaboração do banco de dados deste


projeto tem com base os parâmetros
“Geohidrológicos” e teve como meta tornar
funcional as consultas e, por conseguinte a 1:50.000 1:100.000
integração dos elementos que compõem a
paisagem da área estudada. Fig. 4 . Representação vetorial de bases de Rede
A utilização de um Sistema de de Drenagem em diferentes escalas.Observam-se
Informação Geográfica de aquisição gratuita e os diferentes níveis de informação contidos em
com tecnologia nacional, desenvolvido pelo diferentes escalas.
Instituto de Pesquisas Espaciais – INPE,
intitulado; Sistema de Processamento de As figuras acima demonstram que o nível
Informações Georeferenciadas – SPRING foi de definição e conteúdo de informações é maior
providencial, em vista do caráter gratuito de sua em escalas maiores.
aquisição, www.dpi.inpe.br/spring (SPRING / No contexto da elaboração deste
INPE 2006), e do suporte técnico eficiente. trabalho, seguindo os padrões apresentados

48
anteriormente de qualidade, disponibilidade e de produtos cartográficos de qualidade, tais como,
fidedignidade foram utilizadas as bases as análises de Uso e Cobertura Vegetal das Terras,
cartográficas de drenagem e rede viária ou mesmo Modelos Numéricos do Terreno, neste
(planimetria) em escala 1:50.000 (IBGE; 1973). caso utilizando-se de dados coletados pela Shuttle
Em decorrência da falta de Radar Topography Mission (SRTM, NASA,
disponibilidade e também do alto custo de 2000).
aquisição em empresas particulares de Para este trabalho as mesmas foram
mapeamentos e levantamentos cartográficos, as utilizadas na elaboração do Uso e Cobertura
curvas de nível (altimetria) a serem usadas serão Vegetal das Terras. A base das informações
em escala 1:100.000 (IBGE, 1965), coletadas para elaboração do produto final foi o
disponibilizadas gratuitamente na base digital Levantamento da Vegetação Natural e
elaborada para a composição do banco de dados Reflorestamento da Bacia Hidrográfica do Paraíba
Atlas Brasil (SPRING / INPE, 2006). do Sul / Mantiqueira (Instituto Florestal, 2000). A
No intuito de demonstrar as diferenças adequação sugerida e realizada foi o incremento
escalares em produtos altimétricos utilizou-se das informações espaciais de áreas com usos de
como exemplo as curvas de nível 1:50.000 (IBGE; Pastagem e Cultura Agrícola não presentes no
1973). As mesmas foram selecionadas de um mapeamento original realizado pelo Instituto
banco de dados elaborado para o município de Florestal (2000).
São José dos Campos como subsídio e base de Com a utilização de imagens orbitais do
análise do Projeto Macrodrenagem de São José ano 2002 dos Sensores TM e TM/+ (Thematic
dos Campos (Prefeitura Municipal de São José Mapper, Thematic Mapper PLUS) dos satélites
dos Campos e Universidade do Vale do Paraíba, LANDSAT 5 e 7 respectivamente, realizaram-se o
2002) (Figura 5). incremento das classes de uso propostas
(Pastagem e Cultura Agrícola).
As datas de imageamento selecionadas
para análise foram os meses de janeiro, fevereiro e
setembro. Isto devido as diferentes características
dos usos presentes na paisagem da área estudada
em períodos de estiagem e chuvas prolongadas.
As informações complementares
levantadas foram resultados de classificação
automática utilizando o classificador MAXVER
Curvas de nível em escala Curvas de nível em escala que segundo (SPRING / INPE, 2006) deriva do
1:50.000 (Eqüidistância vertical 1:100.000 (Eqüidistância vertical
20 metros (IBGE, 1973) 100 metros) (IBGE; 1965). método estatístico de Máxima Verossimilhança e
selecionadas em caráter
demonstrativo - Projeto Menor nível de detalhes.
é o método de classificação "pixel a pixel" mais
Macrodrenagem de São José dos comum. O mesmo considera a ponderação das
Campos, (Prefeitura Municipal de
São José dos Campos e distâncias entre médias dos níveis digitais das
Universidade do Vale do Paraíba, classes, utilizando parâmetros estatísticos.
2002).
Outro fator a destacar é que a base do
Maior nível de detalhes.
produto elaborado pelo Instituto Florestal -
Levantamento da Vegetação Natural e
Fig. 5 . Diferenças de grandezas escalares em Reflorestamento e Constituição de Base
curvas de nível em escala 1:50.000 (IBGE, 1965) Georreferenciada da Bacia Hidrográfica do
e 1:100.000 (IBGE, 1973) Paraíba do Sul / Mantiqueira (Instituto Florestal,
2000) são também imagens orbitais provenientes
No tocante a aquisição das curvas de do satélite LANDSAT 5, munido com o sensores
nível do terreno (altimetria): as mesmas são TM. Isto descaracterizou os possíveis problemas
elementos usuais na elaboração de produtos referentes à resolução espacial dos produtos na
cartográficos de qualidade, tais como, mapas de composição do produto final.
declividade, cartas hipsométricas e perfis Vale destacar que a resolução espacial de
topográficos. um produto orbital, segundo Novo (1989), “mede
a separação angular ou linear entre dois objetos.
5.3. Utilização de Imagens Orbitais. Ou seja, quando dizemos que um produto possui
uma resolução de 30 metros nos referimos ao fato
O incremento das imagens orbitais de que todo e qualquer produto presente entre
favoreceu a elaboração de subprodutos ou mesmo esta medida não será discriminado pelo sistema”.

49
Outro fator de destaque é que em
resoluções espaciais de 30 metros, tais como, nas
imagens orbitais do satélite LANDSAT 5
produtos finais e subprodutos são aceitos em
escalas 1:50.000, pois apresentam boa adequação
a base de detalhamento do mapeamento.
Assim foram levantadas as informações
complementares referentes ao Uso e Cobertura
Vegetal das Terras. As mesmas foram agregadas
ao produto elaborado pelo Instituto Florestal
(2000). Este procedimento pode ser visualizado
nas figuras 6, 7, 8 e 9.

Legenda

 Capoeira
 Mata
 Reflorestamento
 Urbanização
 Pastagem
 Área Agrícola Fig. 8. Representação da integração dos dados

Fig. 6 . Amostra do “Levantamento da Vegetação


Natural e Reflorestamento e Constituição de Base
Georreferenciada da Bacia Hidrográfica do
Paraíba do Sul / Mantiqueira Uso e Cobertura
Vegetal” (Instituto Florestal, 2000).

Legenda

Pastagem
Área Agrícola

 Capoeira
Fig. 7. Amostra dos usos - Pastagem e Áreas  Mata
Agrícolas extraídos de imagens LANDSA 5 com  Reflorestamento
sensor TM.  Urbanização
 Pastagem
 Área Agrícola

Fig. 9 . Amostra do mapa final de Uso e


Cobertura Vegetal das Terras após agrupamento
das informações.

50
5.4. Isoietas de Pluviosidade A figura 10 apresenta uma amostra do
mapa de isoietas de pluviosidade elaborado por
Outros subprodutos utilizados neste Genovez et al (2000). Para utilização destas
trabalho foram as Isoietas de Pluviosidade informações no banco de dados as mesmas foram
elaboradas por Genovez et. al. (2000) para todo agrupadas em intervalos ou classes
Estado de São Paulo.
Segundo os autores o período de coleta
de informações usada na elaboração do modelo é
de 30 anos, informações estas coletadas nas
estações pluviométricas do Departamento de
Águas e Energia do Estado – DAEE e cedidas
pelo Instituto Nacional de Meteorologia -
INEMET.
Utilizou-se do período de retorno de 5
anos, pois, muitas das estações não estão mais
coletando informações e dados na área estudada, o
que dificultaria e tornaria pouco confiável uma
projeção de retorno de 10, 50 ou mesmo 100 anos.
A escala e a definição deste produto
remete à disponibilidade de informações das
estações de medição. Segundo os autores, Legenda
infelizmente os dados de intensidade de chuvas ou
séries de dados são pequenos para as várias partes
do Brasil e do mundo. O que neste caso não
permite uma estimativa razoável das intensidades
de chuvas para fins de projetos de engenharia.
Para elaboração deste produto os autores
utilizaram séries atualizadas de aproximadamente Fig. 10 . Amostra do mapa de isoietas de
556 pluviômetros para o estado, com séries de pluviosidade elaborado por Genovez et.al (2000).
dados superiores há 30 anos. Ainda segundo os
autores somente um pluviômetro apresentava uma 5.5. Mapas temáticos
série menor de 23 anos.
Para obter os valores máximos Os produtos temáticos referentes à
associados aos períodos de retorno utilizou-se a Geologia, Pedologia e Geomorfologia utilizados e
distribuição probabilística de Gumbel. Isto a partir agregados ao banco de dados Geohidrológico
da determinação do ano hidrológico das séries apresentam-se em escalas 1:250.000. Os mesmos
observadas (01 de Outubro / 30 de Setembro). são provenientes do DAEE-UNESP (1984), e do
As isoetas foram obtidas segundo os projeto Macrozoneamento do Vale do Paraíba –
autores através do programa SURFER MAVALE (Kurkdjian et al. 1992). A figura 11
(KECKLER, 1995) utilizando-se do método apresenta estes produtos.
geoestatístico de Kriging. A tabela 1 apresenta o
número de pluviômetros analisados.
ANOS DE Nº DE Nº DE
DADOS POSTOS POSTOS (%)
23 01 0,2
30 – 39 202 36,3
40 – 49 163 29,3
50 – 58 190 34,2

TABELA 1 . DISTRIBUIÇÃO DO PERÍODO


DE DADOS OBSERVADOS (GENOVEZ ET
AL, 2000).

51
Os dados já referenciados
geograficamente são anexados ao banco de dados
utilizando-se uma interface amigável de
importação apresentada na figura 12.

1 2

Fig. 11 . Mapas temáticos (1 – Geomorfologia, 2


– Pedologia) - Projeto Macrozoneamento do Vale
do Paraíba – MAVALE (Kurkdjian et al. 1992), (3
– Geologia) DAEE-UNESP (1984) e Projeto
Macrozoneamento do Vale do Paraíba –
MAVALE (Kurkdjian et al. 1992) Fig. 12 . Interface de importação de dados do
programa SPRING 4.3 (SPRING / INPE, 2006).

6 . EQUIPAMENTOS Em ambiente SPRING, após criar um


projeto, as devidas categorias de informações e os
Os equipamentos de auxilio e subsídio a planos de informação de destino podem importar
entrada, organização, manipulação, os dados nas mais diversas extensões, entre elas
processamento e saída das informações são os SHAPEFILE e DXF.
seguintes: Os dados importados necessitam
a) Micro padrão IBM / PC - Pentium IV apresentar um sistema de georreferenciamento ou
equipado com mesa digitalizadora marca Digigraf, então será necessária a realização desta ação.
modelo Van Gogh, tamanho A1 e instalado com o Após isto os dados serão alocados em um
sistema de informação geográfica SPRING 4.3 painel de controle como um “Plano de
(Sistema de Processamento de Informações informação”, sempre relacionado a sua respectiva
Georreferenciadas - SPRING), desenvolvido no categoria previamente atribuída em um projeto
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Figura 13).
(SPRING / INPE, 2006), que conjuga funções de
processamento de imagens, análise espacial,
modelagem numérica de terreno e consulta a
bancos de dados espaciais;
b) Sistema de Posicionamento Global
(GPS), modelo Garmin SRV II com precisão de 5
a 3 m no modo diferencial dinâmico e de 3 a 1 m
para o modo diferencial estático, para localização
das coordenadas geográficas dos pontos visitados
em campo.

7 . MÉTODO DE ENTRADA DE DADOS EM


AMBIENTE SPRING

A entrada de dados no banco


Geohidrológico obedece aos padrões Fig.13. Painel de Controle do programa SPRING
estabelecidos pelo programa SPRING 4.3 4.3 (SPRING / INPE, 2006). Nele são alocados os
(SPRING / INPE, 2006). dados para manipulação e tratamento.

52
8 . INTEGRAÇÃO DE DADOS EM de subprodutos agregados ao banco de dados
AMBIENTE SPRING 4.3 “Geohidrológico”.

8.1. Utilização da Linguagem Espacial para


Geoprocessamento Algébrico – LEGAL
(SPRING / INPE, 2006) como ferramenta de
auxílio na integração dos dados temáticos

Para execução e integração dos dados


temáticos utilizou-se como recurso à função de
programação em Linguagem Espacial para
Geoprocessamento Algébrico – LEGAL do
programa SPRING 4.3 (SPRING / INPE, 2006).

8.1.1 . Programação em legal

O recurso Linguagem Espacial para Fig. 14 . Exemplo de Programação em Linguagem


Geoprocessamento Algébrico – LEGAL está Espacial para Geoprocessamento Algébrico –
contido no programa SPRING 4.3 (SPRING / LEGAL (SPRING / INPE, 2006), desenvolvida
INPE, 2006). para execução deste trabalho.
A programação em LEGAL,
segundo o Instituto Nacional de Pesquisas 9. COMPOSIÇÃO FINAL DO BANCO DE
Espaciais – INPE (SPRING / INPE, 2006), DADOS GEOHIDROLÓGICO
permite “a definição de operações sobre dados
representados em um projeto de um banco de As informações coletadas para a
dados SPRING, sob a forma de expressões realização e elaboração do presente banco de
“algébricas" dos tipos: Temático, Numérico, dados levaram em consideração as diferenças
Imagem, Cadastrais, Objetos e Reais”. escalares e também as mais diversas extensões
Ainda de acordo com o Instituto computacionais, pois muitas informações foram
Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE criadas por iniciativas privadas e projetos
(SPRING / INPE, 2006), a linguagem em LEGAL institucionais.
baseia-se no modelo de dados do programa A tabela 2 apresenta o conjunto de dados
SPRING, onde, “Os operadores atuam sobre cartográficos utilizados na elaboração do banco de
representações de dados dos modelos Numérico dados geográfico e suas características.
(grades regulares), Imagem, Temático, Cadastral e
Objeto. Os modelos Objeto e Cadastral são
complementares, e essencialmente permitem a
espacialização de atributos de tabelas de bancos
de dados sob a forma de mapas cadastrais”.
A funcionalidade do programa é
definida pela construção de expressões semânticas
que determinam as categorias a serem utilizadas
no procedimento desejado, os planos de
informação a serem recuperados para execução da
operação e a descrição da operação a ser efetuada.
Assim, baseando-se em uma lista de
sentenças que determinam a função do programa
que segundo o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais – INPE (SPRING / INPE, 2006) é
composta por 4 (quatro) estruturas:
 Declarações de variáveis;
 Instanciações: de variáveis;
 Operações da álgebra de mapas;
 Comandos de controle;
A figura. 14 apresenta um exemplo de
programação em LEGAL utilizada na composição

53
TABELA 2 . DESCRIÇÃO E PROCEDÊNCIA dos produtos que variavam de 1:50.000 a
DE MATERIAL CARTOGRÁFICO 1:250.000.
UTILIZADO PARA ELABORAÇÃO DO Destaca-se a indisponibilidade de
BANCO DE DADOS GEOHIDROLÓGICO produtos em escalas grandes já em formato digital
e com qualidade. Muitos produtos cartográficos
ESCALA / disponíveis para área apresentam um custo muito
MATERIAL ELABORADOR
FORMATO elevado de aquisição, pois foram elaborados por
empresas privadas.
Projeto MAVALE Este fator tornou inviável a utilização de
- muitas das bases cartográficas em escalas grandes,
Macrozoneamento tais como a base altimétrica em escala 1:50.000
Cartas Temáticas do Vale do (IBGE, 1965) que apresentava um custo
1:250.000 -
(Levantamento de Paraíba e Litoral
ASCII/ SPRING. aproximado de 600 reais por folha segundo a
Solos e Geologia) Norte do Estado
de São Paulo empresa Imagem Sensoriamento Remoto LTDA.
(Kurkdjian et al. Por sua vez foi utilizada a base 1:100.000 (IBGE,
1992) 1973)
.
Cartas Outra dificuldade encontrada foi o
topográficas, desconhecimento de muitos funcionários de
1:50.000 – ASCII /
obtidas a partir da IBGE, 1973.
SPRING , DXF. Prefeituras municipais em especial nos
restituição Departamentos de Planejamento Urbano
aerofotogramétrica.
Cartas
municipais, no que se refere a disponibilização de
topográficas, dados. Alguns dos mesmos desconhecem os
1:100.000 - ASCII/
obtidas a partir da IBGE, 1965.
SPRING, DXF.
produtos, não sabem como foram gerados ou
restituição mesmo desconhecem a existência em seus
aerofotogramétrica.
Levantamento da
respectivos arquivos.
Vegetação Natural Isto remete ao fato de muito dos
e Reflorestamento e produtos cartográficos em formatos analógicos,
Constituição de essenciais à elaboração de bancos de dados
1:50.000 –
Base
Georreferenciada
Instituto Florestal. SHAPEFILE estarem muitas vezes se deteriorando em função
(ARCVIEW), DXF. de não estarem alocados em ambientes
da Bacia
Hidrográfica do apropriados como salas climatizadas, livres de
Paraíba do Sul / contato com a umidade que em muitos casos,
Mantiqueira.
como em cidades litorâneas é uma freqüente.
Dificultando o manuseio e a conservação nas
Mapa de isolinhas repartições públicas de diversas localidades.
de Pluviosidade, No entanto, como solução para este
Isoetas das chuvas
máximas diárias
Genovêz et. al., 1: 100.000 - ASCII/ problema as Concessionárias de energia elétrica,
2002. SPRING. água e saneamento poderiam tornar públicas suas
para tempo de
retorno de 5 (cinco) bases e produtos, no intuito de gerar diversos
anos. produtos de análise científica e também uma base
de dados única em parceria com os pesquisadores
Mapa Geológico do 1:250.000, Folha regionais e locais.
DAEE-UNESP,
Estado de São
1984.
Guaratinguetá - A efetivação de políticas de
Paulo. ASCII/ SPRING fornecimento de dados, as pesquisas e as consultas
dos mesmos no Brasil deve passar a ser um
9 . DISCUSSÕES E CONCLUSÕES elemento básico de discussão no tocante a
disponibilidade da geoinformação como subsídio
Durante o processo inicial de elaboração à tomada de decisões.
deste trabalho foram encontrados diversos Neste sentido, o presente trabalho espera
problemas relacionados à disponibilidade, haver contribuído com este objetivo fornecendo
fidelidade e confiabilidade dos produtos assim um conjunto de dados que possam vir a
selecionados para composição do Banco de dados subsidiar os estudos posteriores na área estudada,
de parâmetros “Geohidrológicos”. a bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul,
Em virtude disto a escala final do localizada no Vale do Paraíba – SP – Brasil.
trabalho teve que ser adaptada à disponibilidade

54
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Máxima Diária. A Água em Revista, CPRM –
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais.
ALVES COSTA, MARCELLO. Seleção de
Áreas Potenciais para Recursos Hídricos na INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, São ESTATÍSTICA –IBGE. Levantamento
Paulo – Brasil. Dissertação de Mestrado Cartográfico do Território Nacional em escala
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP 1:100.000, 1965.
- Instituto de Geociências, Campinas – SP , [s.n],
2006, Nº 355/2006. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA –IBGE. Plano Cartográfico do
V Simpósio Brasileiro de Geoinformática - Estado de São Paulo, 1973.
GEOINFO (Campos do Jordão, 2003). CdRom.
INSTITUTO FLORESTAL - IF. Levantamento
BURROUGH, P.A.Principles of Geographical da Vegetação Natural e Reflorestamento e
Information Systems for Land Resources Constituição de Base Georreferenciada da
Assessment, Clarendon Press, Oxford, 1986. Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul /
Mantiqueira, 2000 (Cd RW ).
CAPRA, Fritjof. Ecoliteracy: the challenge for
education in the next century.Liverpool INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS
Schumacher lectures, Berkeley, California. ESPACIAIS - INPE- SPRING. Sistema de
March 20, 1999. Processamento de Informações
Georeferenciadas. http://www.dpi.inpe.br/spring,
COLTRINARI, L. Z. D. Contribuição e 2006. Acesso em: 26 de julho de 2006.
geomorfologia da região de Guaratinguetá –
Aparecida. Tese de Doutorado, Universidade de KECKLER, D.. SURFER for Windows User's
São Paulo, 1974. Guide. Golden: Golden Software Inc ,1995.

DAVIS JR., C. A. Múltiplas representações em KURKDJIAN, M. L. N. O; VALÉRIO FILHO,


sistemas de informação Geográficos. Tese de M; VENEZIANI, P; PEREIRA, M. N.;
Doutorado, Universidade Federal de Minas FLORENZANO, T. G.; DOS ANJOS, C. E.;
Gerais, Belo Horizonte 2000. OHANA, T.; DONZELI, P.L.; ABDON, M. N.;
SAUSEN,T. M.; PINTO, S.A .F.; BERTOLDO,
DE ALMEIDA, Fernando Flávio Marques; M. A.; BLANCO, J. G.; CZORDAS, S. M.
CARNEIRO, Celso Dal Ré. Origem e evolução Macrozoneamento da Região do Vale do
da serra do mar. Revista Brasileira de Paraíba e Litoral Norte do Estado de São
Geociências, 28(2):135-150, junho de 1998. Paulo. São José dos Campos, 176. (INPE- 5381-
prp / 165), 1992.
DE ALBUQUERQUE, Paulo César Gurgel et al.
Ensinando Cartografia - in - IV Curso de Uso NOVO, E. M. L. M. Sensoriamento Remonto:
de Sensoriamento Remoto no Meio Ambiente. Princípios e aplicações. São Paulo. Ed : Edgar
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2002. PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
DOS CAMPOS / UNIVAP. Projeto
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MONTEIRO, A. M. A Relevância de uma Infra- Campos – SP. São José dos Campos, 2002
estrutura Geoinformacional como Subsídio ao
Desenvolvimento de Políticas Urbanas: O Caso SHUTTLE RADAR TOPOGRAPHY MISSION
da Integração de Características do Meio HOME PAGE. <srtm.usgs.gov/>. Acesso em: 26
Físico e Dados Sócio-territoriais no Município de julho de 2006.
de São José Campos” - XI Simpósio Brasileiro
de Geografia Física Aplicada, São Paulo, 2005. VALERIO FILHO, M; ALVES, M; FANTIN, M;
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GENOVEZ, A. M.; L. F. C. DE OLIVEIRA; A.I. Avaliação das Áreas Urbanizadas e seus
BORRI GENOVEZ (2000) – Chuvas Intensas no Impactos na Rede de Drenagem”. Simpósio
Estado de São Paulo: Isoietas de Precipitação Nacional de Impactos Ambientais Urbanos,
Curitiba - PR, Junho 2002.

55
Artigo 5
(Módulo 5)

Todos os artigos fazem parte de um


conjunto de de informações publicadas em
congressos, simpósios e livros.

56
Análise espacial da bacia hidrográfica do Ribeirão Fartura -
Paraibuna – SP, utilizando-se de dados socioeconômicos e
ambientais
1
Mário Valério Filho
2
Marcello Alves Costa
3
Marcel Fantin
1
UNIVAP – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
CEP 12 244-000 São José dos Campos SP
mvalerio@univap. br
2
UNIVAP – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
CEP 12 244-000 São José dos Campos SP
malves@dpi.inpe.br
3
UNIVAP – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
CEP 12 244-000 São José dos Campos SP
fantin@dpi.inpe.br

Resumo: A degradação ambiental das bacias hidrográficas nas áreas rurais vem comprometendo
a médio e longo prazo a qualidade ambiental e de vida da população local. O presente trabalho
busca apresentar subsídios para avaliação do quadro atual de degradação ambiental das bacias
hidrográficas que afetam a saúde da população. A área de estudo, compreende a bacia
hidrográfica do Ribeirão Fartura no município de Paraibuna-SP. Foram selecionadas cinco
variáveis obtidas do relatório de Unidades de Produção Agrícola da Coordenadoria de Assistência
Técnica Integrada, CATI-SP, consideradas relevantes para a presente análise sendo: cultura
temporária/hortaliças; culturas perenes; bovinos de leite e de corte; saneamento/esgoto e
abastecimento de água. Após a digitalização e estruturação da base de dados para as 115
propriedades rurais, as informações não espaciais foram convertidas em gráficos de barras e
espacializadas no terreno, possibilitando assim,
demonstrar a intensidade do risco à saúde da população na área de estudo.
Palavras chaves: Análise espacial, bacia hidrográfica
Abstract: The environment degradation of a small watershed, located in rural areas is being
evolved by the population that lives in the area. This projet intend to present support to understand
solutions that could reverse the scenary of degradation that is affecting the health of people living in
the watershed of Ribeirão Fartura. Five basic variables were used in the study: summer crops,
horticultural, perennial crops, grazing for milk and meat productions and water supply. A total of 115
rural properties was studied and all concerned information agregated and digitalized. This
methodology provided sufficiente data, not spacialized, converted in figures showing the health
risks for local population.
Keywords: Space analysis, watershed basin

1 Introdução
Desde o inicio da história da civilização, as cidades comumente se implantavam próximo aos rios
(Marcondes, 1999). Fato este associado à presença dos recursos naturais como áreas de solos
férteis e escoamento de produtos.
Neste sentido, o Vale do Paraíba, banhado pelo Rio Paraíba do Sul foi cenário de diversos
processos econômicos e históricos através dos tempos, juntamente com seus dois formadores o
Rio Paraitinga e o Paraibuna.

57
Este conjunto de processos econômico e histórico contribuiu com a formação de uma cultura
consolidada que vem perdurando através dos últimos séculos baseada na produção agrícola, na
pecuária e por fim na industrialização.
Contudo é a partir da década de 60 que segundo a Coordenadoria de Assistência Técnica
Integrada – CATI (2000) que a modernização da agricultura brasileira tomou grande impulso, ao
lado de inegáveis aumentos de produção e produtividade que por sua vez corroboraram o
incremento de diversos agravantes ambientais e sociais.
Ainda segundo a CATI (2000), o desenvolvimento apresentado no ultimo século vem atrelado a
uma elevada taxa de utilização de insumos químicos e tração motomecanizada, contribuindo com
o aumento de áreas com presença de processos erosivos, contaminação química das terras, dos
produtos agrícolas, das pessoas que o utilizam, sem contar a diminuição da cobertura florestal
remanescente e a poluição dos recursos hídricos.
Segundo Assad et al. (1993) os cursos dàgua vem sofrendo uma constante e crescente
contaminação, fruto da utilização e preservação inadequada dos recursos naturais existentes ao
seu redor.
De acordo com Koffler (1996), com a diminuição do ritmo de expansão da fronteira agrícola
provocada pela conscientização ambiental, torna-se fundamental a adequação dos então sistemas
produtivos pertinentes às condições ecológicas disponíveis, fundamentalmente para a manutenção
da produtividade da terra por mais longo prazo.
Neste contexto, as atividades agropecuárias são reconhecidas como principal vetor de
transformações de maior amplitude, por constituírem fontes potenciais de distúrbios sobre o meio
ambiente, fundamentalmente quanto à modificações de elementos componentes da estrutura
física dos ecossistemas e das paisagem como um todo. Uma das alternativas que se apresenta
para subsidiar políticas voltadas às soluções destes problemas é adoção de estudos ao nível de
bacias hidrográficas.
Porém, em se tratando de ambientes ricos em recursos naturais, tais como as bacias hidrográficas,
Christofoletti (1974) corrobora a base conceitual deste trabalho caracterizando as mesmas como
um sistema aberto, contendo “Inputs” - entrada de energia e “Outputs” - saídas de energia. Sob o
ponto de vista do auto ajuste pode-se deduzir que as bacias hidrográficas integram uma visão
conjunta do comportamento das condições naturais e das atividades humanas nelas
desenvolvidas, uma vez que, mudanças significativas em qualquer dessas unidades, podem gerar
alterações, efeitos e/ou impactos a jusante e nos fluxos energéticos da saída ( descarga, cargas
sólidas e dissolvida ), Cunha & Guerra(1996).
Assim, considerando que esta forma de energia interage com os elementos que compõem este
sistema e que toda e qualquer alteração ocorrida nos elementos que compõem a paisagem de
uma bacia hidrográfica pode modificar e influenciar o contexto funcional da mesma, é que foi
desenvolvido o presente trabalho com o suporte das técnicas de sensoriamento remoto e dos
sistemas de informação geográfica, para avaliar as relações sócio-ambientais frente às atividades
produtivas que estão sendo conduzidas na bacia hidrográfica do Ribeirão Fartura – Paraibuna –
SP, com o suporte do cadastro das Unidades de Produção Agrícola – UPA’s (CATI / 2000).

58
2 Materiais e Métodos

2.1 Localização e Características da Área de Estudo


A bacia Hidrográfica do Ribeirão Fartura localiza-se no município de Paraibuna, localizado no
estado de São Paulo, na região do Vale do Paraíba, situado no Alto Paraíba próximo à escarpa da
Serra do Mar (Figura 2.1.1).
O município estabelece zonas limítrofes com as cidades de Jambeiro (Norte); Caraguatatuba (Sul);
Redenção da Serra e Natividade das Serra (Leste); Salesópolis e Santa Branca (Oeste).

Figura 2.1.1 Localização da área de estudo.

2.2 Materiais

2.2.1 Material Cartográfico


Para a elaboração da base cartográfica utilizada neste trabalho foi utilizado o seguinte material
cartográfico:

Base cartográfica na escala 1:10.000 do Plano Cartográfico do Estado de São Paulo (1978)
contendo os limites físicos das propriedades rurais presentes na bacia hidrográfica do Ribeirão
Fartura;

2.2.2 Equipamentos
Micro padrão IBM/PC - Pentium III;
Mesa digitalizadora marca Digigraf, modelo Van Gogh, tamanho A1;

59
SIG (Sistema de Informação Geográfica) SPRING (Sistema de Processamento de Informações
Georreferenciadas) 4.0, (INPE, 2003);

2.2.3 Informação Não Espacial / Dados Cadastrais (Dados Socioeconômicos)


Relatório de Unidades de Produção Agrícola – UPA’s (CATI / 2000) – Fonte: Coordenadoria de
Assistência Técnica Integrada – CATI;

2.3 Metodologia
Os limites físicos das propriedades rurais, em escala 1:10. 000 foram delimitados em mesa
digitalizadora e armazenados em ambiente SPRING (INPE, 2003).
Em seguida os dados não espaciais relativos às informações socioeconômicos das propriedades
rurais foram agregados aos limites físicos das mesmas.
Foram utilizadas 5 (cinco) variáveis presentes no relatório de Unidades de Produção Agrícola
(CATI / 2000) consideradas pertinentes, sendo elas:
·Cultura temporária / Hortaliças;
·Culturas perenes;
·Pecuária leiteira / corte;
·Saneamento / Esgoto;
·Abastecimento de água (poços artesianos e rio);
Com o suporte das geotecnologias através do software SPRING, as variáveis selecionadas foram
espacializadas na bacia hidrográfica, proporcionando assim a indicação das áreas de maior
concentração destas atividades e assim caracterizar os setores da bacia, que estão direta ou
indiretamente relacionados ao comprometimento dos recursos hídricos de superfície e sub-
superfície (Figura 3.1).

Figura 3.1- Limite das propriedades rurais com seus respectivos dados não espaciais agregados.

60
3 - Resultados
Após a digitalização e agregação das informações à base de dados das 115 propriedades rurais,
as informações não espaciais foram convertidas em gráficos de barras e espacializadas no terreno
a fim de demonstrar a intensidade do evento na área estudada.
A partir da metodologia utilizada foi obtido o seguinte resultado quando analisou-se a variável
:·Cultura temporária / Hortaliças
Esta variável foi selecionada, devido a grande quantidade e variedade de agrotóxicos que são
utilizados durante os ciclos vegetativos destas culturas e o prejuízo que os mesmos podem
acarretar aos solos e conseqüentemente à qualidade das águas nos canais de drenagem. As
figuras 3.2 e 3.3 apresentam consecutivamente, o gráfico de “propriedades rurais / culturas
temporárias_hortaliças” e a espacialização dos gráficos de barras demonstrando a freqüência da
atividade na bacia.

Figura 3.2.2. Gráfico representando os números de “culturas temporárias_hortaliças / propriedades


rurais”).
Pode-se observar através do gráfico, que a grande maioria das 115 propriedades, cerca de 91% ou
103 propriedades, apresentam pequenas quantidades de culturas temporárias / hortaliças, sendo
quantificadas entre os limites 0 (Nenhuma) e 3 culturas. Os 9% das demais propriedades estão
distribuídas entre as que apresentam uma variabilidade de 4 a 10 culturas diferentes.
A espacialização na bacia hidrográfica das freqüências representadas pelos gráficos de barra é
apresentada na figura abaixo. Destaca-se que a ocorrência desta atividade se apresenta de forma
bastante distribuída nas zonas de médio curso e a jusante da bacia hidrográfica.

61
Figura 3.3 Espacialização da freqüência da variável “culturas temporárias/hortaliças / propriedades
rurais” na bacia hidrográfica do Ribeirão Fartura.
Com relação às Culturas Perenes
Apesar do menor uso de agrotóxicos, as culturas perenes expõe parte do solo às ações das
chuvas e por conseguinte à erosão, contribuindo assim com o carreamento de partículas e o
assoreamento dos canais de drenagem. As Figuras 3.4 e 3.3 apresentam respectivamente o
gráfico “cultura perene / propriedades rurais” e a freqüência da atividade espacializada na bacia
hidrográfica.

Figura 3.4 Gráfico representando o número de “culturas perenes / propriedades rurais”).


Observa-se no gráfico que aproximadamente 96% das propriedades na bacia hidrográfica
apresentam nenhuma ou 1 cultura perene. O restante, cerca de 4% esta distribuído nos limites de
2 a 3 e 4 a 6 culturas por propriedades. Porém, cabe dizer que a presença de 1 ou 6 culturas não
determina o grau de complexidade da presença de culturas perenes na bacia hidrográfica
analisada. Somente uma avaliação segundo a área das mesmas seria um dado de inferência.

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Ao observar a espacialização desta variável na bacia hidrográfica observa-se uma maior
ocorrência na zona média da bacia hidrográfica, área esta que Christofoletti (1974) aponta como a
mais vulnerável à erosão por ravinamentos.

Figura 3.5 Espacialização da classe de uso “culturas perenes / propriedades rurais” na bacia
hidrográfica do Ribeirão Fartura.
Pecuária leiteira /corte
A atividade da pecuária leiteira e de corte da forma como é conduzida nos dias atuais, através do
uso de insumos modernos no controle de parasitas e doenças nos animais, concorre para os
riscos de contaminação do meio ambiente. Um exemplo claro é que ao se utilizar a água dos
mananciais para lavagem dos currais a mesma retorna ao canal de drenagem sem tratamento,
contribuindo assim com a contaminação deste manancial. As Figuras 3.6, 3.7 apresentam
respectivamente os gráficos representando a presença da “Pecuária leiteira / corte” nas
propriedades rurais analisadas, as freqüências da atividade espacializada na bacia hidrográfica
estão representadas nas figuras 3.8 e 3.9.
Vale destacar que não se fez distinção entre os tipos de pecuária, pois, todos os animais pastam
em campo aberto. O que torna os efeitos prejudiciais condicionados a presença ou não destes
animais.

Figura 3.6 Gráfico representando o número de “Pecuária lde corte” nas propriedades).

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Figura 3.7 Gráfico representando o número de “Pecuária leiteira” nas propriedades).
Como é possível observar os números de pecuária leiteira e de corte nas propriedades são
bastante equiparáveis. Aproximadamente de 80% a 85% das propriedades contam com até 5
cabeças de gado tanto de corte como de leite.
Contudo, a distribuição das cabeças de gado por propriedades, segundo o aumento dos limites,
torna-se bastante diferente. Podendo encontrar 5 propriedades ou aproximadamente 4 % no limite
de 100 a 300 cabeças de gado de corte contra a apenas 1% no mesmo limite de cabeças para
leite.
A espacialização dos dados no terreno demonstra claramente que as atividades da pecuária
leiteira e de corte, ocupam quase que toda a dimensão da área das propriedades na bacia
hidrográfica de montante a jusante.

Figura 3.8 Espacialização da freqüência da atividade “Pecuária de corte” na bacia hidrográfica do


Ribeirão Fartura

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Figura 3.9 Espacialização da freqüência do evento “Pecuária leiteira” na bacia hidrográfica do
Ribeirão Fartura).
Com relação ao Saneamento / Esgoto, a utilização de fossas sépticas em áreas agrícolas é uma
prática comum e de grande eficácia, porém a não utilização deste método de coleta de efluentes
domésticos, podem contribuir com a contaminação das águas sub-superficiais e do lençol freático.
Não havendo a disponibilidade de dados para a espacialização na área de estudo, a análise
realizada desta variável foi conduzida segundo a existência ou não da instalação sanitária, neste
caso presença ou ausência de fossa séptica (Figura 3.10).
Ressalta-se que a grande maioria dos casos os dejetos são lançados “in natura” nos canais de
drenagem, concorrendo assim para um maior comprometimento ao meio ambiente.

Figura 3.10 Gráfico representando o número de propriedades que contam com saneamento e
esgoto básico - Fossas / sépticas).

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Os dados demonstram um grau elevado de propriedades que não contam com fossas sépticas e
que provavelmente lançam seus dejetos in natura nos rios ou enterram, contribuindo assim com a
poluição do lençol freático e das águas sub-superficiais.
Cerca de 73% das propriedades na área estudada apresentam este problema sendo que os outros
27% aderem a este procedimento. A utilização de fossas sépticas em áreas rurais pode contribuir
com o controle de doenças infecto-contagiosas e na diminuição de índices elevados de verminose.
Abastecimento de água (poços artesianos e rio)
A fonte de captação e utilização da água segundo a pertinência dos critérios acima apresentados,
pode acarretar uma série de problemas relacionados à saúde, no tocante ao desenvolvimento de
doenças relacionas a água. Assim, a avaliação e o estudo desta variável proporciona uma visão
global da situação comprometedora da bacia hidrográfica do Ribeirão Fartura.
Com base nos dados cadastrais apresentados, a captação de água para consumo e manejo
deveria ser submetida a um tratamento primário, sendo que a mesma abastece a população rural
da bacia e irriga a produção agrícola presente na mesma.
Assim, para a presente análise foram consideradas três padrões de consumo sendo eles:
·Água de mina;
·Poço artesiano;
·Água captada diretamente do Ribeirão Fartura.
Os resultados são apresentados e analisados através dos gráficos abaixo apresentados (Figuras
3.11, 3.12, 3.13).

Figura 3.11 Gráfico representando o número de propriedades que contam com abastecimento de
água através de “poços artesianos”.
Constata-se através dos dados que do total de 115 propriedades, cerca de 66 % utilizam águas de
poço artesiano e 34% não usam.
Este fato vem corroborar a premissa de que a utilização de fossas sépticas de qualidade é
primordial, pois, a percolação dos dejetos pode afetar as águas sub-superficiais e ocasionar
severos problemas ao abastecimento d’água na bacia hidrográfica.

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Figura 3.12 Gráfico representando o número de propriedades que contam com abastecimento de
água através de minas.
Pela Figura 3.12 constata-se que apenas 7 % das propriedades utilizam-se de minas d’água para
seu abastecimento, e que 93 % não utilizam deste subterfúgio.
Dependendo do local de captação o abastecimento através de minas d’água compromete menos a
saúde da população moradora da bacia hidrográfica.

Figura 3.13 Gráfico representando o número de propriedades que contam com abastecimento de
água através de captação direta do rio.
Considerando os dados acima apresentados, a utilização de água captada diretamente do Ribeirão
Fartura pode ser uma atividade de risco.
O comprometimento da qualidade deste manancial é notório devido ao uso irregular das terras e a
carência de controle sanitário na área.

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Os dados apresentam evidências de cerca 70% de ocorrência da variável “captação de água do
rio” na bacia hidrográfica estudada. Fato este que pode ser considerado um indicador do grau de
comprometimento da saúde da população local.

4- Considerações Finais
A presente abordagem metodológica para a análise ambiental em bacias hidrográficas rurais, se
apresenta como alternativa para proporcionar subsídios relevantes ao diagnóstico locacional das
fontes ou áreas de contribuição ao comprometimento ambiental, que através da indicação e
espacialização dos setores em desacordo com o equilíbrio ambiental possam agilizar os meios de
controle e remediação.
Os recursos das geotecnologias, através das técnicas de sensoriamento remoto e o advento das
imagens multiespectrais de alta resolução e dos sistemas de informações geográficas através dos
softwares livres, concorrerão para proporcionar uma maior agilidade do diagnóstico e o
monitoramento da qualidade ambiental das unidades de planejamento que são as bacias
hidrográficas.
A implementação de políticas públicas de intervenção em bacias hidrográficas rurais, quando não
acompanhadas de uma base de informações georreferenciadas e do uso dos sistemas de
informações geográficas-SIG adequadada, podem ficar restritas a meras intervenções ineficazes e
pontuais de um problema muito mais complexo e abrangente.
Assim, a utilização das geotecnologias na espacialização das informações socioeconômicas das
propriedades rurais apresentou-se como um importante subsídio para a avaliação, elaboração e
direcionamento de políticas públicas locais destinadas à solução dos diversos problemas
socioambientais existentes em bacias hidrográficas rurais.

5 Referências Bibliográficas
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1993. 153p.
BRANSKY, J. M. Águas interiores. In : ABSY, M. L. Conhecimento científico para gestão ambiental
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Recursos Naturais Renováveis, 1995. p.411-462
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Biogeochemistry of small catchments: a tool for environmental research. Chichester : John Wiley,
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LAGROTTI, C. A. A. Planejamento agroambiental do município de Santo Antônio do Jardim-SP;
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KOFFLER, N.F. Uso das terras da Bacia do Rio Bauru (SP): situação atual e potencialidade
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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS – (INPE) - SPRING. Sistema de
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Secretaria Municipal de Administração de São Paulo – SMA-SP (1997)
VALENTE, O.F. Manejo de bacias hidrográficas. Saneamento, V 50, n.2, p. 104-109, abr/jun 1976.

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QUESTIONAMENTOS

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 Todos os artigos deverão ser lidos previamente para serem
comentados nos módulos, os mesmos darão suporte à
elaboração do material prático final. Utilizando-se dos
programas propostos.

TERRAViEW

http://www.dpi.inpe.br/terraview/index.php
SPRING

http://www.dpi.inpe.br/spring/

ARCGIS

http://www.esri.com/software/arcgis/index.html

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