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FLORESTAN FERNANDES
Florestan Fernandes
Renato
Roschel
do Banco
de Dados
Fonte:
Fundação Florestan Fernandes
Uma vida de luta e construção
Florestan
aos cinco anos começando
Obteve a licenciatura em 1943, ano em que O Estado de São Paulo publicou o seu
primeiro artigo. Em 1944, casou-se com Myriam Rodrigues Fernandes, com quem teve
seis filhos. Neste mesmo ano, tornou-se assistente do professor Fernando de
Azevedo, na cátedra de sociologia II. Obteve o título de mestre em 1947 com a
dissertação A organização social dos Tupinambá e concluiu o doutorado em
1951, com a tese A função social da guerra na sociedade Tupinambá, sob
orientação do professor Fernando de Azevedo.
Nas obras em que defendeu (por sinal, são muito respeitadas
ainda hoje), Florestan constrói a estrutura da tribo Tupinambá, já
desaparecida na época, por meio de documentos de viajantes. Concluído o
doutorado, Florestan passou a livre docente da USP na cátedra de Sociologia I,
e posteriormente, tornou-se professor titular.
Faleceu em São Paulo no dia 10 de agosto de 1995, aos 75 anos de idade, vítima
de embolia gasosa maciça (presença de bolhas de ar no sangue), seis dias após
submeter-se a um transplante de fígado. Ele estava revisando os originais de
seu último livro: A contestação necessária – retratos intelectuais de
inconformistas e revolucionários, uma coletânea de biografias de amigos e heróis.
A militância política
Época
da Constituinte,
Na Universidade, Florestan inaugura uma nova fase de sua vida. Engajado nos
estudos e na reflexão sobre a sociedade, aprofunda-se no pensamento de Émile
Durkheim e dos demais pensadores da sociologia positivista. Como um intelectual
orgânico, introduz no meio acadêmico um novo perfil intelectual,
responsabilizando-se e engajando-se nos problemas da realidade social
brasileira, sobretudo na militância em prol das pessoas de condições menos
favorecidas.
Florestan
(no alto, à direita) em um dos
Defesa
de tese de Octavio Ianni em 1961.
Florestan, que sempre lutou pelos menos favorecidos, que mobilizou diferentes
segmentos para a construção de um projeto democrático e tentou incluir nas
leis medidas que contemplassem a educação popular, encontrando resistências
nas comissões foi traído e injustiçado por seu amigo.
Esse conflito vivido entre Florestan e Darcy Ribeiro foi aberto e ocupou espaço
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Conclusões
O
deputado federal Florestan Fernandes
Principais Obras
(Estas duas obras são indispensáveis para o conhecimento das nossas sociedades
indígenas)
(São obras que servem de eixo para compreender o Brasil que se seguiu à queda
do antigo regime).
Bibliografia
http://www.florestaneducador.hpg.ig.com.br/sumario.htm São
Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 2005
Folha
de São Paulo
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DEPOIMENTO
Florestan
e o MST
ANTONIO
CANDIDO
Numa reunião como esta, nada mais natural do
que evocar o nome de Florestan Fernandes, um dos intelectuais
brasileiros do nosso tempo mais empenhados em transformar o
pensamento em ação política e social.
O
traço que quero ressaltar nele em primeiro lugar é o
orgulho com que sempre se referiu à humildade das suas origens
de homem do povo, nascido na pobreza, marcado pelas privações
que se opõem como obstáculo à realização
pessoal. Orgulho nobre e justo, porque para ele esses obstáculos
foram estímulo, e os seus grandes feitos surgiram da luta
contra tudo o que poderia tê-lo paralisado.
Florestan
construiu a sua personalidade, a sua carreira, a sua obra, a sua
militância graças a uma tenacidade e a uma coragem
raras, aliadas à lucidez com que soube desde cedo analisar a
realidade que o cercava, escolhendo as posições de
radicalidade e inconformismo. Consciente da iniqüidade própria
da nossa organização social, ele se aplicou a partir de
certa altura a estudar o mecanismo do privilégio, a natureza
das oligarquias, a formação da burguesia, a exclusão
do negro depois da Abolição, os vícios elitistas
do nosso processo educacional.
Havia na sua personalidade
poderosa uma espécie de titanismo, tomada a palavra em seus
dois sentidos principais: o de força hercúlea e de
ânimo de revolta contra as potências superiores.
Curiosamente, ele atuou a maior parte da vida fora dos partidos.
Ainda moço, na segunda metade dos anos de 1940, por influência
de seu amigo Hermínio Sacchetta, militou algum tempo numa
organização trotskista, mas em seguida, e por quase
quarenta anos, militou por conta própria, só
ingressando no PT em 1986, quando foi eleito deputado federal. Nesse
longo intervalo, eu lhe dizia de vez em quando que não
precisava entrar para nenhuma organização partidária,
porque valia sozinho um partido de esquerda...
Isso se tornou
claro no decorrer dos anos de 1950, quando empreendeu com Roger
Bastide a grande pesquisa sobre a condição do negro em
São Paulo. Até então ele se enquadrava no tipo
mais acadêmico de sociologia, no qual produziu alguns trabalhos
fundamentais. A partir da referida pesquisa, foi elaborando o que
viria a denominar "sociologia crítica", isto é,
marcada pela consciência política.
A situação
do negro é um dos problemas mais graves da sociedade
brasileira, porque significa a exclusão e a humilhação
de grande parte do povo devido à cor da pele. É uma
situação que desumaniza o excluído, por
negar-lhe acesso aos níveis satisfatórios da vida
social e econômica; e desumaniza também os agentes da
exclusão, porque implica neles uma falta de fraternidade que
raia pela insensibilidade moral.
Florestan enfrentou este
problema com decisão e clarividência, inclusive fazendo
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ANTONIO
CANDIDO, 86, é crítico literário, professor
emérito da USP e autor de "Formação da
Literatura Brasileira" (1959) e "O Discurso e a Cidade"
(1993), entre outros livros.