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A idéia de que guardiões protegiam e defendiam o Planeta Terra, com certeza veio
do pensamento celta, pois fica explícita nas toponímias que procedem do Deus do
Sol, LUGH. Seu nome significa lux (luz) e lucus (arvoredo). Na França é conhecido
como Laon, e Lyon, na Holanda como Leiden e na Grã-Bretanha como Carlisle.
Outras divindades como Bel, Don e Og nos reportam aos poderes sobrenaturais
personificados e disseminados pelas antigas tribos celtas. Porém, Lugh representa
um símbolo essencial entre todos os festivais, lendas e histórias irlandesas.
Os celtas eram um povo muito extrovertido que encarnavam seus deuses como
Tuatha Dé Danann (deus guerreiro vencedor da eterna batalha com as trevas). Lugh
do Longo Braço tinha uma lança mágica que disparava fogo e rugia na batalha
Moytura, enquanto libertava o Rei Nuada e os Tuatha Dé Danann das mãos dos
Fomori, os demônios da noite que só tinham um olho. Antes da batalha Lugh tinha
pedido para ser aceito no grupo de guerreiro, mas só foi aceito quando ganhou uma
partida de xadrez. Nuada então confiou-lhe a defesa da Irlanda. Os heróis celtas
tinham poderes específicos:
DIANCECHT, o médico que construiu um braço de prata para o rei Nuanda e curava
os feridos;
CREDNE, o soldador, que fabricava as pontas das lanças, espadas e os rebites dos
escudos;
DAGNA, com sua clava, seu caldeirão da abundância, alimentava o exército dos
guerreiros e tocava sua harpa em três sons: o do sonho, o do alívio e o do riso.
Na batalha, Lugh consegue cegar o único olho do malvado rei dos Fomori com uma
funda. A pedra, depois de ter-lhe atravessado a cabeça, mata muitos Fomori. O
resto dos piratas foge em seus barcos e, a partir de então, essas criaturas "de um
olho só, um braço só e uma perna só deixam de ser uma ameaça.
INVOCAÇÃO A LUGH
Que possamos sempre ser abençoados pela alegria do Brilhante Senhor dos Céus,
O Inteligente, a Mão Segura, o Bardo e o Ferreiro.
Que possamos estar em paz sob a mão do Comandante de Danú.
Vós sois poderoso e sua força nos conduz, nos mostrando a satisfação da vida e a
beleza que preenche todas as coisas sobre a Terra.
Oh Deus dos tempos remotos,
Faça-me forte, poderoso e vitorioso,
Pois você não conhece a derrota,
Pois seus caminhos são os caminhos da vitória.
Me defenda com ponta de sua lança e com o fio de sua espada.
HERÓIS CELTAS
- "Sou Lugh teu pai do Mundo Exterior, filho de Ethliu. Dorme um pouco, Cú-
Chulainn", responde o radiante soldado "e eu, enquanto isso desafiarei a todos".
Ser o melhor dos guerreiros era o ideal dos celtas, mas morrer na batalha rodeado
de amigos e centenas de inimigos era a consumação suprema. Este tipo de
pensamento para nós Ocidentais é um tanto fanático e paranóico, mas para o povo
celta a morte é a causa da vida. A preparação para este momento supremo
proporcionava ao soldado celta, desde a sua iniciação, valor e orgulho. Na história
de Cú-Chulainn, o Deus Sol se materializa para assumir as funções de guerreiro que,
após morrer durante três dias, continua mortal. Neste estado de bardo, pode
ascender em direção a três mundos místicos celtas: ao corpo terrestre, ao espírito
físico e ao da radiante luz da alma, no qual o próprio Sol se manifesta.
Esta mutação entre o soldado humano e seu arquétipo do outro mundo é algo
comum nos relatos celtas. É também a chave dos mistérios celtas: a fusão do
espiritual, do físico e do imaginário.
O mais fascinante e romântico destes heróis do Sol, foi o rei Artur. É bem provável
que seu personagem histórico tenha sido um líder militar do século VI. A evocação
de Artur em topônimos de toda a Grã-Bretanha é uma amostra da admiração
européia por Lugh e outros heróis celtas. Conta-se, que aos sete anos, Merlin deixou
os druidas impressionados ao destruir dois dragões que minavam as fundações de
um forte real. A transformação deste menino prodígio no profeta e conselheiro do
novo arquétipo solar é um tema muito comum.
Já Artur tem relação mítica com São Miguel, como Senhor da Luz, ao destruir os
poderes da obscuridade de dragão. São Miguel, por sua vez, que é apresentado
segurando uma balança e pesando as almas nas encruzilhadas da Irlanda,
transforma-se em reencarnação de Tot, deus egípcio do mundo e dos mortos. Na
tradição islâmica, Miguel era o anjo a quem Deus deu o poder de cumprir sua
vontade no universo do vento e da chuva. No contexto celta, Miguel, como entidade
solar, é a força primária que mantém nivelados os elementos angelicais e terrenos
de sua própria natureza.
Os mistérios celtas tomavam forma nos estados intermediários como o crepúsculo,
entre a luz e a obscuridade, ou o dia ou a noite, ou o orvalho, que não é nem chuva
nem água do mar ou rio, nem água de poço e utilizavam o visco sagrado, que não
era planta, nem árvore. A área de fluxo, plena de presságios e de acontecimentos
extraordinários, era indeterminada, e o guerreiro podia lutar contra ela pondo em
jogo sua vida. Esta maneira de estar vivo, se caracteriza por quatro qualidades.
Para ser soldado há que se ter respeito, ter consciência do medo, estar sempre
atento e ter confiança em si mesmo. A partir disso, o perigo resumia-se em uma
consciência do que se pretende.