Vous êtes sur la page 1sur 45

Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais

Docente: Joãozinho Vieira Có

Vamos estudar a parte II – Direitos Fundamentais.


Programa:
Capitulo I – Regime Comum dos direitos fundamentais:
1. – Atribuição dos Direitos;
2. – A protecção jurídica;
3. – Os limites ao exercício dos Direitos;
4. – Os limites dos Direitos Fundamentais;
– Os limites eminentes;
– As colisões ou conflitos de Direitos;
- A intervenção legislativa na matéria dos Direitos, Liberdades e Garantias;
– Os limites dos Direitos Sociais;

Capitulo II – Regime específico dos Direitos, Liberdades e Garantias:


1. – Regime material dos Direitos, Liberdades e Garantias;
2. – O regime orgânico;

Capitulo III – Regime específico dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais;

Capitulo IV – Direitos Fundamentais dos Trabalhadores:


1. – Natureza, Estrutura e Objecto;
2. – A Eficácia vinculativa
lativa dos Direitos Fundamentais dos Trabalhadores;
3. – Protecção dos Direitos Fundamentais dos Trabalhadores;

Capitulo V – Direitos Fundamentais em Especial:


1. - Liberdade de Comunicação;
2. – Liberdade de Associação – Liberdade de Reunião;
3. – Liberdade Económica
Económic e Propriedade privada;
3.1 – Liberdade de Trabalho e de Profissão;

Capitulo I – O Principio de Estado de Direito;

É um princípio que resulta do constitucionalismo moderno e do liberalismo, que veio a


consagrar o primado do Direito como regulador da vida
vi inter-subjectiva.
subjectiva. O que conta são as
Leis, contrariamente às doutrinas que concentravam
con todo o poder numa única pessoa.
Ex.: Totalitarismo e Autoritarismo.

As leis são reguladoras da vida inter-subjectiva.


inter subjectiva. É a vitória do liberalismo e do
constitucionalismo contra o totalitarismo e o autoritarismo. O soberano ou o monarca não é
fonte de referência nenhuma, não é lei, o monarca não é lei fundamental mas, está
subordinado à própria lei. No totalitarismo considerado como uma marca, chefe de tudo,
absoluto era ele a lei, podia fazer o que quisesse. Depois, veio o Liberalismo que acabou por
consagrar o primado da lei contra o próprio monarca, aliás o monarca é subordinado às leis.
leis

Dentro deste princípio de Estado de Direito está o princípio de Estado de Direito


Dire Democrático.
Não é só de Direito.

O princípio de Estado de Direito Democrático exige a adopção de uma lei fundamental – A


Constituição,, a lei magna estadual de qualquer estado, exceptuando-se
exceptuando se a Inglaterra que não
tem constituição escrita.

António Manuel de Albuquerque Pereira 1


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Outro elemento do Principio de Estado de Direito Democrático é a separação de poderes.


Estes, não podem estar concentrados numa única pessoa, numa relação relação disciplinada por
normas onde existe uma interdependência:
- Temos 3 poderes;
1. - Legislativo;
2. – Executivo;
3. – Administrativo (Judicial) – A Administração da Justiça;

Outro elemento fundamental dentro deste princípio é o respeito pelos direitos da pessoa
humana. Respeito que o poder público tem que ter pela pessoa humana, singular ou
colectivamente, e vice-versa
versa, regulado por normas, disciplinares,
disciplinares reconhecidas
democraticamente, pelo quadro normativo interno.
interno. Não são normas impostas, daí ser um
Estado Democrático de Direito.

- Princípio da Liberdade; do pensamento e de expressão.

- Principio da Igualdade: todos


dos iguais perante a lei. Proibição da descriminação baseada na
raça, condição, orientação politica, religião, etc.

- Principio da inviolabilidade da pessoa humana: Toda a pessoa humana merece respeito.


Este princípio da inviolabilidade da pessoa humana implica
implica a protecção da pessoa humana
contra privações arbitrárias da liberdade.
liberdade Tratamentos desumanos.. Direito à defesa num
processo transparente, livre,
ivre, contrário às inquisições,
inquisições, com direito à defesa, direito à palavra.
palavra
Surge também aqui a questão da pena de d morte,, prevista bastante discutida e que se encontra
prevista nalguns ordenamentos jurídicos, e ainda dentro deste princípio encontramos outra
questão: o aborto.

- Principio da responsabilização de actos praticados, ou omissões,


omissões, por pessoas singulares ou
colectivas.

Ex.: Políticos são responsabilizados pelos seus actos ou omissões. Neste sentido surgiu o TPI
(Tribunal Penal Internacional) – Especializado em matéria de Direitos Humanos, julgamento de
crimes contra a paz, contra a humanidade. Um aspecto importante é o facto da irrelevância da
d
imunidade constitucional,, que permite que qualquer chefe de estado que cometa crimes contra
a humanidade e contra a paz não possa invocar a sua imunidade ou privilégios especiais.
Também se aplica, de acordo com a convenção
convenção de Viena de 1963 (sobre relações diplomáticas
e consulares), os representantes de um país perante uma organização internacional, perante o
TPI, não podem reclamar a imunidade ou privilégios especiais consagrados nessa convenção.

Os Princípios do Estado de Direito:


1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana;
2. Princípio da Jurisdicidade e da Constitucionalidade;
3. Princípio da Separação de Poderes;
4. Princípio da Segurança Jurídica e da Protecção da Confiança;
5. Princípio da Igualdade;
6. Princípio da Proporcionalidade;

1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana;

O Estado de Direito surgiu como vitória do Liberalismo e do Constitucionalismo. Os poderes


eram, até então, todos administrados pelo monarca. Face às lutas pelo liberalismo,
liberali foi possível

António Manuel de Albuquerque Pereira 2


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

limitar o poder do soberano, através de um quadro normativo preciso. Limitar a sua actuação
através das leis. A lei disciplina relações inter-subjectivas,
inter limita – estabelece fronteiras – a
actuação do poder.

O constitucionalismo foi a vitória


v sobre a concentração do poder nas as mãos de uma única
pessoa. A constituição é a Lei Magna, – Lei Fundamental –,, de qualquer Estado. Esta vitória
fixou, – balizou –, das
as relações entre órgãos públicos, por um lado, e, por outro, entre órgãos
públicos e pessoas privadas, singulares ou colectivas.

Como consequência da evolução do constitucionalismo,


constitucionalismo hoje, em todo o mundo,
mundo a constituição
ocupa a parte mais cimeira da hierarquia das normas estaduais,
esta , das normas de um Estado. A
constituição é o quadro de referência e de valorização de todas as normas internas, qualquer
legislador deve-aa ter em conta, antes de legislar, bem como qualquer acto legislativo ou
administrativo deve estar em conformidade com a constituição. A Constituição baliza todo o
quadro de actuação dos poderes
poder públicos estaduais.

Segundo a CRP, a validade das normas depende da sua conformidade com a constituição. Por
outras palavras, uma norma contrária à lei fundamental é ferida de ineficácia jurídica, ou seja,
uma norma ordinária contrária
contrár à constituição é inválida,, por conseguinte a validade das
normas depende da sua conformidade com a constituição.

Já vimos que as normas constitucionais estabelecem fronteiras no relacionamento entre os


entes públicos, por um lado, e, dos entes públicos com as pessoas, singulares ou colectivas. É
aqui que nasce o Principio da Dignidade da Pessoa Humana. Este é um principio constitucional
é limitativo da actuação do Estado por que o Estado não pode actuar desrespeitando a
dignidade da pessoa humana. E, é limitativo porque a pessoa humana é o fim supremo do
Estado. O fim supremo da actuação do Estado deve ter em conta a pessoa humana.

A pessoa humana de que estamos a falar é uma pessoa humana concreta, não é uma pessoa
ideal, fora da história. É uma pessoa
pesso humana dentro da sociedade onde mais pessoas a
integram. É uma pessoa como fim do Estado, como essência, não é uma pessoa que dependa
de situações ocasionais1, a doutrina defende a pessoa humana contra situações de
arbitrariedade.

sde logo, referencias à pessoa humana, no seu Artº 1º «Portugal é


Na CRP encontramos, desde
uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana (…)».

Por outro
ro lado, a pessoa humana encontra garantias constitucionais contra abusos do poder
Outros direitos pessoais”;
por exemplo no Artº 26º, “Outros pessoais

«1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da


personalidade, à capacidade civil,
civil à cidadania, ao bom nome e reputação,
reputação à imagem, à
palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra
quaisquer formas de discriminação.
2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a obtenção e utilização abusivas,
abusivas ou
contrárias à dignidade humana,
humana de informações relativas às pessoas e famílias.

1
Se tivermos um bom
m presidente, temos bons direitos, mas, se ele for mau teremos maus direitos. Não é
assim.

António Manuel de Albuquerque Pereira 3


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser humano,humano


nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização das tecnologias e na
experimentação científica.
fica.
4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só podem efectuar-se
efectuar nos
casos e termos previstos na lei,
lei não podendo ter como fundamento motivos políticos.»
políticos

2. Principio da Jurisdicidade e da Constitucionalidade;


Porquê Jurisdicidade?

Porque
rque a actuação do Estado deve ter em conta as leis. E estas devem ser abstractas,
genéricas, imperativas, etc.…

Ubi ius ibi societas, ubi societas ibi ius”,


Os latinos diziam “Ubi ius – Onde existe o Direito existe
e a
Sociedade (Não há direito sem sociedade),
sociedade) onde a Sociedade existe, existe o Direito.
Direito – Mesmo
o direito divino é aplicado na sociedade, por inspiração de algumas pessoas que depois
transmitiam a outros esses direitos.

Este princípio apresenta três características;


1. Um Sistema jurídico organizado e não caótico;
2. Um Sistema jurídico hierarquizado (existe
existe hierarquia entre as normas jurídicas);
jurídicas
3. Um Sistema jurídico susceptível de fiscalização, fiscalização da constitucionalidade ou
da legalização dos actos;

3. Principio da Separação de Poderes;

Este princípio é indissoluvelmente ligado ao Estado de Direito, ou seja, inseparável, surgiu nos
séculos XIX e XX, o primeiro autor deste princípio foi John Locke. Segundo Locke, o poder do
Estado ou poder politico tem três funções;
1. Poder Legislativo;
2. Poder Executivo;
3. Poder Federativo;

Montesquieu falou também em três poderes;


1. Legislativo, atribuído ao Parlamento;
Parlamento
2. Executivo, semelhante ao que disse Locke e que consiste na administração dos
assuntos do Estado, em termos internos e externos;
externos
3. Poder Judicial, atribuído aos tribunais, que têm a função de administrar a justiça;

A conjugação do Principio da Jurisdicidade e do Principio da Separação dos poderes permite-


permite
nos falar do primado da Lei. Isto porque, o Princípio
rincípio da Jurisdicidade significa o lugar ocupado
num determinado ordenamento jurídico, e a Separação de Poderes é também através das leis,
porque se não existirem leis o poder legislativo poderia interferir nos assuntos destinados ao
outro poder. Estes dois princípios têm que “jogar” conhecendo as regras
regras onde cada um tem o
seu próprio campo de acção, sem interferir no campo alheio, no entanto, jogam em conjunto.

4. Principio da Segurança Jurídica e da Protecção da Confiança;

O Que é o Principio da Segurança Jurídica?

Implica a certeza de Direito! Quer dizer que no quadro jurídico tem que ser um quadro certo,
bem definido. Não pode ser caótico ou arbitrário, onde hoje é uma lei amanhã é outra. Assim

António Manuel de Albuquerque Pereira 4


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

poderemos considerar a Certeza de Direito como um primeiro elemento do Principio da


Segurança. Outro elemento
ento é a publicação das normas,
normas, que nos dão a Garantia (Segurança
Jurídica), tudo o que possa ser acto disciplinar do comportamento do cidadão na sociedade
tem que ser publicado. No nosso sistema não podem existir normas secretas.

nça Jurídica também implica a Clareza/Certeza das normas. A lei não


Este Principio da Segurança
pode ter um sentido poético.

A questão da Protecção da Confiança significa que a confiança de um cidadão no seu sistema


jurídico tem uma protecção baseada nas leis. Se ele, o cidadão estiver
estiver no estrangeiro não pode
invocar as suas leis internas. Assim estamos a falar da Segurança dentro de um terminado
espaço jurídico.

A falta de publicação de uma norma provoca a ineficácia da mesma, antes falava-se falava de
inexistência, mas hoje falamos de ineficácia.
ineficácia. De acordo com o estudo, anteriormente feito,
sobre as fontes de direito tínhamos a fonte da produção da norma jurídica e também a fonte
de revelação da norma jurídica. Esta fonte de revelação ou de conhecimento da norma
jurídica, é feita através da sua publicação,
publicação em Diário da República, é este o instrumento para
conhecermos as normas jurídicas que fazem parte do nosso sistema jurídico. Esta é a fonte
autêntica.

5. Principio da Igualdade;

Tratar por igual o que é igual e desigual o que é desigual. Hoje todas as constituições do
mundo prevêem este princípio, a dois níveis: Interno e Externo ou Internacional.

Interno: Relativamente aos cidadãos onde todos são iguais perante a lei, não pode haver
discriminação.

Externo ou Internacional: Significa a igualdade


igualdade soberana entre os estados. Nenhum Estado
pode tratar outro como se este não fosse um Estado. A concretização dês te principio neste
contexto é feito nas Nações Unidas, por exemplo. A igualdade soberana significa a
representação proporcional, neste caso das Nações Unidas. Este é um assunto relacionado
com o Direito Internacional Público, que teremos no próximo ano.

6. Principio da Proporcionalidade;

Significa basicamente que, quando o poder público tem que intervir de forma discricionária
deve ter emm conta a proporcionalidade.

Ex.: Supondo que existe uma lei que diz: “todo aquele que mata é condenado a pena de prisão
entre 5 e 20 anos”, – O juiz tem que ter em conta vários elementos para fixar a pena justa, com
equilíbrio, com equidade. Nem todos matam
matam nas mesmas circunstâncias. Tem que haver uma
ponderação de vários factores e a sua conjugação dentro do quadro jurídico e a partir daí
aplicar a medida mais correcta. Este principio tem como objectivo evitar desequilíbrios, tudo ou
nada, nem 8, nem 80.. Tem que existir razoabilidade, equidade, bom senso, a ponderação.

O Principio Republicano e a Forma Institucional de Governo


1. As Formas Monárquicas de Governo;
2. As Formas Republicanas de Governo (Res-Pública);
(

António Manuel de Albuquerque Pereira 5


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

3. A Realidade Constitucional Portuguesa sobre a Matéria (Princípios Fundamentais,


Monarquia, República, etc.);
4. O Principio Democrático e a Forma Politica de Governo: Generalidades;
5. As Formas Ditatoriais de Governo;
6. As Formas Democráticas de Governo;
7.. A Experiência Democrática Portuguesa e dos PALOP;

A forma como é exercida o poder público, tendo em conta a sua relação com o exercício dos
cargos públicos, mais concretamente a magistratura suprema do Estado. Por outras palavras,
podemos dizer que se trata
rata da
d relação entre governantes e governados por um lado e por
outro entre os diferentes poderes que compõem o Estado: Órgãos Públicos.

Órgãos de Soberania,, segundo a CRP:


CRP
- O Presidente da Republica (Órgão unipessoal);
- A Assembleia da Republica (Órgão Colegial);
- O Governo (Órgão Colegial);
Colegial)
- Os Tribunais (Órgão Colegial);
Colegial)
- Regiões Autónomas (com os seus respectivos órgãos;
órgãos incluem-se
se aqui as Autarquias
Locais),, (Órgãos Colegiais);
Colegiais)

Tudo isto tem a ver com a relação de separação de poderes sem prejuízo de cooperação entre
os diferentes órgãos referidos. Esta relação sofreu uma evolução em termos históricos e o
conceito teve vários significados ao longo da história.

Para Platão as formas de Governo dependiam do número de governantes tendo em conta c o


aspecto ético do exercício do poder, ou seja, ele distinguia a boa da má governação. Distinguia
Monarquia de Tirania
irania conforme o poder fosse concentrado nas mãos de uma só pessoa e a
actuação desse poder fosse ou não conforme a lei. lei Quando conforme a lei era monarquia,
quando não fosse conforme a lei era tirania.

A sua segunda distinção feita por Platão é entre Aristocracia e Oligarquia, conforme o exercício
do poder fosse feito por mais pessoas ou não, de acordo ou não com a lei.

A terceira distinção
ão é entre a Democracia e a Demagogia conforme o exercício do poder fosse
concentrado nas mãos de mais pessoas ou não, de acordo ou não com a lei.

Outro pensador que teve o mérito de estudar esta matéria foi Aristóteles, que basicamente
seguia o raciocínio
o platónico.

Depois surge outro pensador: Maquiavel, que traçou o principio de res publica.
publica Res (coisa)
Publica (de todos) = República.
República Contrapondo este principio à monarquia. Segundo ele, este
princípio de República é o poder que não é concentrado nas mãos
mãos de determinadas classes
monárquicas (sangue azul). A monarquia era o poder reservado a uma determinada categoria
de pessoas por via hereditária.
hereditária

Montesquieu também faz a mesma distinção entre monarquia e o exercício do poder por
republicana, destacando
o o disputismo político como por exemplo o governo de uma só pessoa
que governa de forma arbitrária.

António Manuel de Albuquerque Pereira 6


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

1. As Formas Monárquicas de Governo;

Configuração do poder politico, ou seja, a relação entre governantes e governados por um


lado, e entre os próprios órgãos
rgãos da monarquia, por outro. Entre o monarca e os súbditos e por
outro lado os órgãos monárquicos.

O titular supremo do Estado (chefe de Estado) era escolhido de forma hereditária, tendo em
conta os laços familiares, de acordo com uma certa linha de relação
rel familiar.
Formas de monarquias ao longo da história:
1. Monarquia Romana: Conforme se depreende facilmente ocorreu durante o
período romano. O chefe de Estado era o Rei. Escolhido de forma hierárquica (da (
forma já atrás referida).
referid No entanto, o exercício do poder permitia a existência de
outros órgãos, nomeadamente o poder legislativo e o poder judicial. Esta
monarquia não suprimia outros poderes, antes,
antes permitia a existência desses outros
poderes mas, subordinados ao monarca;
2. Monarquia Feudal: O monarca ou o Rei governava permitindo a existência de
outros poderes dentro da ratio ou lógica do feudalismo.. Tinham que prestar alguns
serviços ao próprio monarca;
3. Monarquia limitada: A existência de outros órgãos era permitida mas a sua
actuação era bastante limitada.
limitada. Os outros órgãos eram meramente decorativos,
simbólicos;
4. Monarquia Absoluta: Mais ou menos na fase da idade moderna. Este tipo de
monarquia suprimiu outros poderes. Extinguiu outros poderes, daí ser absoluta;
5. Monarquia Cesarista (César): Aqui temos uma mudança revolucionária, dando-sedando
uma ruptura com o princípio da hereditariedade,
her revogando-o;
6. Monarquia Constitucional: Consensualidade entre a antiga e a moderna
monarquia. A limitação do poder era feita por via de um texto constitucional, uma
lei fundamental – A Constituição;
7. Monarquia Parlamentar: Permitia a existência de um parlamento como órgão
representativo o dos cidadãos (populus,
( o povo aproxima-se se do poder). Nesta
monarquia temos a existência do parlamento onde os cidadãos tinham acento no
sentido
ido de controlar o poder exercido pelo monarca, ou seja além do parlamento
ter o poder legislativo, também tinha o poder de fiscalização;
8. Monarquia simbólica: Contrapondo com a anterior esta tem uma posição
meramente simbólica, decorativa. Não tinha qualquerqualquer competência que lhe
permitisse exercer o controlo político sobre o monarca;

2. As Formas Republicanas de Governo (Res-Pública);

Significa que a Chefia do Estado é atribuída a um órgão, não a uma pessoa, mas um órgão
unipessoal. Não é uma pessoa considerado
considerado em termos de pessoa em sentido individual, mas
sim como titular de um órgão de soberania, ou seja, é o Presidente da República.

O Presidente da República é aquele que exerce a suprema magistratura do Estado enquanto


chefe de um órgão, o órgão Presidente
Presi da República.

Critério de escolha: A monarquia tinha critérios não democráticos.


democráticos A escolha tinha em conta
laços de sangue, era hereditário. Hoje, não é assim. Na república, os assuntos do Estado
pertencem a todos, não são exclusivos de ninguém.
ninguém A partirrtir daí começaram a criar-se
criar outros
critérios para a nomeação do Chefe de Estado. Trata-se
Trata de um método de eleição através de
sufrágio universal, directo, secret
ecreto e periódico. É um critério Democrático.

António Manuel de Albuquerque Pereira 7


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Na República
blica vamos ver o relacionamento entre a chefia
chefia do Estado, entre os órgãos do Estado.
Estado
Portanto,, entre os governantes e os governados, entre os vários órgãos que compõem um
Estado e como é encarado o fenómeno religioso na res pública.. A seguir, seguir analisaremos
também a relação entre
tre os diferentes órgãos do Estado.

No contexto republicano podemos ter, digamos, uma fusão entre o poder político e o
fenómeno religioso, uma fusão que pode fazer prevalecer o fenómeno religioso.
religioso Assim sendo
temos a Teocracia. Teocracia é uma forma de governo onde o povo é controlado
cont por um
sacerdote ou líder religioso que governa, supostamente, segundo o desejo de uma divindade.

Exemplos actuais de regimes desse tipo são o Vaticano, regido pela Igreja Católica e tendo
como chefe-de-Estado
Estado um sacerdote (o Papa), e o Irão, que é controlado pelos Aiatolas, lideres
politico temos o Cesaropapísmo.
religiosos islâmicos. E, quando prevalece o poder politico, Cesaropapísmo “Dar a
Deus – Pode-se
César o que é de César e a Deus o que é de Deus” se concluir que Deus já falava de
separação de poderes, entre os poderes políticos
p e os poderes religiosos. Cesaropapísmo foi
um sistema de relações entre a Igreja e o Estado em que ao chefe de Estado cabia a
competência de regular a doutrina, a disciplina e a organização da sociedade cristã, exercendo
poderes tradicionalmente reservados
reservados a suprema autoridade religiosa, unificando
tendencialmente as funções imperiais e pontifícias na sua pessoa. Daí decorre o traço
característico do cesaropapísmo que é a subordinação da Igreja ao Estado que chegou a
atingir, por vezes, formas tão extremas que levou a Igreja a ser considerada um órgão de
Estado.

A ideologia do cesaropapísmo assenta na ideia romana de que a religião é essencialmente um


assunto colectivo e secundariamente individual. Política e religião são entidades indissolúveis
em que o sagrado é parte do temporal, de que o chefe de Estado é chefe da Igreja.

Esse fenómeno é tipicamente cristão dado que o evangelho distingue política de religião, não
se aplicando a outras civilizações como a islâmica, chinesa, indiana, japonesa em que no
passado e/ou no presente nunca houve tanta
t distinção. O cesaropapísmo apenas existiu em
ambientes históricos onde havia o Império e a Igreja em cena, e após o século XVI nos países
protestantes.

Por outro lado, podemos ter uma total identificação com


com o fenómeno religioso,
religioso pois entre eles
existe uma relação de paralelismo.
paralelismo. O Estado reconhece a existência da religião, a religião
reconhece a existência do Estado, no entanto, são duas autoridades distintas e paralelas, não
há sufocação de uma ou de outra.
outr

Dentro deste modelo podemos distinguir;


1. O Critério baseado na igualdade e a cooperação, entre o poder político e a religião,
ou seja, o Ministro exerce a sua função política e o Padre prega a missa, missa mas há
respeito, igualdade, cooperação (colaboram) – em termos de educação, por exemplo,
exemplo
determinam ministrar certo tipo de aulas no ensino público – utilizado em Portugal;
Portugal
2. O Critério da separação
eparação hostil:
hostil: existência de conflitos, sem cooperação;
3. E, o Critério da neutralidade: Neutralizam-se, cada um por si;
Entre o Estado e a Igreja existe um acordo, chama-se
chama se Concordata. Dentro da relação
entre o Estado
stado e a Igreja há alguns pontos comuns.
comuns

Ex.: O Casamento Católico produz efeitos civis. O casamento civil não produz efeitos
canónicos. O contrário sim, ou seja,
seja, o casamento religioso é reconhecido por ser causador de
efeitos civis. A igreja não reconhece o casamento civil porque este permite o divórcio.

António Manuel de Albuquerque Pereira 8


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Ainda na relação Estado/Igreja

A recente questão das caricaturas de Mahomé, na perspectiva do professor Vieira


Viei Có, trata-se
de uma questão séria, pois qualquer profissão deve ser exercida de acordo com as normas da
sua profissão, bem como daa sua deontologia. Este tema coloca em destaque o desempenho do
próprio jornalista, que neste caso envolveu toda uma população e o seu Estado,
Estado face à sua
forma de fazer jornalismo. Ora, considerando que este jornalista agiu isoladamente,
isoladamente é a ele
que se deve atribuir, única e exclusivamente,
exclusivamente a responsabilidade de tal acto.

O Estado da Dinamarca não é só composto por aquele jornalista,


jornalista, e até porque certamente
nem todos os jornalistas dinamarqueses estiveram de acordo com a atitude do autor das
caricaturas, por isso também não devem ser todos os jornalistas responsabilizados pelo acto
isolado do outro. Mas, o referido país europeu tem também outras profissões, daí que não se
possa generalizar um acto praticado por uma pessoa como se esse acto fosse praticado por
toda uma comunidade, caso contrário poderíamos correr o risco de ir ao pormenor e atribuir
culpas à comunidade europeia, porque
porque afinal a Dinamarca faz parte da União Europeia, etc.….

3. A Realidade Constitucional Portuguesa sobre a Matéria (Princípios


(Princípios Fundamentais,
Monarquia, República, etc.);

A realidade portuguesa contempla um sistema republicano, contra a monarquia, democrático


demo
baseado na separação de poderes, no princípio da jurisdicidade (primado da Lei). O Chefe de
Estado é eleito em sufrágio universal directo, secreto e periódico. Existe ainda o princípio da
limitação de mandatos, onde o PR só pode exercer no máximo dois dois mandatos seguidos, de 5
anos cada, – 10 anos no máximo.
máximo

4. O Principio Democrático e a Forma Politica de Governo: Generalidades;

Significa o exercício do poder público baseado em escolhas livres, periódicas, com mandatos
limitados no tempo, as escolhas
escolh têm em conta o critério maioritário. A forma politica de
Governo pode ser Ditadura ou Democracia. Estes são dois regimes, ou sistemas, políticos
completamente distintos. Se bem que possa haver em democracia uma ditadura, embora
disfarçada;

5. As Formas Ditatoriais de Governo;


Têm quatro aspectos:
1º - Poderes vastos atribuídos ao ditador;

2º - Concentração de poderes na figura do ditador que não considera o cidadão como


fronteira da sua actuação. Ele, o ditador, tem os referidos poderes vastos, dentro dad
estrutura do Estado. Na sua relação com o povo, ele, não considera o povo como
elemento limitador dos seus poderes, pois estes, não votam para a sua eleição, dado que
o ditador não é escolhido de forma democrática, despreza praticamente as aspirações
populares. Aqui a relação entre governante e governado na ditadura é feita conforme a
vontade do ditador, logo o governado submete-se
submete se à vontade do ditador;

3º - Não existe uma limitação temporal do poder. O ditador é sempre reeleito com maiorias
assustadoras 80% ou 90%, ou até mesmo por aclamação.

4º - Falta de mecanismo de controlo da actuação dos governantes. O governante não é


controlado pelo povo. O parlamento não tem uma função verdadeiramente de controlo

António Manuel de Albuquerque Pereira 9


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

político ou fiscalização politica. Existe praticamente


praticamente para concordar com as ideias do
ditador. Quando ele quer uma lei, mesmo injusta, o parlamento legisla de acordo com a
sua vontade. Se quiser aplicar ou abolir a pena de morte ou outro tipo de leis, o
parlamento concorda sempre.

As ditaduras podem ser:


Autocráticas: quando o governo é colegial (de várias pessoas); ou
Monocráticas: quando o governo é de uma só pessoa;

Fontes de inspiração de diferentes formas históricas, ou ainda actuais, de ditaduras;

Bolchevismo (Antiga URSS) – Radicado na ideologia marxista-leninista.


leninista. Este sistema já não
existe. Em certos países tinha que se cantar o hino desta ditadura, caso contrário eram
considerados inimigos. Por brincadeira pode considerar-se
considerar se que na antiga Rússia existia
democracia.
Ex.: Um americano e um russo
russo à conversa, onde diz o americano que na América se
pode dizer abaixo o presidente americano.
americano E o russo responde-lhe que,, na praça vermelha
também se pode dizer: abaixo o presidente americano.
americano

Fascismo: A colonização é a politica externa do fascismo, isto porque um democrata não


coloniza, um ditador coloniza. Alguns políticos africanos têm a tendência de acusar,
responsabilizar os europeus pelo colonialismo. O professor considera que a Europa também foi
vítima do colonialismo, que é o fascismo. A Europaa lutou pela sua liberdade do fascismo,
enquanto os africanos lutaram contra o colonialismo, que era a componente externa do
fascismo. Assim, todos eram,am, europeus e africanos, vitimas. O aspecto diplomático para
contornar esta situação foi sem duvida a cooperação
coo internacional.

O fascismo é uma doutrina totalitária de extrema-direita


extrema direita desenvolvida por Benito Mussolini na
Itália, a partir de 1919, e durante o seu governo (1922 – 1943 e 1943 – 1945). Fascismo deriva
de fascio,, nome de grupos políticos ou de militância
militância que surgiram na Itália entre fins do século
XIX e o começo do século XX; mas também de fasces,, que nos tempos do Império Romano era
um símbolo dos magistrados: um machado cujo cabo era rodeado de varas, simbolizando o
poder do Estado e a unidade do povo. Os fascistas italianos também ficaram conhecidos pela
expressão camisas negras,, em virtude do uniforme que utilizavam.

Portugal (1932-1968) – Menos restritivo que os regimes fascistas da Itália, Alemanha e


Espanha, o Estado Novo de António de Oliveira
Oliveira Salazar era no entanto um regime quasi-
quasi
fascista.

Caudilhismo: Ditadura militar. Existiu em muitos países,


países, africanos, latina americanos, entre
outros. São exemplos os internacionalismos soviéticos ou cubanos. Caudilhismo
audilhismo é o exercício
do poder político
tico caracterizado pelo agrupamento de uma comunidade em torno do caudilho.
Apresenta-se
se como forma de exercício de poder radicalmente oposta à democracia.

O caudilhismo pode ser de índole militar, quando o ascendente ao poder é líder de grupos
armados. Acredita-sese que a primeira geração de caudilhos se originou na época da
independência das colónias hispano-americanas
hispano americanas em torno de 1820, devido à mudança de
poder sobre povos envolvidos, que deixavam de ser colónias das potências europeias.
Presume-se que as instituições políticas recém iniciadas foram inspiradas na filosofia
republicana por influência dos Estados Unidos.

António Manuel de Albuquerque Pereira 10


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Autoritária: O ditador, é a magna autoridade, faz o que quer. O autoritarismo é um regime


político em que é postulado o princípio da autoridade.
autoridade. Esta é aplicada com frequência em
detrimento das liberdades individuais.

O autoritarismo pode ser definido como um comportamento em que instituição ou pessoa


se excede no exercício da autoridade de que lhe foi investida.

Pode ser caracterizado pelo uso do abuso do poder e da autoridade confundindo-se


confundindo com o
despotismo.

Nas relações humanas o autoritarismo pode se manifestar da vida nacional onde um déspota
ou ditador age sobre milhões de cidadãos, até a vida familiar, onde existe a dominação de
uma pessoa sobre outra através poder financeiro, económico ou pelo terror e pela coação.

Totalitarismo politico: Não há nenhuma liberdade individual, o que conta é o Estado, como
se pudesse existir Estado sem pessoas!?. Em nome do Estado podia--se assassinar os
opositores. Condená-los
los por congelamento na Sibéria, por exemplo. Deportações políticas.

odos os que incomodassem tinham que ser afastados, quem não fosse a favor era contra o
Todos
regime. O amigo do inimigo era inimigo. Totalitarismo é um regime político baseado
b na
extensão do poder do Estado a todos os níveis e aspectos da sociedade (“Estado
( Total”,
“Estado Máximo”).

Pode ser resultado da incorporação do Estado por um Partido (único e centralizador) ou da


extensão natural das instituições estatais. Geralmente,
Geralmente, é um fenómeno que resulta de
extremismos ideológicos. Há totalitarismos de direita (Nazismo) e de esquerda (Estalinismo),
embora essa catalogação seja redutora.

As semelhanças que estes extremos reúnem entre si são justamente os aspectos definidores
do regime totalitário. As diferenças que guardam, no entanto, são muitas, e dizem respeito
aos seus fins; o totalitarismo de esquerda (Estalinismo,
( alinismo, Maoísmo e variações) representa o
controle do poder político por um representante imposto dos trabalhadores,
trabalhadores mas pressupõe
uma revolução de facto to no regime de propriedades, colectivizando os bens de produção e as
terras, enquanto o de direita (Fascismo, Nazismo e variações) é essencialmente um artifício
do grande capital para assegurar os seus interesses de forma
ma violenta. As semelhanças entre
os regimes de Estaline ou Mao Tse Tung com os de Hitler ou Mussolini limitam-se
limitam aos
métodos — por isso não se pode de forma alguma confundir os dois modelos:
respectivamente, um colectiviza a propriedade, o outro a mantém para a classe burguesa.

Os regimes totalitários são violentamente opressores. O totalitarismo é um regime inserido


na “sociedade de massas”,, não existindo enquanto tal antes do século XX. São paradigmas
na história os regimes totalitários de Adolf Hitler e Joseph Stalin, respectivamente na
Alemanha e na União Soviética.

O politólogo especialista no Islão Bassam Tibi propôs nos seus livros mais recentes a tese de
que o Fundamentalismo islâmico (em alemão "Islamismus") é também um totalitarismo.

António Manuel de Albuquerque Pereira 11


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

6 - Formas Democráticas de Governo;


O que é a Democracia?

A Democracia tem origem Grega e tem dois conceitos fundamentais “DEMOS DEMOS” (Povo) e
“KRATOS” (Poder Público). ). A Democracia é fruto da “Res
“ Publica” (Coisa
Coisa de Todos).
Todos O antigo
Presidente Norte-Americano
Americano definiu a democracia como sendo governo do povo. O elemento
fundamental na democracia
ocracia é a tomada de decisões por maioria, as maiorias são reconhecidas
como sendo parte integrantes do sistema político. As maiorias não podem ser destruídas
em democracia e participam no jogo democrático através de critérios, manifestações, réplicas
e outras formas de luta pacífica.

Democracia é um sistema de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas


está com o povo. Para usar uma frase famosa, democracia é o "governo do povo para o
povo". Democracia se opõe às formas de ditadura e totalitarismo,
totalitarismo, onde o poder reside em
uma elite auto-eleita.

Democracias podem ser divididas em diferentes tipos, baseado em um número de distinções.


A distinção mais importante acontece entre democracia directa (algumas vezes chamada
“democracia pura”), ondende o povo expressa sua vontade por voto directo em cada assunto
particular, e a democracia representativa (algumas vezes chamada “democracia
democracia indirecta”),
onde o povo expressa sua vontade através da eleição de representantes que tomam decisões
em nome daqueleseles que os elegeram.

Outros itens importantes na democracia incluem exactamente quem é “o o Povo”?


Povo Isto é, quem
terá direito ao voto? Como proteger os direitos de minorias contra a “tirania
tirania da maioria”
maioria e
qual o sistema que deve ser usado para a eleição de representantes ou outros executivos.

Há outra definição de democracia além da que foi dada acima, embora seja menos
comummente usada. De acordo com essa definição, a palavra democracia se refere somente à
representativa é conhecida como república.
democracia directa,, enquanto a democracia representativa

As primeiras origens desta definição podem ser encontradas no trabalho do antigo filósofo
grego Aristóteles. Aristóteles distinguiu-se,
distinguiu no seu livro Política,, seis formas de governo,
dependendo de que forma era governado,
governado, por poucos ou muitos, e se seu governo era justo
ou injusto. Ele chamou de demokratia (democracia) um governo injusto governado por muitos,
e a um sistema justo governado por muitos chamou politeia,, normalmente traduzido como
república (do latim res publica
ica, “coisa pública”). A demokratia de Aristóteles chegou mais perto
do que hoje podemos chamar democracia directa, e politeia chegou mais perto do que
podemos chamar democracia representativa, embora a demokratia ainda tenha executivos
eleitos.

As palavras “democracia” e “república”


“ foram usadas em um modo similar a Aristóteles por
alguns dos Pais Fundadores dos Estados Unidos. Eles argumentavam que só uma democracia
representativa (que eles chamavam de “república”)) poderia proteger o direito dos indivíduos;
indivídu
eles usavam a palavra “democracia
democracia” para se referir à democracia directa,
directa que eles
consideravam tirânica.

Nem a definição de Aristóteles nem a dos Pais Fundadores americanos é normalmente usada
hoje – a maioria dos cientistas políticos hoje (e ainda mais
mais do que o povo em geral) usa o
termo “democracia” para se referir a um governo pelo povo, seja directo ou representativo. O

António Manuel de Albuquerque Pereira 12


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

termo “república” normalmente significa hoje um sistema político onde um chefe de estado é
eleito por um tempo limitado, ao oposto de uma monarquia constitucional.

Note, no entanto, que os termos mais antigos ainda são usados algumas vezes em discussões
de teoria política, especialmente quando considerando o trabalho de Aristóteles ou dos “Pais
Fundadores” americanos. Essa terminologia
terminologia antiga também tem alguma popularidade entre
políticos conservadores e liberais nos Estados Unidos.

Dentro desse artigo, a definição de democracia dada no início do artigo (isto é, democracia
inclui democracia directa e indirecta)
indirecta será usada.

ísticas da Democracia:
Características
1. Há intervenção dos Governados na escolha dos Governantes;
Governantes
Directa – estamos perante o sufrágio universal directo ou referendo:
Indirecta – através dos próprios representantes (ex.: Governo, na negociação
de uma convenção internacional)
internacio
2. Separação de Poderes e o Respeito;
3. Respeito pelos Direitos da Pessoa Humana;
4. Fiscalização dos actos dos governantes, através de órgãos próprios (ex.: Parlamento
e os Tribunais);
5. Possibilidade de renovação ou não do mandato político, o povo tem a possibilidade
possi
de limitar o mandato dos governantes;
6. O Sistema Republicano nunca pode ser posto em causa, em democracia não é
possível modificar a Constituição até um regime que não seja republicano.

Vantagens da Democracia (as as suas Virtudes):


1. Impedir a subida ao poder ou manutenção no poder de pessoas cruéis;
2. Possibilidade de gozo pleno dos direitos fundamentais em condições de segurança (em
sentido Jurídico) e estabilidade (no sentido de não haver arbitrariedades);
3. Possibilidade de gozo de liberdade pessoal, a autoridade pública deve respeitar a
pessoa;
4. Protecção dos interesses das pessoas, os económicos, os bens, existem leis específicas
e não arbitrárias,
5. Possibilidade de auto-governo
auto pela via de escolha democrática das leis;
6. Promoção do desenvolvimento humano;
huma
7. Igualdade entre a pessoa considerada singularmente e o Estado, este é obrigado a
respeitar os direitos fundamentais, tal como nos os respeitamos;
8. Criação de condições de paz e segurança colectiva;
9. Tolerância;
10. A promoção do desenvolvimento para todos.

A Republica como Estado Democrático:

A seguir à Revolução do 25 de Abril, Portugal optou pela via democrática, apesar de se


registarem dificuldades, como por exemplo os golpes de Estado, Portugal optou pela via
democrática de forma unitária do Estado,
Estado com
m o reconhecimento da existência de Partidos
Políticos, surgindo a Democracia.

Órgãos de Soberania, segundo a CRP:


- O Presidente da Republica (Órgão unipessoal);
- A Assembleia da Republica (Órgão Colegial);

António Manuel de Albuquerque Pereira 13


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

- O Governo (Órgão Colegial);


- Os Tribunaiss (Órgão Colegial);
- Regiões Autónomas (com os seus respectivos órgãos; incluem-se
incluem se aqui as Autarquias
Locais), (Órgãos Colegiais);

A Democracia Representativa e a Eleição:

A Democracia Representativa é o exercício de direitos políticos através de representantes


repre
legítimos, ou seja, representantes escolhidos democraticamente de forma livre. A eleição é a
forma democrática, através da qual, os governados escolhem os seus governantes. As eleições
podem ser gerais ou intercalares (quando é necessário o preenchimento
preenchimento da alguns lugares
dentro de um órgão), eleições políticas (legislativas), as eleições presidenciais e
administrativas, que consistem na escolha de representantes administrativos. As eleições
Internas são por exemplo, as eleições no Parlamento (portanto
(portanto dentro do mesmo órgão como
a eleição de membros eventualmente para uma revisão constitucional). As eleições Externas
são, por exemplo, a eleição de Deputados.

A Democracia Directa é quando o povo é chamada a pronunciar-se


pronunciar se sobre questões específicas
(ex.: Aborto, Pena de Morte...) então, de acordo com a decisão constitucional o povo pode ser
chamado a eleger.

Formas de um Processo Eleitoral:


1.º - Começa
omeça com o recenseamento ou actualização de cadernos eleitorais;
eleitorais
2.º - Publicação
ublicação do resultado eleitoral;
eleit
3.º - A contestação com vista a suprimir eventuais irregularidades;
irregularidades
4.º - A votação concreta, o voto, a possibilidade de impugnação ou não dos resultados;
resultados
5.º - Os resultados provisórios;
provisórios e
6.º - Oss resultados definitivos.

Em Portugal, o Presidente da Republica dispensa a participação de observadores


internacionais, noutros
outros países o processo é mais ou menos análogo, tendo
tendo no entanto que
haver observadores internacionais onde o seu papel é o de observar (no sentido de fiscalizar).

Em termos do direito
to autárquico em Portugal é possível o exercício desse direito por pessoas
que não sejam portuguesas, desde que haja reciprocidade (ex.: se um Português pode votar
em Cabo Verde, um Cabo-verdiano
verdiano poderá votar em Portugal). A seguir às eleições os eleitos
são
ão investidos para os cargos que foram eleitos.
eleitos Com a investidura titular, o político encontra-
encontra
se munido de todos os elementos necessários para cumprir o cargo.

Os Sistemas eleitorais:
1. De representação proporcional;
2. De representação
resentação maioritária;
3. De representação das minorias;
4. Direito eleitoral português e dos PALOP;

O que é um sistema eleitoral?


Entende-se
se por sistema eleitoral o método de conversão dos votos em mandatos. Assim
sendo podemos ter representações proporcionais,
proporcion representações maioritárias e
representações das minorias.
minorias
1. A representação proporcional:
proporcional o sistema de representação proporcional tem como
pressuposto de que a diversidade da vontade eleitoral revelada no quadro do exercício

António Manuel de Albuquerque Pereira 14


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

do direito de sufrágio deve-se


deve se compreender uma diversidade paralela na composição
dos órgãos electivos. Em termos práticos podemos destacar o método do cociente
eleitoral que consiste na divisão do número total dos votos pelo número de mandatos
atribuindo-se
se a cada candidatura tantos
tantos candidatos quantas as vezes que o cociente
apurado couber no número de votos por ele recebido.
2. A representação maioritária na atribuição dos mandatos do órgão electivo beneficia
a candidatura que tiver obtido maior número de votos comparativamente com as a
restantes candidaturas.
3. Na representação das minorias a preocupação essencial é de um determinado grupo
de pessoas localizadas num determinado espaço eleitoral.
4. No Direito eleitoral em geral ou de processo eleitoral democrático temos:
Ponto de partida: Recenseamento
ecenseamento eleitoral ou a actualização dos cadernos
eleitorais.
Campanha politica: não pode haver eleições sem as respectivas campanhas.
Sufrágio: realização da votação através de sufrágio.
Fiscalização dos actos eleitorais.
Transformação dos votos em mandatos,ma , de acordo com os critérios
anteriormente referenciados.

Em Portugal os órgãos a sufrágio universal, directo, secreto e periódico são:


- Presidente da Republica;
- Assembleia da Republica;
- Órgãos legislativos das regiões autónomas dos Açores e Madeira;
Ma
- Parlamento europeu;
- Assembleias de Freguesia;
- Assembleias Municipais;
- Câmaras municipais;

O que é o sufrágio?
É a manifestação de vontade no sentido de eleger, ou não. É a forma democrática de escolher
os titulares de cargos políticos de acordo
a com a CRP e as leis.

No nosso ordenamento jurídico, português e de outros países da CPLP, podemos encontrar os


elementos anteriores (recenseamento, etc.).

O que é o sufrágio universal?


O sufrágio universal significa que todos podem votar, desde queque tenham a idade permitida por
lei. Não há distinção entre raças, religiões, etc., desde que sejam todos portugueses e maiores
de 18 anos. O sufrágio é igual não há discriminação dos eleitores.

O que é o sufrágio directo?


A manifestação dos eleitores na escolha directamente, ou não, sem mediação.

O que é o sufrágio secreto?


É a independência de quem vota. Ninguém pode ser obrigado, mesmo em tribunal, a dizer em
quem votou.

O que é o sufrágio periódico?


Porque os mandatos têm uma limitação temporal (X( anos), é necessário, findo esse período de
exercício do mandato, proceder a novo sufrágio.

António Manuel de Albuquerque Pereira 15


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

As eleições devem ser antecipadamente marcadas, não podem provocar efeito de surpresa. A
sua marcação deverá ser prévia
via e de acordo com as leis.
lei

ponsável pelos actos eleitorais chama-se


O órgão que é responsável chama se STAPE (Secretariado Técnico para a
Administração do Processo Eleitoral).

Períodos, antes e depois das eleições:


- Apresentação das candidaturas;
- Organização das várias assembleias de voto;
- Votação, propriamente dita;
- Apuramento dos resultados;
- Contencioso eleitoral;

Nos PALOP por inspiração do direito eleitoral português é possível encontrarmos traços atrás
sublinhados.

Outro elemento importante é a Democracia e nas nas democracias é importante, para o


verdadeiro espírito deste princípio,
princípio a existência de partidos políticos.

O que são partidos políticos?


São pessoas colectivas de natureza associativa com carácter permanente, cuja finalidade
consiste na representação de um Estado e Sociedade ao nível dos órgãos
órgãos de poder público.

Os partidos políticos são importantes em democracia porque contribuem para o debate


político, para o controlo ou fiscalização do poder e desempenho, também, das funções de
carácter pedagógico.

Funções dos partidos no Estado ou na Sociedade:


Soc
1. Legitimação democrática dos órgãos de soberania;
soberania
2. Controlo: Significa a limitação do poder publico face aos partidos não podendo estes este
actuar de forma arbitrária.
3. Liberdade de opinião através de conferencias de imprensa, comícios, manifestações,
cartazes, etc;
4. Liberdade de imprensa:
mprensa: Os partidos devem lutar para garantir esta liberdade;
5. Liberdade de reunião;
6. Liberdade de manifestação;
7. Liberdade de associação;
8. Criação livre de partidos políticos: os partidos existem e permitem a criação de novos
partidos políticos;
9. Livre militância: ninguém é obrigado a fazer parte de partidos, ou, caso o pretenda,
pode livremente fazê-lo;
fazê
10. Direito de oposição democrática;
democrática
11. Direito de informação;
informação os partidos devem ser informados dos actos da vida interna e
externa do poderer público.
público. Para que o poder público não pratique actos secretos;
12. Garantia de participação ou de abstenção: num processo eleitoral ninguém é
obrigado a ir votar. Depende da sua consciência;
13. Direito de garantir a capacidade eleitoral activa e passiva: Direito
to Fundamental.
É Activo: quando nós escolhemos;
É Passivo: quando somos escolhidos;
Ex.:: Quando escolhemos o PR estamos a ser activos. Quando nos encontramos em posição
de podermos ser eleitos estamos a ser passivos.

António Manuel de Albuquerque Pereira 16


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Diferenças entre Partidos políticos


político e outras figuras afins, nomeadamente:
1. Associações políticas: não ão são partidos políticos, porque as associações não visam
concorrer ao exercício do poder público.. O papel das associações politicas é de
constituir espaços de debates políticos, debates ideológicos.
ideológicos. A sua função é de
carácter pedagógico, cientifico, intelectual, sobre matérias de carácter político, para
isso são associações políticas.
pol . A diferença é que os partidos podem concorrer para
assumir poderes públicos e as associações não;
2. Comissões eleitorais:
leitorais: não são partidos. São constituídas com o objectivo de apoiar
uma determinada candidatura. Em termos constitucionais são grupos de pessoas que
visam apoiar uma candidatura, mas não tem carácter permanente, desaparecem logo
após as eleições.
3. Grupos de pressão: não têm, necessariamente, carácter permanente, fazem uma
política de pressão sobre o poder público,, através de manifestações, conferências de
imprensa, etc. Quando existem descontentamentos estes podem aproveitar para se
infiltrar nas manifestações
tações e até podem levar a golpes de Estado. Provocam o desgaste
do poder público.. Onde há “pouca” democracia,
democracia, os militares têm sempre apetite para
assumir o poder político.

Classificação dos Partidos: de acordo com a tipologia de Maurice Duverger;


1. Partidosos de quadros ou intelectuais: partidos que apostam nas qualidades dos seus
dirigentes. O critério selectivo tem a ver com os títulos académicos.
Os partidos podem ser rígidos ou flexíveis:
Rígidos: os que adoptam o principio de orientação de voto aos gruposgrupos parlamentares, de
acordo com a disciplina partidária;
Flexíveis: os que respeitam a autonomia dos seus dirigentes.

2. Partidos de Massas ou Militantes: são partidos com ampla base popular, com
dispensa dos critérios académicos. Qualquer decisão é submetida
submetida à consideração das
bases. As bases são consultadas. Estes partidos podem ser especializados em razão da
matéria ou totalitários.
totalitários
Especializados são socialistas (dedicam-se
(dedicam à acção social);
Totalitários são fascistas, comunistas;

3. Partidos conservadores e Partidos progressistas:


Conservadores: O sistema político vigente deve ser preservado, não pode ser
constantemente alterado;
Progressistas: defendem o contrário dos conservadores;

Sistema de Partidos:
1. Monopartidário: estes regimes têm um único partido que assume o protagonismo
total na vida económica, social, etc;
2. Multipartidarismo: existem praticamente em todos os países. Permite a existência de
muitos partidos;
3. Bipartidarismo: alternância no poder entre dois partidos. Ex.: Inglaterra, França, EUA.
É difícil
cil os pequenos partidos chegarem ao poder.

Realidade de outros países:


Portugal também passou por uma situação revolucionária até chegar à democracia.

António Manuel de Albuquerque Pereira 17


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Nos países PALOP a partir dos anos 90 aconteceu a grande abertura politica com a queda
do comunismo e o advento da democracia, realizando-se
realizando se as primeiras eleições, levando a que
estes países adaptassem o sistema multipartidário.
multipartidário
Cronologia do surgimento dos partidos políticos em Portugal de acordo com o registo do
Tribunal Constitucional:
Data Partido Símbolo Sigla Observações

26-12-1974 Partido Comunista Português PCP

13-01-1975 Partido Popular CDS--PP

17-01-1975 Partido Social-democrata


democrata PPD/PSD

30-01-1975 Política XXI PXXI (ex-MDP/CDE)

01-02-1975 Partido Socialista PS

18-02-1975 Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses PCTP/MRPP

17-02-1975 Partido Popular Monárquico PPM

02-04-1979 Partido Socialista Revolucionário PSR (ex-LCI e PRT)

23-08-1979 Partido Operário de Unidade Socialista POUS (ex-MUT)

05-11-1979 Partido Democrático do Atlântico PDA

15-12-1982 Partido Ecologista "Os Verdes" PEV (ex-MEP-PV)

10-07-1985 Partido Nacional Renovador PNR (ex-PRD)

12-08-1993 MPT – Partido da Terra MPT

24-03-1999 Bloco de Esquerda BE

07-04-1999 Partido Humanista PH

23-04-2002 Movimento pelo Doente MD

18-06-2003 Nova Democracia PND

António Manuel de Albuquerque Pereira 18


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

1. Direitos Fundamentais
2. A importância constitucional dos Direitos Fundamentais.

O direito constitucional dos direitos fundamentais. A consagração formal constitucional dos


direitos fundamentais. Vamos ver o tratamento da matéria dos direitos fundamentais.

Em qualquer ordenamento jurídico, a constituição ocupa o patamar mais elevado em termos


hierárquicos normativos.
vos. Entretanto, a matéria dos direitos fundamentais encontra-se
encontra
regulamentos ou consagra noutros diplomas importantes a nível interno estadual e
internacional. A nível interno temos por exemplo o direito penal,, com penas graves (pesadas),
crimes perpetrados contra as pessoas, exemplo, a vida, a violação do direito à vida é punida
em termos jurídico penais. A vida intrauterina e extrauterina têm protecção penal.

Outro direito fundamental é a integridade das pessoas, que é inviolável. A nível interno,
destacamos o direito civil que protege os direitos da personalidade das pessoas.

Outro elemento de destaque na arena internacional é a protecção da pessoa humana através


de instrumentos internacionais nomeadamente a Declaração dos Direitos do Homem,
proclamada pela Assembleia--geral das Nações Unidas em 10 – 12 – 1948.

Outro importante elemento é a Carta das Nações Unidas, os pactos das Nações Unidas sobre
os direitos civis e políticos de 1966 e sobre os direitos económicos sociais e culturais de 1966.
A Carta da União Europeia também consagra disposições sobre os direitos humanos, a
Carta da Organização de Estados Americanos (OEA), a Carta Africana dos Direitos do Homem e
dos Povos, o Tratado ou Estatuto da CPLP, a SADEC (Estados da África Austral), como podemos
podem
destacar, os direitos fundamentais têm hoje protecção internacional precisamente como a
protecção das pessoas contra abusos cometidos pelas autoridades estaduais.

Não vale a pena falar da protecção de direitos fundamentais de um órgão para outro órgão,
falamos de direitos fundamentais enquanto protecção das pessoas em relação ao poder
público.

Vamos ver de seguida alguns aspectos relacionados com o conceito de Direitos


Fundamentais.

Os direitos fundamentais são de carácter jus racionalista. De acordo com esta doutrina os
direitos fundamentais são direitos que o Estado stado não cria, mas simplesmente os declara (a (
existência). Estes direitos resultam da ratio,, são direitos que existem como fruto da razão, não
é o estado que os cria tem é de reconhecê-los.
reconhecê São direitos de carácter negativo,
negativo reconhecem
a autonomia e separação da pessoa em relação ao estado.
Também são direitos de natureza constitucional,
constitucional, têm uma consagração formal constitucional.

São direitos de carácter individual,


individual porque estão ligados indissoluvelmente
oluvelmente à pessoa como
indivíduo. Em resumo, os direitos fundamentais são posições jurídicas activas das pessoas
integradas no estado sociedade exercidas por contraposição ao estado poder consagradas no
texto constitucional dos estados.

Desta definição
o destacamos três elementos constitutivos dos direitos fundamentais:
1. Elemento subjectivo – as pessoas integradas no estado sociedade, ou seja, os titulares
dos direitos podem exercê-los
exercê los em contraposição ao estado poder. É a faculdade que cada

António Manuel de Albuquerque Pereira 19


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

um de nós tem de exercer os seus direitos fundamentais perante o estado. O estado não
pode ignorar esses direitos.

2. Elemento objectivo – conjunto de vantagens inerentes aos objectivos e conteúdos


protegidos relativamente a cada direito fundamental.

3. Elemento formal – tem a haver com a consagração com os direitos fundamentais na lei
fundamental. Os direitos fundamentais sofreram evolução ao longo dos últimos dois
séculos. Podemos fazer outra classificação dos direitos fundamentais tendo em conta a
evolução histórica:
- Direitos fundamentais individuais – inerentes à pessoa singular;
- Direitos fundamentais institucionais – inerentes à pessoa enquanto titular de cargos
públicos. Exemplo, o presidente da República tem imunidade, …
- Direitos fundamentais comuns – inerentes a toda a comunidade, política, por
exemplo.
- Direitos fundamentais particulares – inerentes a uma determinada categoria de
pessoas. Exemplo, nesta sala, a redução de propinas, outro é de cidadania.

Outras classificações do ponto de vista material (matérias):


- Direitos fundamentais sobre a vida são diferentes de um direito fundamental sobre a
circulação.
- Direitos fundamentais gerais – todo um povo, também são comuns, por exemplo vinculam
todos os estados membros. Também são designados de Ius colles – vinculam
indistintivamente todos os sujeitos públicos, essa vinculação, também se designa “Erga

Omnes”.
- Direitos fundamentais especiais – tem a haver com determinados requisitos, por exemplo
inserção social de determinadas pessoas, o direito das crianças, direito
direito das mulheres
grávidas.
- Direitos pessoais – por exemplo a integridade física;
- Direito fundamental do bom-nome;
bom
- Direito fundamentais políticos – Respública – contraposição à vida privada;
- Direitos fundamentais laborais – tem a haver com os trabalhadores;
- Direitos fundamentais sociais – tem a haver com a vida numa sociedade – por exemplo, a
habitação, a saúde, a escola…;
- Direitos, liberdades, garantias:
garantias temos direitos, os outros têm de respeitar esses direitos e o
estado tem de dar garantias ded direitos para esses direitos.

Direitos afins dos Direitos Fundamentais

As figuras afins são por exemplo – as garantias institucionais – quando a instituição pública é
obrigada a reconhecer realidade económica e social e adoptar mecanismos para o seu
reconhecimento formal.

Outro elemento é do assim dito interesses difusos – tem a haver com o aspecto processual de
reconhecimento e defesa dos direitos fundamentais. Por exemplo a nível dos tribunais.

Os interesses
nteresses difusos são variados, por exemplo a questão
questão do meio ambiente, a saúde pública,
a gripe das aves;

António Manuel de Albuquerque Pereira 20


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Os deveres fundamentais:
A cada direito fundamental corresponde um dever fundamental. Direito sem dever, é um
estado sem fronteiras. O equilíbrio consiste no equilíbrio entra direitos e deveres.

Outro elemento: os direitos dos povos, direito à autodeterminação, direito à independência


que é um direito fundamental.

Em termos históricos, temos três grandes períodos:


1. Liberalismo económico – século XIX – consagrou determinados princípios em relação
aos direitos humanos, mas no século XX foi substituído por intervencionalismo,
intervencionalismo tendo
em conta o aspecto social.
2. Nacionalismo político – século XIX, substituído pelo internacionalismo,
internacionalismo a vida não se
circunscreve ao espaço estadual mas deve ter em conta a relação
relação internacional.
3. Individualismo – século XIX, substituído pela solidariedade.

Futuro dos Direitos Fundamentais:


Os direitos fundamentais não são direitos infalíveis, são sujeitos a alterações de acordo com o
desenvolvimento social, por exemplo o conceito
conceito de tortura do século XIX, não é o mesmo de
hoje, tem a haver com a evolução das pessoas.

Uma preocupação é a banalização,


banalização, não podem ser banalizados, são direitos fundamentais,
pois constituem o núcleo fundamental da sociedade. O direito à vida não é um qualquer, é
fundamental, permanente e imutável.

O conceito de globalização – não podem ser banalizados dentro da globalização, não pode por
em causa os direitos fundamentais. Exemplo na União Europeia, estamos a assistir a um
processo de adesão cada vez mais
mais forte, mas não pode espezinhar esses direitos.

O valor dos direitos fundamentais – tem a haver com o nível civilizacional dos titulares de
cargos públicos, onde há maior civilização haverá maior leque de reconhecimento e garantia
dos direitos fundamentais.

O regime comum dos Direitos Fundamentais


1. Generalidades;
2. A protecção jurídica;
3. O sistema português dos direitos fundamentais;
4. Atribuição dos direitos fundamentais;
Genericamente, como é abordada a questão
questão dos direitos fundamentais. Qual é o
conceito de direitos fundamentais?
- Dignidade da pessoa humana;
- Protecção;

Qual é o regime comum dos direitos fundamentais?


Por outras palavras, dentro de um ordenamento jurídico e dentro do sistema jurídico, qual é o
denominador comum dos direitos fundamentais, ou seja, quando estamos perante um texto
de direitos constitucionais. Como sabemos quais são os direitos fundamentais? Por exemplo
são direitos respeitantes à pessoa. Esta matéria foi objecto de tratamentos diferentes em
termos doutrinários, assim, ao longo de dois séculos de constitucionalismo, podemos destacar
as seguintes teorias:

António Manuel de Albuquerque Pereira 21


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

1 – Teoria liberal – caracterizada pelos direitos de liberdade e pelas liberdades públicas, nesse
contexto, segundo a teoria liberal,
liberal, o estado não podia intervir na sociedade e na
economia;
2 – Teoria socialista – de matriz soviética, que colocou os direitos fundamentais de carácter
social e económico ao serviço de uma ideologia marxista-leninista,, caracterizada por uma
ditadura colectivista de esquerda;
3 – Teoria fascista – tem que os direitos fundamentais assumiram uma relevância cooperativa
social com ausência de pluralismo político, caracterizado por ditadura de direita;
4 – Teoria social – surgiu em defesa da questão social, colocando o estado numa posição de
árbitro da sociedade;
5 – Teoria democrática – surgiu na Alemanha após a II Grande Guerra. Segundo esta teoria, o
estado pode funcionar como árbitro, mas coabitando com outras instituições.
Em Portugal, os direitos fundamentais
fundamentais consagrados na constituição… são os que
encontramos na constituição, nas leis e no direito internacional (declaração dos direitos do
homem…);

Quais são os elementos constitutivos dos direitos fundamentais?


Os direitos fundamentais têm basicamente três elementos:
1 – Elemento subjectivo – direitos inerentes às pessoas integradas num estado podendo
defender-se do estado;
2 – Elemento material – esses direitos são um bem, um património, protegido
constitucionalmente;
3 – Elemento formal – a consagração
consagração constitucional dos direitos fundamentais. A formalização
e colocação de direitos fundamentais no patamar mais elevado da ordem jurídica interna
ou estadual;

Quais são os critérios seguros por um legislador constitucional na construção de um edifício


dos direitos fundamentais?
Esta questão é respondida pela doutrina portuguesa da seguinte forma:
1 – Para o professor Jorge Miranda, os direitos fundamentais consagrados na constituição da
república são sempre em sentido material, inalienável, imutável (porquerque têm um valor
ERGA OMNES – universal).
2 – O professor Vieira de Andrade diz que os direitos fundamentais exercem uma função de
protecção de bens pessoais tendo o homem como ponto de partida e de chegada.
3 – O professor Gomes Canotilho e o professor Vital
Vital Moreira fazem uma combinação entre os
direitos positivos e os direitos negativos,
negativos, realçando a liberdade, a democracia política, a
democracia económica e social.

Quais são as fontes onde podemos acatar os direitos fundamentais?


1 – A constituição da república
epública – com a formalização dos direitos fundamentais da lei
fundamental, fica expressamente proibida a adopção de normas ordinárias, contrárias à
constituição.
2 – Fontes externas – são instrumentos de valor internacional. Os direitos fundamentais
típicos são os que encontramos na constituição nos títulos II e III. Outros direitos
fundamentais atípicos também podem ser encontrados na constituição, mas fora do
espaço geográfico dos títulos atrás mencionados.

Como encontramos os direitos fundamentais atípicos?


Qual é o critério para a determinação dos direitos fundamentais atípicos?

António Manuel de Albuquerque Pereira 22


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Os critérios são três:


1 – Doutrina – tanto as dos livros, teses, escritos, de grandes cultores de direito.
2 – Hermenêutica (interpretação) – fazendo a interpretação de várioss textos constitucionais
de um ordenamento jurídico ou de um dado ordenamento jurídico, é possível determinar
os direitos fundamentais atípicos
3 – Jurisprudência – aplicação prática do direito por via judicial é possível determinar os
direitos fundamentais atípicos.
atípicos
Qual é o conteúdo dos direitos fundamentais? Os direitos fundamentais têm a ver com
a pessoa humana. A pessoa humana é o conteúdo dos direitos fundamentais.

Outros conteúdos são:


- A liberdade;
- A universalidade;
- A generalidade;
- A imperatividade;

Outros sujeitos membros da comunidade, fazendo brotar e renascer a relação direito – dever.

Vamos ver o quadro dos direitos fundamentais. Direitos fundamentais típicos – estes direitos
estão consagrados na constituição nos títulos II e III, quais
q são?

Direito:
À vida; À integridade
ntegridade pessoal; à identidade pessoal; à palavra; ao desenvolvimento da
personalidade; à capacidade civil; à cidadania; ao bom-nome; à imagem; à reputação; à
reserva de…; à liberdade e segurança…;
segurança… à proibição da retroactividade das penas criminais;
criminais de
asilo; de constituição de família e ao casamento; à educação; à liberdade de expressão; à
informação; à imprensa; de antena; à resposta e réplica; de objecção de consciência; greve;
Habeas corpus;

Garantia;
Da defesa democrática; à inocência até…;
até… dee nunca perder os direitos civis; de proibição de
extradição por crimes com condenação de pena de morte;

Nulidade de provas obtidas através de coacção;


Proibição de expulsão do nacional do seu território;

Liberdade:
De religião e de culto; de criação cultural e artística; de aprender e ensinar; de circulação; de
associação; profissional; de acesso à função pública; de participação da vida política; de
sufrágio; de acesso a cargos públicos; de criação de partidos políticos; sindical;
cal;

Direitos fundamentais atípicos:


atípicos
São atípicos porque se encontram “dispersos” na constituição e nas leis, ou seja, não
respeitam a arrumação dos títulos II e III:

Direito:
À igualdade; à tutela jurisdicional; ao patrocínio judiciário; de resistência; de queixa ao
provedor de justiça; de participação na gestão das unidades de produção do sector público;
dos trabalhadores rurais e dos agricultores de participar na definição da política agrícola;
agrícola de
não pagar impostos inconstitucionais; de propaganda eleitoral itoral e apresentação de
candidaturas; de oposição democrática; de participação na gestão da administração pública; à

António Manuel de Albuquerque Pereira 23


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

informação administrativa; ded acesso aos arquivos administrativos; à impugnação dos actos
administrativos; de acesso à justiça; de audiência ia e defesa em processo disciplinar; de
desobediência a ordens ou instruções que impliquem a prática de um crime; à defesa da
pátria; a não ser prejudicado por ter cumprido o serviço militar obrigatório;

Temos outros direitos fundamentais extra documentais – são os que encontramos por força
da vinculação portuguesa a instrumentos jurídico internacionais – por exemplo a Declaração
Universal dos Direitos do Homem, a Convenção das Nações Unidas contra a tortura, a Carta
das Nações Unidas, o estatuto do T. P. I., a Carta Europeia, o estatuto da CPLP e demais
instrumentos internacionais. Podemos destacar os pactos das Nações Unidas sobre os direitos
civis e políticos e sobre os direitos económicos, sociais e culturais.

Critérios para atribuição dos direitos fundamentais:


fu
São dois os critérios:
1 – Princípio da universalidade – são direitos inerentes à pessoa humana na sua
universalidade, ou seja, sem distinção de raça, sexo…;
2 – Igualdade – trata por igual o que é igual;

Os Direitos
ireitos Fundamentais (DF);
1. O exercício jurídico – relação e limites;
2. A tutela jurisdicional;
3. A tutela não jurisdicional;

1. Conceito de exercícios fundamentais tem a ver com a forma como os DF são praticados, ou
seja, a concretização dos DF nas relações inter-subjectivas,
inter subjectivas, entre mais sujeitos. Quando se
fala do exercício significa o modo como os DF são vividos no seio dos Estados. Assim,
podemos destacar dois aspectos fundamentais, nomeadamente a regulação do exercício e
os limites do exercício:

Regulação do exercício dos DF:DF: significa que não é suficiente a sua consagração formal nos
textos constitucionais. É importante mas não suficiente. Porque os seres humanos estão em
relação, portanto, os DF têm que ser regulamentados.
Primeiro a regulamentação tem como objectivo objectivo o esclarecimento e
aclaramento do conteúdo e do objecto fundamental;
fundamental
O aspecto importante na regulamentação é que torna mais fácil a
compreensão dos DF;
Aspecto positivo, em termos de regulamentação é o objectivo de prevenir o
abuso de exercício.
exercício
A Fronteira – A regulamentação estabelece fronteiras para evitar choque
entre DF;

A regulamentação dificilmente acontece através da constituição. Esta limita--se a consagrar os


DF. Mas, às vezes, como é o caso da CRP, alguns aspectos são regulamentados;
Liberdade de Reunião: o texto constitucional português não se limita a
consagrar, formalizar esse direito, vai mais além, tocando nos contornos da
liberdade de reunião, nos seguintes termos:
A reunião é “pacifica e sem armas” (diz como é exercido esse direito);
dire
O direito à integridade pessoal na sua vertente física, a CRP especifica
que a mesma não admite certas práticas como por exemplo a tortura, os
maus-tratos,
tratos, penas cruéis, degradantes e desumanas. A CRP consagra
mas acrescenta outros contornos a esses direitos;

António Manuel de Albuquerque Pereira 24


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Este terceiro aspecto, paradigmático, de regulamentação, raríssima, de DF através da CRP é a


liberdade religiosa:
A liberdade religiosa implica que ninguém pode ser perseguido, privado de
direitos ou isento de obrigações ou deveres cívicos por causa das suas
convicções ou práticas religiosas (CRP n.º 2, artigo 41º);

Dentro do catálogo dos DF vamos ver a hierarquia entre as leis, que versam a matéria dos DF:
 A revisão constitucional de 1997 consagrou “Leis de Valor Reforçado (LVR)” – estas,
são as que versam sobre os DF que ocupam um patamar mais elevado, elevado
comparativamente a outras, que versam sobre as mesmas matérias.
matérias As LVR têm três
realidades distintas;
a) Leis Orgânicas;
b) Leis aprovadas por maioria de ⅔;
c) Leis cujo conteúdo se impõe a outras leis;

Leis Orgânica são leis que versam sobre dos DF quando prevêem as seguintes matérias;
i) Direito de sufrágio;
ii) Eleições e os Referendos;
iii) Direito de Cidadania portuguesa;
iv) Liberdade associativa e de partidos políticos;
polític

Quando nas leis que carecem de ser aprovadas por maioria de ⅔ dos deputados presentes,
desde que superior à maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções. Essas Leis
são;
i) Atribuição de direitos de sufrágio aos cidadãos portugueses residentes
resident no
estrangeiro para eleição do Presidente da Republica;

Nos restantes casos não abrangidos pelas especificas intervenções que constitucionalmente se
prevêem na categoria de LVR verifica-se
verifica se a adopção de um esquema dualista quanto ao tipo de
intervenção legislativa reguladora dos DF em razão da diferenciação entre os Direitos,
Liberdades e Garantias (DLG) por um lado e por outro entre os Direitos Económicos, Sociais e
Culturais (DESC).

Esse dualismo implica o seguinte:


 Para os DLG estabelece-se
estabelece uma genéricaica reserva relativa de competência
legislativa em favor da Assembleia da Republica (AR).
(AR). Por tanto, tudo quanto
diga respeito à legiferação nesta matéria está sujeita ao parlamento. Esta
intervenção tem como característica a intervenção parlamentar que também ta
pode ser delegado no Governo mediante autorização legislativa.
 Quando legisla o parlamento em relação a essas matérias temos a figura de Lei
e quando é o Governo, por delegação de poderes mediante autorização
legislativa, temos a figura de Decreto-Lei.
Decreto
 O Governo só pode legislar quando tem autorização delegada pela AR.
 Em relação aos DESC a regra implica a partilha da intervenção legislativa entre
a AR e o Governo. Quer dizer que a AR, através das Leis, e o Governo, através
dos Decretos-Leis,
Decretos podem legiferar
giferar sobre essas matérias de DF, DESC. Temos
aqui uma questão de partilha legislativa, não carecendo de autorização.

Entretanto podemos destacar outros esquemas em que podem ser incluídos DLG e DESC,
DESC
exemplos,, do primeiro esquema;
esquema

António Manuel de Albuquerque Pereira 25


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

1.º - Casos de reserva


va absoluta de competência legislativa da AR para os DLG como são o
caso da Liberdade de Ensino, concretamente em relação às bases do sistema de
ensino;
2.º - O Direito à Liberdade Física, no que respeita,
respeita concretamente, ao regime das forças
de segurança;
3.º - O Estatuto de cargos públicos.

O segundo esquema refere-se se aos casos de reserva relativa da competência legislativa da AR


para os DESC, exemplos;
1.º - Bases do sistema de segurança social no que concerne ao Direito à Segurança
Social;
2.º - Bases do sistema de Protecção da Natureza: equilíbrio ecológico e do património
cultural, no que concerne ao ambiente e à cultura;

A limitação dos DF não foi consensual ao longo dos dois séculos do constitucionalismo. Alguns
autores defendem o exercício absoluto
absoluto e ilimitado dos DF, enquanto que para outros esses
direitos estão sujeitos a certos limites.

Os limites podem ser impostos pela própria constituição e assim falamos de limites internos.
Outros limites são os ditos limites externos em situação de colisão de DF.

Qual é o critério para fazer prevalecer um DF sobre outro DF em caso de colisão? (Atenção
que temos uma situação de choque entre dois DF)
DF

Quando estamos perante uma situação concreta, pois a CRP não prevê, por exemplo;
exemplo
1. Se existir um incêndio pode ocorrer a violação de domicílio;
2. Se ocorrer uma inundação pode criar-se
criar se uma barreira ou até danificar uma
propriedade para socorrer uma situação em que tenha o objectivo de salvar
um bem maior em detrimento de outro bem;

Tecnicamente, critérios no caso ded colisão de DF;


1. Aplicação Preferente do DF considerado valorativamente superior em relação ao
outro DF;
2. Aplicação Concordante dos DF considerados valorativamente equivalentes, em
termos práticos trata-se
trata se de ponderação de valores e ponderação dos bens em causa.
c
Nessa ponderação o que conta é a realidade concreta porque é impossível uma
solução teórica/abstracta para todos os casos. Podemos concluir que é impossível
fixar de forma geral um quadro hierarquizado e prévio de DF para fazer face a
situações de colisão.
lisão.

Os DF Absolutos são os que mesmo em situação de emergência devem continuar a ocupar o


patamar supremo da Ordem Jurídica. O legislador não pode aproveitar uma situação urgente
para por em causa esses DF.

Os Direitos
os Fundamentais (DF); continuação e conclusão
1. A tutela jurisdicional;
2. A tutela não jurisdicional;
3. Regime especial dos DLG;

O que é a tutela dos DF?

António Manuel de Albuquerque Pereira 26


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

A tutela é o conjunto de mecanismos (instrumentos postos à disposição da comunidade) para


a defesa dos DF. Porque não basta a proclamação dos direitos fundamentais.

O importante é depois a tutela, os mecanismos que nós temos para nos defender. Esses
mecanismos de defesa podem ser basicamente dois:
1. O mecanismo de tutela não jurisdicional: Tutela que é feita através avés de documentos
fora do tribunal, ou seja, a tutela não contenciosa. Ou por outras palavras um conjunto
de mecanismos não contenciosos, por exemplo os actos de bons ofícios, dialogo, a
conversação acordo com vista a por termo a um litígio entres as partes.
partes.
2. O mecanismo de tutela jurisdicional: Conjunto de mecanismos postos à nossa
disposição com vista à defesa dos nossos direitos junto dos tribunais, ou seja, a tutela
contenciosa.

O ponto de partida da tutela contenciosa é a queixa. Havendo queixa junto do tribunal,


instância judicial, abre-se
se uma instrução, ou seja, o processo é instruído.

nos com o facto de estarem a ser violados os nossos DF fazemos uma queixa
Ao depararmo-nos
junto dos tribunais que após a entrada da mesma faz uma apreciação liminar
l minar com o objectivo
de antes de avançar com o processo o juiz faça uma avaliação liminar para ver se há ou não
fundamentos que possam permitir um avanço do processo. Se existirem fundamentos o juiz
avança com o processo, caso contrário o juiz indefere liminarmente. Quando
manifestamente não existem fundamentos para se avançar com o processo dá-se dá o
indeferimento liminar.

Se houver elementos para avançar com o processo, ou seja, fundamentos, avança o processo e
entra na fase de instrução,, significa, avaliar todoss os mecanismos de prova,
prova através de
inquéritos,, fazer o levantamento de elementos probatórios (provas) que possam fundamentar
o avanço do próprio processo. Depois terá uma fase de decisão.. Esta pode ser de condenação
ou absolvição,, conforme os casos, e a condenação pode consistir numa indemnização ou
reparação de danos provocados.

Naturalmente que, durante o processo e, antes da decisão a parte acusada é


notificada/convocada para as fases do contraditório, defesa, etc.

difer não existe o chamado fumus boni iuris (fundamentos de


Se a queixa for liminarmente diferida
direito). A falta de elementos que possa fundamentar a queixa dá azo a que o juiz a indefira
liminarmente.
3. Regime especial dos DLG (enquanto DF consagrados na CRP);

Os DLG estão sujeitos a um regime


regim especial que contempla três vertentes:
1. Regime material: As normas
n basilares;
2. Regime orgânico:: Órgãos
Órgão de soberania competentes em matérias de DLG;
3. Regime de limites materiais de revisão constitucional:
constitucional Há matérias que não podem
ser objecto de revisão constitucional;
cons
Exemplos:
1) Em Portugal não é possível a existência de uma revisão constitucional que possa
consagrar a pena
ena de morte.
2) O sistema unitário do Estado é um limite material do Estado. Não é possível existir
uma revisão que consagre o nosso paíspaí num Estado Federal;
3) O espaço português não pode ser dividido em diferentes soberanias;
4) Não é possível uma revisão que consagre num regime monopartidário (ditatorial);

António Manuel de Albuquerque Pereira 27


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Os DF têm como característica a aplicabilidade imediata e directa. A aplicabilidade


aplicabilid é directa
quando os direitos em causa para serem praticados, não dependem de qualquer acto
legislativo. São os direitos que se impõe de per si.

Por exemplo, no direito à vida, se uma mulher grávida chegar a uma maternidade para “dar à
luz”, não carecee que o parlamento ou o governo decretem por meio de legislação para que ela
possa, naquele momento, ver nascer o seu filho e que lhes sejam prestados os cuidados
adequados de saúde. Este direito impõe-se
impõe sobre os outros direitos.

Por outras palavras estess direitos não dependem de nenhuma lei ordinária para efeitos da sua
aplicabilidade,, a sua concretização em sociedade.
sociedade Quando a CRP diz que esses direitos têm
uma aplicabilidade directa e imediata significa que do ponto de vista hermenêutica,
hermenêutica
interpretativo, não é possível chegarmos a outra conclusão. Só pode conduzir a um único
significado que é este mesmo da aplicabilidade directa e imediata.

Portanto, a aplicabilidade directa e imediata são características essenciais e inalienáveis dos


DLG. Esses dois termos (directa e imediata) são essenciais na matéria objecto desse estudo
que estamos a fazer porque qualquer entidade pública (Estado, Governo, Tribunais) tem a
obrigação de aplicar esses direitos, DF-DLG,
DF de forma directa e imediata.

Podemos assim dizer


zer que a eficácia da vinculação dos DLG pode ser vertical ou horizontal:
- Vertical: tem a ver com a nossa relação perante o poder público;
- Horizontal: tem a ver com a nossa relação inter-subjectiva,
inter subjectiva, ou seja, entre sujeitos que
integram uma determinadaa comunidade jurídica ou política.

Essa vinculação pode ser na esfera estadual ou fora dela. Na esfera estadual quando todas as
entidades que existem nos limites fronteiriços de um Estado estão subordinadas a este
imediat Fora do Estado,, nas suas relações internacionais,
conceito de vinculação directa e imediata.
esta vinculação mantém-se se vigente, pois os órgãos dotados de legitimidade de intervenção
internacional, fora do espaço geográfico estadual, devem conformar os seus actos, jurídicos ou
políticos, a esses princípios constitucionais fundamentais.

Em termos constitucionais a validade dos actos da administração e do poder público


dependem da sua conformidade com a constituição.. Por exemplo, o Chefe de Estado,Estado mesmo
estando nos Estados Unidos,, não pode praticarr um acto contrário à lei fundamental do seu
país de origem. Essa vinculação tem a ver com o plano internacional, não podendo violar esses
princípios fundamentais em termos de DLG. Exemplo de uma embaixada, também porque esta
é no fundo o “prolongamento” de d um Estado. Ainda tendo como base o exemplo da
embaixada, a policia do pais onde está instalada essa embaixada não podem entrar lá, pois
esse espaço considera-se
se tal qual fosse um território desse país, representado pela embaixada,
ou seja, autónomo, embora ra dentro do outro país.

Os DF mesmo sendo absolutos podem sofrer alguma restrição em determinadas


circunstâncias, isto porque nada é absoluto, ou seja, nada é absolutamente absoluto, também
têm os seus limites.

Elementos para efeito de restrição dos DLG;


DLG
1. Estado de sitio;
2. Estado de emergência;
3. Situação de guerra;

António Manuel de Albuquerque Pereira 28


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Estes podem suspender, limitar, o gozo dos DF. É possível nestes casos, suspender,
comprimir de forma parcial ou até total.

Exemplos;
Direito à livre circulação pode ser suspenso parcialmente entre as 19H00 e as 7H00, ou por
alguns dias, por exemplo em caso de guerra.

Porque razões se suspendem os DF?


1. Com o objectivo de permitir o gozo de outros direitos igualmente fundamentais,
fundamentais
evitando-sese consequentemente uma sobreposição de DLG;DLG
2. Outro objectivo
ctivo é de se evitar situação de conflito entre os DF,DF para evitar a
colisão de outros DF;
3. Salvaguarda de interesses comunitários,
comunitários o bem comum.
4. Alguns direitos são sacrificados, em situação de emergência, por exemplo, com
vista à salvaguarda do património,
património comunidade ou de interesses comuns;
5. Outro elemento fundamental,
fundamental, em termos de restrição, limitação ou compressão
desses DF, DLG, implica o seguinte:
seguinte
– O Principio da proporcionalidade: essas medidas têm que ser proporcionais
de acordo com as circunstâncias.
circunstâncias. Não se pode matar pessoas alegando que
temos muita população ou provocar abortos alegando que não existe comida
suficiente;
– Tem que ser indispensável, inevitável: é uma conditio cine qua non que tem
que basear-sese na ratio, tem que ser a ultima ratio, não existência de outra
alternativa;
Principio de abstracção: não visar uma determinada categoria de pessoas em
termos discriminatórios;
Principio da generalidade:
generalidade tem a ver com o geral, com todos.
Principio de segurança do Estado: limita-nos o acesso a informações,
formações, as que
constituem segredo de justiça, por exemplo, mesmo atendendo ao facto de
todo o cidadão ter o direito à informação;
Integridade Física: tem a ver com as questões relacionadas com as torturas,
tratamentos cruéis ou degradantes. É um limite imposto ao poder público;
6. Saúde pública: quando existe a cólera, por exemplo, não é permitida a viagem de
passageiros entre diferentes países.
7. Propriedade privada: em caso de expropriação para utilidade pública, o Estado
quer construir uma escola, caminhos-de-ferro.
caminhos ferro. Pode expropriar um determinado
cidadão ou um determinado número de cidadãos com vista a realização de um
bem público indubitavelmente superior ao bem pessoal ou particular;
articular; Em qualquer
dos casos o ou os proprietários têm direito a uma justa indemnização;
indemnização;
8. Núcleo Familiar: A família deve ser protegida, preservada;
9. Direitos dos consumidores: não permite determinadas publicidades, em particular
das enganosas;
10. Direitos políticos: para determinada categoria de pessoas. Em Portugal um
estrangeiro não podem
podem exercer cargos políticos, salvo em situação do princípio da
reciprocidade. Os cidadãos lusófonos podem votar nas eleições autárquicas, desde
que haja o referido principio, nesses países, actualmente só existe com Cabo
Verde;
11. Numa situação de guerra: primeiro
imeiro tem de ser definidas avaliação de guerra por
tem que haver um debate parlamentar para se declarar a guerra, a guerra deve ser
decretada pelo chefe de Estado;
Porque é que é o Chefe de Estado a declarar a guerra?

António Manuel de Albuquerque Pereira 29


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Porque, sendo ele conhecedor da CRP, pode haver necessidade de


limitar/restringir DF;
Porque se diz que o Chefe de Estado é o comandante supremo das forças
armadas,, sendo ele civil?
civil
É porque o poder militar está subordinado ao poder civil.
12. Direito de resistência: outro elemento travão dos DF.. É uma tutela pessoal, os
cidadãos defendem-se
defendem contra os abusos do poder público;

1. O Principio Social e os fins do Estado;


2. Os limites dos Direitos Sociais;
3. O Regime específico dos Direitos Económicos, Económicos, Sociais e Culturais;
4. O Estado Social no Espaço Lusófono;

Não existem DF fora do Estado. Este é que faz a consagração


consagração formal dos DF, através de um
documento fundamental, a Constituição, e depois através das leis.

A fonte primária onde podemos encontrar os DF é a Constituição.

Por hierarquia das normas, já vimos que, a CRP ocupa o lugar cimeiro,
cimeiro, o plano principal.
principal

Não há Constituição fora dos Estados, estes é que adoptam esses documentos fundamentais
onde estão consagrados esses DF.

O Estado é a entidade competente para proceder à consagração ou à limitação dos DF.


Quando falamos aqui em Estado não falamos no todo,
to falamos num Estado configurado em
instituições soberanas.

O princípio da separação de poderes diz-nos


nos que o Estado tem competências específicas para
legislar sobre determinadas matérias.

Pergunta-se:
se: Qual é o fim de um Estado?
É o de garantir a realização dos DF, que são os Direitos Humanos. Um Estado que não
consegue garantir os DF não é Estado. Será um Estado fracassado.

Alcance do Principio Social


Princípio Social é o conjunto de tarefas incumbidas ao Estado. O conceito de Estado Social
nasceu
asceu no Século XX. Dentro deste princípio podemos destacar o seguinte:
a) Justiça distributiva: O Estado procede à repartição dos bens a todos os
cidadãos;
b) Bem-estar
estar social: Uma das tarefas fundamentais do Estado, este tem que
criar condições para que os cidadãos
cidadãos possam usufruir das riquezas do
Estado;
c) Intervenção do Estado na vida económica: Constitui o que se chama de
constituição económica. Ou seja, conjunto de direitos e deveres
consagrados pelo Estado na vertente económica.

O Estado social nada tem a ver


v com o estado socialista.. Este ultimo, nasceu como ditadura de
esquerda na antiga URSS, com a ideologia marxista-leninista.
marxista leninista. O estado socialista é ditatorial
porque não permite a existência da propriedade privada, não há democracia, não há
liberdade. O estado
tado está concentrado nas mãos de uma só pessoa, sem separação de poderes.

António Manuel de Albuquerque Pereira 30


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Elementos do conceito de Estado: Povo, Território, Soberania e Poder Político.


olítico.
Podemos dizer que o nosso Estado é um estado social porque nele encontramos os princípios
da separação
aração de poderes, democracia, bem-estar
bem social, etc.

Atentemos à nossa Constituição nos artigos: 1º. 2º e 9º.

Artigo 1.º
(República Portuguesa)
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na
vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Artigo 2.º
(Estado de direito democrático)
A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania
popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na
garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e
interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural
e o aprofundamento da democracia participativa.

Artigo 9.º
(Tarefas fundamentais do Estado)
São tarefas fundamentais do Estado:
a) Garantir a independência nacional e criar as condições políticas, económicas, sociais e
culturais que a promovam;
b) Garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios
princípio do Estado de
direito democrático;
c) Defender a democracia política, assegurar e incentivar a participação democrática dos
cidadãos na resolução dos problemas nacionais;
d) Promover o bem-estar estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os
portugueses, bem como a efectivação dos direitos económicos, sociais, culturais e
ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e
sociais;
e) Proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender a natureza e o
ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correcto ordenamento do
território;
f) Assegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a difusão
internacional da língua portuguesa;
g) Promover o desenvolvimento harmonioso
harmonioso de todo o território nacional, tendo em conta,
designadamente, o carácter ultraperiférico dos arquipélagos dos Açores e da Madeira;
h) Promover a igualdade entre homens e mulheres.

Um princípio essencial da constituição é o princípio da igualdade social. Esta permite


descriminação positiva, justa.

Num Estado Social podemos destacar outros elementos importantes:


1) Direito fiscal: Todos têm que pagar as suas contribuições, mas não da mesma
forma. É uma descriminação positiva;
2) Direito ao Trabalho: discriminação positiva.
Exemplo: uma mulher grávida não pode fazer todo o tipo de trabalho.
trabalho
Privilégios especiais.

António Manuel de Albuquerque Pereira 31


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

3) Segurança Social: Há determinadas categorias de pessoas que beneficiam de um


determinado benefício social.

Outros princípios fundamentais são:


- A igualdade racial: a raça é só uma (humana), 13º CRP;
- A igualdade sexual: mas também pode haver discriminação positiva – ex.: o
homem não pode dar à luz.
- A igualdade entre os cidadãos: a descriminação positiva prende-se
se com o exercício
do direito politico
litico de votar, actualmente só podem fazer em Portugal os estrangeiros
nas eleições autárquicas e onde existem entre os países um acordo de reciprocidade.

DESC - Direitos Económicos, Sociais e Culturais (CRP Artigos 58º a 73º)


Pertencem a uma categoria específica dos DF porque encontram uma consagração
constitucional diferente. Existe um regime específico na CRP (Titulo III).

Quando se fala de um Estado Social nos CPLP falamos nos países africanos que fazem uma
fotocópia do direito consagrado na CRP,
CRP nãoo sendo assim considerado direito comparado,
antes, direito copiado.

Os quatros sistemas jurídicos contemporâneos são:


- Romano – germânico (direito continental – o nosso), este não cria a lei;
- Anglo – saxónico, aqui, na falta de lei, ele cria-a;
cria
- Socialista – baseado no regime Marxismo-Leninismo;
- Islâmico – em que a constituição é inspirada no (Al) Corão;

Quando é nós podemos falar em DESC na CRP?


Quando se fala do trabalho (58º),
(58º), por exemplo, ou da Segurança Social (63º), da Saúde (64º),
Habitação
ção (65º), Escolas/Ensino (74º), Cultura (73º) e o Desporto (79º).

As pessoas e os órgãos do Estado: pessoas singulares e pessoas colectivas.


O Estado é pessoa colectiva de direito interno e internacional.

O Estado responde
onde em juízo dentro e fora da sua esfera geográfica. Pode ser responsabilizado
perante tribunais internos, mas também, no ponto de vista político, judicial, por actos
praticados em violação de leis internas ou internacionais.

O Estado é pessoa colectiva mas há órgãos competentes que o vinculam, porque o Estado está
estruturado em instituições, tem a sua estrutura orgânica, os seus órgãos próprios.

As pessoas investidas de poderes institucionais são as únicas que podem representar


legalmente o Estado.

Assim,
sim, podemos falar de representação politica quando existe uma ligação de confiança
politica entre representantes e representados, com vista à realização de interesses supremos
do Estado.

Por exemplo,, representação politica entre eleitos e eleitores.

A representação
epresentação também pode ser voluntária, baseada na voluntas,, através dela o
representante age em nome de outrem e neste caso é como se fosse o representado a agir.
Mas, também pode haver delegação de poderes para que a pessoa possa fazer representar-se.
representar

António Manuel de Albuquerque Pereira 32


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Aí, existe uma delegação de poderes de natureza pública de pendor administrativo do


delegante para o delegado.

Também podem existir os substitutos legais (substituição


( orgânica dentro do mesmo órgão).
Por exemplo, o Presidente da Republica é representado, nas suas ausências, pelo presidente
da AR, sistema adoptado no nosso país e em grande parte dos PALOP.

Para ser representante de alguém e agir como tal a pessoa tem que estar investida de poderes
legalmente estabelecidos e conferidos. A falta de competência
competência pode provocar a nulidade do
acto praticado. Outro elemento importante na representação é, sem dúvida, a titularidade: o
titular de determinado órgão, essa pessoa, tem um título que o vincula. O cargo é também
relevante. Este cargo é a missão que a pessoa
pessoa investida desempenha. Missão ou função dentro
de uma determinada instituição.

Classificação dos Órgãos Públicos:


- Simples
- Complexos Conforme a sua orgânica

São simples se não tiverem outra configuração, e complexos quando têm outros órgãos no seu
seio. Por exemplo: AR = Presidente da AR, comissões especializadas, etc.).

Os órgãos também podem ser singulares ou colegiais. O PR é singular (órgão unipessoal),


enquanto que o Governo é colegial.

Quantos ao acto dos órgãos: Estes poderes têm natureza ou politica. Por exemplo;
exempl
- Acto jurídico: Lei, Decreto-lei,
Decreto Decreto, …
- Acto politico: Declarações, moções, solidariedade com os outros povos, …

Entretanto, os actos dos órgãos públicos,


públicos ou do poder público, podem sofrer golpes,
vicissitudes: podem ter problemas que podem ser de ordem subjectiva ou de ordem objectiva.

As vicissitudes são objectivas quando estamos perante uma impossibilidade objectiva do poder
público.

Exemplo: Golpe de Estado – o poder público pode estar impedido de praticar actos. Isto é uma
situação fáctica, concreta.

As vicissitudes são subjectivas quando estamos perantee a prorrogação do mandato.

Exemplo: O mandato do parlamento termina a 31 de Dezembro, foram feitas eleições mas os


novos titulares não assumiram ainda as suas funções, neste caso, excepcionalmente,
excepcionalmente, pode
manter-se
se em função até à sua substituição. Em Portugal é imediato.

O órgão colegial para funcionar tem que se reunir, não é possível pôr em funcionamento um
órgão sem reuniões.

As decisões podem ser deliberadas quando o órgão reunir


reuni certos requisitos:
requisitos o quórum,
número de elementos necessário para tomar uma decisão legal e válida em nome de um
órgão.

António Manuel de Albuquerque Pereira 33


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Antes da reunião existe a convocatória (é


(é marcada a mesma antecipadamente)
antecipadamente para dar a
conhecer os assuntos a tratar.

No ponto de vistaa do Estado,


Estado as decisões podem ser por via de resoluções, despachos,
deliberações, decretos-leis,
leis, conforme previsto na lei.

Antes da tomada de decisão o órgão deve ser dada a possibilidade a todos os membros de se
pronunciarem sobre o acto (garantia de participação
participação da maioria dos membros).

As maiorias podem ser relativas ou absolutas, conforme os casos.

Os titulares dos órgãos públicos assumem a titularidade do órgão através de eleições, mas não
só porque podem ser através de nomeação, herança (monarquias, laços de sangue),
sangue por via
revolucionária (corte constitucional – auto proclamação),
), por inerência (o Chefe de Estado é,
é
por este meio, Comandante Supremo das Forças Armadas (Cfr. Alínea a) do Artigo 134º da
CRP).

Os órgãos de Estado Classificam-se:


Classificam
1) Órgãos
gãos de soberania;
2) Órgãos constitucionais;
3) Órgão, simplesmente órgão do Estado;

Os órgãos de soberania são órgãos dotados de poderes constitucionais para a prática de actos
de jus imperi (actos soberanos). Estes são previstos constitucionalmente, por isso,
isso quando há
um golpe de estado o militar que assume o poder não se pode dizer que o fez legalmente, não
está previsto tal acto na constituição.

Os órgãos de soberania do Estado,


Estado que também são órgãos constitucionais, são:
1. Presidente da Republica;
2. Assembleiaia da Republica;
3. Governo;
4. Tribunais.

Mas há outros órgãos constitucionais que não são soberanos. O Conselho de Estado é um
órgão constitucional mas não é de soberania. Todos os órgãos de soberania são órgãos
públicos, mas nem todos os órgãos públicos são órgão de soberania. Isto depende da
consagração constitucional.

As crises nos países de frágil democracia devem-se


devem se basicamente à falta ou ao défice do
funcionamento dos seus órgãos. Quando estes funcionam bem é que é mais fácil a garantia
dos DF.

Em resumo
umo onde existe um funcionamento justo das instituições, sejam elas soberanas,
constitucionais ou do Estado,, estamos perante a garantia efectiva dos DF.

Quaisquer DF não são absolutos.


absolutos. O ideal é que houvesse o gozo pleno. Existem vicissitudes,
factos de força
orça maior que impossibilitam o gozo pleno dos DF.

A Cláusula de não retrocesso,, essencial em matéria dos DF em DESC – que nada têm t a ver com
os direitos sob reserva do possível –,, significa que o Estado quando garante as condições para
o gozo pleno dos DFF não pode colocar os cidadãos perante uma situação anterior.

António Manuel de Albuquerque Pereira 34


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Por exemplo: Criar escolas e depois fechá-las.


fechá las. Tirar pessoas das barracas e depois voltar a
colocá-las lá.

Onde há maior preocupação ou consagração em termo de limites é sinal que o Estado é pouco
p
democrático. Onde há democracia não pode haver limitações (em grande escala).

- Órgãos de Soberania.

O que são órgãos soberanos ou órgãos de soberania?


São órgãos que ocupam o patamar mais elevado na estrutura orgânica
orgânica estadual. Vimos órgãos
do Estado, órgãos constitucionais,
constitucionais quanto aos órgãos de soberania são os que ocupam o lugar
mais elevado de qualquer tipo de estrutura orgânica estadual.

Estes órgãos são, por ordem:


1. O Presidente da Republica que é por natureza
eza um órgão de soberania unipessoal.
Qual é a missão do PR num regime semi-presidencialista?
semi
O PR tem cinco missões fundamentais,
fundamentais Artigo 120º, CRP:
1. Representação do Estado (Chefe de Estado);
2. É o garante da independência nacional;
3. É o garante da unidade nacional (tem que ser presidente de todos os portugueses e não
só daqueles que nele votaram;
4. É o garante do normal funcionamento das instituições democráticas (não ditatoriais);
5. É por inerência o Comandante supremo das forças armadas (chefe de todos os
militares). Isto porque o poder militar está subordinado ao poder politico, só não o é
quando existe o caudilhismo (poder militar).
Eleição, Artigo 121º, CRP:

O Presidente da República é eleito por sufrágio universal, directo e secreto dos cidadãos
cid
portugueses eleitores recenseados no território nacional, bem como dos cidadãos portugueses
residentes no estrangeiro.

Sistema eleitoral, Artigo 126º,


Será eleito Presidente da República o candidato que obtiver mais de metade dos votos
(50%+1) validamente
idamente expressos, não se considerando como tal os votos em branco. Se
nenhum dos candidatos obtiver esse número de votos, proceder-se-á
proceder á a segundo sufrágio até
ao vigésimo primeiro dia subsequente à primeira votação. A este sufrágio concorrerão apenas
os dois candidatos mais votados que não tenham retirado a candidatura.

Substituição interina, Artigo 132º, CRP


Durante o impedimento temporário do Presidente da República, bem como durante a
vagatura do cargo até tomar posse o novo Presidente eleito, assumirá
assumirá as funções o Presidente
da Assembleia da República ou, no impedimento deste, o seu substituto.

O Presidente da República/Chefe de Estado;


- Não dá instruções ao Governo, pode apenas aconselhar ou sugerir.
- Não há uma dependência deste com o Governo, mas uma lealdade constitucional
(Ambivalente).
- Não é oposição ao Governo.
- Tem direito a ser informado pelo PM (Primeiro-ministro),
(Primeiro ministro), pelo que o PM tem o dever
de o informar.
- Não tem poderes políticos.

António Manuel de Albuquerque Pereira 35


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

- Não pode nomear Juízes para o Tribunal Constitucional.


Constituci
- A Defesa e as Forças Armadas têm que ter articulação entre o PM e PR.
- Pode cumprir no máximo 2 mandatos consecutivos de 5 anos cada e depois voltar.

Segundo os professores Gomes Canotilho e Vital Moreira, o Presidente da República é


simultaneamente; Arbitro, Policia e Bombeiro.
- Arbitro: Porque vai arbitrar as relações entre o Governo e a Assembleia da República.
- Policia: Porque vai vigiar e controlar a actividade do Governo.
- Bombeiro: Quando:
1. O sistema está em crise, vai ter que actuar
actuar para declarar o estado de sítio
ou de emergência (anormalidade); Demitir o Governo e/ou dissolver
a Assembleia da República.
2. Se o governo for maioritário ele tem que demitir e dissolver. Se o
Governo for minoritário ele pode só demitir sem dissolver (porque dado a
não existência de maioria criar-se-ia
criar ia outro governo nas forças presentes
na AR (Assembleia da Republica).

As competências e responsabilidades inerentes ao seu cargo estão consagradas na CRP entre


os artigos 120º e 140º da CRP.
CRP

A Assembleia da Republica ocupa o segundo patamar na hierarquia dos órgãos de soberania


de Portugal (regime semi-presidencialista).
presidencialista). É um órgão colegial.

A sua composição é feita por deputados eleitos em listas apresentadas a sufrágio pelos
partidos políticos.

A AR tem 3 funções;
1. De natureza jurídica (legislativa);
2. Fiscalização dos actos de governação;
3. Administrativa: porque tem funcionários administrativos, motoristas, jardineiros,
etc.

AR é regulada pela CRP nos Artigos


Ar entre o 147º e o 181º.

Governo: (182º a 201º da CRP)


Composição:
- Primeiro-ministro
- Vice Primeiro-ministro
- Secretários de Estado
- Sub-secretários de Estado
O Conselho de ministros é composto pelo PM e pelos Ministros.
O Governo é um órgão colegial, terceiro da hierarquia
hie soberana de Portugal. Como
órgão político e legislativo produz Decretos e Decretos-Leis,
Decretos Leis, estes últimos quando há
competência concorrencial.

Quando pode estar em causa o mandato do governo?


1. Quando há votação de uma moção de confiança ou de censura.
2. Quando está em causa a votação do Orçamento de Estado. Neste caso só leva à queda
do governo uma segunda votação que não o aprove.

António Manuel de Albuquerque Pereira 36


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

3. Quando o governo é investido, se os partidos da oposição votarem uma moção de


rejeição o seu programa de governo. Assim, o programa
programa de governo tem que ser
votado e se for votado maioritariamente contra o governo cai.

As competências legislativas do governo são 4:


a) Exclusivas: Exclusivas.
b) Complementares: Quando o governo desenvolver leis de base da AR.
c) Derivadas: Quando o governo
governo legisla sobre as matérias que são de reserva relativa da AR,
(Artº 165º), e que tem que conjugar com o Artº 198º, alínea b), quando está autorizado
pela AR para legislar nessa matéria.
d) Concorrenciais: Quando tanto o governo como a AR podem legislar sobre sobr a matéria em
causa. Portanto quando não são reserva exclusiva de nenhum dos órgãos. Uma
competência genérica da AR também pode ser concorrencial, e por isso ser legislada
pelo governo(Artº 161, c)), através do Artº 198º, a), baseado no Artº 161, c).

Tribunais
- Função Jurisdicional (Artº 202º, CRP);
- Categorias de tribunais (Artº 209º e seguintes);
seguintes)
- Organização dos tribunais (Artº 209º e seguintes);
Os tribunais militares julgam os crimes, essencialmente militares, querem sejam
praticados por civisis ou por militares, desde que se enquadrem no tipo de “crimes
essencialmente militares”.

Ex.: Golpe de estado: seja civil ou militar o causador do acto é sempre julgado em tribunal
militar. Dado o enquadramento jurídico.

Os regimes políticos:
- Sistema de governo semi-presidencialista;
semi
- As funções e os actos jurídico-políticos;
jurídico

O governo estadual é em primeiro lugar um órgão soberano, um òrgão que exerce uma função
executiva.

A actuação de um governo, depende da sua sua relação com os governados. Em regimes


democráticos existe uma relação de igualdade entre governantes e governados perante a lei.
Não existe em democracia possibilidade de actuação do governo à margem da lei, o governo é
responsabilizado à semelhança de qualquer cidadão perante instâncias internacionais e
internas.

Existem três sistemas de governo:


- Presidencialismo;
- Parlamentarismo;
- Semi-presidencialismo;

No sistema presidencialista – temos o exemplo da experiência americana. Os poderes


concentram-se
se no presidente que é o chefe de estado e do executivo. Não existem ministros,
mas sim os secretários de estado que são colaboradores. Também não há primeiro-ministro.
primeiro

No sistema parlamentarista – o presidente tem pouquíssimas funções executivas, é um corta


fitas, as funções executivas concentram-se
concentram no parlamento e governo.

António Manuel de Albuquerque Pereira 37


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Em relação ao nosso sistema, mais os PALOP e ainda Timor, menos o Brasil (federal), o semi-
presidencialista representa uma conjugação e equilíbrio entre os dois sistemas.

cto particular prende-se


O aspecto prende se com a repartição que pode ser mais equilibrada mas com
pendor presidencialista ou pendor parlamentar. É mais difícil o equilíbrio quando os poderes
estão mais concentrados no presidente. Inversamente podemos falar num semi- semi
presidencialismo
cialismo com pendor parlamentar.

A dupla dependência ao chefe de estado e ao parlamento. O governo responde politicamente


perante o presidente da república e o parlamento. Essa dupla responsabilização executiva
coloca-o
o numa situação fragmentada sobretudo quando não detém maioria absoluta. Quando
detém a maioria absoluta a tendência é a ditadura. Pode haver bloqueios ou crises políticas.

A dupla responsabilização do governo evidencia-se


evidencia se na dissolução do parlamento e eleições
antecipadas. Quando há moção de censura, a rejeição de uma moção de confiança, a rejeição
do programa de governo pela segunda vez consecutiva. Com a queda do primeiro-ministro
automaticamente cai o governo.

Outra situação de responsabilização do governo perante o presidente é quando estamos


perante uma crise institucional que ponha em causa o normal funcionamento das instituições
democráticas.

Pode haver dissolução do parlamento, marcação de eleições antecipadas, mas o governo


perde a sua base de sustentação política e é demissionário.
demissionário. Um governo demissionário pode
ser transformado em governo de gestão. Mas também o chefe de estado pode nomear outro
governo de iniciativa presidencial.

Funções e actos jurídicos:


O estado exerce uma função legislativa, executiva, administrativa e judicial.
ju
Como sequência destas funções são praticados certos actos que podem ser soberanos ou não,
porque apesar de resultarem de òrgãos soberanos versam sobre matérias não soberanas, por
exemplo, um decreto presidencial é um acto soberano emanado pelo chefe chef de estado,
podemos ter um despacho, o chefe de estado pode emanar actos que não sejam soberanos.

Podemos ter leis, estamos a falar de actos emanados pelo parlamento, podemos ter também
decretos pelo governo, decretos lei do governo ou do parlamento conforme con matéria
concorrencial, podemos ter resoluções da Assembleia da República, pode ter uma deliberação,
por exemplo, uma reunião de Conselho de estado, òrgão de consulta do Presidente da
República.

Regulamento, regimento da Assembleia da República ou leis orgânicas do governo, ou uma


simples ordem de serviço, pode ter resolução na vertente internacional não resolução das
Nações Unidas.

Funções do estado:
A função primária do estado é de natureza constitucional. O estado surge por via de uma
constituição
ção que é adoptada numa assembleia constituinte. Pode ser articulada em actos
constituintes quando é reunida uma assembleia constituinte para adoptar uma constituição.
Podemos ter uma revisão constitucional que resulta de uma função constitucional.

António Manuel de Albuquerque Pereira 38


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Declaração de estado de sítio,


sítio, excepção constitucional, nessa situação é possível a limitação de
gozo de direitos fundamentais, mas voltar ao normal o mais rapidamente possível.

Função legislativa dos actos administrativos é levada ao parlamento, mas também a outro
órgão como o governo e as instituições das regiões autónomas. A função legislativa pode ser
exercida na generalidade e na especialidade,, também pode ser de forma horizontal ou
vertical.

A horizontal depende da partilha dessa função entre alguns órgãos,, a Assembleia da República
e o governo.

A vertical depende da relação entre os òrgãos centrais de estado e os òrgãos das regiões
autónomas.

A função legislativa também pode ser exclusiva ou delegável.


A exclusiva é exercida através de leis;
A delegável ocorre autorização legislativa para que o governo possa legislar na matéria objecto
da delegação de poderes por via de decreto-lei.. A função legislativa do parlamento sobre
diferentes matérias que não se colocam no mesmo plano hierarquicamente valorativo.
valo

As leis orgânicas que resultam do parlamento são só relativamente em exercício da sua


competência exclusiva. Devem ser aprovadas por maioria de ⅔ dos deputados em funções.

As regiões autónomas produzem os decretos legislativos regionais que vinculam


vinculam aos residentes
dessa região.

Função política dos actos políticos:


Por exemplo a marcação de eleições é um acto político, não é um processo legislativo. Quando
o parlamento aprova um tratado ou convenção internacional é uma decisão política.

Em relação às autorizações legislativas é quando o parlamento permite ao governo poder para


legislar, este pode ou não legislar. A autorização não é genérica, abrange matérias não
exclusivas da Assembleia.

Função legislativa
O Processo Legislativo

Como é que as leis são produzidas?


Vimos na aula anterior os actos de natureza política, judicial, mas concretamente actos
jurídicos produzidos por órgãos.
órgãos

O órgão legislativo, a Assembleia da República ou o Parlamento, sendo de natureza


na legislativa,
produz actos jurídicos de valor público. Os actos jurídicos públicos devem ser legitimados por
órgãos próprios para que possam ter um valor social. O acto para ser válido deve ser produzido
pelo órgão próprio, dotado de legitimidade para o efeito.

O procedimento legislativo exerce a racionalidade do òrgão com poder de decisão, não


permite improvisações, deve ser sério, caracterizado pela rácio e não pelo efeito surpresa e
deve respeitar uma tramitação técnica, quer dizer a feitura das leis,
leis, é de acordo com critérios
técnicos, ou seja, a técnica legislativa, por exemplo, o processo de feitura das leis no sistema
jurídico românico-germânico,
germânico, obedece a uma técnica legislativa próprio.

António Manuel de Albuquerque Pereira 39


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

O procedimento legislativo é de várias categorias:


- podemos ter um procedimento legislativo a nível parlamentar quando nasce da própria
estrutura parlamentar, quando as leis são produzidas por um parlamento;
- também o procedimento legislativo governamental – o governo também legisla por vias de
decretos lei em casos de autorizações legislativas;
- outro procedimento legislativo é nacional – as leis da Assembleia da República podem ter um
alcance nacional;
- um procedimento legislativo também pode ser regional - quando diz respeito aos òrgãos da
Madeira e dos Açores;
- geral e abstracto;
- pode ser especial – visando uma determinada categoria de destinatários;
- podemos ter um procedimento legislativo normal – dentro dos prazos normais;
- Temos também um procedimento legislativo de urgência – quando há situaçõessituaçõe de crise,
grave, por exemplo incêndios, calamidades naturais, as normas devem respeitar a situação de
urgência;

O procedimento legislativo parlamentar pode seguir a seguinte tramitação:


- a primeira fase – iniciativa ;
- depois vem a instrução de acordo
acord com a estrutura orgânica;
- a seguir vem a deliberação – tomada de decisão;
- a fase da eficácia – publicação para que a lei possa produzir efeitos a terceiros;

O procedimento legislativo parlamentar nacional é o normal (comum). Temos outros


procedimentos
entos já referidos como por exemplo: a de um estatuto político administrativo das
regiões autónomas é a Assembleia Regional.

A proposta legislativa regional – é a Assembleia Regional;

Em caso de declaração de estado de sítio ou emergência – se for a nível


nív nacional é a
Assembleia da República;

Quem faz autorizações legislativas?


A Assembleia da República e autoriza o governo.

A iniciativa legislativa pode ser:


- Interna – é através dos deputados, dos grupos parlamentares, comissões especializadas;
- externa – quando a iniciativa é feita pelas entidades que não tem…
por exemplo, uma iniciativa feita por funcionários da Assembleia da República é externa;
Um aspecto importante em termos de iniciativa legislativa é a legitimidade por parte
da entidade que inicia o procedimento legislativo;

A legitimidade pode ser:


- orgânica – do òrgão;
- individual – dos indivíduos;

Imaginemos que a Assembleia da República aprova uma lei, esta é submetida ao chefe de
estado, este não aprova, há duas saídas:
- aprovação – Assembleia da República;
- promulgação – Presidente da República;
- Referenda ministerial – Primeiro Ministro só para saber que teve conhecimento;

António Manuel de Albuquerque Pereira 40


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

- publicação – via do boletim oficial – Diário da República;

Entre a publicação e a entrada em vigor


vig – vacatio legis – é definido previamente;

 Os direitos fundamentais nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira.


 A garantia da Constituição e a fiscalização da constitucionalidade.

As regiões Autónomas dos Açores


Açores e da Madeira, por razões estratégicas, são definidas como
regiões autónomas, sem prejuízo da sua inserção no Estado Unitário Português.

As regiões autónomas estão consagradas no Título VII da CRP.


As regiões autónomas têm
m órgãos de governo próprio.

Esses órgãos são:


1.º Assembleia Legislativa;
2.º O governo Regional;
3.º O representante da República para as Regiões Autónomas.

A assembleia legislativa é um órgão legislativo do tipo parlamentar, é o órgão representativo


de todos os Portugueses residentes nas regiões autónomas. O seu mandato é de 4 anos.

A assembleia legislativa é o único órgão regional eleito por sufrágio universal, directo e secreto
dos eleitores residentes nas regiões autónomas.

A assembleia é o órgão que monopoliza toda a função legislativa e exerce também funções
políticas e administrativas.

O Governo Regional desempenha funções executivas na região, consequentemente é o órgão


de direcção executiva geral da Região Autónoma. O Governo Regional é chefiado pelo
Presidente Regional e por Secretários Regionais, estes são nomeados em função de áreas
específicas da governação regional.

O Presidente Regional é nomeado pelo Representante da República para as regiões


Autónomas, tendo em conta os resultados eleitorais. Os Secretários
Secretários Regionais são nomeados
pelo Representante da República, sob proposta do Presidente do Governo Regional.

O Governo Regional tem funções de natureza política e administrativa.


O Representante da República representa o Estado Português no Estado Regional. Regi O
Representante da República é um órgão unipessoal e é nomeado e exonerado pelo Chefe de
Estado Português → o único condicionalismo é o da audição
audição obrigatória do governo (ouvido o
governo) cuja tomada de posição não é vinculativa.

O mandato do Representante da República para as Regiões Autónomas é de 5 anos.


O Representante da República para as Regiões Autónomas
Autónomas é substituído em caso de
impedimento ou ausência do Presidente da Assembleia Legislativa.

O poder legislativo regional é exercido por via de decretos legislativos regionais.


Entretanto, esse poder legislativo encontra barreiras constitucionais que são as seguintes:
1.º Não pode legislar fora, ou seja,
seja não pode legislar para a Região Autónoma da Madeira;

António Manuel de Albuquerque Pereira 41


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

2.º Não pode legislar nas matérias que constituem reservas da constituição, ou seja, não pode
legislar em matérias da competência reservada de outros
outros órgãos soberanos (limites
impostos pela constituição);
3.º É a forma unitária do Estado, ou seja, não podem esses órgãos legislar contra a forma
unitária doa estado (não podem reivindicar a independência);
4.º Ao legislarem nas matérias da sua competência,
competência, tem que respeitar as leis gerais emanadas
pela Assembleia da República, que vinculam todos os Portugueses (Tráfico de
Estupefacientes, o Serviço Militar Obrigatório);

AUTARQUIAS LOCAIS

As Autarquias Locais são pessoas colectivas de direito público, munidas


munidas de órgãos de
representação e visam a defesa de interesse específicos das respectivas populações.

Nesta definição podemos destacar:


O elemento formal – caracteriza as autarquias como direito público;
O elemento humano ou populacional – conjunto de cidadãos residente numa
determinada área geográfica;;
O elemento territorial – território (área geográfica especifica);
Elementos funcionais – as Autarquias tem como função o aspecto administrativo local,
embora também possa ter alguma função politica.

Estrutura orgânica das Autarquias


Municípios;
Assembleia Municipal;
Câmara Municipal;
Presidente da Câmara Municipal;

Os titulares desses órgãos são eleitos directamente pelos cidadãos.

FREGUESIAS

Estrutura orgânica das Freguesias


- Assembleia de Freguesia;
reguesia;
- Junta de Freguesia.

A assembleia é eleita directamente pelos respectivos cidadãos recenseados no


território.
A junta de Freguesia é composta pelos membros eleitos na 1.ª assembleia de
freguesia.
O Presidente da Junta é o cabeça de lista do partido vencedor.

GARANTIA DA CONSTITUIÇÃO

A garantia da constituição é um conjunto de instrumentos necessários para a defesa da


constituição.

A constituição é a Lei Fundamental do Estado.

Esses mecanismos podem ser garantias internas ou garantias externas.

António Manuel de Albuquerque Pereira 42


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

São internas → as que encontramos dentro de um determinado ordenamento jurídico;


Garantias gerais → visam a defesa de toda a ordem constitucional;
Garantias especiais → visam a defesa de determinados capítulos da CRP;
Garantias informais → as relacionadas com a ética e o comportamento dos governantes;
Garantias institucionais → Tem em conta a defesa das instituições;
instituiç
Garantias ordinárias → São São aquelas que estão relacionadas com a normalidade
constitucional;
Garantias extraordinárias → as que estão
est relacionadas com a anormalidade
normalidade constitucional
(Estado de Sitio e Estado de emergência).

Porque é que a ordem jurídica ergue esses instrumentos de defesa?


Em primeiro lugar – porque o poder público é o 1.º violador da ordem constitucional.
Em segundo lugar – porque visa a salvaguarda
sa dos direitos fundamentais.

Assim, todos os partidos inconstitucionais na sua existência, surgimento e prática politica, não
podem existir. É uma protecção contra movimentos associativos totalitários.

Consequências dessas garantias


– Podemos ter crimes políticos, mas também podemos ter crimes de função (Ministros etc.).

Que outros mecanismos a C.R.P. põe à disposição do cidadão?


- Direito de resistência,, com vista à defesa dos valores supremos da CRP;
- Direito à objecção de consciência (ninguém uém está obrigado a cumprir leis ou ordens que
chocam com a dignidade da pessoa humana;
- Defesa da ordem e dos valores constitucionais (revisão constitucional), tendo em conta os
limites materiais de revisão;
- Estado de excepção constitucional:
constitucional nesta situação
uação concreta estaremos perante uma
perturbação da ordem constitucional.

O mecanismo de vigilância é a fiscalização da constitucionalidade.

O que é a constitucionalidade?
É a conformidade dos actos / leis com a constituição.
constituição

A CRP pode ser violada dee várias formas, pode ser violada explicitamente (de forma clara) ou
implicitamente (por violação de uma das suas normas ou regra).

Violação por acção – O órgão público praticou um acto que viola a CRP.
Violação por omissão – O órgão público, por omissão (consciente ou não) não praticou ou
deixou de praticar um acto que estava obrigado.

A inconstitucionalidade pode verificar-se


verificar se dentro de um órgão concreto (orgânico).

Exemplo: O PR começa a desenvolver funções que são da competência do Governo (usurpação


(usurpaçã
de funções de outro órgão).

A violação da CRP: pode ser formal – O PR emite decretos presidenciais não pode emitir
decretos do governo, porque são reservados ao governo.

António Manuel de Albuquerque Pereira 43


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

Violação do ponto de vista do procedimento legislativo – Incumprimento de requisitos


requis na
publicação da lei.. Se a lei for mandada publicar antes de se cumprirem todos os requisitos
constitucionais.

A violação da constituição pode ser total ou parcial.


p

Qual é a consequência da violação da Constituição?


O acto jurídico inconstitucional,
inconstitucional, ferido de inconstitucionalidade, pode ser nulo.

Ex tunc (nulidade radical) e Ex nunc (nulidade parcial).

A violação da CRP pode acarretar as seguintes responsabilidades:


• Penal – pena de prisão
• Contra – Ordenacional
• Responsabilização financeira (cível)
(cíve
• Responsabilidade disciplinar
• Responsabilidade política (perda de mandato, substituição, perda de lugar).
• A responsabilização pode ser por via da fiscalização da constitucionalidade preventiva
– o Chefe de Estado antes de promulgar um diploma, pode desencadear
desencadear um processo
de fiscalização preventiva.

Também podemos ter a fiscalização concreta e difusa por via dos Tribunais. O Tribunal, num
caso concreto, ao aplicar uma determinada norma, duvida da constitucionalidade dessa
norma, como tal pode requerer a fiscalização da constitucionalidade dessa norma através do
Ministério Público e se for declarada inconstitucional pode ser expurgada da ordem jurídica.

Qualquer cidadão pode solicitar a fiscalização concreta e difusa.

Exemplo: Decorre uma acção ou um processo num determinado Tribunal e o Juiz adstrito ao
processo aplica uma norma inconstitucional ao caso concreto, nesse caso pode ser suscitado
um incidente que subirá ao Tribunal Constitucional. No TC se a norma for declarada
inconstitucional, o processo
o baixa ao Tribunal Constitucional e o Juiz tem que conformar a sua
decisão com a do Tribunal Constitucional.

Categorias dos Direitos Fundamentais:


- Os direitos inerentes à liberdade de expressão (comunicação)
- Direitos
reitos laborais (trabalho)

Nos termos do artigo 9º da Constituição da República Portuguesa, o estado deve criar as


condições políticas, mas também económicas, sociais e culturais que possam promover a
independência nacional. Por outras palavras, só faz sentido
sentido falar da independência nacional
quando o estado cria as condições que possam garantir o desenvolvimento e o gozo perfeito
desses direitos.

A liberdade de expressão e de informação:


informação
É um direito fundamental, como já vimos, não podendo em nenhuma circunstância
ci ser
suprimido da constituição mesmo em situação de emergência, por outras palavras, o poder
público não pode silenciar as pessoas. Poderá haver imposição circunstancial de limites a esse
direito, mas nos justos limites, sem ultrapassar determinados
determinados parâmetros, determinados
valores.

António Manuel de Albuquerque Pereira 44


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1
Direito Constitucional II - Direitos Fundamentais
Docente: Joãozinho Vieira Có

A limitação desta categoria de direitos fundamentais, só acontece em última rátio como


conditio (cine qua non)) para garantia de outros direitos fundamentais.

A liberdade de expressão implica a possibilidade das pessoas


pessoas utilizarem os meios de
comunicação social privados ou públicos. Não é consagrando formalmente o direito das
pessoas falarem que está garantido o direito à informação. Ao estado não basta criar e
garantir.

Nos países em vias de desenvolvimento, qualquer violação de direitos fundamentais é


facilmente vivida colectivamente.

Outra característica de direitos fundamentais, neste caso,


caso o direito laboral:
Os direitos laborais encontram a sua base normativa de consagração
consagração em instrumentos de
direito interno e internacional. Em relação ao direito interno, destacamos a lei fundamental ou
a constituição e a legislação ordinária. Internacionalmente podemos alguns documentos ou
instrumentos pactícios
actícios ou convencionais. Destacamos
D a CEDH – Convenção Europeia dos
Direitos do Homem,, que vigora em Portugal por força da lei nº 65/78 de 13 de Outubro;Outubro a
carta social europeia que entrou em vigor em Portugal por força da resolução da Assembleia
da República nº 21/91 de 6 de Agosto;
Agost outro instrumento internacional é o pacto internacional
sobre os direitos civis e políticos através da lei nº 29/78 de 12 de Junho; o pacto internacional
sobre os direitos económicos, sociais e culturais que vigora em Portugal através da lei nº 45/78
de 11 de Julho; entre outros.

António Manuel de Albuquerque Pereira 45


Universidade Lusófona de Lisboa - Direito – 2005/2006 – Turma 2P_1

Vous aimerez peut-être aussi