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ESCOLA SECUNDÁRIA DANIEL FARIA - BALTAR

Proposta de Suspensão do Modelo de Avaliação de Desempenho

Exmo Sr. Presidente do Conselho Pedagógico

Exmo Sr. Presidente do Conselho Executivo

Considerando que:

1. O modelo de avaliação do desempenho aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º


2/2008, de 10 de Janeiro, não está orientado para a qualificação do serviço
docente, como um dos caminhos a trilhar para a melhoria da qualidade da
Educação, enquanto serviço público.
2. O modelo de avaliação instituído pelo referido Decreto Regulamentar destina-se,
sobretudo, a institucionalizar uma cadeia hierárquica dentro das escolas e a
dificultar ou, mesmo, impedir a progressão dos professores na sua carreira.
3. O estabelecimento de quotas na avaliação e a criação de duas categorias que, só
por si, determinam que mais de 2/3 dos docentes não chegarão ao topo da
carreira, completam a orientação exclusivamente economicista em que se
enquadra o actual estatuto de carreira docente que inclui o modelo de avaliação
decretado pelo ME.
4. Paradoxalmente, a aplicação do actual modelo de avaliação está a prejudicar o
desempenho dos professores por via da despropositada carga burocrática e das
inúmeras reuniões que exige.
5. A avaliação de desempenho dos professores e a sua progressão na carreira,
subordina - se a parâmetros como o abandono escolar e o sucesso dos alunos,
desprezando-se variáveis inerentes à realidade social, económica, cultural e
familiar dos alunos, que escapam ao controlo e responsabilidade do professor e
que são fortemente condicionadoras do sucesso educativo.
6. A imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos seus
alunos, configura uma violação grosseira do previsto na legislação em vigor, quanto
à decisão da avaliação final do aluno, a qual, como é sabido, é da competência do
Conselho de Turma sob proposta do(s) professor(es) de cada área curricular
disciplinar e não disciplinar.
7. O modelo de avaliação reveste-se de enorme complexidade e é objecto de leituras
tão difusas quanto distantes entre si, que nem o próprio Ministério da Educação
consegue explicar devidamente.
8. A instalação do modelo revela-se morosa, muito divergente nos ritmos que é
possível encontrar e dificultada ainda pela falta de informação cabal e inequívoca
às perguntas que vão, naturalmente, aparecendo.
9. A maioria dos itens constantes das fichas não são passíveis de ser universalizados.
Alguns só se aplicam com um número reduzido de professores. Outros, pelo seu
grau de subjectividade, ressentem-se de um problema estrutural – não existem
quadros de referência em função dos quais seja possível promover a objectividade
da avaliação do desempenho.

Professores da ESCOLA SECUNDÁRIA DANIEL FARIA – BALTAR -Proposta de Suspensão do Modelo de Avaliação de Desempenho

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10. A possibilidade efectiva deste modelo de avaliação do desempenho colidir com
normativos legais, nomeadamente, o Artigo 44.º da Secção VI (Das garantias de
imparcialidade) do Código do Procedimento Administrativo, o qual estabelece, no
ponto 1., alíneas a) e c), a existência de casos de impedimento sempre que o
órgão ou agente da Administração Pública intervenha em actos ou questões em
que tenha interesses semelhantes aos implicados na decisão. Ora, os professores
avaliadores concorrem com os professores por si avaliados no mesmo processo de
progressão na carreira, disputando lugares nas quotas a serem definidas.
11. É evidente um clima de contestação e indignação dos professores.
12. O próprio Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP), nomeado
pelo Ministério da Educação através do Decreto Regulamentar n.º 4/2008, de 5 de
Fevereiro, alerta, num relatório datado de Julho de 2008, para “…o risco de a
avaliação se constituir num acto irrelevante para o desenvolvimento profissional
dos docentes, sem impacto na melhoria das aprendizagens dos alunos, que
conviria evitar desde o início…”. Refere ainda que: ”Esse risco poderá advir da
burocratização excessiva, da emergência ou reforço de conflitualidades
desnecessárias e do desvio das finalidades formativas e reguladoras que um
processo de avaliação do desempenho profissional deve conter. Poderá, ainda,
resultar da adopção ou imposição de instrumentos de registo ou de procedimentos
pré-concebidos, sem que os interessados tenham recebido a informação
necessária ou sido devidamente envolvidos num processo de participação…”. Nas
suas recomendações, critica aspectos centrais do modelo de avaliação do
desempenho como a utilização feita pelas escolas dos instrumentos de registo, a
utilização dos resultados dos alunos, o abandono escolar ou a observação de
aulas, como itens de avaliação.
13. Suspender o processo de avaliação permitirá:

− centrar de novo a atenção dos professores naquela que é a sua primeira e


fundamental missão - ensinar;
− que os professores se preocupem prioritariamente com quem devem - os seus
alunos;
− antecipar em alguns meses a negociação de um outro modelo de avaliação do
desempenho docente.

Tendo em conta o exposto, os signatários, apresentam a proposta de que o


Conselho Pedagógico e o Conselho Executivo da Escola Secundária Daniel Faria -
Baltar suspendam, enquanto os constrangimentos se mantiverem e as questões
levantadas não tiverem sido devidamente esclarecidas, todas as iniciativas e
actividades relacionadas com o processo de avaliação de desempenho dos
docentes em curso, conscientes que, desta forma, contribuem para a melhoria do
trabalho dos docentes, das aprendizagens dos nossos alunos e da qualidade do
serviço público de educação.

Baltar, 3 de Novembro de 2008

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