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RESUMO
Os resíduos sólidos se decompõem dando origem aos líquidos percolados, que constituem um problema sério
relativo à degradação ambiental. A estimativa do volume de percolado em um aterro permite dimensionar
sistemas adequados de tratamento, buscando minimizar o impacto gerado pela disposição de resíduos sólidos.
Para a avaliação do volume de percolado gerado, utilizaram-se os métodos empíricos do Balanço Hídrico,
Racional e Suíço para estimar valores que correspondessem ao ajuste mais próximo à vazão real do local.
Considerando séries históricas longas de dados o método Racional apresentou 31,2% de erro abaixo da vazão
real, enquanto os métodos, Suíço e do Balanço Hídrico apresentaram, respectivamente, 13,0% e 34,4% de
erros acima da vazão real. Utilizando séries curtas de 12 meses, os erros foram todos inferiores as vazões
reais e iguais a 75,7%, 20,9% e 47,5%, respectivamente, para os métodos Racional, Suíço e Balanço Hídrico.
O método Suíço foi o que melhor se ajustou a vazão real para as séries históricas longas e para as séries
curtas de 12 meses, contudo o método mais apto para utilização em dimensionamentos de sistemas de
tratamento de efluentes foi o método do Balanço Hídrico por não sub-dimensionar vazões para séries
históricas longas e apresentar curva de tendência mais próxima da real, considerado os diversos meses. O
sistema de tratamento de percolado, através de lagoas de estabilização, apresentou eficiência insuficiente para
atender aos requisitos de lançamento de efluente, promovendo a degradação significativa do corpo hídrico
receptor.
PALAVRAS-CHAVE: Percolado, Balanço Hídrico, DBO e DQO, Aterro Sanitário, Aterro Controlado.
INTRODUÇÃO
A geração de resíduos sólidos apresenta-se como uma das grandes preocupações ambientais do mundo
moderno. As sociedades de consumo avançam de forma a destruir os recursos naturais, e os bens, em geral,
têm vida útil limitada, transformando-se cedo ou tarde em resíduos. Associado ao aumento da população, à
carência de programas de gerenciamento e investimentos públicos na área de saneamento, o Brasil apresenta
um quadro dramático em relação à destinação final dos resíduos sólidos.
Segundo Jucá (2003), a forma de apresentação dos dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000
sugeriu indícios exageradamente favoráveis no que se refere à quantidade de resíduos vazados nas unidades
de destinação final, pois aproximadamente 73,2% de todo o resíduo coletado no Brasil estaria tendo um
destino final adequado, em aterros sanitários ou controlados. Porém quando se analisam as informações
tomando-se por base, o número de municípios, o efeito já não é tão favorável. Os resultados apontam que
63,1% dos municípios depositam seus resíduos em lixões, ainda sim, houve uma melhora em relação a 1991
de 13,1%, quando este percentual era de 76%. Quanto à presença de Aterro sanitário, apenas 13,7%
declaram que possuem aterros sanitários, sendo superior a 1991, quando o percentual encontrava-se em 10%.
A situação é mais grave nos municípios com população inferior a 20.000 habitantes, pois estes representam
73,1%. Nestes municípios, 68,5% dos resíduos gerados são vazados em locais inadequados.
Em termos ambientais, a disposição inadequada dos resíduos sólidos pode contribuir para a poluição do ar,
das águas, do solo, estética, bem como promover impactos negativos sobre a fauna e flora dos ecossistemas
locais. Em relação aos aspectos sanitários, o principal problema está na proliferação de vetores, mecânicos ou
biológicos, de importância à saúde pública, capazes de transmitirem diversas enfermidades ao homem, por
diferentes vias de transmissão (FNS, 1999).
Os resíduos sólidos se decompõem dando origem aos líquidos percolados, que constituem um problema sério
relativo à degradação ambiental. Dentro da realidade dos fatos, a questão de maior preocupação é a geração
de percolado (lixiviado ou chorume) que “é uma mistura de compostos orgânicos e inorgânicos, nas suas
formas dissolvidas e coloidais, formado durante a decomposição química dos resíduos, sendo um problema
em potencial de contaminação das águas superficiais e principalmente subterrâneas” (Campbell, 1993, apud
Neto, 1999). Segundo Ehrig (1992), o percolado, lixiviado ou chorume pode ser caracterizado como a parte
líquida da massa de resíduos, que percola através desta, carreando materiais dissolvidos ou suspensos, que
constituirão cargas poluidoras ao meio ambiente. O chorume é composto pelo líquido que entra na massa de
resíduos, proveniente de fontes externas, tais como sistema de drenagem superficial, chuvas, lençóis
freáticos, nascentes e aqueles resultantes da decomposição dos resíduos sólidos. A sua formação dá-se pela
digestão de matéria orgânica, por ação de enzimas produzidas por bactérias. A função dessas enzimas é
solubilizar a matéria orgânica para que a mesma possa ser assimilada pelas células bacterianas.
Segundo Oliveira & Pasqual, (2000), os resíduos sólidos, inicialmente agem como uma esponja, absorvendo
água, até que o material atinja um teor de umidade, conhecida como capacidade de retenção. Qualquer
acréscimo de água adicional resulta na percolação de igual quantidade da massa, carreando substâncias
solúveis e nocivas presentes na massa de resíduos.
Entretanto Schalch, (1984) apud Oliveira & Pasqual, (2000), comentam que, devido à heterogeneidade da
massa de resíduos, a percolação poderá se formar antes que a capacidade de retenção seja atingida, pois
alguns dos canais da massa de resíduos podem não absorver no instante a água. O mesmo trabalho ainda faz
referencia que a absorção do lixiviado é variável e depende das características do subsolo.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Aterro Sanitário Controlado da Caturrita, situado no município de Santa
Maria – RS. O aterro está localizado a 7 km do centro da cidade, estando em atividade há cerca de 20 anos,
recebendo em média 150 toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia. A planta baixa apresentada na Figura
1 apresenta o aterro com área total de 374.435 m 2 e sua área de contribuição para o balanço hídrico de 37.429
m2
Os métodos avaliados foram o Suíço, Racional e Balanço Hídrico com séries históricas longas e curtas. As
longas com precipitações de 34 anos e evapotranspiração de 29 anos para reduzir ao máximo o erro dos
métodos empíricos para estimativa de geração do percolado e as curtas com dados precipitação e
evapotranspiração entre Maio de 2004 e Abril de 2005.
Figura 1 – Aterro da Caturrita com sua área total e sua área de contribuição para o balanço hídrico.
Os dados de Precipitação para séries longas foram obtidos da estação da Fepagro Florestas do Distrito de
Boca do Monte, sendo os mesmos mensais e compreendidos entre 1970 e 2004, enquanto os parâmetros de
Evapotranspiração da Embrapa compreendidos entre 1961 e 1990 (EMBRAPA, 2004). Para as séries curtas
utilizaram-se dados da Fepagro entre Maio e Dezembro de 2004 e do INMET entre Janeiro e Abril de 2005
(INMET, 2005). Ambas as séries utilizam médias mensais para os históricos de dados.
Para aferir os dados estimados de vazão pelos métodos simplificados, foram realizadas medições esporádicas
de vazões entre Maio e Agosto de 2004, enquanto a partir de Setembro de 2004 foram realizadas duas
medições diárias de vazão, uma pela manhã outra à tarde, de Segunda a Sábado.
As medições foram realizadas na saída do sistema de lagoas, ponto este intitulado como Efluente. Por
intermédio de uma calha Parshall, em Fibra de Vidro instalada após o sistema de lagoas. Fazia-se à leitura da
lâmina deágua em centímetros e posteriormente convertia-se em vazão através da curva de calibração com
sua respectiva equação.
A seguir são apresentadas as descrições para utilização dos métodos empíricos na estimativa do volume de
percolado gerado.
P + U w = E + G + L + R + ∆U w + ∆U s equação (1)
onde:
P = Precipitação;
Uw = Água vinda com o lixo (contribui apenas uma vez no balanço hídrico);
E = Evaporação;
G = Vapor d’água que sai com os gases;
L = Água que sai como percolado;
R = Escoamento superficial (runoff);
∆Uw = Água absorvida ou retida pelo lixo;
∆Us = Água absorvida ou retida pela camada de cobertura.
A precipitação e a evaporação podem ser obtidas com boletins meteorológicos. Enquanto que o escoamento
superficial, a infiltração e o armazenamento são obtidos empiricamente com o auxílio de tabelas. A obtenção
da estimativa de vazão de percolado e os parâmetros meteorológicos e outros dados utilizados neste método
podem ser verificados no Tabela 1, Tabela 2 e Tabela 3:
Tabela 2 – Coeficiente de escoamento superficial (C’) para aplicação do método do Balanço Hídrico.
Coeficiente C'
Tipo de Solo Declividade
Estação Seca Estação Úmida
0 a 2% 0,05 0,10
Arenoso
2 a 7% 0,10 0,15
0 a 2% 0,18 0,17
Argiloso
2 a 7% 0,18 0,22
Fonte: (Fenn et alii, 1975, apud Neto et alii, 1999)
Método Racional
Segundo Wilken (1978) apud Castro (2001) e citado por Lins (2003), o cálculo da vazão superficial por este
método baseia-se em três parâmetros: área da bacia de contribuição; intensidade e duração das chuvas e o
coeficiente de escoamento, conforme Equação 2 abaixo:
Onde:
Q = vazão superficial máxima (L/s ou m3/s);
C = coeficiente de escoamento ou “runoff”, relação entre o pico de vazão e a chuva média sobre a área
receptora;
i = intensidade média da chuva (L ou m3 por ha/s);
A = área da bacia receptora da chuva (ha).
Entretanto, para obter a parcela da precipitação que infiltra, deve-se subtrair o volume total precipitado sobre
a área do aterro, do volume escoado, que é calculado pelo método racional, dentro do mesmo intervalo de
tempo. Devendo, deste resultado, subtrair a parcela de água evapotranspirada. Tem-se, portanto a fórmula
algébrica mostrada na Equação 3.
Q=
[ ( P − ES ) − EP ] .A equação (3)
t
Onde:
Q = Vazão do percolado em litros por segundo;
P = Precipitação média mensal, em milímetros;
EP = Evaporação Potencial, em milímetros;
A = Área de contribuição em metros quadrados;
t = Número de segundos em 1 mês (2592000 s);
ES = (P x C) = Escoamento superficial, em milímetros;
C = Coeficiente de escoamento superficial ("run-off", adimensional).
Método Suíço
Este é um método de formulação semelhante ao Método Racional, entretanto não considera os efeitos da
evaporação potencial. Segundo Neto et alii. (1999), é um método bem simples, mas deixa a desejar no que
diz respeito à precisão.
Conforme Orth (1981), apud Neto et alii, (1999), a fórmula algébrica para a aplicação do método suíço, onde
se estima a vazão de percolado é mostrada na Equação 4, e na Tabela 4 dos valores de K para aplicação do
método.
Q=
( P.A.K ) equação (4)
t
onde:
Q = Vazão média do percolado em litros por segundo;
P = Precipitação média mensal (mm);
A = Área total do aterro (m2);
t = Número de segundos em 1 mês que é de 2592000 segundos;
K = Coeficiente que dependente do grau de compactação dos resíduos sólidos urbanos. Foi considerado para
o estudo de Lins & Jucá (2003) K = 0,5.
A eficiência do sistema de tratamento de percolado foi avaliada em termos da remoção de matéria orgânica
(DBO e DQO). O impacto do lançamento do efluente do sistema de tratamento foi avaliado considerando a
Resolução CONAMA N. 357/05 (Brasil, 2005) e a Portaria SSMA/RS N. 05/89 (RS, 1989).
RESULTADOS
Resultados Quantitativos do Percolado Gerado
Obtiveram-se os resultados quantitativos do percolado por intermédio da estimativa de geração da vazão de
efluentes no aterro da Caturrita, estes baseados na utilização de métodos empíricos: o Método do Balanço
Hídrico, o Método Racional e o Método Suíço. Para aferição dos métodos empíricos, mediu-se na calha
Parshall as vazões reais efluentes do sistema de lagoas. A tabela 5 apresenta a síntese dos valores medidos
durante o período de monitoramento.
Para estimar a vazão de percolado para séries históricas longas pelo método do Balanço Hídrico, utilizou-se
os seguintes coeficientes mostrados na Tabela 6 e o seu respectivo modo de obtenção. Na estimativa de séries
curtas foram utilizados os mesmos coeficientes da Tabela 6, entretanto com boletins pluviométricos e
hidrometeorológicos entre Maio de 2004 e Abril de 2005.
Igualmente ao Balanço Hídrico, para o Método Racional foram utilizados os coeficientes da tabela 7,
diferenciando as séries longas das curtas pelos dados pluviométricos e hidrometeorológicos.
Para o Método Suíço os coeficientes que foram utilizados estão na Tabela 8, igualmente aos métodos
anteriores realizaram-se estimativas para séries históricas longas e curtas.
Com os resultados obtidos para as séries históricas longas e curtas fizeram-se comparações das vazões
estimadas entre os três métodos. Basicamente utilizaram-se gráficos de avaliação de erros para as análises.
Conforme os mesmos, fez-se à tendência linear, sendo a que melhor ajusta a série de dados. Na seqüência
inseriram-se os dados de vazão calculada para os métodos empíricos, no eixo dos “x” e os da vazão medida
no eixo dos “y”. Os gráficos de avaliações de erros são apresentados nas Figuras 3 e 4, respectivamente, para
séries históricas longas e curtas de precipitação e evapotranspiração
120,0
Vazão Real (m3/dia)
90,0
60,0
30,0
0,0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0
Vazão Estimada (m3/dia)
Figura 3 – Avaliação de erros dos métodos do Balanço Hídrico, Racional e Suíço para séries históricas
longas.
160,0
Vazão Real (m3/dia)
120,0
80,0
40,0
0,0
0 40 80 120 160
Vazão Estimada (m3/dia)
Figura 4 – Avaliação de erros dos métodos do Balanço Hídrico, Racional e Suíço para séries históricas
curtas.
Com o cálculo estimativo para séries históricas longas e curtas chegou-se a Tabela 10, baseada nos gráficos
das Figuras 2 e 3 de avaliação de erros, sintetizando as avaliações para séries históricas de dados longas e
curtas.
Tabela 10 - Resultado da avaliação quantitativa através dos métodos empíricos para séries longas e
curtas e a vazão real medida na calha.
Método Medida
Método Racional Método Suíço
MÊS Balanço Hídrico na Calha
(m /dia)
3
(m /dia)
3
(m3/dia) (m3/dia)
Média dos Meses 25,7 9,1 42,2 29,5 50,2 19,6 37,3
Somatório Anual 308,2 108,7 506,3 354,3 602,2 235,2 448,1
R^2 0,20 0,06 0,03 0,04 0,33 0,06 1,00
Erro Médio -31,2% -75,7% 13,0% -20,9% 34,4% -47,5% 0,0%
128,1 252,2
Erro Máximo % 80,7% 1594% 887,9% % 156,2% -
Erro Mínimo 0,0% 0,0% 1,6% 14,7% 0,0% 0,0% -
Os valores encontrados na Tabela 10 nas séries históricas longas são resultados dos melhores ajustes dos
coeficientes de cada método, baseados em características locais do aterro da Caturrita. De posse do melhor
ajuste para séries históricas longas foi possível à calibração e conseqüente utilização dos coeficientes para
séries históricas curtas da Tabela 10, no caso entre Maio de 2004 e Abril de 2005.
Nas Figuras 5 e 6, percebe-se a discrepância da estimativa dos métodos empíricos para as séries, quando
agrupados graficamente
120,0
90,0
m3/dia
60,0
30,0
0,0
I
R
V
R
Z
L
N
T
N
O
A
JU
E
E
O
FE
JU
JA
G
M
M ês
D
S
M
N
A
Racional Vazão Real Balanço Hídrico Suiço
Figura 5 – Resultados dos métodos empíricos e a Vazão Real para as séries históricas longas de dados.
150,0
120,0
90,0
m3/dia
60,0
30,0
0,0
AI
AR
N
N
V
EZ
R
V
L
T
JU
SE
U
FE
JU
O
AB
JA
AG
M
D
M
Mês
N
Figura 6 – Resultados dos métodos empíricos e a Vazão Real para as séries históricas curtas de dados.
Os erros médios para os métodos do Balanço Hídrico, Racional e Suíço, foram respectivamente, 31,2%,
13,0% e 34,4%, considerando séries longas. O segundo e o terceiro acima da vazão real e o primeiro abaixo.
Para séries curtas os erros médios calculados foram de 75,7%, 20,9% e 47,5%, respectivamente para os
métodos Racional, Suíço e Balanço Hídrico. Os três inferiores a vazão real medida. A explicação pode estar
no fato dos métodos não considerar variáveis importantes como a capacidade de campo e a umidade dos
resíduos ou ainda o grau de compactação se tomados os métodos Racional e Balanço Hídrico.
Conforme os resultados, é importante expor que o trabalho de avaliação quantitativa do percolado gerado,
trás consigo algumas limitações que podem ter influenciado na vazão real do sistema. Pode-se citar que:
• O aterro não apresenta impermeabilização lateral, isto é, parte da precipitação escapa dos limites da
área e as lagoas não recebem em totalidade os líquidos percolados;
• Parcelas dos lixiviados são infiltradas no solo na base do aterro pela ausência de impermeabilização
de fundo, seja por argila ou geomembrana;
• A calha Parshall foi instalada a Jusante do sistema de lagoas no ponto efluente. Para corresponder
melhor a vazão real, a sua instalação deveria ocupar o ponto afluente, entretanto, a lagoa 01 recebia no
período de instalação dois tributários de drenagem provenientes do aterro segmentando as vazões;
• Para os meses de Dezembro de 2004 a Março de 2005 obteve-se vazão nula pela ausência ou
insuficiência de percolação entre as lagoas. Neste período a calha Parshall permaneceu sem a presença de
lâmina d’água. Este fato pode ser explicado pelo somatório dos efeitos de evaporação nas lagoas adicionado a
possível existência de pontos de infiltração na manta, sendo estes superiores a vazão de entrada no sistema no
ponto afluente. Em observações durante as coletas verificava-se a presença de vazão afluente entrando na
lagoa 01;
• O aterro ainda esta em operação de destinação final de resíduos, o que não é recomendável na
aplicação de modelos que simulam geração de percolado.
O resultado da eficiência na remoção de matéria orgânica pelo sistema de tratamento por Lagoas de
Estabilização é apresentado na Figura 7. Observa-se uma variabilidade significativa no percentual de
remoção de matéria orgânica. A eficiência média foi de 68,5% na remoção de DBO e 57,7% para a DQO. ,
enquanto que os máximos e mínimos foram de 96,29% e 0,35% para a DBO e 98,40% e 2,73% para DQO,
respectivamente. Essa variabilidade pode estar associada à precariedade operacional do aterro e em especial
às mudanças realizadas no ao sistema de drenagem do percolado que ocorreram ao longo do período de
estudo.
100
75
Remoção (%)
50
25
DBO DQO
0
28/6/2003 14/1/2004 1/8/2004 17/2/2005 5/9/2005
Figura 7 – Eficiência de remoção de DBO e DQO pelo sistema de lagoas de estabilização para o
histórico de dados de coleta.
Tabela 11 – Síntese dos resultados do monitoramento qualitativo para a média de concentrações, desvio
padrão, máximos e mínimos.
Desvio
Variável Unidade Ponto Média Mínimo Máximo
Padrão
Afluente 2202,13 1641,74 352,96 5610,30
Efluente 390,47 232,91 153,15 1088,22
DBO5,20 mg/L
Montante 7,94 17,15 0,45 83,44
Jusante 72,85 72,35 0,75 226,63
Afluente 4569,24 2954,61 1746,03 13130,00
Efluente 1402,79 531,95 112,2 2883,40
DQO mg/L
Montante 19,25 26,95 1,626 115,05
Jusante 210,26 175,36 4,23 666,66
Afluente 7,89 0,32 7,10 8,39
Efluente 8,43 0,55 7,65 9,83
pH -
Montante 6,96 0,38 6,06 7,66
Jusante 7,63 0,50 6,93 8,33
Afluente 291,8 125,9 94,6 538,5
Efluente 160,1 76,9 38,5 348,1
Turbidez NTU
Montante 95,8 125,5 21,2 521,5
Jusante 114,1 121,4 21,2 502,2
Afluente 1,04 1,50 0,00 5,54
Oxigênio Efluente 2,19 1,49 0,21 5,60
mg/L
Dissolvido Montante 7,15 1,65 4,30 11,10
Jusante 5,54 1,93 1,55 9,89
Afluente 11667,8 4606,1 4710,0 19420,0
Condutividade µS/cm Efluente 5687,3 1845,3 2050,0 11610,0
Elétrica Montante 49,8 30,6 23,0 162,8
Jusante 865,0 859,6 48,9 2970,0
Afluente 6488,0 3881,2 5,8 17300,0
Efluente 3185,8 821,4 142,7 4255,0
Sólidos Totais mg/L
Montante 239,1 303,0 71,0 1204,0
Jusante 718,8 460,9 87,2 1676,0
Afluente 218,1 194,3 20,5 790,0
Sólidos Efluente 90,4 57,0 17,2 226,7
mg/L
Suspensos Montante 118,0 180,7 9,2 576,0
Jusante 165,0 239,1 11,4 838,0
Considerando que os corpos hídricos da bacia hidrográfica da área em estudo não foram submetidos ao
processo de enquadramento, considera-se que os mesmos devam atender aos requisitos de qualidade da classe
2 (Brasil, 2005). Verifica-se que o corpo hídrico já apresenta uma situação desfavorável em relação à DBO e
o lançamento promove uma degradação total do mesmo. Apesar do oxigênio dissolvido, a jusante do ponto de
lançamento, apresentar um valor médio relativamente elevado (5,54 mg/L), acredita-se que este valor
decresça rapidamente ao longo do percurso do corpo hídrico pela intensificação dos processos de
estabilização da matéria orgânica, podendo chegar a uma condição de anaerobiose.
1000
Efluente - DBO
Limite SSMA 05/89
800
DBO - mg/L
600
400
200
0
28/7/2003 13/2/2004 31/8/2004 19/3/2005
CONCLUSÕES
O método empírico que mais se aproximou da vazão real do aterro da Caturrita foi o Suíço, considerando a
série histórica longa de dados de precipitação de 34 anos e de evapotranspiração de 29 anos, com erro médio
de 13,0% acima da vazão real. Para o período compreendido entre Maio de 2004 e Abril de 2005 de séries
curtas também o método Suíço foi o que conseguiu o melhor ajuste com erro percentual médio de 20,9%
abaixo da vazão real. Entretanto o método Suíço distribui uniformemente suas vazões durante o ano, com
isso não se aproxima das curvas de tendências da medida real, prejudicando a qualidade da simulação mês a
mês;
Para vazões mensais o método Suíço sempre irá estimar geração de percolado, visto que desconsidera
importantes variáveis como a evapotranspiração;
O balanço hídrico para Santa Maria – RS não apresenta déficit hídrico para séries históricas,
independentemente do mês avaliado, contudo, isto é possível apenas se não analisarmos os eventos
meteorológicos por probabilidades de ocorrência, onde certamente verificaríamos em algumas situações
deficiência hídrica, bem como verificado na série analisada entre Maio de 2004 e Abril de 2005.
O ponto de Montante ao Arroio Ferreira, eventualmente, apresenta indícios fracos de contaminação. Quando
ocorrem chuvas há uma elevação nos sólidos e na concentração de DBO e DQO, podendo atingir níveis de
concentrações superiores a 80mg/L para a DBO e 115mg/L para DQO;
O aterro da caturrita se encontra na fase de transição entre metanogênica e acidogênica, não estando dentro
dos limites considerados da metanogênese pelo fato de haver mistura entre o lixo novo e o velho. Os resíduos
antigos elevam a concentração de matéria orgânica presente no lixo, aumentando, assim, o valor da razão
DBO/DQO;
A cobertura mal executada ou inexistente, também pode ter interferido na qualidade do percolado gerado,
juntamente com a previsão das vazões pelos métodos simplificados. Fatores de operação do aterro como
ligação de novas células aos drenos de percolado podem ter contribuído na oscilação da DBO e DQO para o
ponto Afluente, encontrando-se desde máximos de 5610,30mg/L e 13130mg/L os mínimos de 352,96mg/L e
1746,03mg/L, respectivamente;
A eficiência média do sistema de lagoas de tratamento ficou em 68,5% na avaliação da DBO, o que é
insuficiente, uma vez que a média de concentração do local é de 390,47mg/L (ponto efluente), sendo que para
atender a Portaria SSMA-RS 05/89 seria necessário uma concentração inferior a 200mg/L. Uma maneira de
concretizar esta possibilidade consistiria em aumentar a área e o volume úteis com maior número de lagoas,
incrementar sistemas de aeração e adição química, dentre outros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. AMERICAM PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard methods for the examination of water and
wastewater. 19th ed. Washington, APHA/AWWA/WPCF, 1995.
2. BRASIL. Resolução CONAMA No 357/2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 08 mar., Seção 1.
Brasília, 2005.
3. CAPELO NETO, J.; MOTA, S.; SILVA, F. J. A. Geração de Percolado em Aterro Sanitário no Semi-Árido
Nordestino. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 4, n. 3, p. 160 – 167, 1999.
4. EMBRAPA. Banco de Dados Climáticos do Brasil. Disponível em:
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6. FNS .- Fundação Nacional de Saúde – Ministério da Saúde. 1999. Manual de saneamento. 3a edição.
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7. INMET - Instituto Nacional de Meteorologia. Agrometeorologia - Balanço Hídrico. Disponível em:
<http://reia.inmet.gov.br/agrometeorologia/agro_menu.php?opc=4>. Acesso em: 28 mar.2005.
8. JUCÁ, J. A. T. A Disposição Final de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil . In: V CONGRESSO
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Reviews in Environmental Science and Technology, (2002). Disponível em: <http://www.sciencedirect.com >.
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10. LINS, E. A. M. A Utilização da Capacidade de Campo na Estimativa do Percolado Gerado no Aterro da
Muribeca. 2003. 142f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Civil) – Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, Dezembro de 2003.
11. LINS, E. A. M. A & JUCÁ, J. A. T. A Utilização de Métodos Empíricos para a Estimativa do Percolado
Gerado no aterro da Muribeca. In: XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E
AMBIENTAL. Anais..., Joinvile, 14 a 19 Setembro de 2003.
12. OLIVEIRA, S. DE & PASQUAL, A. Monitoramento do Lixiviado de Aterro Sanitário. In: XXVII
CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. Anais..., Porto
Alegre, 3 a 8 Dezembro de 2000.
13. RIO GRANDE DO SUL. Portaria SSMA n. 05/1989. Aprova a Norma Técnica SSMA N.º 01/89 –
DMA, que dispõe sobre critérios e padrões de efluentes líquidos a serem observados por todas as fontes
poluidoras que lancem seus efluentes nos corpos d’água interiores do estado do Rio Grande do Sul..
Porto Alegre, 1989.