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Resumo
X.1 Introdução
Com base nesses quatro objetivos principais (o decreto é muito mais amplo),
percebe-se claramente uma reinterpretação da evolução tecnológica. Ao contrário do que
vinha sendo feito até então pela Anatel, foram estabelecidos objetivos baseados nas
necessidades socioeconômicas e culturais, para só depois buscar a tecnologia que melhor
atenda a esses requisitos.
O senso comum avalia que, por um lado, quanto maior o risco, maiores as
oportunidades propiciadas. Por outro lado, quanto menor o risco, menores também as
oportunidades. Conforme o Modelo de Referência do Sistema Brasileiro de TV Digital
(FUNDAÇÃO CPQD, 2006) esse quadro não se manifesta. A continuação do mesmo
modelo de negócios, com a simples troca de tecnologias, o que representa poucas
oportunidades para a indústria nacional e nenhuma possibilidade de inclusão digital,
apresenta os maiores riscos para a implantação da TV digital no país. Esse aparente
paradoxo reside no conteúdo da televisão digital e/ou interativa e na relação do
telespectador com o meio, que difere drasticamente das outras tecnologias.
Operador de Rede
difusão
Consumidor
canal de retorno
Fig. X. Uma cadeia de valores na TV Digital interativa.
A distinção desse cenário dos demais é determinada, mas não exclusivamente, por
fatores voltados às políticas públicas, à demanda por usuários, assim como à economia do
país e ao processo de globalização. Todos esses fatores podem intervir no ritmo da
mudança e nos serviços oferecidos.
Além disso, o CPqD fez uma avaliação dos riscos nos diferentes cenários com
base em três objetivos: inclusão digital, flexibilidade de modelo de exploração e
desenvolvimento sustentável. Numa média geral ponderada, os cenários de diferenciação
e de convergência apresentam praticamente os mesmos níveis de risco, com ligeira
vantagem para o cenário de diferenciação, considerado um pouco menos arriscado.
Individualmente, o cenário de convergência é melhor para a inclusão digital, enquanto o
cenário de diferenciação apresenta melhores índices na flexibilidade de modelos de
exploração e no desenvolvimento sustentável. O cenário incremental apresenta os
maiores riscos nos itens inclusão digital e desenvolvimento sustentável. O tratamento dos
riscos e as possíveis alternativos para minimizá-los não foi abordado pelo documento do
CPqD.
Todos esses riscos impactam num processo mais lento do que o previsto para a
switch off dos equipamentos analógicos, previsto para daqui a 10 anos pelo governo
federal, mas que não deve acontecer antes de 30 anos, se não houver subsídios na
produção e aquisição de equipamentos de recepção digital (MONTEZ e BECKER, 2005).
A minimização desses riscos passa por políticas públicas, com regras claras para a
transição. Durante o desenvolvimento da primeira fase do SBTVD, percebeu-se
claramente os interesses em jogo: o setor de radiodifusão tinha como único objetivo
manter o mercado e agregar valor com a mobilidade; as empresas de telefonia fizeram de
tudo para entrar nesse mercado, enquanto que o governo se debatia entre atender aos
requisitos das empresas de televisão ou se ater aos requisitos iniciais de inclusão digital,
desenvolvimento da indústria nacional e educação a distância.
X.3.2 Tecnológicos
Vale lembrar que ao contrário dos bens de informática, que são substituídos ou
atualizados constantemente, a televisão é um bem durável com vida útil muito longa,
entre 10 e 15 anos. Caso a comercialização da TV digital se inicie com equipamentos
extremamente simples e que não suportam a interatividade, o troca será inevitável quando
serviços interativos forem oferecidos. A necessidade de substituir novamente os
equipamentos de recepção pode gerar uma aversão à TV digital, principalmente nas
classes sociais desfavorecidas economicamente. E, se essa substituição não ocorrer, a
interatividade na televisão brasileira pode estar comprometida, se restringindo a alguns
setores, comprometendo, não só os objetivos do Decreto 4.901, mas o próprio ritmo de
implantação da TV digital. Evitar isso passa por regras claras para o início da transição e
por um planejamento de longo prazo, que atenda e englobe todas as classes sociais.
X.3.3 Sociais
Até agora a TV tem sido pouco abordada pelos estudos de usabilidade devido a
sua simplicidade, onde o conhecimento necessário para a operação é mínimo. Ligar,
desligar, trocar de canal e mudar o volume são tarefas simples, que não demandam
atividades complexas.
Por outro lado, a relação com a informação agrega um novo viés ao “assistir
televisão”. O poder de persuasão e de intimidação que esse meio de comunicação tem foi
amplamente estudado na área da comunicação, do jornalismo e da sociologia política.
Uma das características mais estudadas trata dos fatores que conferem esse poder ao
meio. Uma das respostas trata do entendimento que a televisão tem com os
telespectadores. Além de mostrar, ela também explica, o que confere credibilidade
(BECKER, 2006).
X.3.4 Políticos
X.5 Conclusão
1
Durante o desenvolvimento das pesquisas da primeira fase do SBTVD, o CPqD realizou uma
série de reuniões entre os consórcios participantes do projeto, chamadas de jornadas de integração e de
validação, que tinham por objetivo integrar as pesquisas dos diferentes grupos e validar as soluções
propostas.
representa apenas a insegurança sobre a opção mais apropriada e correta para o país, além
do risco de comprometer a interatividade e a inclusão digital.
X.6 Referências
MACHADO, Arlindo (2003). “A televisão levado a sério”. São Paulo: Senac São Paulo.
3ª edição.