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São Paulo
2007
RESUMO
O trabalho a seguir foi elaborado por alunos do segundo ano do curso de Biblioteconomia da
ECA/USP, no segundo semestre de 2006, orientados pelo professor Luís Augusto Milanesi na
disciplina de Teoria da Ação Cultural. Visando a construção de um Centro Cultural no bairro
de Cidade Tiradentes - bairro localizado numa região periférica da zona leste da grande São
Paulo foi realizado um estudo sobre o conceito de Ação Cultural de forma a inserí-lo nas
atividades desse local. Logo após uma breve análise sobre este conteúdo teórico estruturou-se
um estudo das características deste bairro de forma a entender suas necessidades culturais e
num plano geral, informacionais da população ali residente. Elaborou-se, deste modo, vários
planos de atividades e estratégias para o uso mais efetivo do Centro Cultural por sua
comunidade. No final, o estudo foi complementado por entrevistas com moradores do bairro
para verificar se o projeto poderia ser aperfeiçoado, ou não. Na conclusão deste estudo, foi
possível aferir que qualquer projeto de cunho social precisa, em sua elaboração e
desenvolvimento precisa ter a participação da comunidade beneficiada, pois ela como real
alvo de tais ações, deve sempre ser questionada sobre aquilo que realmente necessita.
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1 INTRODUÇÃO 2
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os espaços culturais quase sempre estão localizados nos centros da cidade, em locais
de fácil acesso. No entanto, os habitantes da periferia não são atraídos por ele, graças às
dificuldades como tempo de locomoção, custo etc. O objetivo inicial deste trabalho foi, assim,
levar um desses espaços para uma região periférica de São Paulo.
Sente-se que as atividades culturais humilham uma vez que levam ao sentimento da
ignorância. É comum ouvir da boca de dirigentes públicos a expressão “o povo não entende”.
Nesse sentido o centro de cultura passa a ter um público diferenciado, os chamados “cultos”,
os que, de alguma forma, acumularam alguns conhecimentos e apreciam exibir isso como um
trunfo. O jargão “o povo não entende” justifica que se dê ao povo aquilo que ele gosta e que é
semelhante ao que ele vê na televisão diariamente. Isso leva, de maneira superficial, a
considerar “popular” o conteúdo médio e característico da TV. (MILANESI, 1997). Assim, a
análise dos dois conceitos recobertos pela expressão “Ação Cultural” produz por si só todo
um programa de atuação para reverter essa situação.
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“Ação” é um conceito cujo sentido fica mais claro quando confrontado com outro,
“fabricação”. A fabricação é um processo com um início determinado, um fim previsto e
etapas estipuladas que levam ao fim pré-estabelecido. A ação, por outro lado, é um processo
com início claro, mas sem fim especificado, sem etapas intermediárias pelas quais se deva
necessariamente passar, já que não há um ponto final ao qual se pretenda ou espere chegar.
Na ação, o agente gera um processo, não um objeto. O objeto pode até resultar de todo o
processo, mas não se pensou nele quando se deu início ao processo: aqui reside a diferença.
O segundo conceito embutido na Ação Cultural é o de “cultura”. De que cultura trata a
Ação Cultural? Um dos equívocos do pensamento contemporâneo - que se pretende libertário
- tem sido a extensão dada à noção de cultura. Hoje tudo é cultura. Nada mais proveitoso para
o grande diluidor da vida contemporânea, para o marketing, o merchandising e a publicidade.
O que pode se considerar mais correto é que a cultura que procurou-se preservar no trabalho é
a cultura que situa o ser humano no seu contexto, que o faz sentir-se parte de um todo – com
suas crenças, hábitos, tudo o que faz sentir-se parte da comunidade em que habita, da
sociedade como um todo.
A “Ação Cultural” é o estimular à curiosidade, o gosto pelo conhecer, pelo
experimentar algo que até o momento não se conhece. O intuito não é impor uma cultura, ou
uma manifestação artística como a correta, mas sim apresentá-las. É um processo contínuo em
que todos os envolvidos participam de sua realização, algo que é feito por todos, para todos.
Na Ação Cultural, pressupõe-se que informação e cultura estejam interligadas.
Informação pensando-se no acesso ao conhecimento que a sociedade produziu. E para isso
não considera apenas as artes das elites, mas sim outras expressões artísticas que possam
contextualizar o indivíduo em seu mundo. Aquele que conhece e entende as mais variadas
manifestações artístico-culturais tem um maior embasamento para as suas criações e mesmo
para apreciar outras já existentes. Portanto uma Ação Cultural precisa estar calcada no
objetivo de informar, discutir, e por fim criar as suas próprias soluções e manifestações
culturais. (MILANESI, 1997). A Ação Cultural é antes uma aposta: dados certos pontos de
partida e certos recursos, as pessoas envolvidas no processo chegarão a um fim não
inteiramente especificado embora provavelmente situado entre certas balizas.
A proposta de Ação Cultural que se realiza neste projeto é guiada pelo objetivo de
oferecer às pessoas condições para desfrutar plenamente dos modos culturais à sua disposição.
Busca-se formas de estimular as pessoas a criarem idéias que permitam a apreensão e ao
mesmo tempo a compreensão da realidade à sua volta. Para isso, tais pessoas devem ser
encaradas não apenas como receptores de informação, mas também como eventuais criadores
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preocupados primeiramente em manifestarem-se culturalmente (COELHO, 1997, p.297).
Prima-se por aguçar o olhar das pessoas em relação ao mundo para desenvolver o espírito
crítico e promover a libertação do pensar direcionado, o qual inibe a tomada de consciência.
Faz-se indispensável, portanto, pensar na importância do ver, fazer e contextualizar. Ao
adotar tal afirmativa como um de nossos objetivos, realizamos este estudo.
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“Cidade Informal”, formada por favelas e pelos loteamentos habitacionais clandestinos e
irregulares, instalados em áreas privadas e que são habitados por cerca de 60 mil pessoas3,
formando a “Cidade dos Sem Conjunto”, como é conhecido o local.
O elevado número de prédios no bairro também é considerável. Esses apartamentos,
por sua vez, possuem um pequeno espaço para seus moradores – a COHAB originalmente não
se preocupou em construir áreas de convivência – só em alguns casos os espaços
condominiais possuem gramados, árvores, bancos, playgrounds ou iluminação.
Partindo da análise feita por SLOMIANSKY (2002), é possível dizer que Cidade
Tiradentes se enquadra na política governamental que visava adquirir terrenos com
localização geográfica afastada dos centros metropolitanos, o que possibilitava a sua compra
por um menor preço, porém dificultando a sua integração com a própria área metropolitana.
São os chamados “bairros da exclusão”, projetados especialmente para moradias populares.
A região é classificada no Mapa de Exclusão Social de São Paulo como a quarta mais
carente do Município; em seus 15 km² de área, possui aproximadamente 280.000 habitantes,
com um crescimento anual de 4,92%4. A taxa mais peculiar, talvez, seja a de urbanização:
apenas 4,51%5, extremamente baixa se comparada a outras regiões do município de São
Paulo, como Pinheiros, com 100%. Dados do ano 2000, indicavam predominância do sexo
feminino e de jovens (concentrado na faixa até os 19 anos). Já o IDH6 de Cidade Tiradentes é
de 0,446 – enquadrado no nível baixo de desenvolvimento humano.
Conhecido por ser um local violento, o bairro, em pesquisa não-oficial feita em 2001,
foi eleito o mais perigoso da Zona Leste, estigma que os seus moradores carregam com pesar.
Analisando-se os índices de falecimentos na cidade (IBGE, 2003) o total é preocupante: na
faixa dos 15 aos 39 anos, cerca de 55% das mortes foram causadas por homicídios –
porcentagem alta se comparada à cidade de São Paulo, que apresenta cerca de 45% das mortes
nessa faixa etária causadas pelo mesmo fator.
Outro aspecto a ser considerado na formação da população de Cidade Tiradentes é o
fato de que grande parte dela não “cresceu” na região, ou seja, é oriunda de outras partes do
Brasil, ou mesmo de São Paulo, como já relatado. Aliado ao fato de não terem encontrado na
região uma infra-estrutura satisfatória – enchentes e falta de iluminação pública são exemplos
disso – houve, possivelmente por isso, o surgimento de várias lideranças comunitárias que
procuravam, cada uma no seu espaço e com seus interesses, melhorar as condições do local.
As lideranças apresentam uma multiplicidade considerável – desde líderes religiosos até
grupos de jovens desempenham um papel político na região.
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Os problemas mais citados na região7 são: a urgente necessidade de um hospital, falta
de vagas nas creches, contínuos vazamentos de água esgoto, desmoronamento em certos
setores da malha viária e a expansão das favelas na vizinhança. Outros problemas verificados
com a análise dos dados estatísticos populacionais e de outros relatos foram: a alta taxa de
desemprego, a considerável entrada dos jovens nas drogas, a infra-estrutura ainda deficitária
em alguns pontos da cidade – como os conjuntos não regularizados. Problemas culturais? Não
se pode afirmar com certeza se esse é uma das principais solicitações dos moradores – pois
conforme informações não oficiais, as lideranças comunitárias se manifestaram sobre a
construção de um espaço para a preservação da história do bairro, resultando nesse Projeto de
Informação e Ação Cultural para Cidade Tiradentes. Até que ponto o restante da população
sente também essa necessidade já é difícil prever: podemos presumir que eles nem saibam no
que esse espaço cultural pode mudar ou melhorar suas vidas. O “lado faltante”, o povo, ainda
se faz ausente no universo potencial da cultura brasileira, assim como na maioria do país,
mesmo sendo ele o principal ator desse palco.
Analisando outros indicadores sociais dos moradores de Cidade Tiradentes, podem ser
verificadas muitas desigualdades sentidas pelos moradores da região, que moram dentro de
um lugar que não reflete a “glória econômica” da capital. A conscientização dos seus
moradores se faz necessária para a retomada da luta por direitos não reconhecidos, e é com a
participação deles em atividades como assembléias populares devidamente orientadas por
representantes de ONGs e afins que políticas de inclusão social poderiam ser planejadas.
Agora, parte-se para uma análise mais focalizada de cada aspecto da região. A região é
grande, os problemas também: a “criatividade e a vontade” são maiores. Estudos em grupos
visando medidas a curto e a longo prazo, planejando o desenvolvimento da região são
indispensáveis, embora soe como qualquer idéia assim no Brasil, muito utópica. O Centro
Cultural poderia ser um centro para esses estudos de criação/recriação da realidade vigente.
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sim como um instrumento de transformação que possibilitará o melhor entendimento de seu
mundo e o desenvolvimento de seu censo crítico. Investir na vertente de padrões pedagógicos
progressistas que permeiam à idéia do “aprender a aprender ao longo da vida” nesses futuros
cidadãos seria fundamental. Isso se reflete no efetivo uso de várias fontes informacionais,
fundamentais para a criação de um diálogo entre o Centro Cultural e a escola, que possui os
receptáculos maleáveis dessas informações – os alunos. Livros, revistas, jornais, jogos, teatro
– tudo para esses usuários, maioria esmagadora nas bibliotecas públicas, que infelizmente não
saem de lá sem traumas. A educação complementar, oferecida pelo Centro aos jovens, seguirá
os mesmos preceitos indo um pouco além no quesito discussão. Já a educação complementar
dos adultos apresentará um clima mais agradável àqueles que estariam voltando de sua
jornada de trabalho e que procuram uma forma de descanso e descontração, principalmente.
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oportunidades são inúmeras, o público também: o foco é importante, a qualidade do serviço
prestado mais ainda.
Tem-se ainda a biblioteca, carro-chefe da maioria dos Centros Culturais. Trabalhamos
aqui com o potencial – e é isso que foi explorado neste Centro Cultural, a possibilidade de
atrair pessoas tanto por serviços voltados à formação da cidadania, à conscientização de
problemas variados no mundo do trabalho, da saúde, no auxílio à educação, e também no
simples entretenimento/divertimento de seus usuários. Um ambiente agradável tem que
começar pela recepção, continuar na área de convivência, mostrar-se presente na exposição de
trabalhos. Principalmente num local como Cidade Tiradentes, onde o pouco espaço dos
apartamentos incomoda quem lá vive, um lugar arejado e de grande dimensão atrairia muitas
pessoas. E ele não pode estar restrito ao Centro Cultural: os Pontos de Cultura – ramificações
deste instituição, junto também com os Centros Comunitários, aliado às outras bibliotecas
públicas ou comunitárias existentes na região serão desenvolvidos dentro de um plano maior
que possa cumprir a missão de qualquer organismo público: auxiliar nas melhores condições
de vida daqueles que o freqüentam.
Com a visita e entrevistas realiadas com moradores da região, verificou-se que as
associações comunitárias e ONGs são responsáveis pela execução e gestão de uma parte
significativa das instituições culturais no bairro e as exceções ficam por conta, em se tratando
da visita em questão, dos chamados Telecentros e Pontos de Leitura. A maioria dos serviços
prestados carecem de uma estrutura física e de recursos humanos e financeiros adequados e o
poder público, representado na figura da subprefeitura, pode atuar de maneira permanente e
em conjunto com estas associações no sentido de suprir estas carências e de viabilizar projetos
em parceria com as mesmas, uma vez que possuem uma inserção direta na comunidade de
Cidade Tiradentes e vivenciam seus problemas diariamente.
A importância do Centro Cultural diz respeito não somente a suprir essas carências,
mas também em disponibilizar bens culturais às comunidades de outros distritos, pois nem
sempre o deslocamento entre o centro e os outros pontos do bairro é facilitado se
considerarmos aspectos como meio de transporte e custos envolvidos, entre outros.
4 IMPLANTAÇÃO DO PROJETO
Pode-se concluir que a razão maior pelo cenário deficitário da infra-estrutura da região
justifica-se principalmente pela ausência de planejamento: desde sua concepção a região fica
à espera de uma ação governamental mais efetiva, já que muitos atos visando melhorias na
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região partiram de iniciativas da própria comunidade local. Fica evidente que a tentativa de
melhorias pela atuação governamental do bairro não obedece a um estudo mais aprofundado;
conseqüentemente não remete a um planejamento global envolvendo os interesses da região.
Não existe um projeto de desenvolvimento integrado, sendo que questões como Educação,
Saúde, e Emprego, dentro de uma política desenvolvimentista, deveriam estar ligadas umas às
outras.
Sendo assim, procura-se incentivar o desenvolvimento crítico dos habitantes, algo que
pode ser obtido através de ações que possam privilegiar a capacidade de refletir, pensar e
acima de tudo questionar a realidade vigente. Se esse conhecimento é obtido através da
informação, esta será disponibilizada às pessoas através de um determinado local que
possibilite a interação da comunidade - a idéia central de nosso Centro Cultural, que será o
“coração” do projeto, ponto estratégico que coordenará as atividades dos outros seis Pontos de
Cultura, de dimensões menores que este e distribuídos pelo território do bairro.
Propõe-se neste estudo que a biblioteca seja o núcleo do projeto, interligando,
coordenando e dialogando com todas as demais atividades presentes no Centro Cultural.
Diversas questões relativas à vida dos moradores do bairro podem e devem ser discutidas
dentro da biblioteca. Para realizar-se isso com sucesso, é interessante pensar em alguém que
medeie o diálogo a ser estabelecido. E nos casos em que haja tal necessidade, essa pessoa será
um especialista para discutir determinados assuntos com a população. A biblioteca promoverá
também atividades temáticas, com relação a eventos e datas comemorativas gerais e locais.
Haverá ampla divulgação prévia de tais eventos para assim atrair o maior número de pessoas
possível.
A criação de seis Pontos de Cultura é outra sugestão, os quais estarão sob a coordenação
do Centro Cultural, com o objetivo de um melhor controle sobre as atividades e serviços.
Esses Pontos de Cultura teriam em seus acervos livros, jornais, revistas e outros recursos.
Porém, com o intuito de não ocorrer uma descaracterização do objetivo maior do Centro
Cultural, que é ter a Biblioteca como eixo central de todo o projeto de Ação Cultural, os
acervos dos Pontos de Cultura, terão alguma relativa limitação em relação ao do Centro
Cultural. Aqui propomos que eles sejam temáticos e que circulem, periodicamente, esses
acervos temáticos entre si. Com isso, evita-se que o Centro Cultural Central seja procurado
tão somente por outras atividades e serviços oferecidos, ficando a sua biblioteca
menosprezada, devido ao acesso às obras desejadas nos Pontos de Cultura. É prevista ainda a
promoção de algumas das atividades já mencionadas, como debates entre os moradores.
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4.1 Serviços e Programas8
Entendemos como “serviços” o conjunto de realizações de tarefas ou prestações de
assistência destinados à comunidade em questão. São atividades constantes, que funcionam
ininterruptamente enquanto o Centro Cultural estiver aberto. Eles são parte da rotina da
biblioteca que a perpetuam como instituição. Alguns exemplos:
Banco de vagas - Desenvolvimento de uma base de dados que incorpore o perfil
(Currículo) dos profissionais da Cidade Tiradentes, com possibilidade de busca por
perfil, profissão etc.; haverá também uma outra base de dados de classificados de
emprego que também tenha como fonte de busca, a profissão. Deste modo, poderia ser
feito um cruzamento de dados das duas bases para identificador potenciais
profissionais para atuarem de acordo com a necessidade do empregador.
Informações para o dia-a-dia - Cadastro de informações referentes aos problemas do
dia-a-dia: emprego, direitos, cuidados com criança e família, assistência pública,
emissão de documentos entre outros. Para que essas informações possam ser utilizadas
pela população via telefone e internet o centro deve prover de pessoal capacitado para
atendimento ao cidadão, uma espécie de SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão).
4.2 Parcerias
No setor de Audiovisual, pode-se estabelecer convênios com redes de TV diversas,
para obtenção de filmes a serem exibidos. Outra possibilidade de convênios é com os festivais
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e amostras de cinemas para que tanto a produção atual seja mostrada, como também o que foi
produzido nas oficinas do centro cultural possa ter um maior espaço de divulgação.
No âmbito musical, também é pensado em convênios para que se possa haver trocas
de produções culturais, trazendo orquestras para o espaço. Dentro do Centro Cultural pode
haver oficinas de musicalização para um primeiro contato (sensibilização) com a música
erudita. Nesses convênios, assim como os demais, visa-se também as trocas de produções
externas e interna, sendo isso válido para a produção de música popular. Por fim, os
convênios poderão ser realizados de formas semelhantes para as artes plásticas, dança e teatro,
com universidades, museus, grupos teatrais e de dança.
Importante ressaltar que é necessário, após as exibições locais das obras, tantos as
externas como as internas, ser realizado um debate acerca dos temas abordados e do
tratamento estético adotado, pelo público e pelos realizadores, e por profissionais e críticos da
área (convidados para o evento) para que se possa ter um amplo panorama da obra e seu
contexto, e assim gerar novas possibilidades de criação.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tentamos com esse trabalho unir a teoria à prática da Ação Cultural para a construção
de um Centro de Cultura em Cidade Tiradentes. O estudo teórico de conceitos de Ação
Cultural, seguido da prática nos proporcionou um grande aprendizado, que realmente não
teria sido possível de outra forma.
Por tudo que foi apresentado, esperamos que este trabalho tenha deixado claro que a
construção e o desenvolvimento de um Centro Cultural, assim como qualquer instituição
semelhante, não é algo simples: deve ser pensado e planejado em função da(s) comunidade(s)
que irá utilizá-lo, se possível num diálogo constante com a mesma. Como este trabalho foi um
laboratório para a aplicação prática da Teoria da Ação Cultural, algumas das decisões
apresentadas aqui não foram as mais cabíveis, possivelmente. O essencial é que ele seja
aperfeiçoado levando sempre em consideração as necessidades dos habitantes de Cidade
Tiradentes. De fato, pretendemos aperfeiçoar o trabalho, para que possa ser encaminhado às
autoridades responsáveis pelo setor de Cultura da subprefeitura.
Indo além em nossa análise, verificamos que o bibliotecário tem a possibilidade de
agregar valor às informações que disponibiliza em seu local de trabalho, o suficiente para
influir na qualidade de vida dos habitantes que possam se utilizar de todas as atividades
planejadas para esse público: informação, cultura, desenvolvimento e transformação social
são termos integrantes da esfera em que este profissional pode interferir, afinal.
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NOTAS
1
Os seguintes alunos elaboraram o trabalho, na disciplina de Teoria da Ação Cultural, ministrada pelo Prof. Dr.
Luiz Augusto Milanesi, no segundo semestre de 2006: Abraão Antunes da Silva; Adalto Brandão Uchoa; Alex
Oliveira Cardoso; Ana Paula Rodrigues Silva; Daniel de Oliveira Costa; Eduardo Abreu de Jesus; Eliane
Missumi; Fábio Mutsuo Hasegawa; João Carvalho; Kelly Kazue Shinoda; Jefferson Mazur de Oliveira; Lílian
Viana; Lúcia Miyuki Higa; Luciana de Paula Arjona; Mariana Granado S. Queiroz; Rafael Ribeiro Rocha;
Rodinaldo Alves dos Santos; Sandra Cardoso; Vanessa Melo de Carvalho.
2
Para se adequar ao tamanho do texto pré-estabelecido pela comissão desse evento, todo o texto encontra-se
resumido. As ilustrações também não foram inseridas.
3
Esse dados referem-se a estimativas de 2002. Presume-se que atualmente Cidade Tiradentes possua em torno
de 300.000 habitantes - para verificar dados mais completos veja o capítulo referente ao Quadro Social.
4
Baseado nos dados populacionais de 2000 a 2004, em pesquisa realizada pelo SEADE - Fundação Sistema
Estadual de Análise de Dados.
5
IBGE – Censo Demográfico 1991 e 2000.
6
Índice de Desenvolvimento Humano, índice estatístico que varia de 0 a 1, e indica o grau de desenvolvimento
de uma região com base na análise de três aspectos: renda per capita, expectativa de vida e nível de educação
atingido (calculado através da taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais e da taxa de matrícula nos
níveis básicos e superior); tal índice é realizado em cada país, ou mesmo em localidade mais específicas – como
uma cidade, ou mesmo um bairro. IDH baixo: de 0 até 0,499; IDH médio: de 0,500 até 0,799; IDH alto: de 0,800
até 1. (retirado parcialmente de HERMET, 2002).
7
SLOMIANSKY, 2002.
8
Devido a limitação de páginas, apenas alguns foram mencionados.
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REFERÊNCIAS
CEU Inácio Monteiro – Cidade Tiradentes. Coleção Meu bairro, Minha cidade. São Paulo, 2001.
COELHO, José Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural: cultura e imaginário. São Paulo: Iluminuras,
1997.
______, José Teixeira. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, 1989
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 9. ed., 2001.
FRENETTE, Marco. A embalagem de luxo do rap nacional. Revista Bravo, março de 2001.
MILANESI, Luis. A casa da invenção. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Ateliê Editorial, 1997.
MOREIRA, Artur da Silva. Botando a boca no trombone: marketing, divulgação, publicidade e atividades
afins na biblioteca acadêmica. Disponível em: <http://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=12>. Acesso
em: 24 abr. 2006.
Site da Associação dos Mutuários e Moradores do Conjunto Santa Etelvina – ACETEL. Disponível em
<www.acetel.org.br>. Acesso em: set./out. 2006.
Site da Prefeitura de São Paulo. Disponível em <www.prefeitura.sp.gov.br>. Acesso em: set./out. 2006.
SLOMIANSKY, Adriana Paula. Cidade Tiradentes: a abordagem do poder público na construção da cidade;
conjuntos habitacionais de interesse social da COHAB-SP (1965/1999). 2002. 2 v. + 1 CD-ROM. Tese
(Doutorado em Arquitetura) – Universidade de São Paulo, 2003.
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