Vous êtes sur la page 1sur 24

AGÊNCIA NACIONAL PARA A QUALIFICAÇÃO

DEPARTAMENTO DE GESTÃO INTEGRADA DE SISTEMAS DE QUALIFICAÇÃO

RECOMENDAÇÕES DE APOIO À ORGANIZAÇÃO E


FUNCIONAMENTO DAS OFERTAS EDUCATIVAS E
FORMATIVAS DE DUPLA CERTIFICAÇÃO DE JOVENS

OUTUBRO DE 2008
ÍNDICE

Introdução 3

1. Actualização do Projecto Educativo de Escola (PEE) 4


2. Actualização e apropriação do Regulamento Interno 4
3. Definição da oferta 5
4. Proposta de cursos com acesso a profissões regulamentadas 6
5. Divulgação da oferta da escola 6
6. Financiamento das ofertas pelo Programa Operacional Potencial Humano (POPH) 7
7. Identificação e recrutamento de alunos 8
8. Estrutura de coordenação no âmbito da Iniciativa Novas Oportunidades 9
9. Atribuição de cargos e funções 9
10. Funcionamento da equipa pedagógica 11
11. Formação contínua de professores 12
12. Flexibilidade curricular e planificação 12
13. Recuperação de módulos em atraso 13
14. Informação de apoio à prática pedagógica 14
15. Estratégias pedagógicas 14
16. Avaliação das aprendizagens 15
17. Implicação dos alunos no seu processo formativo 16
18. Mecanismos para a promoção do cumprimento dos planos de formação 17
19. Adequação de salas e equipamentos 19
20. Parcerias para utilização de recursos físicos e materiais 19
21. Planificação e operacionalização da formação em contexto de trabalho 20
22. Tipologia e operacionalização da Prova de Aptidão Profissional (PAP) e da Prova 22
de Avaliação Final (PAF)
Considerações finais 23

2
INTRODUÇÃO

O crescimento da oferta de cursos de dupla certificação de jovens nas escolas da rede pública que
se verificou nos últimos dois anos constitui um grande desafio que estas têm sabido e querido
enfrentar. Mas, ao mesmo tempo, implicou a necessidade de se confrontarem com novas exigências
de organização e de funcionamento, tendo em conta que para uma parte significativa delas se trata
de uma experiência formativa completamente nova.

Ciente da existência dessas dificuldades, mas também de que as próprias escolas vão procurando
respostas e ensaiando soluções, e da necessidade de, para além de continuar o processo de
alargamento, enfrentar o desafio da consolidação e da sustentabilidade, a Agência Nacional para a
Qualificação (ANQ, IP), através do Departamento de Gestão Integrada de Sistemas de Qualificação
(DGISQ), em estreita colaboração com as Direcções Regionais de Educação (DRE), realizou no 1º
semestre de 2008 visitas de acompanhamento a várias escolas com ofertas de Cursos de Educação
e Formação de Jovens (CEF) e de Cursos Profissionais.

O presente documento resulta da análise da informação recolhida nesse processo de


acompanhamento, através de observação, de entrevistas a órgãos de gestão e a outros
responsáveis pela implementação destas ofertas e da recolha de documentos usados pelas escolas
no apoio à sua organização e funcionamento. Resulta igualmente das interacções que
quotidianamente se vão estabelecendo entre a ANQ e as escolas e da análise de regulamentos
internos de escolas profissionais. Foram ainda consideradas recomendações constantes do
documento “Recomendações para a Reforma do Ensino Secundário” do Grupo de Avaliação e
Acompanhamento da Implementação da Reforma do Ensino Secundário (GAAIRES).

Foi a partir da informação obtida por estas vias que se elaborou um conjunto de informações, de
sugestões e de recomendações referentes à organização e ao funcionamento dos Cursos de
Educação e Formação e dos Cursos Profissionais, as quais constituem o presente documento.

Pretende-se, assim, partilhar experiências e soluções e apoiar as escolas e os professores. No


entanto, estamos convictos de que a sua utilidade será necessariamente diversa, dependendo da
experiência e do caminho já percorrido por cada um dos seus destinatários na implementação das
ofertas educativas e formativas de dupla certificação.

Agradecemos aos técnicos das Direcções Regionais de Educação que acompanharam as visitas e às
escolas pela disponibilidade demonstrada para nos receberem e para nos fornecerem toda a
informação que solicitámos. Sem essa disponibilidade não teria sido possível realizar este trabalho.

3
1. ACTUALIZAÇÃO DO PROJECTO EDUCATIVO DE ESCOLA (PEE)

Tendo em conta que a introdução e/ou o alargamento das ofertas qualificantes representam para
muitas escolas públicas alterações estratégicas muito significativas, considera-se que, no momento
de revisão do PEE, e de modo a que este documento identifique “os princípios, os valores, as metas
e as estratégias segundo os quais o agrupamento de escolas ou da escola não agrupada se propõe
cumprir a sua função educativa”1, deve ser reflectida esta reorientação estratégica e integrados os
seguintes aspectos:
 Enquadramento e fundamentação da integração das ofertas qualificantes na
orientação estratégica da escola, tendo em conta o diagnóstico que é feito do
contexto escolar e do meio envolvente considerando, entre outros, parâmetros como
a caracterização demográfica, a caracterização socioeconómica (eg. tecido
empresarial, actividades económicas, emprego e desemprego) e caracterização
níveis de escolarização e de qualificação e dos recursos existentes na escola;
 Definição de objectivos ou estabelecimento de metas que ajudem a atingir os
objectivos, por ano lectivo, por modalidade de educação e formação e por ciclo de
formação;
 Identificação das estruturas de coordenação das ofertas qualificantes e sua
integração na organização da escola;
 Identificação de parcerias que potenciem a relação da escola com o meio e das
ofertas qualificantes com o mercado de trabalho;
 Identificação de potenciais projectos no âmbito das áreas de formação dos percursos
qualificantes que envolvam a comunidade educativa.

2. ACTUALIZAÇÃO E APROPRIAÇÃO DO REGULAMENTO INTERNO (RI)

O Regulamento Interno, enquanto instrumento que operacionaliza o PEE, deve integrar e dar
visibilidade à regulamentação específica de todas as ofertas da escola e enquadrar situações não
previstas nos normativos legais relativos a cada oferta. Assim, e no que respeita às ofertas
qualificantes, considera-se relevante que o RI explicite aspectos como:
 A organização e o funcionamento das estruturas de coordenação;
 O funcionamento e a periodicidade das reuniões das equipas pedagógicas;
 Os mecanismos de promoção do cumprimento dos planos de formação;
 Os mecanismos de reposição de horas de formação;
 Os mecanismos de recuperação de módulos em atraso;
 A promoção e organização de parcerias e de protocolos de colaboração;
 A organização e o funcionamento da formação em contexto de trabalho;
 Os critérios de calendarização, concepção e desenvolvimento dos projectos de PAP;

1
Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de Abril, Artigo 9º, nº 1, alínea a).

4
 Os critérios de realização da PAF.

Ao longo deste documento são apresentadas várias sugestões relativas a cada um destes pontos e à
sua introdução no RI.

Por outro lado, é fundamental que o RI seja apropriado por todos os intervenientes no processo
educativo e formativo, pelo que devem ser desencadeados mecanismos para a sua divulgação junto
da comunidade, como por exemplo:
 Apresentação e entrega aos professores, funcionários, alunos e encarregados de
educação (EE), no início do ano lectivo. Esta apresentação pode ser feita em reunião
geral para toda a comunidade, por modalidade de formação, por ano ou por turma,
conforme a organização que a escola considere mais adequada.
 Enquadramento da informação remetida aos EE sobre os seus educandos nas
normas de funcionamento estabelecidas no RI.
 Disponibilização na página Web da escola.

3. DEFINIÇÃO DA OFERTA

Considerando o enquadramento das linhas de orientação a nível nacional, que visam a definição de
uma rede equilibrada e sustentável de percursos qualificantes, torna-se necessário desenvolver
dinâmicas que a optimizem, tendo em conta a diversidade de áreas de formação, as características e
as necessidades de formação do meio e a promoção de escolhas realistas por parte dos jovens.

Assim, deverão as escolas estabelecer contactos e articular estratégias quer com as outras escolas
quer com outras entidades formadoras do concelho ou de concelhos próximos, para promover a
diversificação, a racionalidade e a sustentação da oferta.

Neste sentido, a metodologia de definição da oferta deverá prever que, num primeiro momento,
tenham lugar reuniões para partilha de informação sobre a oferta existente na região, a oferta de
emprego e as possibilidades de integração no mercado de trabalho dos diplomados, tendo em conta
também os investimentos previstos para a região a curto/médio prazo. Estas reuniões devem
envolver as entidades formadoras, representantes da autarquia, das entidades empregadoras, de
outras instituições públicas e privadas de dimensão local e/ou regional, podendo ser promovidas
pelas DRE ou ser dinamizadas a nível concelhio, eventualmente no âmbito do conselho municipal de
educação, ou por uma ou várias escolas.

Num segundo momento tem lugar a apresentação das propostas de cada escola, resultantes dos
contactos previamente estabelecidos com as entidades anteriormente identificadas, da procura por
parte dos alunos e dos recursos físicos e materiais disponíveis, o que acontece em reuniões
dinamizadas pelas DRE.

5
A ANQ, em articulação com as DRE, disponibilizará dados, por concelho, por NUT III e por NUT II,
sobre o volume e a dinâmica do emprego e sobre a estrutura da oferta formativa, bem como
orientações estratégicas para a regulação da Rede. Com base nesta informação poderão as escolas
apresentar propostas mais sustentadas e que articulem as suas ofertas com as ofertas de outras
entidades e com as estratégias de desenvolvimento local, regional e nacional.

4. PROPOSTA DE CURSOS COM ACESSO A PROFISSÕES REGULAMENTADAS

Existem profissões regulamentadas2, isto é, profissões cujo exercício requer, para além da
certificação conferida pela escola, certificação de aptidão profissional emitida por uma entidade
competente (eg. Cabeleireiro, Técnico de Gás, Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho). Assim,
as propostas de oferta de cursos cujas saídas correspondem a profissões regulamentadas devem
integrar o parecer prévio das autoridades competentes responsáveis pela regulamentação relativa
ao exercício das actividades profissionais em causa, tendo em vista garantir a certificação dos
alunos para o exercício dessas profissões.
Sugere-se que este parecer seja solicitado pela escola/ entidade formadora à respectiva entidade
competente com uma antecedência que permita a sua emissão em tempo útil, para que esse
parecer possa vir a ser anexado à respectiva candidatura na plataforma SIGO.
As escolas poderão obter junto da ANQ ou das DRE informação sobre os procedimentos a
desenvolver na apresentação das propostas.
O Catálogo Nacional de Qualificações, disponível em www.catalogo.anq.gov.pt, contém também
informação detalhada sobre as profissões regulamentadas e respectivas entidades certificadoras.

5. DIVULGAÇÃO DA OFERTA DA ESCOLA

Para garantir a procura e a consolidação do PEE, é fundamental que a escola promova e divulgue as
suas ofertas junto dos alunos, das suas famílias e da comunidade envolvente. Seguem-se exemplos
de actividades de divulgação desenvolvidas por algumas escolas:
 Visitas a outras escolas;
 Visitas a empresas;
 Elaboração e distribuição de folhetos e cartazes;
 Distribuição em suporte digital (CD, DVD, Pen-disk);
 Divulgação na revista da escola e/ou na sua página Web;
 Elaboração e apresentação de filme de divulgação em suporte digital;
 Dinamização de debates e entrevistas a ex-alunos diplomados de cursos
qualificantes;
 Sessões de esclarecimento com a participação de profissionais de diferentes áreas;
 Reuniões/sessões de informação com alunos e encarregados de educação;

2
A lista completa das profissões regulamentadas poderá ser consultada em www.anq.gov.pt

6
 Mostra das ofertas formativas e das respectivas saídas profissionais, em exposições,
feiras, etc.;
 Anúncios nos cinemas, jornais e rádio locais.

6. FINANCIAMENTO DAS OFERTAS PELO PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL


HUMANO (POPH)

As ofertas formativas de dupla certificação de jovens podem ser financiadas através do Eixo 1.
Qualificação Inicial do POPH. São elegíveis, entre outros, encargos com formandos, com formadores,
com outro pessoal afecto ao projecto formativo, com rendas, alugueres e amortizações, com
preparação, acompanhamento e avaliação, com a promoção de encontros e seminários temáticos3.

O processo de candidatura é regulado:


 No que se refere aos CEF, pelo Regulamento Específico da Tipologia de Intervenção
nº 1.3., “Cursos de Educação e Formação de Jovens” (Despacho 18228/2008, de 8
de Julho, Anexo)4;
 No que se refere aos Cursos Profissionais, pelo Regulamento Específico da Tipologia
de Intervenção nº 1.2., “Cursos Profissionais” (Despacho 18224/2008, de 8 de
Julho, Anexo)5.

Podem também ser financiadas intervenções nos espaços físicos e nos equipamentos, a saber:
 Remodelação e/ou adaptação das áreas oficinais;
 Remodelação e/ou adaptação das áreas laboratoriais;
 Remodelação e/ou adaptação de Bibliotecas Escolares/Centros de Recursos;
 Modernização tecnológica, intervindo a nível dos equipamentos e do software
informático/audiovisual.

O processo de candidatura é regulado pelo Regulamento Específico da Tipologia de Intervenção 1.5.,


Reequipamento dos Estabelecimentos de Ensino.6

No sítio do POPH, em www.poph.qren.pt, encontra-se informação detalhada sobre este assunto.

7. IDENTIFICAÇÃO E RECRUTAMENTO DE ALUNOS

A informação e a orientação dos alunos são estratégicas na organização da escola, na valorização e


na sustentação das ofertas qualificantes. No processo de identificação dos alunos para integração

3
Despacho Normativo 4-A/2008, de 24 de Janeiro
4
Exceptua-se a região de Lisboa
5
Nas regiões de Lisboa e do Algarve apenas são abrangidos cursos no sector do Turismo
6
Esta Tipologia aplica-se às regiões Norte, Centro e Alentejo
7
nestes cursos, é importante que seja avaliada a maturidade e o perfil vocacional e lhes seja
assegurada informação, bem como às suas famílias, antes de optarem por um percurso/itinerário de
formação.

Os processos de informação e de orientação podem incluir várias estratégias/actividades,


nomeadamente:
 Disponibilização de informação organizada e sistematizada sobre os perfis de saída
dos vários cursos, em diferentes suportes;
 Sessões de informação/debate com profissionais de diferentes áreas;
 Inquéritos e/ou entrevistas relativos às áreas de preferência dos alunos.

Pode ser obtida informação de apoio em:


 www.anq.gov.pt – informação genérica sobre as ofertas formativas qualificantes,
nomeadamente, legislação de enquadramento, destinatários, áreas de educação e
formação abrangidas, cursos existentes, programas das diferentes componentes de
formação;
 www.catalogo.anq.gov.pt – informação sobre os perfis profissionais e sobre o
enquadramento das qualificações profissionais no Quadro Europeu de Qualificações
(QEQ);
 www.novasoportunidades.gov.pt – informação actualizada sobre a rede de oferta
existente por Distrito e por Concelho, por modalidade. Para cada oferta seleccionada
é apresentada informação sobre o seu funcionamento e sobre a entidade formadora;
 www.iefp.pt – informação sobre os referenciais de formação da componente
tecnológica dos Cursos de Educação e Formação (CEF).

No processo de informação e de orientação devem ser envolvidos todos os recursos da escola, os


quais devem trabalhar articuladamente, apoiando os alunos na construção dos seus projectos de
vida, designadamente:
 Directores de turma;
 Directores de curso;
 Técnicos especializados, que existam (eg. SPO, UNIVA, Gabinete de Apoio ao Aluno)
ou que possam ser mobilizados pela articulação com outras escolas ou através do
estabelecimento de parcerias com serviços de informação e orientação vocacional
dos centros de emprego, juntas de freguesia, autarquias, estabelecimentos de
ensino superior, etc.

Se vier a verificar-se que o perfil de um aluno é mais adequado a um curso ou área de formação
diferentes da sua escolha inicial, a escola deverá aconselhar a reorientação ou internamente ou em
articulação com outras escolas/outras entidades formadoras. No processo de reorientação do
percurso formativo, os alunos do ensino secundário podem beneficiar dos regimes de

8
permeabilidade e equivalência regulamentados pelo Despachos Normativo nº 36/2007, de 8 de
Outubro, e pelo Despacho Normativo nº 29/2008, de 5 de Junho.

8. ESTRUTURA DE COORDENAÇÃO NO ÂMBITO DA INICIATIVA NOVAS OPORTUNIDADES

Várias escolas têm optado pela criação de uma estrutura de coordenação da oferta no âmbito da
Iniciativa Novas Oportunidades, através da nomeação de um assessor ou de um coordenador
integrado na direcção executiva7. Este elemento pode integrar o Conselho Pedagógico e tem como
funções coordenar, acompanhar e avaliar os processos de implementação e os resultados da oferta
qualificante.

No que se refere ao funcionamento da estrutura de coordenação, as escolas têm encontrado


modelos diferenciados, relacionados quer com as suas culturas organizacionais, quer com o volume
e a diversidade de oferta. Destacam-se dois tipos:
 Estrutura vertical simples na qual o assessor/coordenador articula directamente
com os directores de curso e estes com as equipas pedagógicas;
 Estrutura em malha na qual o assessor/coordenador articula alternadamente com
os directores de curso, com os directores de turma, com os orientadores da
formação em contexto de trabalho, dependendo do objectivo e dos assuntos em
discussão, das modalidades e dos itinerários de formação em causa.

9. ATRIBUIÇÃO DE CARGOS E FUNÇÕES

Na atribuição de cargos, o órgão de gestão deve ter em conta, para além da formação de base e da
experiência de leccionação dos docentes, o perfil relacional e a capacidade de trabalhar em equipa.

Referem-se aqui os cargos específicos dos cursos qualificantes, a saber, o Director de Curso e o
Orientador da formação em contexto em trabalho.

O Director de Curso tem, entre outras, as seguintes funções:


 Assegurar a articulação pedagógica e interdisciplinar entre as várias disciplinas e
componentes de formação;
 Articular com o órgão de gestão/direcção da escola e/ou o assessor/coordenador das
ofertas no âmbito da Iniciativa Novas Oportunidades orientações estratégicas para o
desenvolvimento da oferta qualificante;
 Contactar com entidades formadoras e empregadoras exteriores à escola com vista
ao estabelecimento de parcerias;

7
De acordo com o Despacho nº 14310/2008, de 23 de Maio, para o exercício da função de coordenação é
atribuído à escola um crédito horário, de 12 horas, onde funcionam CEF, Cursos Profissionais, Cursos EFA e
Centros Novas Oportunidades e de 6 horas onde funcionam apenas duas ou três destas ofertas.
9
 Organizar e coordenar as actividades a desenvolver no âmbito da formação em
contexto de trabalho, nomeadamente a negociação e a celebração de protocolos, em
colaboração com o professor orientador da formação em contexto de trabalho8;
 Promover e acompanhar os procedimentos necessários à realização da prova de
aptidão profissional (PAP) e da prova de avaliação final (PAF);
 Promover a articulação com os serviços em matéria de apoio socioeducativo e outros
que intervenham na área da orientação vocacional, existentes na escola ou em
serviços de entidades externas (eg. Centros de Emprego ou de Formação
Profissional);
 Coordenar e acompanhar a avaliação do curso.

O Director de Curso poderá ainda colaborar com o órgão de gestão na identificação e selecção de
formadores para as áreas técnicas.

Tendo em conta estas funções, é fundamental assegurar a continuidade no exercício do cargo e a


sua permanência ao longo de todo o ciclo de formação. Assim, não obstante estar prevista a
atribuição preferencial a um professor da componente de formação técnica/tecnológica, considera-se
que deve ser valorizada também a estabilidade do vínculo à escola.

O Orientador da formação em contexto de trabalho9 articula com o director de curso para


planificação das actividades que preparam para a aproximação ao mundo do trabalho. Articula
também com o monitor da entidade de acolhimento10 durante a realização da mesma e na avaliação
do aluno.

Ao professor orientador da formação em contexto de trabalho podem ser atribuídas


responsabilidades específicas, tais como:
 Colaborar na elaboração do plano da formação em contexto de trabalho;
 Acompanhar a execução do plano de formação em contexto de trabalho através de
deslocações periódicas aos locais de realização dos estágios;
 Avaliar, em conjunto com o monitor designado pela entidade de acolhimento, o
desempenho do aluno no decurso da formação em contexto de trabalho e propor a
sua classificação à equipa pedagógica;
 Colaborar na elaboração do regulamento da formação em contexto de trabalho que
contenha as normas de funcionamento do mesmo e do plano individual de formação
do aluno;

8
Esta designação aplica-se, neste documento, quer aos Cursos de Educação e Formação quer aos Cursos
Profissionais, independentemente das designações específicas que constam dos respectivos normativos legais.
9
Dependendo da dimensão da turma e da planificação da formação em contexto de trabalho, o cargo pode ser
desempenhado por mais do que um professor
10
Esta designação aplica-se, neste documento, quer aos Cursos de Educação e Formação quer aos Cursos
Profissionais, independentemente das designações específicas que constam dos respectivos normativos legais.

10
 Planificar reuniões com o monitor da entidade de acolhimento e reuniões periódicas
com os alunos, de forma a poderem rever o seu plano individual, discutir as
competências chave que têm desenvolvido ou que precisam de desenvolver,
elaborando relatórios de progresso semanais.

Também aqui, e pelas razões acima aduzidas, deve ser privilegiada a continuidade de funções e a
estabilidade do vínculo à escola.

10. FUNCIONAMENTO DA EQUIPA PEDAGÓGICA

Na maioria das escolas é consensual a necessidade de promover espaços de trabalho interdisciplinar


e de partilha de saberes e de experiências entre os vários intervenientes na actividade formativa.
Considera-se que a acção concertada entre os professores para conceberem, experimentarem e
reformularem estratégias e instrumentos de natureza pedagógica e didáctica só é possível pela
realização de reuniões formais da equipa pedagógica, nas quais a reflexão e a intervenção devem
centrar-se sobre:
 Diagnóstico inicial e de progresso dos conhecimentos e das competências do grupo
turma e de cada aluno;
 Trabalho interdisciplinar nas várias componentes de formação;
 Reflexão conjunta sobre a abordagem metodológica aos programas, tendo em conta
factores como as características da turma e a área de formação do curso;
 Planificação de actividades da formação em contexto de trabalho e de preparação
dos alunos para a inserção no mercado de trabalho;
 Identificação, selecção, adaptação ou elaboração de materiais didácticos de apoio à
formação;
 Discussão, aferição, proposta e reformulação de estratégias pedagógicas
diferenciadas;
 Implementação de um sistema de permutas que permita a continuidade regular das
actividades de formação, em caso de ausência de qualquer professor;
 Organização de um conjunto de materiais para utilizar sempre que seja necessário
substituir um professor em falta;
 Planificação/gestão da recuperação de aprendizagens e de módulos em atraso,
tendo em vista o cumprimento dos planos de formação.

As equipas pedagógicas dos CEF reúnem semanalmente, de acordo com o disposto no Despacho
Conjunto nº 453/2004, de 27 de Julho, podendo ainda haver reuniões extraordinárias no início do
ano lectivo ou no final de cada período escolar com vista a desenvolver um trabalho interdisciplinar
de planificação curricular e a proceder à avaliação dos alunos.

11
Nos Cursos Profissionais apenas estão previstas nos normativos as reuniões dos conselhos de turma
para avaliação, uma por período escolar. No entanto, considera-se importante que as escolas,
através dos órgãos de gestão, criem condições para a realização de reuniões de trabalho entre os
professores que leccionam estes cursos. Apresentam-se, em seguida, algumas soluções encontradas
pelas escolas:
 Previsão, aquando da elaboração dos horários, de um período de tempo – uma
manhã ou uma tarde – em que não decorra qualquer actividade lectiva, de modo a
facilitar a planificação de reuniões com a periodicidade considerada possível e
necessária;
 Agendamento anual, pelo director de curso, de reuniões com os professores que têm
cargos ou funções de responsabilidade em cada equipa pedagógica;
 Realização de reuniões sempre que o director de curso considere necessário, ou
extraordinariamente quando é preciso resolver alguma questão específica.

Para além dos professores, a equipa pedagógica pode integrar outros técnicos que também
participam na concepção, organização, acompanhamento e avaliação da actividade formativa, bem
como em actividades de consultadoria e administrativas. Estes técnicos podem ainda exercer
funções de apoio e orientação aos alunos.

11. FORMAÇÃO CONTÍNUA DE PROFESSORES

A formação contínua de professores é um instrumento estratégico para o desenvolvimento


organizacional das escolas, devendo constar do Plano Anual de Actividades em articulação com o
Projecto Educativo e responder a necessidades emergentes da sua implementação. Assim, dado o
grande crescimento das ofertas qualificantes nas escolas, estas devem equacionar as necessidades
de formação daí resultantes.

Por outro lado, o Estatuto da Carreira Docente (Decreto-Lei nº 15/2007, de 19 de Janeiro)


estabelece que “as acções de formação contínua relevam para efeitos de apreciação curricular e
para progressão na carreira docente, desde que concluídas com aproveitamento.”.

Neste contexto, as escolas devem colaborar com os centros de formação de associações de escolas
no levantamento das necessidades de formação e na elaboração dos respectivos planos de
formação, que integrem respostas às necessidades específicas resultantes da implementação das
ofertas de dupla certificação.

A formação de professores pode também ser realizada em empresas, por exemplo, mediante o
estabelecimento de protocolos. Como contrapartida, a escola poderá disponibilizar as suas
instalações às empresas para a realização de actividades físicas e desportivas ou outros eventos de
natureza social, cultural ou formativa (eg. processos RVCC no âmbito de protocolos estabelecidos).

12
12. FLEXIBILIDADE CURRICULAR E PLANIFICAÇÃO

A organização curricular por ciclo de formação, isto é, a não vinculação rígida das disciplinas e das
respectivas cargas horárias a uma sequência e/ou a uma distribuição previamente determinada,
permite que as escolas façam uma implementação flexível dos planos de estudos dos cursos
qualificantes.

Esta flexibilidade exige que antes do início do ciclo de formação se proceda:


 À calendarização do plano de formação, tendo em conta a distribuição das disciplinas
(anual, bienal ou trienal), a distribuição semanal da sua carga horária e os
momentos de realização da formação em contexto de trabalho;
 À análise detalhada dos programas/referenciais das disciplinas, tendo em vista a
planificação de actividades de natureza interdisciplinar que possibilitem a
optimização dos tempos de aprendizagem, através da articulação entre diferentes
módulos da mesma disciplina ou de disciplinas diferentes;
 À planificação modular que contemple especificamente a distribuição dos módulos
em cada disciplina/ano, devendo salvaguardar-se a leccionação integral dos módulos
previstos por cada ano lectivo.

No final de cada período e de cada ano escolar, a equipa pedagógica deverá fazer um balanço, tendo
em vista o reajustamento ou a reorganização da planificação, se for caso disso, o que terá
implicações nos horários de alunos e professores.

13. RECUPERAÇÃO DE MÓDULOS EM ATRASO

São várias as estratégias de recuperação de módulos em atraso utilizadas pelas escolas.


Apresentam-se, em seguida, algumas delas:
 Definição de dois momentos de recuperação de módulos - no primeiro, o professor
da disciplina/módulo promove a sua conclusão através de instrumentos/actividades
diversos como a realização de trabalhos, de testes e/ou exposição oral. Se o aluno
não concluir o módulo, o segundo momento, que consiste na realização de uma
prova, é marcado pelo professor sendo, por norma, simultaneamente marcados
momentos de reforço de aprendizagem. Para além disso, existem ainda épocas
especiais.
 Negociação directa entre o aluno e o professor para recuperação do módulo. Nesta
situação, o professor e o aluno negociam o momento e o tipo de trabalho a realizar
para conclusão do módulo em causa e, caso seja necessário, agendam também
aulas de apoio. Existe ainda a possibilidade de recuperação em época especial no
final do 1º, do 2º ou do 3º períodos escolares, através da realização de uma prova;

13
 Oportunidade de recuperação do módulo até 15 dias após ter conhecimento da
primeira avaliação. Se necessário, poderá ainda realizar provas nas épocas de Julho
e/ou de Setembro;
 Calendarização das recuperações de módulos para os períodos de interrupção da
actividade lectiva;
 Recuperação dos módulos com conclusão planificada para determinado período
escolar nos períodos seguintes do mesmo ano lectivo. Em Setembro existe um
momento de recuperação dos módulos não realizados no 3º período do ano anterior
ou resultantes de outras situações;
 Apoio aos alunos com módulos em atraso em qualquer dia da semana no período em
que os alunos não têm aulas.

14. INFORMAÇÃO DE APOIO À PRÁTICA PEDAGÓGICA

Para uma gestão eficaz de toda a oferta qualificante é imprescindível que as escolas (eg. através dos
directores de curso) organizem e disponibilizem informação de apoio à prática pedagógica, como,
por exemplo:
 Normativos legais;
 Regulamentos internos;
 Guias de aprendizagem com informação sobre a evolução dos alunos e orientações
para a diversificação de instrumentos e de estratégias pedagógicas, sobre técnicas e
métodos de estudo, de pesquisa e de investigação;
 Dossiês de recursos didácticos.

Quando a informação é disponibilizada em suporte de papel ou em CD, é frequente existir um


espaço onde este acervo esteja acessível a toda a equipa pedagógica.

Algumas escolas optam ainda por utilizar suportes que permitem uma maior interacção entre todos
os intervenientes, a saber:
 Plataforma moodle, que é utilizada pelos alunos, pelos professores e pelos
encarregados de educação. Através desta plataforma publicam-se, designadamente,
materiais didácticos, fichas de avaliação formativa, resultados de avaliação,
correcção de trabalhos e de relatórios dos alunos, fichas ou mensagens para os
encarregados de educação, pautas, requisição de materiais e calendarização da
recuperação de módulos em atraso;
 Fórum online para partilha de materiais didácticos entre professores de uma mesma
escola ou de escolas em situação de intercâmbio.

15. ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS

14
As estratégias pedagógicas desenvolvidas pelas escolas são diversificadas e devem ser
divulgadas. Recomenda-se, no entanto, que sejam seleccionadas e ajustadas face aos objectivos a
atingir e ao contexto em que se aplicam. Apresentam-se, em seguida, algumas dessas estratégias
que são referidas pelas escolas como promovendo o sucesso e também valorizando as formações de
dupla certificação:
 Exposições ou mostras de trabalhos elaborados pelos alunos realizadas
regularmente, que envolvem várias disciplinas e que têm impacto na comunidade
educativa. Nos casos em que, pela natureza do curso, é mais difícil apresentar um
“produto” pode optar-se por desenvolver actividades como a organização de um
evento com a colaboração dos alunos, com recurso ao convite de técnicos de
empresas para apresentação de comunicações ou de relatos sobre a sua actividade
profissional;
 Trabalho de projecto como estratégia integradora das aprendizagens, contribuindo
para o desenvolvimento e a consolidação de competências que habilitem o aluno
enquanto futuro profissional a agir em situações concretas e com graus de
complexidade diferenciados. As temáticas, embora estejam circunscritas aos
conteúdos do curso são, regra geral, escolhidas pelo aluno e validadas pelos
professores. Esta estratégia é referenciada pela grande maioria de escolas, como
promovendo e rentabilizando o trabalho articulado entre os professores das
diferentes disciplinas e componentes de formação;
 Trabalho cooperativo na realização de tarefas de pesquisa, o qual pode assumir a
forma de trabalho de grupo ou trabalho de pares. Estas tarefas desenvolvem o
espírito de equipa, incrementam capacidades de relacionamento interpessoal e
também competências pessoais tais como a criatividade, o espírito crítico e a
resolução de problemas;
 Debate de ideias em assembleia de turma após visionamento de filmes ou de
documentários. Podem também ser convidados profissionais que exponham ideias e
simultaneamente suscitem a participação activa por parte dos alunos;
 Participação em concursos e em mostras internacionais como, por exemplo,
na área da electrónica e da robótica, realização de vários eventos em que as
empresas organizadoras, nacionais e/ou internacionais, atribuem prémios aos
melhores alunos. Os critérios para escolher os alunos que participam nestes eventos
são habitualmente estabelecidos pela equipa pedagógica.
 Projectos de empreendedorismo e de criação de empresas virtuais em que os
alunos desenvolvem um produto ou uma actividade comercial. É comum que uma
sala de aula seja transformada num escritório ou numa sede da empresa onde são
desenvolvidos todos os procedimentos inerentes à actividade em causa;
 Visitas de estudo a entidades formadoras e empregadoras enquanto
actividades que permitem a observação de aspectos da área técnica e de aspectos
de natureza sociocultural, científica e inter-relacional, preparando os jovens para a
transição para o mundo do trabalho.
15
16. AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS

As escolas revelam preocupação em adequar os processos de avaliação a metodologias activas de


ensino e de aprendizagem, com o objectivo de certificar competências da saída profissional em
causa, para além de conhecimentos escolares. Apresentam-se alguns exemplos destas práticas
avaliativas:
 Utilização de diversas técnicas e instrumentos, nomeadamente, fichas de
trabalho, testes, relatórios, apresentações orais, trabalhos práticos, trabalhos de
pesquisa, de acordo com os critérios de avaliação definidos para cada módulo por
cada professor, em consonância com o acordado e estabelecido em reunião de
equipa pedagógica;
 Realização de testes de curta duração, em que, no início de cada aula é aplicado
um teste com a duração de 10 minutos referente aos conteúdos da aula anterior,
seguidamente o teste é corrigido pelo professor na própria aula e os alunos fazem a
cotação do seu teste. Esta actividade contribui também para promover a
autoavaliação dos alunos;
 Ponderação de critérios como a assiduidade, a pontualidade e outras atitudes e
comportamentos favoráveis à aprendizagem e essenciais a um bom desempenho
profissional futuro;
 O portefólio individual do aluno, enquanto conjunto de trabalhos ilustrativos das
suas aprendizagens11, é uma estratégia que não só permite o registo das actividades
e a apresentação de trabalhos efectuados, como se afigura particularmente
adequada para a avaliação de competências.

17. IMPLICAÇÃO DOS ALUNOS NO SEU PROCESSO FORMATIVO

Ao longo do ano lectivo, em resultado da avaliação dos progressos dos alunos, as equipas
pedagógicas desenvolvem estratégias de motivação para a aprendizagem e de implicação dos alunos
no seu processo formativo, dentre as quais se salientam as seguintes:
 Estabelecimento de relações de proximidade entre os intervenientes da
comunidade educativa com destaque para o envolvimento dos encarregados de
educação como, por exemplo, na reunião do início de ano estes serem informados
sobre as regras de funcionamento dos cursos. Para além disso, podem ser chamados
a colaborar com os professores ou a participar em actividades da escola tais como
debates com profissionais das áreas dos cursos frequentados pelos seus educandos,

11
Tierney et alii, 1991: 41, traduzido e citado por Bernardes, Carla e Miranda, Filipa – «Portefólio, uma escola de
competências»: “Os portefólios são colecções sistemáticas feitas pelos alunos e pelos professores. Podem servir
de base para examinar o esforço, a melhoria, os processos e o rendimento, assim como para responder às
exigências habitualmente feitas por métodos mais formais de avaliação. Através da reflexão sobre as colecções
sistemáticas de trabalhos de um aluno, os professores e os alunos podem trabalhar em conjunto, no sentido de
compreenderem as forças do aluno, as suas necessidades e os seus progressos”.
16
visitas a exposições de trabalhos elaborados pelos seus educandos, identificação de
potenciais empresas para realização da formação em contexto de trabalho;
 Desenvolvimento de actividades interdisciplinares e participação em
projectos que envolvam a comunidade educativa e nas quais os alunos tenham
uma participação activa. A título de exemplo, os alunos do Curso de Animador
Sociocultural poderão preparar um peça de teatro, com envolvimento das várias
disciplinas e depois apresentá-la no Jardim-de-Infância, no Centro de Dia ou noutro
espaço, consoante o público a que se destine; Os alunos de cursos de instalações
eléctricas poderão colaborar na instalação da iluminação de Natal da escola. Para
além disso, poderão ainda ser organizadas outras actividades em que os trabalhos
dos alunos animem o espaço escolar (eg. construção de molduras e
cartazes/serigrafias, etc.);
 Organização de actividades que contribuam para o desenvolvimento de
competências em áreas como a música, a dança, o teatro, as artes plásticas
ou o desporto. Estas actividades podem ainda promover competências de
organização, de liderança e de cooperação, para além de poderem elevar a auto-
estima dos alunos. Nesta estratégia cabem, nomeadamente, a criação de bandas
musicais, a representação de peças de teatro, os trabalhos multimédia para
divulgação ao público, os concursos, etc.;
 Promoção do sentimento de pertença, isto é, a interiorização pelos alunos de
que a escola é deles e que são co-responsáveis por tudo o que aí acontece. Uma das
medidas utilizadas por várias escolas é a atribuição de uma sala própria para cada
turma, onde possam decorrer todas ou a maioria das actividades formativas e serem
guardados os materiais de uso escolar corrente e trabalhos efectuados. Os alunos
identificam-se com este espaço e apropriam-se dele, principalmente se lhes for
concedida a possibilidade de o personalizar expondo as suas ideias e trabalhos;
 Definição conjunta e negociada das regras de funcionamento da sala de
aula e/ou celebração de um contrato pedagógico entre o aluno e o professor,
no qual se descreva o respectivo itinerário de formação de acordo com os objectivos
que pretende atingir e se estabeleçam as regras de conduta que permitem a
concretização desse itinerário e as compensações e sanções para o caso das regras
serem, respectivamente, cumpridas ou infringidas.

18. MECANISMOS PARA A PROMOÇÃO DO CUMPRIMENTO DOS PLANOS DE FORMAÇÃO

As escolas consideram importante a instituição de mecanismos de promoção da participação dos


alunos nas actividades tendo em conta também os deveres de assiduidade, de pontualidade e de
empenhamento no cumprimento das actividades escolares. Para este efeito utilizam diversas
estratégias, como por exemplo:

17
 Informação clara, no início do ano lectivo, a alunos e encarregados de educação
sobre o regime de assiduidade e o dever de o cumprirem para conclusão do curso,
tendo em conta as normas estabelecidas no regulamento interno da escola. Esta é
uma estratégia que os compromete – alunos e encarregados de educação - com o
processo formativo;
 A colaboração dos pais/encarregados de educação pode ser pedida em reuniões,
através de contactos presenciais ou telefónicos, por SMS ou por e-mail, no sentido
de evitar situações de risco de excesso de faltas que comprometam a conclusão do
percurso formativo;
 Criação de condições de estudo e de trabalho que levem os alunos a permanecer na
escola. Assim, considera-se que, na medida do possível, deverão ser colocados à
disposição do grupo turma:
- Cacifos ou armários em número suficiente para guardar todo o material que
usam nas aulas;
- Uma sala de aula para cada turma onde sejam colocados os armários com os
respectivos materiais;
- Uma sala de estudo ou outro espaço onde os alunos possam realizar
trabalhos de grupo e, em horas e calendário a acordar para cada grupo turma,
o director de turma e um professor das diferentes áreas estejam disponíveis
para orientar e supervisionar os alunos na realização dos trabalhos.

As escolas desenvolvem ainda outras estratégias de promoção do cumprimento integral dos planos
de formação, das quais se apresentam alguns exemplos:
 Realização de trabalhos práticos que correspondem à compensação das horas de
formação em falta;
 Recuperação das aulas em falta num dia da semana, quando não ocorrem
actividades lectivas;
 Organização de aulas individualizadas de compensação;
 Realização de trabalhos de natureza interdisciplinar mediante planificação da equipa
pedagógica.

O cumprimento dos planos de formação exige, por outro lado, a leccionação da totalidade das horas
previstas para cada itinerário, tornando-se necessário proceder à reposição das aulas não
leccionadas por parte dos professores. As escolas têm desenvolvido esforços no sentido de
encontrarem mecanismos para o fazerem de modo a não penalizar os alunos no cumprimento do
seu plano de formação, nomeadamente:
 A instituição de um esquema de permutas e/ou de substituição de professores no
interior da própria equipa pedagógica;
 A criação, pela equipa pedagógica, de um acervo de fichas de trabalho a aplicar
pelos professores no caso de substituição.

18
 A criação de uma bolsa de materiais e de planos de aula permite também que as
aulas de substituição possam ser leccionadas por professores que não pertencem à
equipa pedagógica de determinada turma.

19. ADEQUAÇÃO DE SALAS E EQUIPAMENTOS

Considerando que a proposta de oferta pelas escolas está relacionada, entre outros aspectos, com a
adequação das suas instalações e equipamentos ao desenvolvimento da formação, a rentabilização
que algumas delas fazem das instalações (laboratórios e oficinas) de que dispõem e que resultam de
ofertas qualificantes extintas é um aspecto importante a ter em conta.

A rentabilização das potencialidades dos espaços exteriores ou a reconversão de instalações poderão


também constituir-se como factores importantes no desenvolvimento da componente de formação
tecnológica/técnica, desde que respeitem as condições de formação exigidas. A este respeito,
apresentam-se os seguintes exemplos:
 Utilização dos equipamentos dos serviços de administração escolar nos cursos da
área de Gestão e Administração;
 Utilização do espaço exterior da escola para criação de hortas/estufas para os cursos
nas área de Produção Agrícola e Animal ou de Floricultura e Jardinagem;
 Manutenção do jardim da escola integrada na componente técnica/tecnológica dos
cursos das áreas de Produção Agrícola e Animal ou de Floricultura e Jardinagem;
 Manutenção supervisionada de equipamentos eléctricos e/ou informáticos nos cursos
da área da Electricidade e Electrónica e nos da área de Informática;
 Utilização das instalações da cozinha, do refeitório ou do bar nos cursos da área de
Hotelaria e Restauração.

20. PARCERIAS PARA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS FÍSICOS E MATERIAIS

Uma das formas de assegurar recursos físicos e materiais necessários a uma formação qualificante
de qualidade poderá ser a dinamização de parcerias e de protocolos com vários tipos de entidades
(Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, Jardins de Infância, Instituto da Juventude, Santa Casa
da Misericórdia, outras escolas, empresas privadas …).

Apresentam-se alguns exemplos de possíveis parcerias:


 Um CEF de Serviço de Mesa promovido por uma escola secundária em que algumas
aulas da componente de formação tecnológica se realizam no bufete da Escola
Básica;
 Um CEF de Serviço de Mesa em que as aulas práticas da componente de formação
tecnológica se realizam no espaço e com os utensílios de um restaurante localizado
na proximidade da escola;

19
 Leccionação de disciplinas da componente de formação técnica com equipamentos
específicos nas empresas;
 Deslocação de alunos para a formação em contexto de trabalho ou para a realização
de outras actividades formativas, pela autarquia;
 Patrocínios ou cedência de equipamentos por empresas, ao abrigo da lei do
mecenato.

21. PLANIFICAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DA FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO

A planificação da formação em contexto de trabalho passa pela apresentação de uma proposta de


plano à entidade de acolhimento que procede aos ajustamentos considerados necessários. Os
contactos prévios com as empresas são feitos, na generalidade dos casos, pelo director de curso que
também pode acompanhar o desenvolvimento desta formação. Em outros casos, o plano da
formação em contexto de trabalho é elaborado entre o director de curso, o conselho executivo e o
representante da entidade de acolhimento.

Neste contexto, poderá proceder-se à realização de:


 Sessões de esclarecimento/organização da formação em contexto de trabalho, da
responsabilidade do director da escola e/ou do director de curso. Estas sessões
poderão ser dirigidas a alunos e encarregados de educação e a monitores e
professores orientadores, como forma de clarificar questões que se prendam com
organização, desenvolvimento e avaliação desta formação;
 Encontros com potenciais entidades de acolhimento para apresentação das
propostas da escola e avaliação das necessidades/interesses dessas entidades;
 Reuniões para levantamento das preferências dos alunos em termos de locais
de formação em contexto de trabalho. Os alunos poderão manifestar o seu interesse
relativamente às empresas onde gostariam de realizar essa formação, numa ficha
onde apresentam as suas preferências. Esta ficha poderá ser analisada pelo director
de turma e/ou pelo director de curso, que tentará satisfazer as preferências dos
alunos. Estas reuniões poderão também servir para escolher as temáticas das PAP e
apoiar a elaboração de pré-projectos/projectos de PAP.

A escola poderá também elaborar um manual para o acompanhamento da formação em


contexto de trabalho em que estejam, nomeadamente:
 Identificadas as tarefas inerentes ao acompanhamento;
 Definida a regularidade das visitas à entidade de acolhimento;
 Estabelecidas as responsabilidades do professor orientador da formação em contexto
de trabalho, do aluno e do monitor;
 Integrados os instrumentos de registo das actividades diárias do aluno e das visitas
do professor orientador à entidade de acolhimento.

20
Os instrumentos que regulam a organização e desenvolvimento da formação em contexto
de trabalho são:
 O plano da formação;
 O contrato de formação;
 Os protocolos enquadradores;
 Os regulamentos.

Estes instrumentos deverão definir e clarificar as responsabilidades e os direitos das partes


envolvidas (escola, alunos, encarregados de educação e entidades de acolhimento), bem como as
especificidades da formação em contexto de trabalho de alguns cursos, como pode acontecer, por
exemplo, nos cursos da área de Turismo e Lazer em que os alunos podem trabalhar por turnos, ao
fim de semana ou ficar alojados na unidade hoteleira.

Considerando que as escolas, no âmbito da sua autonomia, deverão elaborar a documentação de


apoio à formação em contexto de trabalho, a dinâmica de enriquecimento dos instrumentos de apoio
a esta formação poderá resultar também da cooperação e da troca de experiências entre escolas e
entre estas e as entidades de acolhimento.

A operacionalização da formação em contexto de trabalho deverá ser organizada de acordo


com:
 O número de alunos;
 O número de cursos;
 As preferências dos alunos;
 Os interesses das entidades de acolhimento;
 A adequação do perfil dos alunos ao perfil das empresas.

A distribuição das horas pelo ciclo de formação deve ser calendarizada de acordo com a
disponibilidade das entidades de acolhimento de modo a assegurar que os alunos desenvolvam um
trabalho relevante para a saída profissional e que tenham o acompanhamento permanente de um
elemento da entidade durante este período.

A organização da formação em contexto de trabalho deverá ter ainda em conta as


competências base fundamentais para aplicação naquela formação. A planificação da leccionação
dos módulos da componente de formação técnica/tecnológica deverá assegurar que os alunos
adquiram os conhecimentos e desenvolvam as competências necessárias ao seu desempenho na
entidade de acolhimento.

Nos cursos profissionais, algumas escolas optam por dividir a realização da formação em contexto
de trabalho em dois períodos, no 2º e 3º anos, correspondendo a actividades diferentes: no 2º ano,
pretende-se que os alunos desenvolvam um trabalho autónomo de resposta a uma encomenda de
21
trabalho, como se fossem trabalhadores liberais. No 3.º ano, esta formação decorre numa empresa.
Noutros casos, a opção por realizar esta formação exclusivamente no 3º ano, em particular nos
cursos de Hotelaria e Informática, pretende evitar o ingresso no mercado de trabalho antes da
conclusão do curso.

A escola deverá também assegurar que os alunos tenham disponibilidade para a elaboração e
apresentação da PAP. Se, por um lado, a realização da formação em contexto de trabalho antes da
PAP permite que os alunos desenvolvam projectos relacionados com a sua experiência de trabalho,
por outro, a sua realização após apresentação da PAP permite que possam, se for o caso, ser
integrados no mercado de trabalho imediatamente a seguir à conclusão do curso.

Embora nos Cursos Profissionais a formação em contexto de trabalho possa assumir parcialmente a
forma de simulação, considera-se que a intervenção do aluno em contexto real de trabalho deverá
ser privilegiada, tendo em conta o desenvolvimento de competências técnicas e relacionais, para
além do contacto com os aspectos organizacionais da entidade em causa.

Dependendo da natureza dos cursos, a escola poderá ainda desenvolver actividades que se
aproximam da realidade do mundo do trabalho, como, por exemplo:
 A manutenção supervisionada de equipamentos da escola (informáticos ou outros);
 A criação de empresas virtuais;
 A prestação de alguns serviços à comunidade;
 A produção de produtos hortícolas e florícolas.

22. TIPOLOGIA E OPERACIONALIZAÇÃO DA PROVA DE APTIDÃO PROFISSIONAL (PAP)


E DA PROVA DE AVALIAÇÃO FINAL (PAF)

Nos Cursos Profissionais, a PAP constitui-se como um projecto “(…) demonstrativo de saberes e
competências profissionais adquiridos ao longo da formação (…)”12, pelo que deverá reflectir o perfil
de saída do curso e os interesses dos alunos. Assim, a escolha do tipo de prova a realizar deve partir
de projectos apresentados pelos alunos, cuja exequibilidade é analisada pela equipa pedagógica,
tendo em conta critérios como a relação do projecto com o curso em causa, os meios envolvidos ou
os custos.

A planificação dos projectos deve ser feita de forma a permitir que, em cada momento, os alunos
tenham orientações sobre o trabalho a desenvolver pelo que é importante que estes conheçam os

12
Portaria n.º 550-C/2004, de 21 de Maio, Artigo 19º – 1 — A PAP consiste na apresentação e defesa, perante
um júri, de um projecto, consubstanciado num produto, material ou intelectual, numa intervenção ou numa
actuação, consoante a natureza dos cursos, bem como do respectivo relatório final de realização e apreciação
crítica, demonstrativo de saberes e competências profissionais adquiridos ao longo da formação e estruturante
do futuro profissional do jovem.

22
critérios de constituição de equipas (nos casos em que as PAP são realizadas em equipas), os
critérios de elaboração e os prazos de entrega de pré-projecto, do projecto ou do relatório.

As escolas poderão facultar aos alunos o acesso às instalações e equipamentos fora do horário
lectivo, de modo a permitir que estes tenham espaço, tempo e recursos para a elaboração dos seus
trabalhos, responsabilizando-os pela sua utilização.

O envolvimento da equipa pedagógica é também um aspecto importante no desenvolvimento da


PAP, uma vez que quanto maior for o empenhamento da equipa, melhores serão os resultados
obtidos. Embora a PAP esteja mais directamente relacionada com a componente de formação
técnica, esta prova deve permitir a integração dos outros professores da equipa pedagógica:
 No apoio à elaboração e desenvolvimento do projecto;
 Na revisão dos textos;
 Em traduções;
 Em trabalho de pesquisa;
 Em ensaios para apresentação perante o júri.

No que diz respeito à PAF nos CEF, e tendo em conta que se trata de uma prova que avalia a
aptidão para o desempenho profissional, a equipa pedagógica deverá assegurar que a realização dos
trabalhos práticos reflicta efectivamente as actividades do perfil de competências visado.

As provas a realizar podem ser de natureza diversa, de acordo com os perfis de saída. Apresentam-
se alguns exemplos de metodologias de realização e demonstração de trabalhos:
 Simulação de actividades do contexto de trabalho (atendimento a públicos diversos,
elaboração de documentos de natureza administrativa, organização de um arquivo,
…)
 Execução de tarefas concretas (montagem/instalação/reparação de determinado
equipamento, elaboração de uma refeição, …).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As escolas têm conseguido encontrar soluções adequadas aos seus contextos para responder aos
desafios resultantes do alargamento das ofertas educativas e formativas de dupla certificação de
jovens. Essas soluções são muito diversas, como resulta claro do conjunto de recomendações
apresentadas. No entanto, as soluções mais adequadas apresentam alguns denominadores comuns.

No que se refere à organização da escola, o enquadramento das ofertas qualificantes na sua


orientação estratégica, com reflexo no projecto educativo e no regulamento interno, bem como na
criação de estruturas de específicas de coordenação das ofertas.

23
Quanto à constituição da respectiva oferta, a existência de estratégias claras e bem
sedimentadas de divulgação e de informação aos alunos e às famílias.

No que diz respeito à gestão do currículo, o sublinhar a importância da flexibilidade curricular,


visível na distribuição da carga horária e das disciplinas/módulos do planos de estudos pelo ciclo de
formação, e ainda da definição de momentos, instrumentos e estratégias de recuperação das
aprendizagens.

Na gestão de recursos humanos, as competências e autonomia atribuídas às equipas


pedagógicas e a realização de reuniões periódicas das equipas proporcionam espaços de trabalho
interdisciplinar e de partilha de saberes e de experiências entre os professores para conceberem,
aplicarem e reformularem estratégias e instrumentos de natureza pedagógica e didáctica.

Para uma gestão pedagógica eficaz da oferta qualificante tem contribuído a disponibilização de
informação de apoio à prática pedagógica, sendo exemplo disso a plataforma moodle que permite
uma maior e mais rápida interacção entre alunos, pais e professores. Quanto à promoção do
sucesso dos alunos, salienta-se o estabelecimento de relações de proximidade na comunidade
educativa, nomeadamente no envolvimento dos alunos e encarregados de educação nas actividades
da escola.

A ligação ao meio envolvente através do desenvolvimento de protocolos de colaboração e de


parcerias é fundamental na promoção da dinâmica da escola para encontrar soluções diversificadas
para as situações de aprendizagem. Por outro, facilita a gestão dos recursos materiais e
equipamentos e a organização da formação em contexto de trabalho, ao potenciar a
rentabilização de instalações e equipamentos, quer da escola quer das entidades com que colabora.

24

Vous aimerez peut-être aussi