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Revista Procon

A revista da Fundação Procon-SP • no 8

TV por assinatura
Ponto adicional deve ser
isento de mensalidade

Pódio da discórdia
Conheça as empresas e os principais assuntos que
lideram o ranking de reclamações do Procon-SP

Atendimento, consultas
e reclamações
Postos Poupatempo Outros Atendimentos
2ª a 6ª, das 7h às 19h - Sábados, das 7h às 13h Cartas: Caixa Postal 3050
Itaquera: Av. do Contorno, 60 - Metrô Itaquera CEP: 01061-970 - São Paulo/SP
Santo Amaro: Rua Amador Bueno, 176/258 Fax: (11) 3824-0717 - 2ª a 6ª, das 10h às 16h
Sé: Rua do Carmo, sn Cadastro de Reclamações Fundamentadas: (11) 3824-0446
2ª a 6ª, das 8h às 17h
Ouvidoria do Procon-SP Telefone: 151 - 2ª a 6ª, das 8h às 17h
R. Barra Funda, 930, 4º andar - sala 412 - Barra Funda www.procon.sp.gov.br
CEP: 01152-000 - São Paulo/SP
Telefone/Fax: (11) 3826-1457 Outros Municípios
e-mail: ouvidoria@procon.sp.gov.br Consulte a prefeitura de sua cidade ou o site do Procon-SP

Ilustração: Robson Minghini

Entrevista Alô? Saúde


Ouvidora aposta em conciliação Normas de telefonia celular Planos agora têm de cobrir
para atender cidadão paulistano mudam em favor do consumidor vasectomia, psicólogo e...
Revista Procon-SP

Sumário
1 - EDITORIAL 26 – COLEGUINHAS
ONG busca ampliar a segurança para o turismo
2 - DIRETO AO CONSUMIDOR
28 - PLANOS DE SAÚDE
4 - ENTREVISTA ANS amplia procedimentos de cobertura obrigatória
7 – DIA-A-DIA 31 - NA JUSTIÇA
Jornalista sofre com operadora de celular MP-SP ajuíza ação contra organizadores do show do U2
8 – PROCON MUNICIPAL 32 - PROJETO DE LEI
Nova sede do Procon de Jundiaí traz conforto e eficiência Aviso prévio para “sujar” nome do consumidor

10 - TECNOLOGIA 34 - TELEFONIA
Anatel define proteção ao usuário de TV por assinatura Agência atualiza normas do serviço de celular

13 – CRÉDITO 38 - PESQUISA
Governo federal admite perigo e muda regras do consignado Diferenças entre água e refrigerante

14 - LADO A LADO 39 – BIBLIOTECA


Ipem-SP desenvolve veículo para auxiliar na fiscalização 40 – DIRETO AO PONTO
16 - CAPA
Conheça as empresas que mais receberam reclamações em 2007

24 – COMPORTAMENTO
Guerra contra as sacolas de plástico descartáveis

CURSOS E PALESTRAS DA
FUNDAÇÃO PROCON-SP
Governo do Estado de São Paulo Diretor-executivo
Governador
Roberto Augusto Pfeiffer • Direitos básicos do consumidor
José Serra Chefe de gabinete
Carlos Augusto Coscarelli • Orçamento doméstico
Secretaria da Justiça Editor-chefe
e da Defesa da Cidadania Francisco Itacarambi - Mtb. 41.327/SP
• Direitos do consumidor na terceira idade
Secretário
Luiz Antonio Marrey
Edição • Direitos e deveres do consumidor bancário
Felipe Neves

Fundação de Proteção e Defesa


Redação • Saindo do vermelho
Felipe Neves, Gabriela Amatuzzi e Ricardo Lima Camilo
do Consumidor (Procon-SP)
Colaboraram nesta edição
• Curso básico do Código de Defesa do Consumidor para fornecedores
Conselho curador
Joyce Camargo, Leonardo Tote, Maria Clara Caram e Patrícia Paz
Anselmo Prieto Alvarez, Antonio Carlos Santa Izabel,
Antonio Júlio Junqueira Queiroz, Antonio Sabóia Barros Jr.,
• Defesa do consumidor para rede de ensino
Editoração e impressão
Cornélia Nogueira Porto, Lindalva Rufina de Lima, Marcelo
Gomes Sodré, Marcos Pó, Margaret Cruz, Maria Augusta
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo • Defesa do consumidor na formação de profissionais
Pontes Cardoso, Marilena Lazzarini, Omar Cassim Neto, Janeiro e fevereiro de 2008
Ronaldo Porto Macedo, Rosana Piccoli dos Santos, Sérgio imprensaprocon@procon.sp.gov.br
• Curso educação para o consumo – capacitação para professores
Robles Reis de Queiroz, Silmara Juny de Abreu Chinelato e
Almeida, Tatiana Rigorini e William César La Torre Distribuição gratuita

Informações no site: www.procon.sp.gov.br


Editorial

Boas novas

A
edição deste mês é especial. A matéria de capa é um relato detalha-
do da importante missão constitucional que a Fundação Procon-SP
desempenha no dia-a-dia. Além de revelar os principais problemas
no mercado de consumo, uma leitura atenta do Cadastro de Reclamações Fun-
damentadas é ferramenta essencial no auxílio da liberdade de escolha que cada
consumidor desempenha rotineiramente. Em outras palavras, trata-se de uma
fotografia de como os fornecedores atendem ao cidadão.
Este ano, o leitor ganha uma surpresa. O ranking das empresas mais
reclamadas foi elaborado pelo órgão de defesa do consumidor agrupando uma
mesma marca para facilitar a leitura dos dados por parte do consumidor. O
critério utilizado foi o modo como o fornecedor é apresentado ao público em
campanhas publicitárias e no material informativo em que se destaca a marca. O
dado unificado desmascara o fato de instituições aparecerem diversas vezes no
cadastro, mas não ocuparem as primeiras posições do ranking geral.
Outro dado que salta aos olhos é a importância do órgão do Estado de São
Paulo, que só contabiliza as reclamações da capital, na defesa do consumidor.
O cadastro do Procon-SP equivale à metade de todas as reclamações do
levantamento nacional, que agrupa os dados de outros Procons estaduais. Um
dos desafios agora é unificar nos próximos levantamentos todas as reclamações
dos Procons municipais conveniados à fundação no Estado.
A revista também apresenta as novas regras da Anatel, que devem facilitar
a vida de todos. São iniciativas bem-vindas, ainda mais por abordarem dois
campeões de reclamação. A primeira trata da telefonia celular, estendendo
direitos que já deveriam estar em uso. Quem se opõe, por exemplo, à validação
de créditos de telefone pré-pago não utilizados? Agora, basta o usuário fazer
uma nova recarga (por qualquer valor) e terá o que pagou antecipado e não
usou à sua disposição novamente. Já no segundo caso, fica proibida, entre outras
determinações, a cobrança do ponto extra para TV por assinatura.
Boas notícias também vêm da Ouvidoria de São Paulo. Maria Inês Fornazaro
está levando a experiência de 24 anos na Fundação Procon-SP, onde inclusive
desempenhou o cargo de diretora-executiva, para o atendimento ao cidadão. A
disseminação da conciliação, prática usual do órgão de defesa do consumidor, no
atendimento tem se revelado uma prática, como conta na entrevista, com grande
potencial de solução das demandas coletivas da capital.
Que venham novas mudanças!

Francisco Itacarambi
Editor-chefe

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 1


Direto ao consumidor

Credibilidade

A Funda- boca dos consumidores que foram trabalho do Procon-SP são os bairros
ção Procon- atendidos e tiveram o seu problema de Ermelino Matarazzo e Itaquera,
SP foi consi- sanado. Em 2007, para cada dez de- nos quais 85% dos entrevistados
derada uma mandas de consumidores, oito fo- responderam que confiam no ór-
das cinco ins­­ ram solucionadas”, explica o diretor- gão. Na outra ponta, o menor índice
ti­tuições mais confiáveis pelos pau- executivo da Fundação Procon-SP, de confiança foi atingido no bairro
listanos, segundo pesquisa Ibope. Roberto Pfeiffer. da Lapa, na região oeste, onde no
Ao todo, 77% dos entrevistados Em todas as simulações, a funda- futuro será instalado um posto de
responderam que confiam no ór- ção atingiu mais de 72% de índice de atendimento fixo do Procon-SP. As
gão estadual de defesa do consu- confiança, sendo que na fragmenta- regiões sul e leste, por sinal, são con-
midor, e outros 5% não opinaram. ção de 16 a 24 anos e 50 anos ou sideradas as maiores da capital.
O Procon-SP aparece ao lado do mais o percentual superou a marca de O levantamento, encomendado
Corpo de Bombeiros, Correios, Sa- 80%. Outro dado significativo é que, pelo “Movimento Nossa São Pau-
besp e Metrô entre as instituições quanto maior o grau de instrução do lo”, ouviu 1.512 moradores em to-
mais confiáveis. Dos cinco, apenas cidadão, maior a confiança no traba- das as regiões da cidade, entre os
os Bombeiros e o Procon-SP não lho executado pelo Procon-SP. Cabe dias 5 e 14 de janeiro. O resultado
fazem propaganda institucional destacar que as regiões central, leste foi apresentado no dia 25 do mes-
ou de outro gênero em veículos de e sul – locais onde a fundação pos- mo mês, aniversário do município.
comunicação. sui postos fixos de atendimento nos O intervalo de confiança estimado é
“O resultado reflete o trabalho Poupatempos – registraram o maior de 95% e a margem de erro má-
executado por todos os funcioná- índice de credibilidade do órgão. xima é de 2,5 pontos percentuais
rios. Nossa propaganda é a boca- Exemplos claros da satisfação do para mais ou para menos.

De olho no T tares destinados ao consumo humano bre o pagamento da conta e o consu-


ou animal que contenham ou sejam midor não colabora para comprovar
O consumidor deve fi- produzidos a partir de organismos ge- a quitação da fatura.
car atento aos produtos neticamente modificados, com presen- “Apesar do pagamento da con-
que trazem um triângu- ça acima do limite de um por cento do ta que gerou o corte, a suspensão
lo amarelo com a letra produto, o consumidor deverá ser in- no fornecimento de energia se deu
“T”. Além do símbo- formado da natureza transgênica des- por culpa exclusiva do autor que
lo, a primeira linha se produto”. As empresas que já utili- deixou de comprovar o pagamento
de produtos do gênero vendida em zam o “T” alegam que o percentual é efetuado, uma vez que é sabido que
supermercado assinala no rótulo que inferior a 1% e que resolveram adotar falhas de comunicação nos sistemas
se trata de um “produto produzido a o novo rótulo por transparência. existem”, afirmou a juíza. O autor
partir de soja transgênica”. A indica- da ação alegou que, no sentido con-
ção é uma exigência do Tribunal de Ônus da prova tratual, não houve violação de dever
Justiça (TJSP), que apontou que pouco jurídico, pois a única obrigação do
importa o percentual de organismos Se o funcionário da empresa de consumidor é pagar a conta.
geneticamente modificados (OGMs) energia elétrica estiver à sua porta,
utilizado na fabricação do produto. É faça de tudo para comprovar que Saúde do consumidor
direito do consumidor ser informado. o débito está quitado. Segundo o
A polêmica existe em virtude do “Conjur”, decisão da 10ª Câmara Cí- A Fundação Procon-SP ministrou
texto do Decreto Federal nº 4.680, vel do Tribunal de Justiça do Rio de no final do ano, no Rio de Janeiro,
que determina: “Na comercialização Janeiro entende que o corte da luz um curso de capacitação para os téc-
de alimentos e ingredientes alimen- pode ser efetuado se há dúvidas so- nicos da Agência Nacional de Saúde

2 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Direto ao consumidor

Suplementar (ANS). O objetivo foi tentável” – menos consumo e menor pelos danos causados e é responsável
transmitir as principais disposições emissão de gases de efeito estufa. por oferecer segurança ao consumidor.
do Código de Defesa do Consumi- Para quem não tem a possibilida- E destaca que, notada a presença in-
dor, em especial no que tange aos de de fazer a substituição por painéis suficiente de policiais, o clube poderia
procedimentos que envolvam as ope- solares, anote algumas dicas: nos dias adotar outras medidas para garantir a
radoras de planos de saúde frente às quentes, coloque o chuveiro na posição integridade do público.
relações de consumo, como práticas “Verão”; compre um chuveiro menos
abusivas e publicidade. potente (até 80% mais barato) e redu- Use a cabeça
za a sua conta de luz em até 40%; dei-
Você está no Brasil! xe o chuveiro ligado somente o tempo
necessário para o banho; nunca reapro-
Levantamento da veite uma resistência queimada, pois
revista “Forbes” revela isso provoca o aumento do consumo e
o que boa parte dos coloca em risco a sua segurança.
brasileiros desconfia-
va. A pontualidade Pequena surdez
dos vôos no país anda Nunca se vendeu tantos capacetes
mal das pernas. A publicação apontou Aparentemente cor-de-rosa como no começo deste
os aeroportos de Brasília, Congonhas as ouvidorias criadas ano. Por ser o mais barato, a procura
e Cumbica entre os cinco piores do pelo sistema financei- carrega uma estratégia marota: arran-
mundo. A reportagem faz ainda uma ro sofrem ainda de car o selo do Inmetro para colocar em
menção irônica à situação brasileira: problemas de audi- outro capacete. Desde 1º de janeiro,
“Se você está esperando sentado o seu ção. Desde a entrada quando entrou em vigor a Resolução
avião em Chicago, Londres ou Ásia, em vigor do departamento, o número Contran, tornou-se obrigatório que o
mantenha a esperança. As coisas po- de reclamações registradas pelo Banco assessório de segurança ostente o selo
deriam estar muito pior. Você poderia Central cresceu 45% entre setembro e de identificação expedido pelo órgão
estar no Brasil.” novembro de 2007. A Febraban (Fede- e uma etiqueta interna.
Na mesma semana do anúncio ração Brasileira de Bancos) se defende No entanto, a saída irregular de
do ranking, a Agência Nacional de e alega que o serviço ainda é novo. A arrancar o selo é inócua para quem
Aviação Civil (Anac) informou que vai expectativa da entidade é que o canal adquiriu um equipamento apropriado
realizar uma operação de fiscalização interno seja capaz de absorver as de- antes da entrada na nova regulamen-
para encontrar e corrigir as falhas das mandas dos consumidores. tação. A orientação do próprio Inme-
companhias aéreas. A meta inicial é tro é que antes de punir o condutor,
reduzir os atrasos de mais de 1 hora Gol de placa seja analisada uma lista disponibilizada
nos vôos domésticos. A medida vem em seu site visando a comprovar que o
em boa hora, visto que apenas 57% produto realmente não foi certificado
desses vôos não atrasaram em de- antes de sua venda, evitando injustiças
zembro, superando a marca de 2006 para com o cidadão que cumpriu a lei
– considerado o auge da crise aérea. vigente naquele momento.
O órgão garante que, desde a en-
Remédio ao apagão trada em vigor da nova portaria, todo
O Tribunal de Justiça do Rio Grande capacete para condutores e passagei-
Os temores de racionamento de do Sul utilizou o Código de Defesa do ros de motocicletas e similares dispo-
energia não devem abalar os mora- Consumidor para fixar indenização por nibilizado hoje no comércio nacional
dores dos novos empreendimentos danos a um torcedor que foi roubado e já atende aos dispositivos obrigatórios.
populares da CDHU. A idéia é que os atacado por integrantes de uma torci- No entanto, existe um passivo de asses-
imóveis sejam entregues equipados da organizada no Estádio Olímpico, em sórios em poder do usuário final que,
com painéis solares. Além de baratear Porto Alegre. Segundo o desembarga- apesar de ter sido certificado, pode não
a conta de energia elétrica, a tecno- dor, o CDC determina que o prestador possuir a etiqueta interna ou o selo na
logia permite o chamado “banho sus- de serviço responde objetivamente parte externa nos moldes atuais.

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 3


Entrevista

Com uma vida inteira dedicada à defesa da cidadania,

Cidadão em
Maria Inês Fornazaro é hoje a representante do
paulistano na prefeitura de São Paulo. Nomeada
ouvidora geral do município em 2006, a bacharel em
Ciências Sociais procura usar sua experiência de 24

harmonia anos no Procon-SP (sete como diretora-executiva) para


aprimorar a qualidade dos serviços públicos prestados
pela administração municipal. Uma das tendências,
Por Felipe Neves e Francisco Itacarambi como relata a também presidente da Associação
Brasileira de Ouvidores de São Paulo (ABO-SP), é investir
nas conciliações. Veja a seguir os principais trechos da
Felipe Neves/SJDC entrevista concedida à REVISTA PROCON-SP.

Qual é o papel de uma ouvidoria?


O papel da ouvidoria é muito maior que o papel de um
SAC [Serviço de atendimento ao consumidor], por exemplo.
O SAC está relacionado ao atendimento e ao recebimento
de reclamações, e possivelmente à solução dessas reclama-
ções. A ouvidoria entra em um segundo momento, quando
esses problemas não conseguiram ser resolvidos nos canais
comuns de comunicação. O principal objetivo da ouvido-
ria é verificar por que os sistemas normais falharam, como
falharam e o que precisa ser feito para que isso não se re-
pita. Então, a ouvidoria é uma ferramenta de gestão, um
instrumento de qualidade e está relacionada diretamente à
valorização do exercício da cidadania.

Qual é a diferença entre atendimento ao consumi-


dor e atendimento ao cidadão?
Quando o cidadão procura o Procon-SP, por exemplo,
ele busca o apoio do Estado para a solução de um pro-
blema particular, individual. Às vezes, até é um problema
coletivo, mas, em princípio, o cidadão busca resolver o seu
problema individual. Quando vem à ouvidoria da prefeitura,
ele busca uma solução que, a principio, pode ser individual,
mas geralmente é coletiva. Então, ele se apresenta com
uma cobrança muito maior. Ele não vem à ouvidoria buscar
o apoio para solução de um problema, ele vem cobrar um
direito enquanto cidadão.

Como a sua experiência em atendimento ao consu-


midor ajuda no seu trabalho como ouvidora do muni-
cípio de São Paulo?
Ajuda muito. Nós temos aqui muitas pessoas que tra-
balharam no Procon-SP ou com defesa do consumidor. Em
primeiro lugar, a gente percebe que o consumidor, princi-
palmente após o Código de Defesa do Consumidor, tem um
Experiência no Procon-SP ajuda Maria Inês a aperfeiçoar atendimento ao cidadão tratamento diferenciado não só nos órgãos públicos como

4 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Entrevista

também nas empresas. O que se buscou trazer para dentro pois dele, foram criados outros códigos – sanitário, flores-
da ouvidoria é a mesma valorização que se dá para o con- tal, de trânsito. Mas ainda existe uma lacuna muito grande
sumidor ao cidadão de uma maneira geral. Buscamos fazer porque muitas vezes o cidadão não considera os serviços
com que os órgãos da prefeitura também valorizassem a públicos como um direito. Às vezes ele acha que é um fa-
reclamação de forma que pudessem usar os dados da ou- vor, que não pode reclamar porque não paga diretamente a
vidoria como instrumento de orçamento, de gestão, uma execução dos serviços. Por isso, a gente tem aqui no muni-
ferramenta de trabalho. cípio a Lei 14.029 e, no Estado, a
Em segundo lugar, a ha- Lei 10.249. O que se fez foi uma
A ouvidoria é uma
bilidade que a equipe tem transposição dos direitos garan-
em trabalhar reclamações, ferramenta de gestão e um tidos pelo CDC. Essas leis trouxe-
não só no atendimento ram para o cidadão direito a um
como também na solução,
instrumento de qualidade serviço de qualidade, a controle,
buscando os órgãos, ten- a informação. Enfim, uma base
tando fazer uma espécie de conciliação, que é um trabalho do que traz o CDC foi transposta para esses códigos de
feito de maneira cotidiana no Procon-SP. Nós buscamos esse proteção e defesa do usuário.
aprendizado e tentamos adotá-lo na ouvidoria. Acho que
tem dado muito certo porque os órgãos estão começando a Quais são os problemas mais freqüentes que che-
perceber que isso foi trazido, principalmente os aspectos de gam à ouvidoria?
harmonização, para mostrar que a ouvidoria é um serviço Mais de 30% do atendimento da ouvidoria está relacio-
de apoio ao cidadão, mas que também pode ser usado pela nado à iluminação pública. Nós nos colocamos no lugar do
própria administração pública. cidadão que faz a reclamação, recebemos e levamos ao Ilu-
me [órgão municipal responsável]. Mas não nos limitamos
Qual é a relação entre a defesa do consumidor e a isso. Também acompanhamos quais são as providências
cidadania? que estão sendo adotadas para que o número de reclama-
Total. Uma relação profunda, intimamente relacionada. ções reduza. Além disso, temos problemas com jardinagem,
Durante muito tempo, o cidadão brasileiro era acostumado buracos na rua, transporte, enfim, questões bem pulveriza-
a não reclamar, a não valorizar sua cidadania e qualquer re- das nos serviços da cidade.
clamação sempre era um ato de insubordinação. A partir do
momento em que nós começamos a ter uma abertura demo- Órgãos de defesa do consumidor e ouvidorias po-
crática e a enxergar o cidadão como um sujeito de direitos – dem trabalhar juntos?
isso ficou muito marcante na Constituição de 88 –, o que se Sem dúvida, são parceiros. A ouvidoria do município
procurou fazer foi mostrar para ele que a reclamação é mais trabalha em parceria com o Procon-SP. A gente manda mui-
do que uma solução individual, é um exercício de cidadania. ta reclamação e recebe também. E há um ponto de ligação
Lutar pelos seus direitos é um exercício de cidadania. Então, que é relacionado à vigilância sanitária: data de validade,
quando o consumidor busca um órgão de defesa do consu- manutenção de alimentos. Agora, do ponto de vista mais
midor, mais do que reclamar e resolver seu problema indi- conceitual, a ouvidoria é um canal estratégico, que trabalha
vidual, ele está valorizando o seu direito enquanto cidadão na solução das reclamações, tanto nas empresas como nos
e valorizando a cidadania órgãos públicos. Por isso, essa
como um todo. troca de informações pode aju-
A reclamação é mais do que dar os órgãos de defesa do con-
À época de sua no- uma solução individual, é sumidor a resolver problemas de
meação, o prefeito Gil- grande abrangência.
berto Kassab afirmou um exercício de cidadania
que “as administrações Atualmente, além de de-
públicas contemporâneas devem tratar os cidadãos terminar as diretrizes estaduais, a Fundação Procon-SP
como consumidores dos serviços públicos”. Como é responsável também pelo atendimento dos consu-
as noções de direito do consumidor podem ajudar a midores paulistanos. A senhora considera interessan-
aperfeiçoar o serviço público? te a criação de um Procon municipal? Por quê?
O Código de Defesa do Consumidor inaugurou uma Interessante, sem dúvida, mas não sei se é viável. Preci-
nova era de direitos, que valoriza a cidadania. Inclusive, de- saria estudar exatamente em que base se faria uma muni-

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 5


Entrevista

Ainda existe uma lacuna muito De certa forma, inibe sim, mas isso não quer dizer que ter
um funcionário de fora seja a solução. Tudo vai depender da
grande porque muitas vezes o maneira como o ouvidor vai se colocar diante das reclama-
cidadão não considera os serviços ções, como ele vai assumir essa posição. Ele vai ter que ter
acesso à presidência, à diretoria do banco, vai ter que levar os
públicos como um direito problemas. E os relatórios têm que ser divulgados, publicados.
A maneira como os ouvidores se colocarem é a maneira com
cipalização. Com problema de perda de objeto do Procon que a gente vai encarar a ouvidoria nos bancos daqui para
estadual e assoberbamento do Procon municipal. Você teria frente – se elas vão ser para valer ou se serão apenas parte
que criar um Procon igual à Fundação Procon-SP para aten- de um espetáculo de marketing. Eu sinceramente espero que
der à capital e o que você faria com toda a estrutura? Tem não, estamos lutando para que isso não aconteça.
uma questão política para se resolver atrás disso. Já houve
tentativas de se criar Procon municipal, no governo [Cel- Pesquisadores apontam que as ouvidorias das
so] Pitta [1997-2000]. Criou meio que às pressas, no último agências reguladoras têm pouco poder de resolução
mês de gestão, no dia 28 de dezembro. É claro que não fun- dos problemas do consumidor e que elas acabaram se
cionou. Mas é uma discussão que vem sempre à tona, mas voltando mais ao mercado do que ao cidadão. Como a
que nunca se abordou sob os aspectos mais profundos. Isso senhora avalia isso?
envolve uma discussão ampla entre o Estado e o município. Quando se fez a regulamentação de alguns setores, crian-
Tem que haver vontade política dos dirigentes e tem que se do-se as agências reguladoras, o primeiro objeto delas era o
assumir e trabalhar na estrutura de forma que nenhum dos mercado. Não se pensou em nenhum momento no cidadão,
dois perca o controle da situação em relação à defesa do ou no consumidor, se pensou especificamente em como o
consumidor. Porque, na minha opinião, a população de São mercado e o governo iam se comportar numa relação de
Paulo está muito satisfeita com o serviço que vem receben- privatização. Depois que se pensou: ‘Peraí, esquecemos do
do da Fundação Procon-SP. Esse grau de satisfação tem que pobre cidadão, do consumidor que vai utilizar esse serviço
ser mantido, tem que continuar e, se possível, melhorar. concedido. Como vamos incorporar ele a essa nova relação?’
E aí que se pensou em Conselho de Consumidor, em criar as
O sistema financeiro foi obrigado a constituir ouvi- ouvidorias. Mas é um defeito de base. Está nas origens das
dorias. O resultado dos primeiros meses ficou abaixo das agências reguladoras. Os ouvidores ainda não perceberam
expectativas. Como a senhora avalia a obrigatoriedade seu papel dentro dessa relação por conta do defeito de base,
de criação de ouvidorias em diversos segmentos? e ainda se colocam de uma maneira muito tímida em relação
O sistema financeiro foi o setor mais resistente em aceitar o ao consumidor de modo geral. Existe todo um trabalho que
Código de Defesa do Consumidor, considerando a ação no STF tem que ser feito também com as empresas que têm serviço
[Supremo Tribunal Federal]. A ouvidoria veio como elemento concedido. É preciso trabalhar toda cadeia.
de fortalecimento nesta relação, foi uma afirmação do Banco
Central. O SAC hoje é um serviço, não um canal de reclamação. Felipe Neves/SJDC

O consumidor liga para pedir transferência, talão de cheque,


cartão. A parte de reclamação fica relegada a um plano menor.
Acho que os resultados ainda não apareceram e ainda vão de-
morar a aparecer, por duas razões. Primeiro, as ouvidorias ainda
não são conhecidas do público, porque não houve divulgação
adequada. Em segundo, a gente está passando por uma fase
de descrédito. As ouvidorias terão que comprovar que vieram
para trabalhar em favor da resolução. Se elas se comportarem
como determina o Código de Ética dos ouvidores, com certeza
vão se colocar no papel que devem. Se elas se comportarem de
maneira tímida, infelizmente a atuação fica comprometida.

O fato de o departamento ser constituído por um


funcionário de carreira não pode ser um inibidor da
necessária independência? Para ouvidora, agências reguladoras devem se voltar mais ao consumidor

6 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Dia-a-dia

Consumerista lesado
Por Felipe Neves
Maria Clara Caram/SJDC

Q
uando contei aos meus ami-
gos, a primeira reação foi
uma risada irônica. “Não
acredito que justamente você vai ter
que ir lá!”, exclamaram. Pois é, cerca
de oito meses depois de ter mergulha-
do de cabeça na defesa do consumi-
dor, escrevendo reportagens para esta
REVISTA PROCON-SP, me vi obrigado
a recorrer ao órgão. Fui vítima de uma
operadora de celular.
Fiz questão de manter tudo separa-
do. Assim como qualquer cidadão lesa-
do, procurei um posto de atendimento
da Fundação Procon-SP – no caso, o
Poupatempo Sé. Após três meses, de-
cidi cancelar meu plano na Vivo. Não
Em audiência no Procon-SP, operadora abre mão de multa por rescisão contratual
agüentava mais passar longos minutos
por dia no telefone com atendentes in-
capazes de resolver os problemas apre- Depois de uma semana, telefonei a empresa. Se não conseguisse, eu
sentados. Aliás, nada de outro plane- de novo. Após a já tradicional marato- seria comunicado da data da audiên-
ta: por exemplo, não conseguia enviar na, consegui “arrancar” de um aten- cia de conciliação – que foi marcada
torpedo SMS. Recebia uma mensagem dente (não me perguntem de qual para 7 de janeiro.
de volta solicitando que eu fizesse uma departamento porque fui transferido Dias antes da audiência, fui in-
recarga. Meu plano era pós-pago. inúmeras vezes) a resposta de que a formado que meu nome foi lançado
No momento da solicitação, ainda empresa não considerava indevida a no SPC e na Serasa – dois órgãos de
perguntei à representante da Central de cobrança. Terei que ir ao Procon-SP, proteção ao crédito. Ou seja, em plena
Atendimento sobre multa. Ela foi explíci- então, respondi na hora. negociação foi tomada uma atitude
ta: “O senhor pode ficar tranqüilo. Nes- Enviei a Carta de Informações Prelimi- extrema. Como se eu estivesse dando
se caso, não há cobrança.” O contrato nares (CIP) no início de agosto. Só recebi a um golpe ou coisa que o valha.
também não previa qualquer ônus para resposta da empresa em outubro. A ope- Na audiência, por incrível que
mim. Mas, o que ocorreu? Na fatura radora argumentava que não me cobra- pareça, a própria operadora fez uma
seguinte (que seria a última), a empresa va multa, mas sim o aparelho. No entan- oferta. Abriria mão do pagamento da
me cobrava R$ 300 pela rescisão. to, na conta estava escrito claramente: tal dívida, mas queria que eu devolves-
Liguei e disse que a cobrança era “multa por rescisão de contrato”. se o aparelho. Ora, por que não disse-
indevida. A atendente afirmou não No retorno ao Procon-SP, mostrei ram isso antes?! Por que fazer o con-
poder fazer nada por causa do valor a resposta à técnica e reafirmei minha sumidor esperar tanto? Por que fazer
(se fosse inferior a R$ 200, ela poderia posição de não pagar. Disse ainda o órgão público gastar mais recursos
estornar na hora, mas, como era supe- que, se a empresa quisesse, poderia que o necessário? São perguntas que
rior, tinha que submeter a análise técni- ficar com o aparelho (que é bloquea- não pude esclarecer – a representan-
ca). Pediu para eu esperar que em dois do). Ela me orientou, então, a aguar- te enviada não tinha nenhum vínculo
dias úteis o departamento responsável dar. O órgão faria ainda uma última com a empresa, era de um escritório
entraria em contato. Não entrou. tentativa de resolver o problema com de advocacia terceirizado.

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 7


Procon municipal

Arquivo Procon

Fachada do anexo da Câmara Municipal de Jundiaí, que abriga a nova sede do Procon

Casamento feliz
Por Felipe Neves

O
consumidor de Jundiaí, equipam o atendimento do Procon. To- televisão de 42 polegadas, para que os
município conveniado à dos os terminais estão interligados em consumidores tenham uma distração
Fundação Procon-SP, rece- rede, o que não ocorria no prédio anti- enquanto aguardam por atendimento
beu um belo presente de Natal ante- go. Essa evolução tecnológica, além de ou audiência de conciliação. Todo esse
cipado. No início de dezembro do ano proporcionar mais agilidade e eficiência investimento foi feito com verba exce-
passado, o Procon mudou de sede. no dia-a-dia, permitiu que o órgão ins- dente do Legislativo. E o Procon é um
Saiu do prédio que ficava na região talasse o sistema informatizado Siga – órgão da prefeitura. Como é possível?
da Vila Rio Branco para se instalar em criado pela Fundação Procon-SP e que Os recursos dos dois poderes têm,
um anexo da Câmara Municipal, no possibilita a formação de um banco no limite, a mesma origem: os impos-
centro comercial da cidade. O novo integrado de dados de atendimentos tos do cidadão. O que se concretizou
espaço é motivo de orgulho das au- registrados pelos Procons no Estado, em Jundiaí é o que se deve esperar
toridades locais por oferecer à popula- além de contribuir para a uniformiza- sempre dos gestores públicos: que
ção muito mais conforto e, além disso, ção de procedimentos e maior capaci- busquem formas de retribuir à socie-
representar um avanço na relação en- dade de promover ações preventivas de dade, independentemente do partido
tre os poderes Executivo e Legislativo, conflitos de relações de consumo. e da posição institucional. “É um ca-
em benefício do cidadão. Além da informatização e do espa- samento feliz”, define o coordenador
Em termos de infra-estrutura, os ço, a Câmara Municipal ainda cedeu do Procon, Antônio Augusto Giaretta.
avanços são nítidos. A começar pelos ao Procon toda a mobília, o equipa- “Para o contribuinte, pouco importa
modernos computadores que, agora, mento de controle de senha e uma de qual poder vem o dinheiro. O que

8 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Procon municipal

ele quer saber é que o imposto seja quais apenas 4.308 (6%) tiveram que certificados de conhecimentos bási-
bem aplicado.” ser levados adiante. Nesses casos, em cos em CDC, por meio de palestras
Embora ceda o espaço e a infra- 3.230 (75%) houve resultado favorável proferidas na Associação Comercial
estrutura, não há qualquer tipo de in- ao consumidor. Ou seja, no frigir dos e Empresarial de Jundiaí, na Câmara
terferência da Casa Legislativa no tra- ovos, de todas as pessoas que busca- de Dirigentes Lojistas, no Sindicato do
balho do Procon, segundo Giaretta. É ram o Procon de Jundiaí no ano passa- Comércio Varejista, em clubes de ser-
fundamental que essa independência do, somente 1.078 (1,5%) não tiveram viços e em departamentos de recursos
seja preservada para que o trabalho seu conflito de consumo solucionado. humanos de empresas.
administrativo de defesa do consumi- A idéia é mostrar para os forne-
dor – atendimento, fiscalização, con- Prevenção cedores que, em primeiro lugar, todo
ciliação – não fique prejudicado. Não Mas a meta do Procon de Jundiaí é mundo é um consumidor – o tempo
se deve confundir “alhos com buga- diminuir os números de atendimento. todo. O dono da padaria também pre-
lhos”. O bom relacionamento é muito Não a capacidade de receber a popu- cisa ir ao supermercado, ao posto de
bem-vindo, contanto que a autono- lação, é claro. Sempre que o cidadão gasolina, possui uma conta-corrente,
mia constitucional entre os poderes precisar, vai estar à disposição. No assina serviços de telefonia, entre ou-
seja preservada. entanto, a aposta do órgão é que, se tros. Se ele quer ser respeitado quan-
conseguir convencer os fornecedores do vai a esses estabelecimentos ou
Adaptação imediata da importância de conhecer e respeitar precisa desses prestadores, por que
A recepção da população de Jundiaí o Código de Defesa do Consumidor não respeitar os direitos das pessoas
à nova localização do Procon superou (CDC), eles irão cometer menos infra- que procuram o seu produto?
as expectativas. O órgão acreditava que ções, o que, a longo prazo, vai resultar O outro foco é tentar desmistificar
demoraria até, aproximadamente, mar- em um mercado mais equilibrado e, o consumidor (e os órgãos de prote-
ço para atingir o patamar de cerca de portanto, com menos necessidade de ção ao consumo, por extensão) como
200 atendimentos presenciais por dia. consumidores buscarem auxílio. o inimigo. Ao contrário, na visão do
No entanto, já em dezembro, esse pa- Assim, o Procon promove palestras Procon, ele deve ser visto pelos forne-
drão foi alcançado – o que demonstra e cursos de capacitação para empresá- cedores como aliado, como propulsor
que a estrutura antiga, que conseguia rios e comerciantes da cidade. Só em do comércio. “Sem consumidor, não
receber, em média, 120 consumidores 2007, 1.927 fornecedores receberam há comércio”, conclui Giaretta.
por dia, realmente não estava dando
Arquivo Procon
conta da demanda da cidade.
O órgão conta atualmente com 16
servidores. Além do coordenador, são
dez técnicos que atuam no atendimen-
to, dois conciliadores e três estagiários –
fruto de uma parceria entre a prefei-
tura e a faculdade de direito da UNI
Anchi­e­ta  –, que fazem a triagem. Da
equipe, três membros já receberam
treinamento da Fundação Procon-SP, e
estão habilitados a fazer fiscalização.
Os números são animadores para
o consumidor. A boa relação do Pro-
con com os fornecedores faz com que
a maior parte das reclamações seja
resolvida no primeiro contato – antes
mesmo de ser aberto o processo ad-
ministrativo, com o envio da Carta de
Informações Preliminares (CIP).
Em 2007, por exemplo, foram
71.841 atendimentos registrados, dos Novo espaço trouxe mais conforto ao consumidor que aguarda atendimento

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 9


Tecnologia

Arquivo SXC

Questões
extras e
principais
Por Patrícia Paz

M
aior variedade de canais, atendimento, em geral por meio dos as operadoras. A resolução entra em
menos propaganda. Ima- famigerados call centers, é um dos vigor em junho de 2008, dando um
gem perfeita, sem antena. aspectos mais conturbados. prazo de 180 dias para as empresas se
Programas internacionais. Séries, fil- Para tentar diminuir esses pro- adaptarem às novas normas de prote-
mes e shows exclusivos. Esporte, no- blemas, deixando o mercado mais ção ao assinante.
tícia e entretenimento para todas as equilibrado, a Anatel aprovou, em
idades. Diversão garantida para a fa- dezembro de 2007, o Regulamento Mudanças
mília. Foi com argumentos desse tipo de Proteção e Defesa dos Direitos dos A Anatel buscou nos órgãos de
que o setor de TV por assinatura se Assinantes dos Serviços de Televisão defesa do consumidor e em sua pró-
firmou no Brasil. Verdadeiros ou não, por Assinatura. A norma possui 40 ar- pria experiência no dia-a-dia os temas
o fato é que foram bem-sucedidos – tigos, que abordam os mais variados que mais geravam atrito. Por exemplo,
dados da Agência Nacional de Teleco- temas – de cobranças a interrupção a questão da mudança unilateral de
municações (Anatel) mostram que o do serviço, da Central de Atendimen- contrato foi contemplada no artigo
serviço está em cerca de 28 milhões to às nuanças contratuais. O objetivo 28. A medida busca evitar os transtor-
de lares do país. da agência é estabelecer regras, com nos ocorridos com as constantes mo-
O crescimento exponencial, no base nas diretrizes do Código de De- dificações nas grades de canais.
entanto, veio acompanhado por um fesa do Consumidor, para evitar que Pela norma, a empresa deve infor-
aumento equivalente na quantidade especificidades do setor possam dei- mar ao consumidor sobre a alteração
de conflitos de consumo. Na área xar o assinante em desvantagem. com ao menos 30 dias de antecedên-
de Serviços Privados da Fundação Na avaliação do Procon-SP, as me- cia. Caso ele não concorde, a opera-
Procon-SP, as duas empresas mais re- didas representam importantes con- dora deverá oferecer um plano alter-
clamadas em 2007 são do ramo (leia quistas do consumidor de TV por as- nativo no mesmo valor do anterior ou
mais na página 22). O difícil relacio- sinatura. A expectativa, agora, é que o assinante poderá rescindir o contra-
namento consumidor/operadora veio as regras sejam de fato aplicadas e to sem qualquer ônus.
se agravando ao longo dos anos. O que haja constante fiscalização sobre Aliás, em relação a multas e encar-

10 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Tecnologia

gos, o artigo 27 é bem interessante. reclamações e os pedidos de informa-


Determina que as prestadoras devem ções terão prazo para ser respondidos
oferecer a opção de contratos sem pela central. Para solicitações via tele-
cláusulas de fidelização – nada de ficar fone, as respostas devem ser dadas no
um ano pagando um serviço que, por prazo máximo de cinco dias úteis e,
algum motivo específico, deixou a de- para correspondências, dez. Esse parâ-
sejar. Cabe à prestadora oferecer um metro é importante para que o consu-
produto de qualidade para evitar que midor possa cobrar uma resolução da
o consumidor procure a concorrência. operadora para eventuais problemas.
O acesso telefônico ao centro de Se o serviço for interrompido no pe-
atendimento das empresas também ríodo, o valor proporcional deverá ser
foi lembrado. A partir de junho de abatido da mensalidade.
2008, as operadoras deverão disponi- Outra vantagem é a possibilidade,
bilizar um número gratuito para recla- para o assinante, de solicitar, uma vez
mações, como especificado no artigo por ano, a suspensão temporária do

No ponto O único argumento


adicional, o que se que justificaria o custo
cobra do assinante do ponto extra é o
não é o conteúdo ônus da rede, e isso
que ele recebe, mas o as operadoras não
serviço de operação conseguiram comprovar
da rede até hoje
Alexandre Annenberg Evandro Zuliani

14 – não faz sentido o consumidor contrato quando precisar deixar a resi-


arcar com o custo de uma ligação para dência e não fizer uso do serviço (uma
buscar um reparo técnico, por exem- viagem, por exemplo). A interrupção
plo. O serviço deve estar disponível pode chegar a 120 dias. Mas atenção: a
das 9h às 21h, assim como a opção de regra só vale para os consumidores que
falar com um atendente em qualquer estiverem em dia (ou seja, com todas as
etapa da ligação. mensalidades pagas) com a operadora.
A norma, entretanto, ainda deixa
uma brecha para a cobrança das li- Polêmica
gações. Quando a chamada for para O tema mais polêmico da reso-
dúvidas de serviço ou informações lução faz referência à cobrança pelo
de qualquer natureza, deverá ser ponto adicional. Os artigos 29 e 30
gratuita ou a custo local. Na visão proíbem essa prática, adotada por
do Procon-SP, é direito do consumi- absolutamente todas as empresas do
dor ter informações precisas sobre mercado. Pela norma, elas podem tari-
a prestação de serviço. Portanto, o far apenas a instalação, a ativação e a
custo da ligação, em qualquer caso, manutenção. Mensalidade, não.
deveria ser da operadora. Todas essas cobranças, inclusive,
Ainda no quesito atendimento, as devem vir discriminadas na conta. “O

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 11


Tecnologia
Maria Clara Caram/SJDC
to único. Como não é isso, criou-se essa
confusão em torno desse artigo, pela
infelicidade de redação da Anatel.”
No dia 21 de janeiro, a entidade en-
caminhou à agência carta de sugestões
para mudanças no regulamento. Pedia,
entre outras coisas, revisão nos artigos
que tratam da proibição da cobrança
pelo ponto-extra. Por meio de sua as-
sessoria de imprensa, a Anatel informou
que “não tem nenhuma intenção de
mudar o regulamento” e que “o texto
entrará em vigor do jeito que está”.
Na visão do Procon-SP, a isen-
ção da cobrança é uma conquista
do consumidor e a Anatel não deve
ceder à pressão das empresas. “O
único argumento que justificaria o
custo do ponto extra é o ônus da
rede, e isso as operadoras não con-
seguiram comprovar até hoje”, afir-
Annenberg defende alteração da norma; Anatel nega possibilidade ma Evandro Zuliani, diretor de aten-
dimento do órgão.

documento de cobrança deve conter que o valor cobrado pelo ponto-extra é No bolso
todos os dados necessários para com- algo entre 20% e 25% do valor cobrado Em um orçamento feito com duas
preensão dos valores cobrados pelos pelo ponto principal”, afirma. das principais operadoras de TV por
serviços prestados, de maneira clara”, Annenberg diz ainda que, se a assinatura do país, foram consulta-
defendeu o superintendente de servi- proibição vingar, a tendência é que o dos planos, pacotes e pontos-extras.
ços de comunicação de massa da Ana- preço dos pacotes aumente para todos Para o pacote básico de uma delas, o
tel, Ara Apkar Minassian, à época da os consumidores – mesmo para aque- valor cobrado para o segundo ponto
publicação da resolução. seria de 37% da conta. Na outra, o
A Associação Brasileira de TV Por Na visão da Fundação valor seria de quase 33% – diferente
Assinatura (ABTA) discorda. Segundo do que estima o presidente da ABTA.
o presidente da entidade, Alexandre Procon-SP, as medidas Desse modo, pelas regras atuais,
Annenberg, não há como isentar os quem precisa de três pontos adicio-
da Anatel representam
assinantes da mensalidade do ponto- nais, por exemplo, dobra seu gasto –
extra. O motivo técnico seria a comple- boas conquistas para o que é inviável.
xidade da rede. Ele rebate o argumen- Para se ter idéia, essa combinação
to de que o serviço seria equivalente
o consumidor de TV de pacote básico com três adicionais
ao de telefonia fixa – o consumidor por assinatura sai 15% mais cara do que o ponto
paga uma assinatura e pode instalar principal sozinho do plano mais com-
quantos aparelhos quiser. les que não usam pontos adicionais. “A pleto, com todos os canais disponí-
Segundo Annenberg, a diferença é ativação da rede é permanente. Não é veis. Ou seja, quando entrar em vigor,
que a rede de telefonia é inerte, enquan- feita uma única vez e acabou. A ati- a mudança representará uma econo-
to a de TV a cabo tem o monitoramen- vação é justamente essa operação da mia significativa para o consumidor,
to ininterrupto do sistema. “No ponto rede, esse monitoramento constante que poderá ter acesso ao serviço mais
adicional, o que se cobra do assinante que gera o custo para quem solicita o completo por um custo até menor do
não é o conteúdo que ele recebe, mas ponto-extra. Eles chamaram de ativa- que tem atualmente com a grade mais
o serviço de operação da rede. Por isso ção e deram a idéia de que é um even- simples disponível.

12 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Crédito

Leonardo Tote/SJDC

Mudança
em boa
hora
Por Maria Clara Caram

Oferta de crédito consignado chama a atenção de aposentado no centro de São Paulo

M
esmo que não assuma pu- mento, que passaram de 36 para 60 Cartão de crédito
blicamente, o governo fe- meses. Essa medida também visa a As mudanças incluem também
deral está, nas entrelinhas, diminuir o valor das parcelas, o que o cartão de crédito específico para o
admitindo que a exagerada oferta de é interessante para evitar o endivida- consignado – que poderá comprome-
crédito consignado – empréstimo cujas mento. No entanto, a recomendação é ter até 10% da renda dos aposenta-
parcelas são descontadas direto na sempre usar o prazo mais curto possível dos. A diferença é que os juros são
folha de pagamento – pode ser extre- (de preferência, juntar dinheiro e pagar mais altos: até 3,70% ao mês contra
mamente perigosa para aposentados à vista). Quanto mais tempo para pa- o teto de 2,64% da forma tradicional.
e pensionistas do Instituto Nacional do gar, maior é a incidência dos juros. Não “O consumidor deve tomar cuidado
Seguro Social (INSS). O crescente núme- existe caridade no mercado. com esse cartão por causa dos juros.
ro de endividados ocasionou significati- O recomendável é utilizar a linha de
vas mudanças nas regras do jogo. Agora, pensionista financiamento oferecida nas agências
A principal alteração foi a redução só pode comprometer bancárias”, diz Ana Paula.
do limite de endividamento. Até o fim Não é à toa que bancos e finan-
até 20% da renda
do ano passado, a parcela mensal do ceiras defendem a expansão do cré-
crédito poderia comprometer até 30% A oferta excessiva tem levado apo- dito consignado. Por trás do discurso
da renda do pensionista. Agora, o má- sentados a pedirem crédito para ex- desenvolvimentista, está a busca por
ximo passa a ser 20%. Embora tímida, travagâncias, não para necessidades. lucros exorbitantes. Em primeiro lugar,
a medida é importante para a prote- “O que vinha ocorrendo é que muitos porque, para o emprestador, o risco é
ção desse consumidor de renda nota- aposentados, muitas vezes em função praticamente zero – o desconto em fo-
damente reduzida. “Crédito sempre da facilidade de se obter o crédito, es- lha elimina a inadimplência. Além disso,
deve ser tomado com planejamento. tavam sendo cooptados pelos bancos os números revelam que o bolo é bem
Ao comprometer uma parcela menor e pelas financeiras no sentido de bus- atraente. Criado em maio de 2004, o
com empréstimo, o aposentado cor- car um empréstimo que muitas vezes consignado já movimentou mais R$ 30
re menos riscos de entrar na bola de não havia nem necessidade. Isso foi bilhões – em um total de 23,6 milhões
neve do superendividamento”, pon- endividando muito os aposentados e de operações (das quais 14,2 milhões
dera Ana Paula Satcheki, assistente de pensionistas”, afirma Quintino Severo, ainda estão ativas). Só em 2007, foram
direção do Procon-SP. secretário-geral da Central Única dos 9,4 milhões de empréstimos nessa mo-
Outra alteração relevante é o au- Trabalhadores (CUT), em entrevista ao dalidade, atingindo um volume de ne-
mento dos prazos máximos de paga- site “Conversa Afiada”. gócios de R$ 10,4 bilhões.

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 13


Lado a lado

Leonardo Tote/SJDC

Escritório móvel do Ipem-SP agiliza processo de inspeção de caminhões-tanque

Fiscalização móvel
Por Leonardo Tote

O
trabalho de fiscalização armários apropriados para guardar de chuva e sol intenso, o trabalho fica-
no transporte de produtos documentos, mesa, cadeiras, geladeira va bastante prejudicado”, observa.
perigosos em rodovias, e gerador de energia – que permite a O veículo também conta com um
feito pelo Instituto de Pesos e Medi- instalação de computadores e outros gerador de energia que permite instalar
das do Estado de São Paulo (Ipem- equipamentos eletrônicos –, além de computadores para dar apoio durante
SP), órgão da Secretaria da Justiça e um toldo de proteção climática. a operação. “A idéia é criar um banco
da Defesa da Cidadania, conta com Para o chefe de serviços de produ- de dados com detalhes dos fornecedo-
um novo aliado para garantir a se- tos perigosos do Ipem-SP, Valdir Volpe, res e dos transportadores no próprio
gurança do consumidor nas estra- o novo veículo significa mais um passo local da blitz, o que irá facilitar o preen-
das. Trata-se de um escritório móvel, em direção ao futuro. “Além de agili- chimento da documentação”, explica o
veículo especialmente desenvolvido zar o serviço, o escritório móvel trouxe responsável pela regional de Guarulhos
para facilitar e agilizar o processo de mais comodidade para os técnicos de do Ipem-SP, Antônio Carlos Dias.
inspeção de caminhões-tanque. fiscalização que passam boa parte do
O furgão modelo Iveco foi proje- dia nas rodovias fazendo o trabalho de Pré-medidos
tado por engenheiros do próprio insti- inspeção nos veículos”, afirma. Volpe As equipes de fiscalização de
tuto e conta com todos os elementos esclarece que antes da chegada do fur- produtos pré-medidos (mercadorias
necessários para prestar apoio aos fun- gão, os funcionários ficavam reféns da embaladas sem a presença do con-
cionários durante a fiscalização, com condição climática na rodovia. “Em dias sumidor) também deram um salto

14 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Lado a lado

de qualidade com a chegada de dois evento no Pátio do Colégio, na região volvido diariamente nos laboratórios
novos furgões adaptados para trans- central da capital, no último dia 12 do instituto. “A idéia é mostrar ao
portar mercadorias para análise – um de dezembro. Com o auxílio de uma consumidor a transparência no modo
dos veículos, inclusive, conta com fre- estrutura especial, foi feita a verifica- em que é feito nosso serviço”, afirma
ezer, geladeira e ar-condicionado, para ção em praça pública na quantidade Antonio Lourenço Pancieri, superin-
conservar o produto em conformidade das embalagens de sete produtos pré- tendente do Ipem-SP.
com as recomendações do fabricante. medidos de grande consumo popular Durante a operação, foram exami-
Para o chefe do núcleo de fisca- recolhidos em supermercados. nados diversos itens da lista de super-
lização de produtos pré-medidos do A ação fez parte do projeto “Mais mercado do consumidor: 32 pacotes
Ipem-SP, Paulo Roberto Lopes, os no- Ipem para São Paulo”, que, como o de 5kg de arroz, nove de 1kg de sal re-
vos carros trazem um “melhoria sig- próprio nome diz, busca “tirar” os finado, 20 de 120g de biscoito reche-
nificativa”. Ele explica que produtos procedimentos dos laboratórios, para ado, 14 de 500g de massa de sêmola
resfriados e congelados, como peixes levá-los ao dia-a-dia da população, (macarrão), 14 de 500g de lentilha, 20
e aves, necessitam ser conservados em em todas as regiões do Estado. O ob- de 1kg de feijão preto e 14 de 500g de
baixa temperatura durante o transpor- jetivo é dar oportunidade para o ci- farinha de rosca.
te do ponto-de-venda ao laboratório dadão acompanhar o trabalho desen- O Ipem-SP encontrou irregula-
em que será feito o exame. Antes ridades no lote de arroz longo fino
da aquisição dos veículos especiais, “Carrefour”, que apresentava em
o transporte era feito em caixas de Além de agilizar média 8g a menos do que o indicado
isopor com gelo seco. “Um pacote o serviço, o escritório (falta de 0,16%); e no feijão preto
com 10kg de gelo seco custa cerca de “Caldo Nobre”, que estava em mé-
móvel trouxe mais dia 3,1g abaixo do declarado (falta
R$ 50,00. Com a geladeira e o freezer,
além da facilidade para manter a tem- comodidade para os de 0,31%). As análises do sal refina-
peratura adequada do produto, existe técnicos de fiscalização do “Nacional”, do biscoito recheado
o lado da economia”, ressalta. sabor chocolate “Mini Trakinas”, da
que passam boa parte massa de sêmola ninho “Petybon”,
Exames em praça pública do dia nas rodovias da lentilha “Kisabor” e da farinha de
Os novos veículos do Ipem-SP fo- rosca “Compre Bem” não apresenta-
ram apresentados durante um grande Valdir Volpe ram erros contra o consumidor.
Fernando Meira,
Leonardo Tote/SJDC representante da “Pe-
tybon”, acompanhou
o ensaio e ficou satis-
feito com o resultado
do exame. “Nossa
empresa zela sempre
pela qualidade da
marca e pela garantia
do peso indicado. É
uma honra saber que
nosso controle interno
está de acordo com os
exames. Ações como
essa são muito impor-
tantes para garantir
ao consumidor que
o produto compra-
do está com o peso
real”, afirma.
Ipem-SP promove teste metrológico público no centro de SP; representante de empresa observa e aprova iniciativa

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 15


Capa

Reclamar funciona
Por Felipe Neves e Francisco Itacarambi

P
ode parecer cansativo, mas traz o registro de processos adminis- traria motivos para se comemorar –
compensa. Alguns ainda são trativos instaurados pelo Procon-SP pode significar que os fornecedores
céticos, mas o fato é que vale durante o ano 2007. As informações pioraram suas condutas e que não
a pena lutar pelos direitos até o fim. são públicas e atendem à determina- mantêm canais adequados para sanar
Graças ao esforço da Fundação Procon- ção do Código de Defesa do Consu- o problema rapidamente. O segundo
SP e de outros órgãos e entidades de midor (Lei Federal 8.078/90). dado, no entanto, evidencia o esfor-
defesa dos consumidores, a expressão A maior busca pelos direitos se vê ço contínuo do trabalho desenvolvido
“ah, dá muito trabalho” está cada vez por dois dados complementares. O pelos técnicos da Fundação Procon-SP:
mais demodê entre os consumidores primeiro é o total de queixas registra- dos 515.681 atendimentos realizados
paulistanos. É o que revela o Cadastro das, que cresceu 9,95% em relação no ano de 2007, em 463.044 (quase
de Reclamações Fundamentadas, que ao ano anterior. O que, por si só, não 90%) dos casos houve orientação ou

16 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Capa

Ranking das empresas mais reclamadas no Procon-SP

RANKING GERAL FORNECEDOR ATENDIDAS NÃO ATENDIDAS TOTAL

1º TELEFONICA 4.240 165 4.405

2º ITAÚ 874 670 1.544

3º BENQ (CELULAR SIEMENS) 222 522 744

4º VIVO 573 114 687

5º MITSUBISHI / AIKO / EVADIN 616 20 636

6º EMBRATEL 494 113 607

7º TIM 267 210 477

8º SANTANDER / BANESPA 155 244 399

9º CARTÃO C&A 179 152 331

10º MOTOROLA 260 69 329

11º BRADESCO / FINASA 156 164 320

12º BANCO FININVEST 181 135 316

13º CLARO / BCP S/A 216 93 309

14º CITIBANK S/A 167 116 283

15º LG / LG ELETRONICS 219 39 258

16º SABESP 110 118 228

17º CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 78 132 210

18º UNIBANCO 128 78 206

19º SAMSUNG ELETRÔNICA DA AMAZÔNIA LTDA. 196 6 202

20º ELETROPAULO METROPOLITANA 99 100 199


*Fonte: Fundação Procon-SP

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 17


Capa

solução sem a necessidade de abertura dos clientes lesados quando não há de crédito, passando por financeira,
de reclamação. acordo. seguradora, etc.), o total de reclama-
Em outras palavras, a maioria dos O grosso das queixas se concen- ções fundamentadas chega a 1.544
consumidores que decidem levar o tra basicamente em três áreas: Servi- – ficando atrás apenas da Telefonica
caso adiante – mesmo que isso signi- ços Essenciais com 7.106 (31,12%), no ranking geral com a nova metodo-
fique seguir pelo caminho mais traba- Produtos com 6.844 (29,98%) e logia do órgão.
lhoso – consegue uma solução inter- Assuntos Financeiros com 5.723 Neste ano, a Fundação Procon-
mediada pelo Procon-SP. Infelizmente, (25,07%). Assim como em 2006, te- SP resolveu agrupar as empresas de
ainda existem no mercado fornecedo- lefonia, aparelhos celulares e cartões uma mesma marca para facilitar a
res cujas práticas são para lá de ques- de crédito foram os assuntos cam- leitura dos dados por parte do con-
tionáveis. Em geral, eles tendem a não peões de conflitos. Para se ter idéia, sumidor. O critério utilizado foi o
resolver as demandas nem quando o só a Telefonica, principal operadora modo como a empresa é apresen-
consumidor os procura, nem quando o de telefonia fixa do Estado de São tada ao público. “O consumidor,
Procon-SP envia uma carta com pedido Paulo, teve 4.405 reclamações fun- quando contrai um financiamento,
de informações preliminares ou é aber- damentadas – quase 20% do total um seguro ou contrata um cartão
to um processo administrativo, o que (veja ranking na pág. 17). de crédito, identifica a credibilidade
eleva o índice de queixas não-atendi- Salta aos olhos a presença mar- da instituição, independentemente
das. No caso de reclamações funda- cante do Grupo Itaú – empresas da de ser uma empresa do grupo que
mentadas (com abertura de processo holding ocupam as três primeiras possui um CNPJ diferente. Isso fica
administrativo), o índice de resolução posições da área de Assuntos Finan- nítido em campanhas publicitárias
de conflitos foi de 63%. ceiros. Somando todas as ocorrências e em todo o material informativo
Vale registrar que, neste caso, o (do banco à administradora de cartão onde se destaca a marca”, explica
consumidor sai do Procon-SP com a
documentação necessária para ingres-
reclamações

4.405
sar com uma ação na Justiça, caso seja
seu desejo. Das 20 empresas que lide- fundamentadas teve a
ram o ranking, todas têm autuação e
respondem processo administrativo
Telefonica, “campeã”
perante o Procon-SP. Ou seja, o órgão do ranking pela
está atuante em minimizar os impac- 3ª vez consecutiva
tos e dá prosseguimento às demandas

MAIORES PROBLEMAS

Produto ou serviço Reclamações mais freqüentes

Cobrança indevida/abusiva; dúvida sobre cobrança/valor/reajuste/contrato/


Telefonia
orçamento

Aparelho celular Vício no produto; garantia

Cartão de crédito Lançamento não reconhecido; cobrança indevida

TV por assinatura Cobrança indevida; rescisão/alteração unilateral de contrato

Aviação civil Atrasos nos vôos; extravio/avaria de bagagem

Plano de saúde Recusa de atendimento; alteração da rede credenciada

18 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


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Carlos Augusto Coscarelli, assessor


chefe do Procon-SP. Cadastro de Reclamações Fundamentadas
O setor de telefonia sobe no-
vamente ao pódio, para receber a O cadastro produzido pela fundação é publicado anualmente
medalha de bronze, com a empre-
no Diário Oficial do Estado e também está disponível na página
sa Benq (744), que produz o instru-
mento: aparelho de telefone celular do Procon-SP na internet www.procon.sp.gov.br. O consumidor
da Siemens. Leia a seguir análise da também pode ter acesso ao banco de dados geral, abrangen-
distribuição das reclamações funda-
mentadas por área. Os principais pro- do o período de cinco anos, pelo telefone (11) 3824-0446.
blemas destacados foram retirados
do próprio Cadastro de Reclamações
Fundamentadas e de entrevistas com fundamentadas. O dado a favor da A telefonia móvel também traz bas-
os supervisores de cada segmento. empresa é o alto índice de acordos: tante insatisfação ao consumidor. A
mais de 96%. campeã de reclamações do setor é,
O setor de telefonia fixa passou mais uma vez, a Vivo, que ocupa a
por uma importante mudança estru- segunda colocação da área e a quar-
tural em 2007. A cobrança passou ta do ranking geral, com 687 recla-
a ser feita por minutos, em vez dos mações fundamentadas (importante
antigos pulsos. Entretanto, o que sur- ressaltar que a empresa mudou sua
preendeu foi o aumento de conflitos razão social ao longo do ano, por
no primeiro semestre – a mudança só isso aparece duas vezes na lista – o
Um caminhão de problemas. As- começou a vigorar na capital a par- número real de reclamações contra
sim pode ser definida a área de Ser- tir de junho. Houve o que se pode ela se dá, portanto, pela somatória
viços Essenciais, que, desde 2005, chamar de efeito colateral. Cientes das duas).
quando a atual metodologia foi da obrigatoriedade da mudança, as Outro destaque negativo fica por
adotada, se mantém como líder em operadoras (em especial, a Telefoni- conta da Tim, que apresentou um
conflitos de consumo. O carro-chefe, ca) lançaram planos particulares (co- crescimento de 75% em relação a
para manter a metáfora automobi- merciais) diferentes dos obrigatórios 2006, figurando na quarta posição da
lística, foi a Telefonica, detentora de (Básico e Pasoo). Mal- informados, área. Para agravar, tem o pior índice
mais de 90% do mercado de telefo- muitos consumidores foram conven- de resolução de problemas das maio-
nia fixa do Estado de São Paulo. A cidos a aderir a esses produtos – que, res operadoras: 44% – 210 das 477
companhia não apenas manteve a muitas vezes, eram inadequados ao reclamações não foram atendidas. A
liderança no ranking geral do ano perfil de consumo da residência. Re- Claro, que aparece como BCP, ficou
como também quebrou um recorde sultado? Aumento na conta. E, logo, atrás das concorrentes, mas ainda
negativo: foi a primeira na história mais reclamações ao Procon-SP. tem muito a melhorar se quiser sair
do Procon-SP a romper, em 2007, Mas não é só a telefonia fixa que das primeiras posições da área.
a barreira das 4 mil reclamações se destaca nos Serviços Essenciais. Também chamou a atenção a as-
censão das promoções de serviços.
Ou seja, é oferecido um preço es-
é a soma dos pecial para quem assinar TV a cabo,

1.473
internet banda larga e linha de tele-
problemas registrados fone em um pacote só. O problema
com o serviço das é que o aumento da oferta não vem
maiores companhias acompanhado de infra-estrutura para
atender ao consumidor.
de telefonia celular, Especial atenção deve ser dada
Vivo, Tim e Claro a um problema que se acentuou
no ano de 2007, sendo objeto de

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 19


Capa

muitos questiona-
mentos por parte das reclamações
dos consumidores. contra a empresa
São as chamadas de
longa distância (DDD)
Benq, “líder” da área
para celular, destina- de Produtos, não
das a telefones de en-
foram atendidas
tretenimento/interação
(leilões, jogos, etc). Elas
são veiculadas principal-
mente na mídia televisiva. Trata-se clamações fundamentadas, das quais explica Márcia Christina Oliveira, su-
de serviço similar ao 0900, que já 522 (70%) não foram atendidas. A pervisora da área.
foi apreciado no passado pelo Poder área foi a segunda que mais recebeu Outro foco de problemas para o
Judiciário e considerado abusivo, queixas em 2007. consumidor na área de Produtos está
visto que na época lesou milhares Os grandes problemas enfren- relacionado a computador. Diversos
de consumidores, havendo o en- tados pelo consumidor são vícios no consumidores procuraram o Procon-SP
tendimento de que seria necessária aparelho (não funciona, bateria não para reclamar sobre defeitos nas peças
autorização prévia para a disponibi- carrega ou perde a carga rapidamen- (monitor, disco rígido, teclado, etc.).
lização de tal serviço. te, etc.) e falta de peças de reposição. Com uma peculiaridade: os fabrican-
E o que é pior: as assistências técnicas tes do setor tendem a não assumir a
credenciadas muitas vezes não são ca- responsabilidade – tentam transferi-la
pazes de resolver o defeito. Quando para os lojistas.
conseguem, leva mais tempo do que Também chamou a atenção o cres-
o Código de Defesa do Consumidor cimento de reclamações contra sites
determina (30 dias) e, em geral, o tele- de venda pela internet, como America-
fone volta a apresentar o mesmo pro- nas.com, Submarino, e Shoptime, que
blema pouco tempo depois. hoje pertencem a uma única empresa,
Na visão do Procon-SP, a baixa a B2W. Nesse caso, o grande proble-
Se a telefonia aparece como a qualidade dos produtos esconde ma é o não-cumprimento da oferta.
grande vilã das relações de consumo uma lógica perversa, a do estímu- São dois os maiores tópicos de recla-
no quesito serviços, seu principal ins- lo ao consumismo – a cada dia um mação: ou a empresa não consegue
trumento não foge à regra. As oito modelo mais moderno é colocado entregar o produto no prazo anuncia-
primeiras colocações do ranking da no mercado. “Pelos números, fica do ou manda com características dife-
área de Produtos da Fundação Procon- claro que esses celulares vão para as rentes (outra cor, por exemplo). Disso
SP são ocupadas por fabricantes de autorizadas, mas os vícios não são se conclui que, em muitos casos, os
aparelho celular. A campeã é a Benq sanados. Ou seja, os fabricantes já sites colocam o item à disposição sem,
(fabricante de aparelhos que ostentam estão colocando no mercado produ- de fato, tê-lo em estoque. E o grande
a marca Siemens), que teve 744 re- tos descartáveis, de má qualidade”, prejudicado é o consumidor.

20 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


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CONFLITOS POR SEGMENTO


Área Reclamações
Serviços Essenciais 7.106 (31,12%)

Produtos 6.844 (29,98%)

Problemas com cartão de crédito Assuntos Financeiros 5.723 (25,07)


lideraram as reclamações do segmen-
Serviços Privados 2.329 (10,20%)
to Assuntos Financeiros – a terceira
que mais recebeu queixas em 2007: Saúde 642 (2,81%)
25,07% do total. A dobradinha segu- Habitação 136 (0,60%)
rança e agressividade das operadoras
na hora de ofertar o produto volta a Alimentos 51 (0,22%)
dividir os principais conflitos de consu-
mo. A insegurança do serviço revela-
se nas transações não reconhecidas, Problemas com cartão lizada de forma crescente e incisiva.
compras lançadas em faturas e não Quem não recebeu telefonemas em
efetuadas pelo consumidor, em alguns de crédito lideraram sua residência, local de trabalho, nos
casos gerados após a perda ou extra- horários mais inusitados ofertando
vio do cartão. As administradoras se
as reclamações do um novo cartão de crédito ou não
recusam a efetuar o estorno alegando segmento Assuntos teve o lançamento de serviços não
que a comunicação da perda, extravio, solicitados em suas faturas – como
furto ou roubo do cartão não foi ime- Financeiros, a terceira seguro, título de capitalização, etc.?
diata, ou se deu fora do prazo.
que mais recebeu Verificando tais cobranças é funda-
Falhas na segurança também mental entrar em contato com sua
aparecem nas reclamações de consu- queixas em 2007 administradora imediatamente.
midores que utilizaram a internet ou Outro segmento que figura nas
tiveram um saque indevido no cartão primeiras posições é o de financeiras.
eletrônico (débito ou do banco). A os métodos agressivos de venda, pois Os principais problemas estão relacio-
Fundação Procon-SP entende que se eles são incompatíveis com a pres- nados a valores cobrados indevida-
trata de uma responsabilidade objeti- tação adequada de informações. Ao mente do consumidor (como tarifa de
va do fornecedor garantir a segurança contratar, o consumidor desconhece emissão de carnê), não cumprimento
do serviço. Além disso, algumas ad- valores cobrados além da anuidade: dos termos da oferta quanto à taxa de
ministradoras condicionam o estorno tarifas por serviços adicionais, como juros pré-fixada, não entrega de cópia
à contratação de um seguro de perda pagamento de faturas de outras em-
do contrato, dúvidas quanto aos valo-
ou roubo. Há também casos em que o presas, despesas de cobrança, limite
res apresentados como saldo devedor
fornecedor afirma não ter constatado de crédito e até encargos em caso de
em caso de inadimplência e não con-
irregularidade nas transações e resolve inadimplência.
cessão do desconto proporcional dos
cobrá-las do consumidor. Hoje a oferta de cartões (além de
juros quando da antecipação do finan-
Outra questão preocupante são outras modalidades de crédito) é rea-
ciamento (total ou parcial).
A boa notícia na área é que, após
um intenso trabalho da Fundação
das reclamações

86%
Procon-SP, reduziu-se o número de
foram registradas reclamações com cartões de descon-
tos. Elas ainda existem, mas em me-
nas áreas de Serviços nor quantidade, quando se compara
Essenciais, Produtos e ao boom ocorrido em 2006. A prin-
Assuntos Financeiros cipal bronca dos consumidores é que
o serviço promete descontos que não

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 21


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existem e as empresas ainda se utilizam foi neutralizado graças à atuação da em promoções casadas com outros
de outros métodos enganosos para ob- Fundação Procon-SP e do Ministério serviços (telefonia e banda larga), a
tenção de dados do consumidor (R.G., Público de São Paulo. Representantes empresa não se preparou da forma
CPF, número do cartão de crédito) afir- do segmento, como Parque Aquático adequada. O consumidor contrata
mando que são funcionários da admi- do Gugu e Candeias, surpreenderam todos os prestadores a um preço es-
nistradora e precisam confirmar dados ao ocupar as oito primeiras colocações pecial, mas descobre posteriormen-
ou mesmo que, por ser titular do cartão da lista – o problema era cobrança de te que a TVA não atende sua região.
de crédito, o consumidor receberá car- títulos inativos. Apesar de não cumprir com a oferta
tão de descontos gratuitamente, desde Já a notícia ruim foi a ascensão de a empresa ainda cobra multa para o
que forneça os dados.
Por outro lado, a má notícia é o
aumento de problemas com o cha-

0,22%
foi a participação
mado cartão de crédito consignado.
O número de reclamações não aten- da área de Alimentos,
didas é grande (tanto para cartão que recebeu apenas
consignado como para empréstimo
consignado não vinculado a cartão de
51 reclamações
crédito) e, em muitos casos, foi cons-
tatado um desdobramento de sua um setor específico em franca expan- cancelamento e aumenta o preço dos
função original. A empresa utiliza-se são: TV por assinatura. Net e TVA, as demais serviços. Em outras palavras, o
da venda de porta em porta ou por duas maiores do ramo, ocupam os absurdo se concretiza e o ônus recai
telefone para efetuar uma venda no pouco honrosos primeiros postos, res- sobre o consumidor, que sofre com a
modelo consignado. pectivamente. A Sky/DirecTV vem logo incapacidade da empresa.
Como existe um percentual máxi- atrás e aparece na nona colocação. A Na lista de 2007, aparecem, ain-
mo do rendimento permitido para o área foi a quarta que mais recebeu re- da, pela primeira vez em quantidade
parcelamento na fatura, o restante é clamações fundamentadas, com 2.329 significativa, as duas maiores compa-
feito por meio de boleto bancário. O (10,20% do total). nhias aéreas do país: TAM e Gol. As
consumidor idoso, vulnerável por na- No caso da Net, o maior foco de re- reclamações são contra atrasos de
tureza, acredita que o valor total será clamações decorre de falhas no sistema vôos. Diante do caótico quadro que o
descontado do benefício do INSS, de gerenciamento da própria empresa. setor atravessa, a atuação do Procon-
mas se depara com a cobrança de um Ao aperfeiçoar seus métodos de contro- SP deu-se em diversas vertentes, pois,
boleto. E o pior: o percentual fixado le, percebeu que diversos consumidores além de orientar os consumidores nos
visa a impedir que o idoso entre em pagavam um pacote, mas recebiam, há próprios aeroportos, ajuizou ação ci-
uma situação de superendividamen- muitos anos, outro mais completo. Na vil pública (por intermédio da PGE),
to, mas com a cobrança do boleto verdade, essas pessoas não sabiam que multou as empresas e abriu um canal
ele é envolvido e contrai uma dívida estavam recebendo canais a mais – era, exclusivo para o assunto no seu site,
maior do que pode pagar. de fato, um erro da empresa. Ao des- facilitando ainda mais o atendimento
cobrir isso, no entanto, a Net não teve dos consumidores.
tato: ou cortou os canais ou lançou a
cobrança maior na fatura.
Essas queixas evidenciam um pro-
blema grave: a falta de informações
claras e precisas sobre o serviço, o que
contraria o artigo 6º do Código de De-
fesa do Consumidor, pois muitas des-
O balanço de 2007 da área de sas pessoas sequer tinham uma cópia O mercado de assistência privada
Serviços Privados traz uma notícia boa do contrato. de saúde segue com o comportamen-
e outra ruim. A boa é que o boom No caso da TVA, o problema é liga- to observado desde o chamado marco
de problemas com clubes, de 2006, do à expansão desenfreada. Ao entrar regulatório de 1999 (com a entrada

22 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


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tos efeitos terapêuticos alardeados


queixas tiveram pelos produtos da empresa – comple-

3.278
mento alimentar que emagrece, por
os 7 grupos financeiros
exemplo. Os consumidores procuram
que aparecem no o Procon-SP para questionar que não
ranking das 20 empresas sentiram o efeito anunciado.
Na visão do Procon-SP, o ideal se-
mais reclamadas ria que produtos que anunciam pro-
priedades terapêuticas não fossem
registrados na Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) como ali-
em vigor da Lei 9.656/98): continua “As mudanças decorrentes das
mentos, e sim como “alimentos com
diminuindo o número de operadoras transferências de carteira de consumi-
alegação de propriedades funcionais
em atividade – até 1999 elas soma- dores, geram, automaticamente, preo-
ou de saúde”, pois nesse caso há ne-
vam 2639 empresas, contra 1998 em cupação para eles. O que observamos
cessidade de comprovação prévia de
2007. Outra tendência observada é no decorrer de 2007 é que algumas
que as alegações apontadas no ró-
que as firmas de médio e grande porte dessas mudanças não foram acompa-
tulo são verdadeiras, o que previne,
adquiriram as carteiras de clientes de nhadas das adequações necessárias à
em muitos casos, a ocorrência de pu-
outras menores. absorção deste universo de consumido-
blicidade enganosa e a incorreção da
Por exemplo, a Aviccena incorpo- res, refletindo no aumento da procura
informação de rotulagem, em relação
rou a saúde ABC. Para citar outros dois deles pelo Procon-SP”, afirma Renata
aos fornecedores menos preocupados
exemplos: a Samcil comprou a SIM e a Molina, supervisora da área.
com a proteção do consumidor.
Medial ficou com os clientes da Amesp. Para piorar a situação, essas
O problema é que, muitas vezes, a em- empresas se recusaram a resolver a
presa compradora pode até ter recurso maior parte dos problemas levados
financeiro, mas não está preparada, do ao Procon-SP – mesmo que fossem
ponto de vista estrutural, para receber simples. A Medial, por exemplo, não
os novos consumidores – eles já ten- atendeu a 87% das demandas e a
dem a ficar perdidos com a mudança, Aviccena, 58%. Na outra ponta, a
e ainda se deparam com o despreparo Samcil resolveu a maior parte das re-
dos novos prestadores. clamações (69%). Na mesma linha de Alimentos, a
Embora a regulamentação da Agen- área de Habitação manteve a tendên-
cia Nacional de Saúde Suplementar cia dos últimos anos. O principal foco
(ANS) garanta que as condições contra- de reclamação se deu com relação à
tuais sejam mantidas, invariavelmente a demora na entrega do imóvel e a dú-
rede de atendimento acaba afetada. O vidas sobre os valores de reajuste dos
consumidor tem direito a, no mínimo, contratos. Em linhas gerais, por se tra-
ser informado. E pode exigir ao menos tarem de apartamentos, o segmento
que a nova seguradora ofereça hospi- possui a característica de apresentar
tais, clínicas e médicos equivalentes. A área de Alimentos gera uma de- em suas primeiras colocações empre-
Esse é sem dúvida um grande foco manda relativamente pequena à Fun- sas que naquele ano tiveram proble-
de conflitos de consumo que está re- dação Procon-SP – registrou apenas 51 mas com um empreendimento (não
fletido nos números de reclamações reclamações fundamentadas, o que entrega da obra no prazo, por exem-
abrangendo o segmento de saúde. representa 0,22% do total. A empresa plo) e ocasionaram reclamações em
Aviccena, Samcil, e Medial, não por que aparece com maior destaque é a bloco. No restante, as queixas são di-
acaso, aparecem nas primeiras po- TBA, que comercializa produtos Nu- luídas pelos vários setores do mercado
sições do ranking de reclamações triplus e Equality (que possui diversos de construção, incorporação e venda.
fundamentadas. Os problemas estão nomes-fantasia, como TBA do Brasil). No total, em 2007, foram 136 recla-
relacionados essencialmente a dificul- Em linhas gerais, os maiores pro- mações fundamentadas, o que repre-
dades para obter atendimento. blemas estão relacionados aos supos- senta 0,60% do total.

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 23


Comportamento

Bob Wolfson/Divulgação
descartáveis, feitas de plástico filme,
são de difícil decomposição, e per-
manecem poluindo o meio ambien-
te por muitos anos.
Pensando nisso, órgãos de defesa
do consumidor, autoridades e ONGs
ligadas à preservação do meio am-
biente vêm sistematicamente insistin-
do na tecla do consumo consciente.
A idéia é educar o cidadão, para que
ele mesmo, ao fazer escolhas e tomar
decisões, busque alternativas em seu
dia-a-dia que não comprometam o
planeta onde vive.
Um bom exemplo desse tipo de
iniciativa é a campanha “Eu Não Sou
de Plástico”, lançada pela Prefeitura de
São Paulo, por intermédio da Secreta-
ria do Verde e do Meio Ambiente. Em
parceria com o Senac, a pasta organi-
zou uma exposição para propor o uso
racional do consumo das sacolas de
plástico e o incentivo da utilização das
sacolas permanentes.
A exposição, que teve a cura-
doria da consultora de moda Lilian
Pacce e ficou aberta ao público gra-
tuitamente no final do ano passado,
nas unidades do Senac Lapa e Santo
Amaro, mostrou modelos de sacolas
de compras criadas em diferentes
materiais por 110 estilistas, grifes,
Curadora da exposição, Lilian Pacce mostra sacolas desenvolvidas por estilistas
ONGs, entre outras entidades social-
mente responsáveis.

A polêmica das
O Governo do Estado também se
engajou nessa luta. Em dezembro,
lançou um mutirão com o seguinte
mote: “Nas compras de Natal, evite

sacolas plásticas a sacola plástica”. Na seqüência, ino-


vou a campanha Verão Limpo 2008,
distribuindo um milhão de sacolas re-
tornáveis aos usuários das 295 praias
Por Gabriela Amatuzzi
paulistas. “A conscientização da cida-
dania modifica hábitos de consumo”,

O
meio ambiente está tor- própria sacola de compras – como define Xico Graziano, secretário esta-
cendo para que o consu- na época dos carrinhos de metal – dual do Meio Ambiente.
midor brasileiro saia de pode ser a solução para um proble- Além das “sacolas permanen-
casa com a bolsa vazia, e volte com ma que vem incomodando especia- tes”, que podem ser estilizadas e
ela cheia. Não se trata de um surto ca- listas e autoridades há muito tempo. usadas como um artigo Leonardo Tote/SJDC
do vestuário,
pitalista. O simples fato de levar a sua Está comprovado que as sacolinhas estudos buscam outras opções viá-

24 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Comportamento

veis – o ideal é conseguir desenvolver Cerca de 20% dos siderar que o material apresenta boa
um produto cuja matéria-prima não relação custo-benefício. Para a entida-
seja o petróleo, que, além de ser um
plásticos rígidos e filme de, o importante é garantir que o ma-
recurso finito, seus derivados são al- são reciclados no Brasil; terial não seja descartado na natureza,
tamente poluentes. mas sim reciclado.
não há dados específicos
Alternativa razoável seria a utiliza- Visão semelhante tem o Compromis-
ção de sacolas biodegradáveis, feitas a sobre o plástico filme, so Empresarial para Reciclagem (Cem-
partir de recursos renováveis (como ca- que compõe as sacolas pre). “O plástico filme é um material que
na-de-açúcar, milho e outros). Há uma tem um valor crescente no mercado de
plásticas de embalagem reciclagem e, portanto, interessante para
outra proposta que ainda gera polêmi-
ca: o uso de materiais oxibiodegradá- as cooperativas que trabalham no setor”,
veis – plásticos tradicionais acrescidos afirma o diretor-executivo da associação,
de aditivos que causam sua fragmen- tos, como os de limpeza, in natura, André Vilhena.
tação. O problema é que a tecnologia refrigerados, etc.
ainda não garante a decomposição to- Apesar disso, a associação se diz
tal do plástico. atenta aos impactos de sua atividade
As opções
no meio ambiente e garante apoiar
Fornecedores movimentos que tenham como obje- Plásticos filme: são as tradicionais
Quando se fala em “sacolinhas de tivo conscientizar a população sobre o
sacolas plásticas que conhecemos,
plástico”, imediatamente se pensa em uso de sacolas reaproveitáveis no lu-
fabricadas a partir de fonte não-re-
supermercados. A Apas (Associação gar das descartáveis, enquanto aguar-
novável; no Brasil, são feitas, em sua
Paulista de Supermercados), que con- da uma alternativa que seja adequa-
grega em torno de 1.200 unidades no da para o meio ambiente e esteja de
maior parte, de resina de polietileno
Estado, informa que as sacolas plásti- acordo com o poder público e com os de baixa densidade (PEBD) e de po-
cas foram adotadas pelo setor pela co- especialistas no assunto. lipropileno (PP).
modidade que oferecem ao cliente, já O Instituto Sócio-Ambiental dos Biopolímeros: polímeros produzidos
que o plástico é o único material capaz Plásticos (Plastivida) defende o uso das
a partir de matérias-primas de fontes
de acondicionar vários tipos de produ- sacolas plásticas tradicionais, por con-
renováveis (celulose, milho, soro de lei-
te, quitina e cana-de-açúcar). O recur-
Divulgação SVMA
so natural de origem é restaurado pela
natureza, mas se destinado a aterros
pode gerar gás metano.

Plásticos com aditivos oxide-


gradantes: plásticos tradicionais
acrescidos de aditivos que causam a
fragmentação do material, entretan-
to, quando descartadas em aterros
ou lixões podem gerar fragmentos de
plástico, aditivos, corantes e outros
elementos para o meio ambiente.

Sacolas duráveis ou permanen-


tes: sacolas feitas de material que
podem ser usadas permanentemen-
te e não descartadas após o uso.

Fonte: Cempre – Compromisso


Empresarial para Reciclagem.
Sacolas desenvolvidas para exposição trazem o carimbo “Eu Não Sou de Plástico”

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 25


Coleguinhas

Felipe Neves/SJDC

Em 2004, a Férias Vivas lançou livretos de orientação ao consumidor e ao prestador de serviço

Eu quero sossego!
Por Felipe Neves

U
m acidente pode mudar radi- da Associação Férias Vivas, que busca confiança em vir conhecer o Brasil. “O
calmente a vida das pessoas. disseminar todo tipo de conhecimen- país sempre achou que o turismo era
Foi exatamente o que acon- to no que diz respeito a prevenção e a natureza. Nunca pensou que turismo
teceu com a arquiteta Silvia Basile, 55, segurança na área de turismo e lazer. agregado à natureza precisava de uma
em fevereiro de 2002. Na ocasião, ela “Montei a Férias Vivas porque infra-estrutura de serviço”, afirma a
viajou com sua família para um retiro perdi uma filha de 9 anos em um fundadora da ONG.
no Nordeste do país: um hotel-fazenda acidente de turismo”, explica Silvia.
em Maragoji (AL). O que era para ser “Achei que precisava de alguma for- Na prática
um período de reflexão e descanso se ma evitar que acidentes desse tipo Foi em outubro de 2002 que a As-
transformou em tragédia. Sua filha, à acontecessem, e a solução foi mon- sociação Férias Vivas apareceu pela pri-
época com nove anos, morreu em de- tar a ONG.” O objetivo não é apenas meira vez no mercado. Ainda tateando
corrência de uma queda quando passe- colocar o tema em pauta, mas tam- o terreno, a ONG lançou uma série de
ava a cavalo – um dos muitos itens de bém promover um aperfeiçoamento folhetos informativos sobre diversas
lazer oferecidos no local. da prestação de serviço – o que traz atividades turísticas (especialmente li-
O acidente ainda é uma ferida desenvolvimento ao setor. gadas a esportes de aventura), como
longe de ser cicatrizada – e talvez A apresentação de garantias de rafting, canoagem, arvorismo, mergu-
nunca seja. Mas, de sua tragédia pes- segurança pode levar o consumidor lho, jet ski, entre outras.
soal, Silvia conseguiu arrumar forças brasileiro, por exemplo, a optar mais O objetivo era definir a atividade,
para iniciar um projeto de muito valor por destinos nacionais. Na mesma me- mostrar sua relação com o meio-am-
para o consumidor em geral. Trata-se dida, viajantes estrangeiros terão mais biente, explicar a necessidade de usar

26 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Coleguinhas

os equipamentos adequados e levar Felipe Neves/SJDC


aos consumidores dicas de segurança
e princípios de primeiros-socorros. Dis-
tribuídos na Adventure Sport Fair, uma
das mais importantes feiras do setor,
os folhetos foram bem recebidos pelo
mercado. A Férias Vivas apresentava
seu cartão de visita.
Na seqüência, os folhetos foram en-
corpados, e evoluíram para três livretos,
publicados em 2004. O primeiro deles,
“Dicas de atividades – Turismo e lazer”,
dirigido ao usuário: uma espécie de
guia para pessoas que pretendem via-
jar pelo país, com dicas de segurança
e princípios de direito do consumidor, Silvia comanda reunião da Férias Vivas; metas para 2008 incluem game e livros
além de informações sobre hospeda-
gem e atividades e passeios que podem
oferecer risco ao viajante. aventura”, tais como “Sistema de ges- Disseminando
Os outros dois são direcionados tão da segurança – Requisitos de com- A ONG mantém ainda um banco
para o fornecedor, que, segundo Silvia, petências para auditores”, “Informa- de dados com mais de 600 acórdãos
muitas vezes, “não tem idéia do que é ções mínimas preliminares a clientes” e ligados à área de turismo e lazer. A
uma prestação de serviço”. “Geralmen- “Turismo de aventura – Terminologia”. idéia é, ao apresentar a jurisprudên-
te, é um esportista ou uma pessoa que Outras quatro já passaram por consul- cia, auxiliar advogados que pegam
gosta da atividade e resolve montar um ta pública e devem ser oficializadas nas casos de acidentes de turismo. “O
negócio”, diz. Em “Código de conduta próximas semanas. As demais ainda coitado do consumidor acabava per-
de atividades – Turismo e lazer” e “Di- são projetos que precisam passar pelos dendo porque ele tinha o ônus da
cas – Pousadas e hotéis”, a ONG procu- trâmites da ABNT. prova. Então, nós criamos essa área
ra definir padrões de atuação para que de conhecimento jurídico justamente
esses prestadores consigam oferecer para orientar advogados a usarem o
segurança a seus consumidores. Montei a Férias Vivas Código de Defesa do Consumidor”,
afirma Silvia.
Normas porque perdi uma filha de Outra forma de disseminar o co-
No início de 2005, a Férias Vivas 9 anos em um acidente nhecimento é por meio de palestras
mergulhou em um grande projeto, sobre segurança dos consumidores
de turismo
encampado pelo Ministério do Turis- em viagens. Silvia já visitou escolas,
mo (investimento de R$ 4 milhões), clubes, universidades, eventos e feiras
Sílvia Basile
para criar normas de segurança para ligadas ao turismo. Em sua visão, o
o setor. Participaram ainda o Institu- importante é manter o tema em cons-
to da Hospitalidade e a Associação As normas vêm para suprir uma ca- tante debate. “Onde me convidarem,
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). rência do setor. Foi a primeira vez, por eu vou”, define a fundadora.
Em pouco menos de três anos, foram exemplo, que a ABNT trabalhou qualquer Para 2008, a ONG tem três pro-
criados 31 textos normativos, sendo tema relacionado ao turismo. A Férias Vi- jetos prontos para sair do papel – só
alguns deles certificáveis – empresas vas assumiu um papel fundamental no falta a verba, que deve vir de doações.
podem apresentar aos consumidores processo. “Nós éramos, basicamente, os O primeiro deles é um jogo de com-
as garantias de que seguem os parâ- representantes do consumidor. O Procon- putador educativo, para alcançar o
metros estabelecidos. SP chegou a participar de algumas reuni- público adolescente. Os outros dois
Já foram publicadas 13 normas ões, mas nos deu o aval para representar são livros, que já têm até títulos defini-
Leonardo Tote/SJDC
desenvolvidas pelo “Projeto de nor- nessa área”, revela Silvia. “Uma tremen- dos: “Criança rima com segurança” e
malização e certificação no turismo de da responsabilidade, né?” “Animais peçonhentos”.

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 27


Saúde

No mínimo
Por Felipe Neves e Patrícia Paz Fernando Audibert/SXC

Nova lista de procedimentos inclui intervenções cirúrgicas, como videolaparoscopia, mamotomia e laqueadura tubária

O
setor de saúde privada está (ANS) atualizou o chamado rol de mentos é oportuna e necessária, tendo
passando por um impor- procedimentos – parâmetro que defi- em vista sua importância como parâ-
tante processo de reformu- ne a cobertura mínima a ser oferecida metro básico de cobertura”, define Re-
lação. E, ao que tudo indica, o grande pelas operadoras. nata Molina, assistente de direção da
beneficiado é o consumidor, que passa Assim que a Resolução 167 entrar Fundação Procon-SP. “As tecnologias
a ter direito a uma cobertura mais am- em vigor, no dia 2 de abril, o consu- ligadas à medicina avançam de forma
pla e moderna, sem que isso signifique midor terá acesso a tecnologias mais bastante rápida. E é direito do consu-
– pelo menos, em teoria – maior custo modernas em exames e tratamentos, midor ter acesso aos tratamentos mais
no fim do mês. além de poder utilizar procedimentos adequados para sua doença. Por isso,
Mas não se trata, é claro, de um médicos e paramédicos que não esta- essa revisão, que não ocorria desde
surto de altruísmo das empresas do vam incluídos no rol anterior. Todas as 2004, é bem vinda.”
ramo. Muito pelo contrário. A novida- empresas que atuam no setor são obri- Raciocínio semelhante tem o dire-
Arquivo pessoal
de é que, após quatro anos, a Agên- gadas a seguir os novos parâmetros. tor-presidente da ANS, Fausto Pereira
cia Nacional de Saúde Suplementar “A atualização do rol de procedi- dos Santos. Em entrevista exclusiva à

28 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Saúde

REVISTA PROCON-SP, ele revelou radora não tem como negar, por se
que a meta da agência é promover A atualização do tratar de emergência.”
esse tipo de atualização com maior rol de procedimentos é
freqüência, para evitar que a oferta ao Dor no bolso
oportuna e necessária,
consumidor fique defasada em relação O consumidor Manoel Neves Filho,
ao mercado. tendo em vista sua de 53 anos, seria beneficiado se o novo
Mamografia digital e videolaparos- importância como rol de procedimentos estivesse em vi-
copia são dois bons exemplos de proce- gor há mais tempo. Pai de dois filhos
dimentos bastante utilizados pelos pro- parâmetro básico de (de 25 e 22 anos) e separado de sua
fissionais da saúde e importantes para cobertura primeira mulher, ele vive um relaciona-
os pacientes, mas que estavam fora da mento estável com sua atual compa-
cobertura mínima exigida dos planos Renata Molina nheira, Vivian (que tem uma filha de
de saúde (a lista completa está disponí- 15 anos), desde meados de 2004. Os
vel no site da ANS: www.ans.gov.br). “Não estamos falando só das clas- dois, inclusive, moram juntos.
ses A e B. Falamos de uma parcela No entanto, como “mais um her-
Novidades significativa da população, da classe deiro” não estava em seus planos,
Além da ampliação e da atualiza- C, inclusive, e algumas até da classe ele procurou uma clínica para fazer a
ção de procedimentos, que permitem D, que têm hoje acesso aos planos de cirurgia de vasectomia. Na ocasião, o
a “incorporação de técnicas mais saúde, onde essa questão do planeja- médico o informou que a intervenção
modernas”, o presidente da ANS mento familiar pode ter um impacto não era coberta pelo plano de saú-
destaca dois elementos nesse rol que extremamente importante”, afirma de. Mesmo assim, Neves quis fazê-
entra em vigor em abril como vanta- Santos, que vê benefícios também la. “Mais um filho a essa altura do
gens para o consumidor. Em primeiro para as operadoras. “O aborto é feito campeonato [à época, estava com 50
lugar, a perspectiva do tratamento de forma clandestina, mas a cobertura anos] é loucura. Não queria, então tive
multiprofissional – ou seja, agora, os ao atendimento de uma complicação que pagar”, lembra.
planos devem cobrir, quando for per- decorrente dessa intervenção, a ope- O custo da cirurgia foi em torno de
tinente, os custos dos pacientes com R$ 500. O que já não foi barato teria
profissionais de áreas complementa- um preço ainda mais salgado, caso o
res à medicina, como nutricionistas, médico não tivesse solicitado todos os
psicólogos, terapeutas ocupacionais, exames necessários para a intervenção
entre outros. cirúrgica como “vistoria de rotina”. O
Para Santos, essa possibilidade famoso “jeitinho brasileiro” fez com
abre caminho para uma “abordagem que o consumidor economizasse uma
mais integral à saúde”. Visão com- boa quantia. Se o médico informas-
partilhada pelo Procon-SP. “Partindo se na guia de pedido que os exames
da premissa de um conceito ampliado eram para a vasectomia, o seguro se
de saúde, o rol deve contribuir para o recusaria a cobri-los.
aprimoramento da qualidade da assis- A necessidade de “burlar” o pla-
tência no país”, elogia Renata. no de saúde mostra a demanda repri-
O outro aspecto em destaque se mida por esse tipo de procedimento.
refere ao planejamento familiar. Pro- Poder escolher o número de filhos é
cedimentos como laqueadura, vasec- uma necessidade, sobretudo em um
tomia e introdução de DIU foram in- país como o Brasil, onde é notória a
cluídos no rol. A intenção da agência dificuldade financeira da população –
é contribuir tanto para o controle da mesmo aqueles com acesso à saúde
natalidade, que é fundamental para a privada muitas vezes têm o orçamento
sociedade, como para a diminuição da bastante apertado. “Sem dúvida, sairia
procura por abortos clandestinos, que bem mais caro. Se tivesse que pagar os
têm conseqüências nefastas para a exames, talvez não conseguisse fazer
Se rol já estivesse em vigor, consumidor
saúde pública. teria economizado R$ 500 naquele momento”, revela Neves.

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 29


Saúde

Principais inclusões do rol de procedimentos


Exames Cirurgias Consultas Anticoncepção
Análise de DNA Videolaparoscopia Nutricionista Inserção de DIU

Mamografia digital Mamotomia Terapia ocupacional Laqueadura tubária

Hepatite B/C - Teste Tratamento pré-natal das


Psicoterapia Vasectomia
quantitativo/ Genotipagem hidrocefalias e cistos cerebrais

Laqueadura tubária
HIV - Genotipagem Tratamento cirúrgico da epilepsia Fonoaudiologia
laparoscópica

Reação tido de aumento de rol infinitamente.” em maio, não faria sentido aumentar o
As empresas do ramo não gosta- A Abramge reclama da quantidade índice já com base no novo parâmetro
ram muito da idéia, e até ameaçam de procedimentos que foram acrescidos (que entra em vigor em abril).
recorrer à Justiça. Segundo o médico ao rol. Mesmo admitindo que, do ponto “Nós vamos fazer um monitora-
Arlindo de Almeida, presidente da de vista médico, as novidades são im- mento para observar se houve im-
Abramge (Associação Brasileira de Me- portantes para os pacientes, Almeida pacto, para isso poder eventualmen-
dicina de Grupo), “essa possibilidade é não esconde qual é o verdadeiro temor te ser discutido no reajuste de 2009.
bem patente”. “A decisão foi tomada, das operadoras. “A grande preocupa- Então, a princípio, não tem nenhuma
mas ela tem que ser analisada do pon- ção nossa é com custo. Tanto na área alteração para os consumidores”, ex-
to de vista da sua legalidade”, diz. da saúde das empresas, como na área plica o diretor-presidente da ANS. Ele
Almeida explica que a entidade vai do poder aquisitivo da população.” não acredita que o impacto finan-
promover uma assembléia geral para Cálculos da entidade mostram ele- ceiro para as operadoras vai ser tão
decidir o que fazer, mas adianta que, vação de custo entre 8% e 10%, o que, significativo, uma vez que a maioria
em sua visão, alguma medida precisa segundo o presidente da Abramge, é dos procedimentos incluídos, além
ser tomada. “Se a gente aceitar passiva- “praticamente impossível” de se ab- de não serem de alto custo, já eram
mente uma introdução de procedimen- sorver sem repassar ao consumidor – o oferecidos por algumas. “É claro que
tos a esse nível, evidentemente, pode que está proibido pela ANS, pelo menos vão continuar pressionando a ANS
significar dar uma carta branca, um até 2009. A agência precisa autorizar os para que dê reajuste, mas isso faz
cheque em branco para a ANS, no sen- reajustes anuais. Como o de 2008 será parte do próprio jogo de interesses
Felipe Neves/SJDC
que estão colocados.”
Por sua vez, Almeida critica a pos-
tura da ANS e defende que alguns pro-
cedimentos incluídos deveriam perma-
necer como diferencial de mercado.
Em sua visão, a imposição de um rol
tão abrangente pode “estrangular as
empresas” de pequeno e médio por-
te e, com o aumento do custo, excluir
parte da população que hoje tem aces-
so à saúde privada. “Impedindo esse
número maior de pessoas de participar
dos planos, evidentemente a saúde
pública tende a piorar [por aumentar
a demanda]”, conclui. No entanto, a
concentração do mercado nas mãos
de poucas empresas privadas, quadro
acentuado pelas aquisições do ano
passado, já é uma realidade.
Presidente da Abramge vê exagero da ANS no número de procedimentos do novo rol

30 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Na Justiça

Show de desrespeito
Por Joyce Camargo
Joyce Camargo/SJDC

O grande problema
foi o desrespeito, a falta
de comunicação oficial e
delimitação da fila
Por Joyce Camargo
Ana Paula Chinelli

F
icar 15 horas em pé, sob sol
forte e temperatura de até 34
graus, sem refeição, nem água,
tudo por um ingresso para o show
da banda irlandesa U2, no estádio do
Morumbi, em São Paulo. A jornalista
paulistana Ana Paula Chinelli, 25 anos Consumidora passou 15 horas na fila para comprar ingresso para o show do U2
à época, fã da banda desde os nove,
passou por esses percalços, assim como
os milhares de consumidores ávidos por ção de senhas, umas pessoas que tinham mada; o site da Ticketronics para venda
um dos 73 mil ingressos disponíveis, no ‘invadido’ o Pão de Açúcar conseguiram pela internet não suportou a quantida-
primeiro dia de venda (16 de janeiro de pegar um número, eu não consegui. O de de acessos simultâneos e “travou”;
2006), em 11 lojas da rede Pão de Açú- grande problema foi o desrespeito, a fal- houve problemas na impressão final
car, em São Paulo e Rio de Janeiro. ta de comunicação oficial e delimitação dos bilhetes e não havia funcionários
Ela chegou à unidade da aveni- da fila”, conclui Ana Paula. e seguranças suficientes para coibir a
da Brigadeiro Luis Antonio por volta ação de cambistas e de falsos idosos e
de 8h (uma hora antes de começar a Ação civil pública gestantes nos pontos de venda.
vender). Já havia três mil pessoas en- O Ministério Público Estadual, com A Justiça paulista julgará a respon-
fileiradas ao redor do supermercado, base em reclamações que recebeu e em sabilidade das empresas no caso. Se
algumas acampadas desde o dia ante- outras registradas na Fundação Procon- considerar procedente a ação, o valor
rior. “Às 9h, quando a bilheteria abriu, SP, instaurou um inquérito para apurar da reparação por danos aos interesses
ninguém andava. Havia um caixa com as falhas na organização do evento. Em coletivos, cerca de R$ 500 mil, será
problemas de impressão dos ingressos dezembro de 2007, por intermédio da revertido ao Fundo de Reparação de
e outro para idosos, gestantes e pesso- Promotoria de Justiça do Consumidor, Interesses Difusos Lesados, para ações
as deficientes. Um grupo de idosos se ajuizou ação civil pública para repara- de proteção do consumidor, meio am-
oferecia para comprar até dez ingres- ção de danos morais à coletividade e biente, patrimônio artístico, estético,
sos, cobrando de R$ 100 a R$ 500. Eu prejuízos materiais e morais. histórico, turístico e paisagístico. Os
vi uma mesma pessoa entrando na fila Na ação, o órgão responsabiliza as consumidores poderão reunir provas
várias vezes”, conta. três empresas organizadoras por uma que atestem os prejuízos materiais e
O dia inteiro se passou e nada de sucessão de falhas que causaram os morais sofridos para pleitear indeni-
ingresso. A injustiça ainda aumentaria. transtornos ao consumidor: a deman- zações na Justiça no prazo de até um
“Às 20h30, quando iniciaram distribui- da previsível por ingressos foi subesti- ano após a sentença.

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 31


Projeto de lei
Leonardo Tote/SJDC

Consumidores procuram sede do SPC para “limpar o nome”

Surpresa desagradável Por Felipe Neves

O
consumidor chega ao timo ao senhor. Seu nome está sujo, um enorme constrangimento, como na
banco que mantém sua foi ‘negativado’.” situação descrita. E privar o cidadão,
conta-corrente há anos. E é assim, com essa sutileza de ele- sem que ele tenha consciência disso, de
Cumprimenta o segurança, dá um fante, que muitos consumidores ficam conseguir um empréstimo, de contratar
abraço no caixa e vai direto ao ge- sabendo que foram incluídos em listas um serviço, de entrar em um financia-
rente – que já é considerado amigo de proteção ao crédito, como as man- mento para carro ou casa própria, entre
da família. Depois de contar as novi- tidas por SPC e Serasa, para citar os tantas outras coisas.
dades, diz a que veio: pedir um cré- institutos mais famosos. Fornecedores Para acabar com esse abuso, o de-
dito pessoal. “Vou abrir meu próprio usam e abusam desse expediente para putado estadual Rui Falcão (PT) apre-
negócio”, revela sorridente. O repre- pressionar consumidores a pagar even- sentou à Assembléia Legislativa de São
sentante da instituição financeira faz tuais dívidas e, o que é pior, cobranças Paulo (Alesp) o Projeto de Lei 1.247,
festa e vai logo atrás da solicitação. para lá de questionáveis. que tramita desde outubro de 2007.
Alguns minutos depois, retor- O mais grave é que, na maior par- Sua intenção é obrigar fornecedores
na com uma cara constrangida, de te das vezes, as grandes empresas – de a informarem o consumidor sobre a
poucos amigos. Começa um discur- telefonia, TV a cabo, luz, financeiras, situação, para que ele tenha tempo
so meio confuso, algo que nunca provedor de internet, etc. – sequer se hábil de se defender.
precisou fazer com aquele tão fiel dão ao luxo de avisar ao consumidor “Se a dívida não for protestada ou
cliente. Diz, por fim: “Infelizmente, que pretendem incluí-lo nesses tais não estiver sendo cobrada diretamen-
não poderemos conceder o emprés- bancos de dados. O que pode causar te em juízo, deve ser-lhe previamente

32 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Projeto de lei

comunicada por escrito, e comprovada, Na visão do parlamentar, garantir protesto ou à ação judicial direta de
mediante protocolo de aviso de recebi- que o cidadão seja previamente in- cobrança de títulos – nos dois casos,
mento (AR) assinado, a sua entrega no formado de que terá seu nome “ne- existem normas para garantir que o
endereço fornecido por ele [consumi- gativado” consolida as seguranças devedor seja informado. “É inconcebí-
dor]”, determina o artigo 1º do PL. previstas no Código de Defesa do vel juridicamente que, para os serviços
Consumidor (art. 43) e em legislações de proteção ao crédito, cuja atividade
Prevenção complementares, como, por exemplo, principal é o registro e a divulgação do
A intenção do deputado é evitar a Portaria nº 5, de 2002, do Ministério inadimplemento, causando as mesmas
constrangimentos, sobretudo quando da Justiça, que considera abusiva qual- conseqüências civis para os cidadãos,
houver erro por parte do fornecedor. quer cláusula contratual que “autorize não tenha sido ainda estabelecido a
Na justificativa, o parlamentar argu- o envio do nome do consumidor, e/ exigência mínima da observância da
menta que a obrigatoriedade da co- comprovação da prova de que houve a
municação prévia vai permitir que o entrega da comunicação prévia escrita
cidadão procure a empresa para escla-
Consideramos que ao consumidor”, salienta.
recer a situação, o que “funciona como a proposta legislativa é
prevenção aos direitos civis suspensos Bem-vindo
nos casos de inserções equivocadas ou conveniente e oportuna Na avaliação da Fundação Procon-
mesmo realizadas com a finalidade de SP, a idéia de se criar uma lei sobre
no sentido de aumentar
exigir do consumidor o pagamento de esse tema é importante para buscar
importâncias indevidas”. a segurança jurídica maior equilíbrio no mercado. “Consi-
“Deverá ser concedido o prazo mí- deramos que a proposta legislativa é
nimo de 15 (quinze) dias para quitação entre consumidor e conveniente e oportuna no sentido de
do débito ou apresentação de com- aumentar a segurança jurídica entre
fornecedor
provante de pagamento, antes de ser consumidor e fornecedor, bem como
efetivada a inscrição do nome do con- Luísa Ragio entre esses e as empresas de proteção
sumidor nos cadastros de proteção ao ao crédito”, afirma a técnica Luísa Ra-
crédito”, define o artigo 2º do projeto, ou seus garantes, a bancos de dados gio, em parecer enviado à Alesp.
que também obriga as empresas res- e cadastros de consumidores, sem a Para ela, o texto do projeto é “cris-
ponsáveis pelas listas a exigir dos credo- comprovada notificação prévia”. talino” no que diz respeito a assegurar o
res “documento que ateste a natureza Para o deputado, a inclusão do direito fundamental do consumidor de
da dívida, sua exigibilidade e inadim- nome do consumidor em listas de ter “acesso a informações a seu respeito
plência por parte do consumidor”. proteção ao crédito é comparável ao constantes em toda espécie de cadas-
tros, fichas e registros”. Luísa destaca
Maria Clara Caram/SJDC ainda o fato de a proposta, ao estabe-
lecer um prazo para manifestação do
consumidor, incentivar a possibilidade
de conciliação entre credor e devedor.
A técnica faz apenas uma ressal-
va: o PL não especifica que agente
do governo ficará responsável pela
garantia de que a proposta será
cumprida. Com base nas atribui-
ções previstas nos capítulos II e VII
do CDC, ela afirma que o Procon-SP
e os Procons municipais “são os ór-
gãos natos para acolher reclamações
e efetivar a fiscalização acerca do
cumprimento da referida obrigação
legal pelos fornecedores e órgãos de
Em geral, quando a carta chega, o nome já foi incluído na lista de proteção ao crédito proteção ao crédito”.

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 33


Telefonia

Celular na linha Por Felipe Neves

Cancelar o
serviço deve ser
tão simples quanto
contratá-lo. E não
é isso que vem
ocorrendo nos últimos
anos. É inadmissível
que haja essa
desproporção

Roberto Pfeiffer

Martin Mices/SXC

C
ontratar é fácil, mas cancelar... quase 25% (29 milhões) estão no Es- prestados após decorridas 24 horas do
Uma maratona. Essa é a sen- tado de São Paulo. pedido de rescisão. “O que aconteceu
sação do consumidor de tele- Desde a metade de fevereiro, nesse regulamento foi o aumento dos
fonia celular, que já até se acostumou quando entraram em vigor as altera- canais de acesso”, explica o gerente de
com a “coincidente” (e providencial ções, as operadoras são obrigadas a regulamentação de serviços móveis da
para a operadora) queda da ligação oferecer outras formas para o usuá- Anatel, Bruno Ramos.
quando tenta cortar algum serviço ou rio cancelar o serviço, além da central Sem dúvida, é um ganho para o
rescindir o contrato. Essa prática abo- telefônica. Agora, o pedido pode ser consumidor, que tem o direito de in-
minável, freqüentemente relatada por feito em uma loja física, por corres- terromper a prestação de serviço sem-
consumidores que procuram a Fun- pondência registrada, internet e, até, pre que achar pertinente. “Cancelar
dação Procon-SP, entre outras, levou mensagem de texto (art. 23). Com o serviço deve ser tão simples quanto
a Agência Nacional de Telecomunica- isso, o consumidor ganha documen- contratá-lo. E não é isso que vem ocor-
ções (Anatel) a atualizar a Regulamen- tos que comprovem sua solicitação – rendo nos últimos anos. É inadmissível
tação do Serviço Móvel Pessoal – que e não fica refém do que o atendente que haja essa desproporção”, afirma o
define as normas que harmonizam as registra na chamada. diretor-executivo da Fundação Procon-
relações entre empresas do setor e A norma determina ainda que a SP, Roberto Pfeiffer.
usuários. Há mais de 120 milhões de prestadora não poderá efetuar qual- Aliás, o atendimento recebeu um
linhas habilitadas no país, das quais quer cobrança referente a serviços olhar especial na atualização do regu-

34 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Telefonia

lamento. Entre outras mudanças, ago- como se isso as eximisse de cumprir o “É fundamental que a Anatel tenha
ra, para todas as solicitações do con- Código. “Sempre se aplica o CDC. O essa perspectiva de que o CDC é sobe-
sumidor, a operadora deverá enviar o que acontece é que a reclamação ge- rano nas relações de consumo. Agora,
número do protocolo por mensagem rava um processo administrativo e, de nossa expectativa é que o trabalho de
de texto em até 24 horas. É mais uma certa forma, burocratizava a solução”, fiscalização seja feito de forma inten-
forma de dar subsídios físicos para o diz. “Com essa introdução no regula- sa para garantir que as conquistas dos
usuário poder comprovar o pedido. mento, nem precisa [abrir o processo] consumidores sejam efetivamente
Além disso, ele poderá exigir, a seu cri- porque está escrito lá.” aplicadas”, aponta Pfeiffer.
tério, que a resposta à sua demanda Um bom exemplo é a obrigação da
seja fornecida por meio de contato te- prestadora de devolver ao consumidor, Pré-pagos
lefônico, SMS, internet ou correspon- em dobro, valores cobrados de forma Um dos tópicos que mais irritam
dência (art. 15). os consumidores de celular pré-pago
Escaldado, o consumi- (quase 100 milhões ou 80%
dor fica com a orelha em do total) também foi lem-
pé: de que adianta a ope- brado: revalidação dos
radora enviar o protocolo se créditos vencidos. Por
eles não comprovam nada? exemplo, uma pessoa co-
A Anatel promoveu mudan- loca R$ 11 em sua linha
ças na forma como esses e é informada de que tem
números de controle de aten- 30 dias para gastá-los. No
dimentos são criados. Em li- entanto, ao término desse
nhas gerais, eles passaram a período, consumiu apenas
ser seqüenciais por empresa R$ 8. Em vez de perder os R$
– o que facilita a fiscalização 3 – como vinha ocorrendo –,
da agência. “Nós mudamos ela vai “recuperar” o valor não
muito a fórmula do protoco- usado, quando colocar novos
lo para exatamente dar essa créditos (o resíduo terá a mes-
segurança ao consumidor”, ma validade da nova recarga).
observa Ramos. O Procon-SP vê a medida
como um “avanço” para o con-
Busca por equilíbrio sumidor. “Não faz nenhum sen-
As atualizações no regula- tido a pessoa perder o dinheiro. O
mento foram feitas com base ideal seria a extinção total do pra-
nas reclamações trazidas pelos zo de validade: se já pagou, deveria
usuários – desde processos regis- ter o direito de usar quando quiser.
trados diretamente na Anatel até Mas, sem dúvida, já é um avanço”,
dados levados pelos órgãos de de- diz Selma do Amaral, assistente de
fesa do consumidor e pelo Ministério direção do órgão.
Público. Para Ramos, os objetivos são Se essa novidade já estivesse em
“possibilitar que esses pequenos pro- vigor, a consumidora Josefa de Aguiar
blemas ou lacunas regulamentares não indevida (art. 71) – o tema é cam- Rodrigues, que procurou o Procon-SP
existam mais” e “tornar mais clara a peão de reclamações tanto nos da- no início do ano passado, não teria
relação entre usuário e empresa”. dos da Anatel como nos do Procon- perdido cerca de R$ 100 em créditos.
Segundo ele, as alterações servem SP. A sanção já é prevista pelo CDC Ela tinha um pré-pago da Tim. O apa-
também para reafirmar a aplicação (art. 42), e foi reafirmada no regula- relho quebrou, e, como ela estava sem
dos preceitos do Código de Defesa do mento. A agência também ratificou dinheiro para comprar um novo, a li-
Consumidor – ao tornar determinadas o conceito de informação ao obrigar nha ficou parada por um tempo.
regras explícitas, a agência busca im- as prestadoras a afixar em todas as Alguns meses depois, tentou apro-
pedir que as empresas usem o argu- lojas um quadro com o resumo dos veitar o chip em outro aparelho, mas
mento de que seguem o regulamento, direitos dos usuários. não conseguiu. Ligou à operadora e

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 35


Telefonia

soube que havia perdido a linha e


o dinheiro. “Fiquei indignada, pois Defeitos
eu comprei a linha, e havia créditos
nela, mas a Tim me informou que
nada poderia fazer a esse respeito,
pois a linha já estava sendo utilizada
por outro cliente.”
A Anatel estabeleceu ainda que
as operadoras podem vender créditos
com a relação valor/prazo que acharem
pertinente, mas são obrigadas a ofere-
cer, a preço razoável, créditos com 90
e 180 dias de validade. A prestadora
deve possibilitar a consulta gratuita do
saldo dos usuários.

Com a nova regra, Jyn Meyer/SXC

prestadora será
obrigada a devolver ao O consumidor também enfrenta muitos Gradiente Eletrônica S/A e Nokia do Bra-
problemas com os aparelhos de celular, sil Tecnologia Ltda. Juntas, essas compa-
consumidor, em dobro,
como revela o Cadastro de Reclamações nhias tiveram mais de 2.500 reclamações
valores cobrados de Fundamentadas da Fundação Procon- fundamentadas em 2007.
forma indevida (art. 71) SP (leia mais na página 20). Para se ter Os principais problemas foram: produ-
idéia, fabricantes de telefones móveis to entregue com danos/defeitos (não
– o tema é campeão de
ocupam as oito primeiras colocações da funciona, bateria não carrega ou per-
reclamações tanto nos área de Produtos. de a carga rapidamente, etc.); garantia
dados da Anatel como São elas, respectivamente: Benq Eletrô- (abrangência/cobertura) e falta de peças
nos do Procon-SP nica Ltda, Evandin Indústria e Comer- de reposição. Para piorar, as assistências
cia Ltda, Motorola Industrial Ltda, LG técnicas credenciadas não conseguem
Eletronics da Amazônia Ltda, Samsung sanar os vícios dentro dos prazos es-
Mais novidades Eletrônica da Amazônia Ltda, Pantech tabelecidos pelo Código de Defesa do
Outra vantagem para o consumidor Brasil Comercialização de Celulares Ltda, Consumidor (30 dias).
é a possibilidade de suspender tempo-
rariamente a linha e restabelecê-la,
sem qualquer ônus. Pela norma, essa
suspensão pode ser solicitada uma vez ano). Pela nova regra, só é permitido precisa pesar muito se, pelas vanta-
por ano, e o período deve ser de um a esse tipo de exigência se houver algum gens oferecidas, vale a pena ficar pre-
quatro meses (art. 34). O problema é benefício no momento da contratação so a uma operadora.”
que só vale para os adimplentes. – um aparelho subsidiado, por exem- O consumidor também já pode se
Para quem pretende cancelar o plo. De qualquer modo, será opcional: preparar para uma outra novidade: a
contrato e continuar usando o mes- o usuário pode abrir mão dessa vanta- portabilidade numérica, dispositivo
mo aparelho com a nova operadora, gem para não ficar “preso”. que permitirá trocar de operadora e
uma boa notícia: a Anatel proibiu a co- “A Anatel não estabelece um va- manter o número. Pelo cronograma,
brança para o desbloqueio (art. 81). A lor para a penalidade, só determina a implementação da cobertura co-
agência também restringiu a chamada que ela seja proporcional ao tempo meça no dia 29 de agosto de 2008
fidelização – quando consumidor fica que faltaria para o cumprimento do e vai até 1º de março de 2009. Em
vinculado ao plano de serviço por um período”, explica Fátima Lemos, téc- São Paulo, os códigos de área 14
determinado período (no máximo, um nica do Procon-SP. “O consumidor e 17 estão na primeira etapa. Já o

36 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Telefonia

11 (capital e região metropolitana)


será contemplado apenas no fim do
processo. “Além de ser prático para
quem deseja mudar de operadora, a
portabilidade aumenta a concorrên-
cia e isso é ótimo para o consumi-
dor”, conclui Pfeiffer.

Outro lado
A Associação Nacional das Ope-
radoras Celulares (Acel) não quis con-
ceder entrevista sobre o assunto. Em
nota, a entidade diz apenas que as no-
vas normas serão cumpridas, apesar
das dificuldades logísticas e tecnológi-
cas que representam. “A plena imple-
mentação das mudanças tem exigido a
realização de complexas alterações em
processos e sistemas de TI, automação
e redes, aquisição e implantação de
novos equipamentos e capacitação de
pessoal para operá-los.”
Consumidora ficou revoltada porque perdeu R$ 100 em créditos não utilizados

O que muda

Pedido de cancelamento pode Usuário com conta em dia pode Cobranças indevidas serão devolvi-
ser feito na loja ou por carta, solicitar suspensão temporária das em dobro, acrescidas de corre-
SMS ou internet do serviço ção monetária
Carência só pode ser cobrada Créditos não gastos no prazo Número de protocolo deve ser
se consumidor receber benefício devem ser revalidados na próxi- enviado ao consumidor por men-
na contratação ma recarga sagem de texto
As operadoras estão proibidas Consumidor pode solicitar com- Portabilidade numérica será im-
de cobrar pelo desbloqueio de paração de custo em outros pla- plementada entre 29 de agosto
aparelhos nos da operadora de 2008 e 1º de março de 2009

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 37


Pesquisa

Por água abaixo Por Redação

E
squeça a linha diet e ligth. colheram a opção água, sendo que lado, os homens chegaram a errar a
O mercado brasileiro foi in- outros 21% alegaram ser água com classificação de alguns produtos em
vadido, no ano passado, por sabor. Apenas um pouco menos de 80% dos casos.
uma nova linha de produtos, que são um terço classificou a imagem como a No quesito faixa etária, os jo-
apresentados (embalagens, nomes e de um refrigerante. vens entre 12 e 17 anos apresen-
publicidade) como equivalentes ao Em linhas gerais, os outros três taram o maior índice de acertos
mais famoso líquido inodor, insípido produtos (Aquarius Lemon e Fresh e contra um fraco desempenho de
e incolor: a água. No entanto, na re- o Tampy Ice Limão + Menta) tiveram pessoas com 60 anos ou mais. Nes-
alidade, estão longe disso. se segmento, alguns produtos tive-
As “variações de água”, na ver- ram respostas erradas por 90% dos
As “variações de água”,
dade, ou são produtos flavorizados entrevistados.
(com sabor, em inglês) ou, sim- na verdade, ou são
plesmente, novas versões de refri- produtos flavorizados Metodologia
gerante. Será que o consumidor Os técnicos do Procon-SP es-
consegue distinguir as diferenças?
(com sabor, em inglês) colheram imagens de 15 bebidas e
Técnicos da Fundação Procon-SP ou, simplesmente, apresentaram para 118 consumido-
foram às ruas para averiguar. O re- res. Foram selecionadas cinco marcas
novas versões de
sultado revela uma população bas- de água, três de refrigerante, duas
tante desinformada. refrigerante. Será que de suco e cinco produtos da “nova
O produto que obteve o maior ín- o consumidor consegue geração”.
dice de acerto foi a H2OH!. Na outra O consumidor teve que classificar
distinguir as diferenças? cinco produtos distribuídos de forma
ponta, o que teve o maior índice de
identificação incorreta foi a Lindoya aleatória em uma cartela – sendo
Plus. Ambos são refrigerantes. No en- identificação incorreta bem próxima: que cada produto foi apresentado
tanto, para 15% dos entrevistados, entre 48% e 56% das respostas. em dois grupos de imagens distin-
a H2OH! é água. Percentual idêntico Mas é na fragmentação por sexo tos. Ou seja, o entrevistado deveria
respondeu se tratar de água com sa- e faixa etária que os dados se acentu- identificar de forma espontânea o
bor – 66% apontaram corretamente. am. As mulheres registraram o maior mesmo produto em duas cartelas de
No caso da Lindoya Plus, 44% es- índice de respostas corretas. Por outro imagens diferentes.

38 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Biblioteca

Consumidores mirins
“Propaganda é a alma do negócio”. científicos e lapidada por psicólogos infantis – resumindo, é
Sempre foi, mas nunca com tanta ênfase. mais penetrante e inoportuna do que nunca”.
Hoje em dia, não é essencial que o produto O livro lista todas as fatias do mercado especializadas nos
tenha qualidade, basta ter um bom marke- pequenos consumidores com grande potencial de persuasão
ting para vender. E a lógica desse mercado para os reais compradores, os pais. Empresas alimentícias, de
– infelizmente – é: se o público-alvo não brinquedos, de vestuário são as grandes responsáveis pela pe-
souber discernir entre propaganda e neces- rigosa dedicação ao mercado infantil.
sidade, melhor ainda. Com exemplos verídicos, a autora pontua responsabili-
Nesse contexto, entra a criança. O mercado infantil é dades, passando por legislação, instituições, pais e fiscaliza-
bastante lucrativo para as empresas, que investem agressiva- ção – ou a falta dela – nos dias de hoje. Dados estatísticos são
mente em marketing específico para essa faixa etária, como usados para demonstrar a influência da televisão no dia-a-dia
forma de promover tanto as vendas diretas quanto a fideli- das crianças e como os pais podem evitar a introdução ao
dade precoce das marcas e produtos. As conseqüências des- consumo desde cedo.
sas investidas sobre o público infantil e ações irresistíveis dos Um livro, no mínimo, interessante para pais e profissionais
profissionais de marketing são abordadas no livro “Crianças do universo infantil. Preocupação Título: “Crianças do
do consumo – A infância roubada”, da psiquiatra norte-ame- constante para quem está real-
consumo – A infância
ricana Susan Linn. mente envolvido com o desen-
roubada”
Para a autora, a deficiência de julgamento e de experiência volvimento humano desde a in-
Autor: Susan Linn
da criança a deixa muito mais vulnerável à propaganda do que fância até a vida adulta, quando
Editora: Instituto Alana
o adulto. “A explosão do marketing voltado para as crianças nos tornamos – inevitavelmente
Preço: R$ 39,00
hoje é direcionada de maneira precisa, refinada com métodos – consumidores natos.

O aval dos bancos Acordo formal

Os bancos são importantes propulsores Um contrato estabelece regras, direitos


das atividades produtivas de um país. A ex- e deveres atribuídos às partes envolvidas
pansão do crédito, se bem utilizada, pode na negociação com a finalidade de segu-
gerar empregos e riquezas, o que leva ao rança tanto para o contratado como para
tão almejado crescimento econômico. Para o contratante. Mas quando esse acordo é
que isso ocorra, entretanto, é fundamen- cumprido de forma satisfatória?
tal que haja segurança jurídica nos contra- “A obrigação nasce, para as partes,
tos bancários – e que se busque sempre o com um objetivo certo, qual seja, o cum-
equilíbrio, protegendo o consumidor, notoriamente vulnerável primento das prestações pactuadas; assim, o adimplemento é,
nessa relação. Sob pena de ocorrer o efeito inverso: aumento ou pelo menos deveria ser, a regra nas relações obrigacionais”.
de endividamentos. Assim começa, para o juiz e ex-membro do Conselho Curador
Pensando nisso, o desembargador do Tribunal de Justiça da Fundação Procon-SP, Paulo Jorge Scartezzini, a definição de
do Rio Grande do Sul (TJ-RS) Arnaldo Rizzardo escreveu o livro cumprimento perfeito de contrato.
“Contratos de crédito bancário”, onde analisa do ponto de A partir desse preceito, o autor do livro “Vícios do produ-
vista jurídico os contratos de crédito habitacional, imobiliário, to e do serviço por qualidade, quantidade e insegurança” de-
rural, industrial, comercial e de exportação. senvolve hipóteses de cumprimento imperfeito dos contratos,
De forma sistemática, Rizzardo também estuda fundos de valendo-se da jurisprudência nacional e estrangeira. Examina
investimento e contratos as conseqüências e expõe
externos com repasse em as alternativas processuais Título: “Vícios do produto
Título: “Contratos de
moeda estrangeira, bem à disposição do usuário, le- e do serviço por qualidade,
crédito bancário”
como garantias pessoais vando em conta as altera- quantidade e insegurança”
Autor: Arnaldo Rizzardo
(aval, fiança, penhor) e ções legislativas trazidas por Autor: Paulo Jorge
Editora: Revista dos
encargos (correção mone- normas como o Código de Scartezzini Guimarães
Tribunais
tária, comissão de perma- Defesa do Consumidor e o Editora: Revista dos Tribunais
nência, juro, multa). Preço: R$ 92,00
novo Código Civil. Preço: R$ 68,00

janeiro e fevereiro 2008 | Revista Procon-SP 39


Direto ao ponto

Informação
na mão
Por Redação

O
brasileiro costuma dizer que simplesmente, ler naquele instante. Os áreas de vulnerabilidade social na re-
o ano só começa depois técnicos envolvidos na produção do gião metropolitana de São Paulo.
do carnaval. A brincadeira material tomaram dois grandes cuida- Dos 27 títulos editados no ano
revela a importância das datas come- dos: escrever em linguagem simples e passado, totalizando 440 mil folhe-
morativas na vida da população como ir direto ao ponto. tos impressos, boa parte aborda datas
pontos de referência. Assim também simbólicas. No entanto, a educação ao
funciona o comércio, que comemora a Ampliando horizontes consumo também foi aplicada em te-
volta às aulas, a Páscoa, dia dos namo- Outro diferencial do material é a mas como meio ambiente, simbologia
rados, das mães, dos pais, etc. E, como distribuição. Qualquer pessoa pode das etiquetas de roupas e TV digital.
não poderia deixar de ser, a defesa do retirar nos postos de atendimento “A Fundação Procon-SP está bus-
consumidor enxerga nessas épocas um do Poupatempo (Sé, Santo Amaro e cando cada vez mais levar o consumo
forte potencial de conflitos. Itaquera). Muitos Procons municipais consciente e outros temas para o cen-
Pensando nisso, a Fundação Pro- também reproduzem o material e tro da discussão. A formação de base
con-SP iniciou no ano passado a distri- tornam disponíveis aos consumidores é importante e ocupa a maior parte do
buição de informativos para conscien- locais. Ou, ainda, nas sedes do Cen- nosso tempo, mas existem consumi-
tizar o consumidor sobre seus direitos tro de Integração da Cidadania (CIC), dores que querem dar o próximo pas-
nas mais diferentes situações que cada programa da Secretaria da Justiça e so e o Procon-SP tem executado esse
data apresenta. Em essência, são dicas da Defesa da Cidadania localizado em trabalho”, explica Silva.
e cuidados que a pessoa deve ter an-
tes de ir às compras ou contratar um
Cartilhas publicadas
serviço que tenha particularidades.
A recepção foi tão positiva que • Noções Básicas de Direitos do Consumidor • Consumo Consciente II
logo alguns picos de demanda também • Telefone Fixo: conversão para minuto • Serviços Bancários
ganharam suas versões. É o caso dos • Direitos da 3ª Idade • Seguro Residencial
informativos sobre Crise Aérea, Crédito
• Produtos de Páscoa • Seguro de Automóveis
Consignado e Direitos do Idoso. “Assim
• Cartão de Crédito • Comércio Eletrônico
que identificado um forte crescimento
• Como Presentear Bem e com Segurança
em algum problema, analisávamos a • Brinquedos
• Simbologia em Etiquetas
possibilidade de se fazer uma cartilha • Eletroeletrônicos
para auxiliar o consumidor”, explica • Quitar suas Dívidas e Sair do Vermelho
• Material e Uniforme Escolar
Dió­genes Donizete Silva, Assistente • Crédito: Dicas e Orientações
• 13º Salário
Técnico de Diretoria do Procon-SP. • Telefonia Fixa: mudança na cobrança
• Consumo Consciente I • Telefonia Fixa: novidades
A grande vantagem do material,
segundo consumidores, é a pratici- • Viagem de Férias • TV Digital
dade. Ao retirar em um dos postos • Medicamentos • Matrículas em Escolas Particulares
de distribuição gratuita, eles podem • Direitos do Consumidor nos Aeroportos • Ceia de Natal
colocar no bolso, dentro da bolsa ou,

40 Revista Procon-SP | janeiro e fevereiro 2008


Revista Procon-SP

Sumário
1 - EDITORIAL 26 – COLEGUINHAS
ONG busca ampliar a segurança para o turismo
2 - DIRETO AO CONSUMIDOR
28 - PLANOS DE SAÚDE
4 - ENTREVISTA ANS amplia procedimentos de cobertura obrigatória
7 – DIA-A-DIA 31 - NA JUSTIÇA
Jornalista sofre com operadora de celular MP-SP ajuíza ação contra organizadores do show do U2
8 – PROCON MUNICIPAL 32 - PROJETO DE LEI
Nova sede do Procon de Jundiaí traz conforto e eficiência Aviso prévio para “sujar” nome do consumidor

10 - TECNOLOGIA 34 - TELEFONIA
Anatel define proteção ao usuário de TV por assinatura Agência atualiza normas do serviço de celular

13 – CRÉDITO 38 - PESQUISA
Governo federal admite perigo e muda regras do consignado Diferenças entre água e refrigerante

14 - LADO A LADO 39 – BIBLIOTECA


Ipem-SP desenvolve veículo para auxiliar na fiscalização 40 – DIRETO AO PONTO
16 - CAPA
Conheça as empresas que mais receberam reclamações em 2007

24 – COMPORTAMENTO
Guerra contra as sacolas de plástico descartáveis

CURSOS E PALESTRAS DA
FUNDAÇÃO PROCON-SP
Governo do Estado de São Paulo Diretor-executivo
Governador
Roberto Augusto Pfeiffer • Direitos básicos do consumidor
José Serra Chefe de gabinete
Carlos Augusto Coscarelli • Orçamento doméstico
Secretaria da Justiça Editor-chefe
e da Defesa da Cidadania Francisco Itacarambi - Mtb. 41.327/SP
• Direitos do consumidor na terceira idade
Secretário
Luiz Antonio Marrey
Edição • Direitos e deveres do consumidor bancário
Felipe Neves

Fundação de Proteção e Defesa


Redação • Saindo do vermelho
Felipe Neves, Gabriela Amatuzzi e Ricardo Lima Camilo
do Consumidor (Procon-SP)
Colaboraram nesta edição
• Curso básico do Código de Defesa do Consumidor para fornecedores
Conselho curador
Joyce Camargo, Leonardo Tote, Maria Clara Caram e Patrícia Paz
Anselmo Prieto Alvarez, Antonio Carlos Santa Izabel,
Antonio Júlio Junqueira Queiroz, Antonio Sabóia Barros Jr.,
• Defesa do consumidor para rede de ensino
Editoração e impressão
Cornélia Nogueira Porto, Lindalva Rufina de Lima, Marcelo
Gomes Sodré, Marcos Pó, Margaret Cruz, Maria Augusta
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo • Defesa do consumidor na formação de profissionais
Pontes Cardoso, Marilena Lazzarini, Omar Cassim Neto, Janeiro e fevereiro de 2008
Ronaldo Porto Macedo, Rosana Piccoli dos Santos, Sérgio imprensaprocon@procon.sp.gov.br
• Curso educação para o consumo – capacitação para professores
Robles Reis de Queiroz, Silmara Juny de Abreu Chinelato e
Almeida, Tatiana Rigorini e William César La Torre Distribuição gratuita

Informações no site: www.procon.sp.gov.br


Revista Procon
A revista da Fundação Procon-SP • no 8

TV por assinatura
Ponto adicional deve ser
isento de mensalidade

Pódio da discórdia
Conheça as empresas e os principais assuntos que
lideram o ranking de reclamações do Procon-SP

Atendimento, consultas
e reclamações
Postos Poupatempo Outros Atendimentos
2ª a 6ª, das 7h às 19h - Sábados, das 7h às 13h Cartas: Caixa Postal 3050
Itaquera: Av. do Contorno, 60 - Metrô Itaquera CEP: 01061-970 - São Paulo/SP
Santo Amaro: Rua Amador Bueno, 176/258 Fax: (11) 3824-0717 - 2ª a 6ª, das 10h às 16h
Sé: Rua do Carmo, sn Cadastro de Reclamações Fundamentadas: (11) 3824-0446
2ª a 6ª, das 8h às 17h
Ouvidoria do Procon-SP Telefone: 151 - 2ª a 6ª, das 8h às 17h
R. Barra Funda, 930, 4º andar - sala 412 - Barra Funda www.procon.sp.gov.br
CEP: 01152-000 - São Paulo/SP
Telefone/Fax: (11) 3826-1457 Outros Municípios
e-mail: ouvidoria@procon.sp.gov.br Consulte a prefeitura de sua cidade ou o site do Procon-SP

Ilustração: Robson Minghini

Entrevista Alô? Saúde


Ouvidora aposta em conciliação Normas de telefonia celular Planos agora têm de cobrir
para atender cidadão paulistano mudam em favor do consumidor vasectomia, psicólogo e...

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