QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2ª Quinzena de Novembro de 2008

portuguesetribune@sbcglobal.net
Ano XXIX - No. 1052 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

Presidente Obama - uma vitória histórica num País que precisa de mudanças. Nossa Senhora do Rosário depois da Procissão e no regresso à sua Igreja.
Serão quatro anos de muita luta por uma América que quer continuar a ser a melhor Pág. 15 a 18

FESTIVAL DAS BANDAS Pág, 30 a 32

RELIGIÃO JUVENTUDE RELIGIÃO

Igreja de Gustine Encontro Internacional Igreja das Cinco Chagas

tornou-se Santuário de Jovens na California comemorou 94 anos
Durante a Missa Solene da Festa de Vão reunir em San José na California de 5 a 8 de Fundada a 8 de Novembro
Nossa Senhora dos Milagres, o Dezembro, os mandatários do Grupo “Nova Geração”, de 1914 por Monsenhor
Bispo de Fresno, John Steinbock, para promover o debate sobre os projectos futuros Henrique Augusto Ribeiro,
declarou que a Igreja de Gustine era bem como a apresentação do projecto do Portal. a sua construção acabou
um Santuário a partir daquele dia. Estarão presentes jovens de vários países da diáspora. em 1919. Esta Igreja Na-
Por definição, um Santuário é um O mandatário da California e anfitrião deste encontro cional das Cinco Chagas é
lugar especial, privilegiado, onde é Nelson Ponta-Garça. Este encontro tem o patrocínio o orgulho da nossa Comu-
Deus manifesta, de modo sensível a da Direcção Regional das Comunidades, do Governo nidade.
sua misericórdia. Um lugar de pere- É uma réplica da Igreja de
Regional dos Açores.
grinação. Braga e foi construída com
O primeiro encontro de jovens teve lugar em Agosto
A principal função é despertar a fé, materiais oriundos da Ex-
celebrar a reconciliação e reanimar a esperança. na Ilha de São Miguel e serviu para delinear as traves posição Panama-Pacific de
Esta elevação a Santuário ficou a dever-se ao grande mestras da sua actuação, que tem por finalidade esta- 1915, realizada em San
esforço do Padre Leonard Trindade, de Gustine. belecer a ligação entre a juventude das comunidades e Francicsco. Pág. 27
a Direcção Regional da Juventude.
2 15 de Novembro de 2008
EDITORIAL
Fazer história em frente
aos nossos olhos...
O
VOTO fez História, é a lição mais impor-
tante que se pode tirar destas eleições.
Se não fossem os milhões de novos votantes
excitados pelos ventos de mudança de
Barack Obama, estas eleições poderiam ter outros re-
sultados, nunca iguais aos conseguidos, até mesmo
pelos dois candidatos. Não há desculpa para quem não
vota. Por um voto se ganha por um voto se perde.
Deixar nas mãos de outros as nossas responsabilidades
não é aceitável neste mundo complexo que precisa cada
vez mais de ouvir a voz do povo. Parabéns ao Presi-
dente eleito Barack Obama.
No Festival de Bandas, os mais antigos estranharam a
ausência do Consul-Geral de Portugal. Como é que foi
possível que na impossibilidade do Consul se deslocar
a San José, não se tivesse pedido à Vice-Consul a sua
presença, ou mesmo ao Consul Honorário de Tulare.
E mais se dizia, que a Secretária da Banda Portuguesa
de San José ao deslocar-se ao Consulado não conseguiu
ser recebida pelo Consul depois de ter marcado esse
encontro.
Afinal o que é que se passa? Nesse mesmo dia o Con-
sul deslocou-se à tarde a San José para assistir ao jantar
de Gala da PALCUS. São critérios que o nosso povo
não compreende.
Compreendemos muito bem que o Consul não pode
comparecer a todas as nossas actividades sociais, e isso
não é a sua principal função, mas há eventos tão impor-
tantes para nós, que seria de bom senso comparecer ou
mandar-se representar, mesmo que seja por um ele-
mento da sua confiança da nossa Comunidade. Esta é
mais uma “acha” para a fogueira do divórcio entre o
Portugal político e a California. Já estamos a ficar acos-
tumados.
Neste dia de Veteranos os nossos pensamentos vão
para todos aqueles que lutaram por um mundo melhor
contra fascismos e outros ismos. Não podemos esque-
cer também todos aqueles que durante 13 anos lutaram
nas guerras do dito Ultramar e ainda continuam à es-
pera que o Governo Português reconheça os seus direi-
tos.
jose avila
SEGUNDA PÁGINA
de Liduino Borba
João Angelo autografando o livro ao editor deste jornal
Nota Introdutória
“Liduíno Borba – profissional dis-
perso em múltiplos ramos do
comércio, cronista de pessoas, tem-
pos e lugares –, apresentou-me o
texto deste livro para que
escrevesse palavras a jeito de
aliciar eventuais leitores. Aceitei o
convite, não para cumprir o de-
sidério do autor (aliás, desne-
cessário), mas por razões muito
pessoais: é que se trata de um texto
que biografa um dos poetas-
improvisadores mais apaixonantes
que me foi dado conhecer e com
quem tenho tido o privilégio de
conviver algumas vezes
Para mim, João Ângelo é um es-
panto lúdico, uma espécie de prazer
convertido em poesia, um malaba-
rista dos sentimentos e, sobretudo,
o portador duma genuinidade cul-
tural que carrega saberes respon-
sáveis pela sua lírica filosofia de
vida e pela linearidade do seu quo-
tidiano.
João Ângelo – Mestre das Can-
torias é o retrato a corpo inteiro de
um talento imensurável em fusão
delicada com uma ruralidade pro-
funda e bela. É um título bem
achado para a vida de um poeta que
conhece a alma das palavras; que
verseja com sonoridade pastoril
como se a rima fosse jacto de leite
batendo no tarro; que constrói a
quadra sob o ritmo do bailado sen-
sual do gado em movimento, tor-
nando a cantoria na paisagem verde
de todas as emoções. No entanto,
atrás desta serenidade bucólica,
João Ângelo olha o Mundo com a
perspicácia do filósofo e assimila-o
nas suas grandezas e misérias, nos
seus anjos e demónios – herdeiro
vicentino de um trovar de amigo e
de escárnio, tudo sob um humor
fino e fulgurante.
Year XXIX, Number 1052 Nov 15th, 2008
Tribuna Portuguesa
Porém, quanto possa dizer-se sobre
João Ângelo será sempre uma
viagem ao contrário, uma não
chegada à essência do verbo. Ele
não parece ser definível. Ou mel-
hor: é enformado por uma plurali-
dade de qualidades que se aglutina
em incomparável e inimitável sin-
gularidade. Releva-se a sua simpli-
cidade sedutora, que o superioriza
sem que ele disso se aperceba.
Parafraseando Pessoa: ser simples é
uma forma de ser superior, seja
qual for o ângulo de visão. Depois,
não se lhe conhece outra referência
que não a da bondade – uma
súmula da bondade –, a qual flo-
resce nos seus olhos pequeninos e
brilha tanto como uma seara de
estrelas.
É curioso verificar como Liduíno
Borba tenta distanciar-se, narrati-
vamente, de João Ângelo sem que,
de forma alguma, o consiga. Sem-
pre que o faz, deixa-se encantar por
tanto saber contido; pela beleza
transparente de cada verso; pela
partilha bucólica do quotidiano;
pela naturalidade com que se deixa
ver por dentro; pelo desassombro
consciente com que dá «os nomes
aos bois»; pela forma como a sua
individualidade o torna universal, à
conta da escolaridade de uma vida
que se sobrepõe, em sabedoria, à de
qualquer ensino superior. Leia-se,
por exemplo, o capítulo «frases
interessantes» que, na sua
displicência, carrega o peso de um
saber tão claro como água do
chafariz.
Neste livro, é possível conhecer
João Ângelo na pluridimensionali-
dade do entendimento dele próprio
e do Mundo, tornando-se, natural-
mente, pastor de sucessivos reban-
hos de gente, dando-lhes a saborear
as suas férteis pastagens de versos”.
Alamo Oliveira
Tribuna Portuguesa
Tribuna
da Saudade
N
esta ligeira crónica
tenciono narrar a
história dum inci-
dente que ocorreu nos
fins da Primeira Guerra Mundial,
a cerca de 275 milhas da cidade
de Ponta Delgada, ilha de São
Miguel, Açores.
Rompera a manhã do dia 14 de
Outubro de 1918. O paquete
português “S. Miguel”, com
carga e 206 passageiros a bordo,
navegava rumo a Ponta Delgada,
onde estava marcada a sua
chegada p’ró dia seguinte. Escol-
tando o paquete seguia o caça-
minas português “Augusto Cas-
tilho”, originalmente um vapor
de pesca chamado “Elite”, osten-
sivamente equipado com uma
peça de 47 milímetros na popa e
outra de 65 milímetros à proa.
No comando do caça-minas en-
contrava-se o primeiro-tenente
José Botelho de Carvalho
Araújo.
Por volta das 16:15 da manhã
emergia o submarino alemão U-
139, disparando granadas no
9 às 3 pm
encalço das embarcações portu-
guesas. O caça-minas, por seu
turno, retaliou ao tiroteio mas
sem sucesso, devido ao reduzido
calibre das peças de fogo. O sub-
marino continuou a avançar,
concentrando a sua artilharia
contra o paquete “S. Miguel”.
Foi, então, que numa arrojada
decisão, Carvalho Araújo orde-
nou que o caça-minas rumasse
avante na direcção do U-139.
Esta arriscada manobra, evi-
dentemente, desnorteou o in-
imigo e deu azo ao “S. Miguel”
p’ra acelerar a rota em busca de
salvamento. De facto, o paquete
aportou em Ponta Delgada à uma
hora da manhã de 15 de Outubro.
O combate prolongou-se por
duas horas, com os alemães vito-
riosos e sem perdas de vida, en-
quanto o caça-minas ficou exten-
sivamente desmantelado, com
numerosos tripulantes grave-
mente feridos e alguns mortos,
entre os quais Carvalho Araújo.
Um grupo de sobreviventes es-
capuliu-se a bordo dum salva-
COLABORAÇÃO
vidas, atingindo a ilha de Santa
Maria na tarde de 16 de Outubro.
Os restantes doze sobreviventes,
após um período de vigilância,
foram autorizados pelos alemães
a procurar terra num bote arrom-
bado, munidos apenas com
quatro remos, um pacote de bo-
lachas, quinze litros de água, uns
pãozinhos e uma lata de atum.
Os corajosos sobreviventes, al-
guns deles feridos, cobriram uma
distância de mais de duzentas
m i l h a s n á u t i c a s , e mi -
lagrosamente atingiram a Ponta
do Arnel, no Nordeste da ilha de
São Miguel, na manhã de 20 de
Outubro, seis dias depois do
combate.
Luís José Simões, um dos sobre-
viventes dessa odisseia marítima,
escreveu uma pormenorizada
reportagem p’ró “Diário de
Notícias” (Lisboa, 1920), ao
título “Duzentas Milhas a Re-
mos”. Em 1980, a completa tran-
scrição dessa heróica saga foi
incluída no livro “Naufrágios,
Viagens, Fantasias & Batalhas”,
15 de Novembro de 2008
editado por João
Palma Ferreira.
Aparentemente,
uma rádio-
mensagem
emitida do
“Augusto Cas-
tilho” foi rece-
bida em Ponta
Delgada. Ime-
diatamente, a
canhoneira portuguesa IBO (um
pequeno barco armado com artil-
haria de reduzido calibre), partiu
p’rà cena do ataque. No trajecto,
aproximadamente às quatro
horas da tarde de 14 de Outubro,
a Ibo encontrou o “S. Miguel”,
esco ltando-o para Pon ta
Delgada.
Às seis horas da tarde do dia
seguinte, 15 de Outubro, na com-
panhia dum rebocador e quatro
caças-submarinos americanos, a
Ibo voltou ao local de combate.
Não conseguindo avistar a pre-
sença de náufragos, as embarca-
ções americanas regressaram a
Ponta Delgada a 16 de Outubro,
enquanto a Ibo permaneceu na
area mais algumas horas.
Dias depois, precisamente a 20
de Outubro, julgando-se perdidas
as possibilidades na sobrevivên-
cia dos náufragos, a Ibo era noti-
ficada da chegada do bote à
Ponta do Arnel, p’ra onde seguiu
a fim de transportar os sobre-
viventes p’ra Ponta Delgada.
Desnecessário acrescentar que o
nome de José Botelho de Car-
valho Araújo destaca-se, ainda
hoje, nos históricos e heróicos
Anais da Marinha Portuguesa. A
3
um navio inglês “Jonquil”, ad-
quirido pela Empresa Insulana
de Navegação, foi atribuído o
nome de Carvalho Araújo. No
século passado, esse paquete
serviu os Açores, periodica-
mente, no transporte de mala,
carga e passageiros. Nos meus
tempos de estudante, foi a bordo
do “Carvalho Araújo” que perfiz
várias travessias (ida e volta)
entre S. Miguel e Terceira.
No que diz respeito ao nome
“Augusto Cabrilho” afixado ao
caça-minas, tal deve-se à
memória do almirante Augusto
Castilho que, em 1893, na baía
do Rio de Janeiro, “arrostando
com possantes cóleras e até
ameaças bélicas”, salvou do
cárcere e da morte umas cen-
tenas de revoltosos brasileiros,
que se haviam acolhido à sombra
da bandeira portuguesa. Digo
isto em conformidade com a
informação extraída do livro
“Argueiros e Cavaleiros”, da
autoria de Henrique Lopes de
Mendonça.
4 15 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO
Da Música e Traços
dos Sons do Quotidiano
( Cont. da edição anterior)
F
oi o António Costa que,
naquela viagem de fins
de Outubro de 1948,
salvo erro – viagem
terrível, apanharam-na o “Santo
Amaro”, o “Ribeirense”, o Terra
Alta”, o “Furnas” – e foi o
António Costa que salvou o
“Santo Amaro” de sofrer o que
os ou-tros sofreram. Saíra de
quarto, estava sentado no
beliche a fumar um cigarro, o
tio Matos disse-lhe (o iate já
sacudia bem) , “não te dispas
que eles não tardam a chamar-te
para a ponte”, e logo o vieram
chamar, e ele foi, e o mestre
Alvernaz disse-lhe, “vamos
arribar para S. Miguel” e, o
António Costa, “agora é fugir, e
já, para S. Sebastião, se vamos
arribar apanhamos aí uma vaga
atra-vessados e...” e meteram
para S. Sebastião, o António
Costa ao leme, dando ao barco
um rumo que não era
propriamente o da terra, e o
mestre Alvernaz, “com esse
rumo não apanhamos a
Terceira”, e o António Costa,
“não apanhamos a Terceira,
bem sabe que não apanhamos,
vamos apanhar por sotavento a
ponta das Con-tendas” julgo que
a ponta das Contendas, “daí
metemo-nos no norte da
Terceira, na Baía de S.
Sebastião”, ou... na Vila Nova.
Contou-me isto o António
Costa, numa tarde, no Campo de
S. Francisco, em S. Miguel.
Com o mestre Manuel Terra...
Uma viagem muito má para S.
Miguel. Tão má que, norma-
lmente de doze a treze horas,
levou mais de vinte, salvo erro
vinte e duas ou vinte e três, da
Terceira a S. Miguel. Levava
connosco a minha filha mais
velha. O barco não sabia onde
se meter. O Fernando Machado
pegou-me na miúda, de meses,
toda a noite aguentou com ela
ao colo... E o barco...enfiava-
se...e aquilo era bater...tornar a
bater...e o mar a cobri-lo, pelo
convés, de ponta a ponta...Aí
para as três da madrugada, o
Fernando diz-me, “aguenta a
pequena que preciso ir lá fora”.
Fiquei eu com a miúda, foi o
Fernando, enquanto se demorou,
pouco tempo, o barco...e deixa
de bater...sem que no
tempo tivesse havido
Sousa’s Wines & Liquors qualquer mudança. E
eu, em voltando o
Fernando, “quem é que
pegou agora no
EspEciais leme?”, e ele, “já deste
por isso?”, eu,
Vinho D’Oiro Tinto “qualquer um dá, ele,
“pois foi o mestre
$2.50 / garrafa Manuel Terra”...Claro
que o mar continuou a
galgar o convés, que o
barco continuou a
$12.99 Caixa rolar, rolar, enfiar-se...
de 24 latas Mas bater – nunca
mais bateu. A mão que
pegara no leme era de
Azeite um mestre.”
BOM
“O livro “Aquém e
DIA Polvo Além Mar” é uma série
$8.99 de histórias, as
Congelado primeiras da ida dos
litro $2.50 libra lados da Ponta, ainda
pelos caminhos velhos,
para as Lajes, por mar
ou por terra, se por
COMPRE através da Inter- terra a pé, e das Lajes
para a Madalena, muito
net no
400 Moffett Blvd, antes de mim no carrão
da Mala, puxado a
sousawine.com Mountain View, CA
650-967-4461
bestas, mais para trás,
quando tudo ao redor
de toda a ilha eram
caminhos velhos, a pé, nos meus
princípios, quando era criança,
já em camionetas rudimentares,
com assentos de pau...E depois
vem a chegada à Madalena, a
espectativa se havia, se não
havia lancha, com mau tempo e
o Canal fechado, a gente a ficar
na Madalena, por um dois, três
dias, às vezes mais, à espera de
bom tempo... Que, para dizer a
verdade, na maior parte das
vezes em que não havia lancha
não era propriamente pelo mar
no Canal, mas no porto.
E seguem-se histórias da
travessia, uma, a pior de todas
as viagens que fiz em toda a
minha vida, com 3 horas e meia
– e dessa o mar que nos tapava
na Madalena era mesmo, além
de no porto, também no Canal.
Depois vem histórias de figuras
do Canal: o Gilberto, o Manuel
Tonim, o João Quaresma, com
os mestres da lanchas à mistura,
Mestre Guilherme, o Mestre dos
mestres nos atalhos do Canal,
Mestre Simão, sem discípulo,
tão grande como ele, que mor-
reu, novo, aí na Califórnia...”
“Uma vez, no período áureo da
pesca à baleia no Sul do Pico,
apareceu, em Novembro, baleia
no Canal da Terceira. O tempo
estava mostrando que Mestre
José Faidoca não queria que
saissem. Mas, bem sabe, o Cap.
Medina...Ninguém contrariava o
Cap. Medina... E aí vão eles:
adianta-se a “Medina” com dois
botes, se não estou em erro o
Cap. Medina e o Manuel
Faidoca, na babugem dela a
“Faidoca” com meu primo João
Silveira, e atrás, muito atrás, a
“Fátima” com João Graxinha, o
Sebastião Machadinho, que está,
quase cego, aí em Sacramento.
O tempo estava mostrando – e
começou a vir a mais, sempre a
mais...A “Fátima”, julgo que foi
o Sebastião Machadinho que se
impôs, dizendo que, se fossem
sempre para a frente cortava o
cabo de reboque e ia varar no
Topo, - fosse como fosse, a
“Fátima” virou para trás mais ou
menos a 2/3 do Canal de S.
Jorge. As outras lanchas esta-
vam mais para diante, entraram
no Canal da Terceira, largaram
os botes, ainda balearam: a
“Medina”, a “Faidoca” e uma
lancha com os seus botes, do
Cais do Pico. No mais, dos
restantes portos do Pico e de S.
Jorge ninguém saíu. A dada
altura, aquilo já se não podia
aguentar, toca de juntar botes e
virem-se embora. Foi uma
viagem em que ninguém ficou
lá porque não calhou. A
“Medina”, que vinha a uma ou
duas milhas da “Faidoca” (a
“Faidoca” tinha tido que ir
buscar um bote seu, o do meu
primo João Silveira, que se
deixara ir muito para leste, daí o
ter ficado um bocado atrás)
ainda se safou bem na Ponta do
Topo: trazia consigo o Mestre
dos mestres, soube escolher por
onde navegar, entre o ilhéu e a
ponta, para se poder safar. A
“Faidoca”, porém aí, na Ponta
do Topo, envolveu-se na pior
das maresias, talvez o temporal
agravado por maré ao vento, e
foi o diabo. Veio a noite, o cabo
de reboque rebentou,
resolveram arribar, entrar no
Topo um risco que podia ser
fatal, foram para uma baía por
baixo do farol, aí passaram a
noite em contacto permanente
com o José Marques, o vigia do
Topo, que nunca abandonou a
vigia. Pois, Margarida, quando
Tribuna Portuguesa
eles iam arribados para a dita
baía, ouviram gritos... e viram a
sombra de um bote... (Era do
Cais do Pico, ficara atrás da
lancha que o rebocava, eles, no
Cais do Pico, dizem que não
sabem de nada...embora não
seja impossível, tal era o
temporal, também não é tão
plausível como isso...Mas os da
Calheta talvez lhe pudessem ter
passado um cabo: chegarem-se
a ele, prolongarem-lhe e
atirarem-lhe um cabo – lancha
que reboca um bote também
reboca dois. Não o fizeram. E
combinaram guardar para
sempre segredo – que só foi
violado porque havia a bordo
um marinheiro meio simplório
que deu com a língua nos
dentes...
Afinal, mesmo no escuro da
noite, que devia ser infernal, o
bote do Cais do Pico conseguiu,
sozinho e sem nehum apoio
(em terra ninguém fazia a
mínima ideia do que se passava
para correr ao porto a ajudá-lo a
livrar-se das pedras) salvar-se.”
“Um barco, para quem o vê sair,
em modelo, do seu talento
criativo, mais tarde lançado à
água, em obra por suas mãos
acabadas; para quem, mesmo
sem possuir cédula marítima,
traz dentro de si o apego ao mar,
se sente marinheiro, e o amestra,
o tripula, ou apenas nele viaja, -
um barco é muito mais que uma
quilha, com costado, um convés,
com seu velame antigamente,
com seu motor e a sua
aparelhagem sofisticada hoje em
dia: é, para homens assim – e
entre eles me conto – uma
pessoa querida, uma pessoa que
nós amamos, uma pessoa que
nós choramos, com muita dor,
se a vemos desaparecer para
sempre.
Eu conheci o “Bom Jesus”,
embora (aliás, era ainda muito
criança) nunca tenha nele
viajado: aportava com
frequência à Calheta, era meu
Pai seu agente, tripulantes dele,
do Mestre Sousa me lembro,
Mestre Manuel Cipriano e o
Mestre Manuel Terra. Ouvi a
história daquela dramática
viagem, pelo norte de S. Miguel
fora, não sei quantos dias debai-
xo de temporal desfeito, sem
rumo, velame desmantelado
(ainda não havia motores), a
morte esperada na crista de cada
vaga, no fundo da bocarra de
cada abismo aberto entre as
montanhas das vagas que por
todos os lados se erguiam e ro-
lavam...rolavam... Jovens
quando isto aconteceu, velhos
eram quando mo contaram.
Nem andavam já embarcados e
há muito deixara de existir o
“Bom Jesus”: vendido para
Ponta Delgada, encalhara – ou
encalharam-no na costa de
Santa Maria. O “Terra Alta”, aí
continua, conheci-o, pela
primeira vez, no estaleiro,
inacabado. E a lembrança mais
distante do “Santo Amaro”
vem-me, como a do “Bom
Jesus”, dos meus tempos de
menino: de quando, julgo que
com o nome de “Loureiro”,
escalava, esporadicamente, o
Sul.
Tribuna Portuguesa COLABORAÇÃO 15 de Novembro de 2008 5

Muito Bons
Somos Nós
«Parece-me tudo bem, aqui – e é por isso que não pelo meu avô, que a escavou,
posso ficar muito tempo. Fico feliz, flácido, poliu e rolhou até transformá-la

C
hamávamos-lhe “bo-
ceta” – e é assim que
eu continuarei a cha-
mar-lhe, independen-
temente de também a mim as
telenovelas brasileiras e as via-
gens aos trópicos me terem,
entretanto, pulverizado a ino-
cência. Persistiu até há uns anos
no falar do povo destas ilhas
uma pureza e uma precisão que
não cheguei a encontrar em
Lisboa – e “boceta”, garante o
Dicionário da Porto Editora, o
único que consegui enfiar numa
mala apinhada de computadores
e livros e tacos de golfe e
camisolas adequadas a um
Outono precoce, continua a ser a
melhor palavra para definir o
objecto. “Como?”, reagiu a
Catarina, a boca já a fugir num
riso. “Queres encontrar a boceta
do teu avô?” “Precisamente isso:
quero encontrar a boceta do meu
avô.” A caixa de rapé do meu
avô.
Todos os anos, por esta altura,
regresso à casa dele. Durmo na
cama onde ele dormiu, como nos
pratos em que ele comeu, abro e
fecho as portas e as janelas que
ele abriu e fechou. Há uma parte
de mim que se recupera, mas
isso eu não preciso explicar-vos.
“Ninguém pode viver sem uma
aldeia”, diz o poeta, “todos nós
temos que ter uma avó” – e
vocês, sei-o bem, também
tiveram uma avó. Eu, que me
perdoe Maria do Carmo, tive um
avô. Era pequeno e passional,
sorridente e colérico em cata-
dupa. Como os velhos dos
Açores, comia sopas de leite,
bebia café puro e cheirava rapé –
e no bolso trazia invariavelmente
três objectos: um lenço-da-mão,
uma navalha afiada e a sua
boceta. Preta, selada com uma
rolha de cortiça puída – e com
numa boceta. Preciso dela. O
seguramente pouco moderno – e um cronista de corrector do meu MacBook não
uma extraordinária forma de
coração que bem podia ser jornais não pode nunca dispensar-se de uma certa reconhece a palavra, assim como
revolta. Não tardo em Lisboa.» não reconhece “lenço-da-mão”,
invenção minha se eu não tivesse
“bo-tas-de-cano” ou sequer
efectivamente vindo a reencon-
mas no resto do ano já tem de uma certa re-volta. Não tardo “garou-pa” – e só regressar a
trá-la na garagem, no fundo de
sessões todos os dias. Os jornais em Lisboa. Desta vez, porém, esta casa, à procura de histórias e
um balde de pesca, onde há anos
ainda não chegam à ilha de levo a boceta. É feita de uma de pa-lavras que já não existem,
eu próprio a deixara como caixa
manhã, mas pelo menos já se espécie de feijão gigante, que me impede de ceder de vez à sua
de anzóis.
vendem no próprio dia. Os cresce no Brasil e na Venezuela pressão para que escreva como
José Guilherme. Toda a minha
racionamentos de água voltaram – e se aqui está foi porque a os outros todos.
vida foi, a certa altura, uma
a ocorrer este Verão, mas agora Floresta Atlântica a lançou ao
reprodução em miniatura da vida
o jornal traz o mapa com as mar e a fez viajar milhares de neto.joel@gmail.com
grande e inalcançável dele. À
freguesias e os horá-rios dos quilómetros, à de-riva, até dar à In Revista NS
noite, quando se acabava o jantar
cortes. O pre-sidente do Governo costa na Terceira e ser recolhida
e as mulheres queriam ver a
cha-ma-lhes “as novas
“Escrava Isaura”, refugiávamo-
Amé-ricas”. Ele deve
nos na casa-de-despejo – e então
saber: prometeu-nos
ali ficávamos horas a brincar aos
uma nova via rápida
carpinteiros, ele com o seu ser-
antes das eleições de
rote grande e eu com o meu
2004, mon-tou o aparato
serrote pequenino, ele com a sua
de cater-pillars antes das
plaina grande e eu com a minha
eleições de 2008 e há-de
plaina pequenina. De dia, íamos
inau-gurá-la antes das
ordenhar as vacas, a Bem-Feita e
elei-ções de 2012. Mas
a Estrela – e então lá subíamos
nem tudo acaba aí.
os serrados os dois, ele com as
Ainda é a carrinha do
suas botas-de-cano grandes e eu
peixe que me acorda de
com as minhas botas-de-cano
manhã, com apitos
pequeninas, ele com a sua bilha
estridentes, deixando-
de leite grande e eu com a minha
me à porta bocas-negras
bilha de leite pequenina, ele
e impera-dores num
subindo a custo, apoiado no seu
último estertor de vida.
bordão grande de pau de roseira,
Os ovos chegam-me
e eu imitando-o atrás, quase
directamen-te da
rindo, com o meu bordão de
capoeira dos meus pais.
fona-de-porca girando no ar e
O queijo fresco é feito
despedaçando às escondidas as
por uma vizinha. E o
rocas-de-velha e as suas flores
leite, quisesse-o eu,
amarelas que davam um suco
podia bebê-lo ainda
adocicado e a que chamávamos
morno, acabado de
“chupes”. Até que, enfim, ele se
ordenhar, sem pasteuri-
sentava numa pedra e puxava da
zação nem nada.
sua boceta grande – e então eu
Parece-me tudo bem,
sentava-me ao lado puxava da
aqui – e é por isso que
minha boceta pequenina.
não posso ficar muito
Talvez estes Açores já não
tempo. Fico feliz,
existam. Na mesma mesa onde o
flácido, seguramente
meu avô comia sopas de leite,
pouco moderno – e um
escrevo-vos eu agora através da
cronista de jornais não
minha placa 3G. O cinema
pode nunca dispensar-se
continua a fechar em Agosto,

Remadas
Sim, tinha-o escolhido mas
pressentia que ele a tinha
intrujado
Duas amigas tinham chamado hà pouco.
“Gostaríamos de te visitar, estás dis-
posta?” Que poderia dizer? Que remédio
senão aturá-las. Ele teria dito logo que
sim. Era assim. O mais importante eram
as aparências. E ela, conforme o que tinha
aprendido com ele durante estes trinta
anos de casada, assentiu. “Claro que sim.
Venham, fazer-me-à bem.” Mentiu. Mais
uma mentira. Uma entre tantas durante
estes trinta anos. E elas, porque vinham?
Visita de cortesia. Sabia que não gosta-
vam dela. Inumeráveis vezes, quando se
aproximava delas nalguma festa,
calavam-se logo. Não tinham nada para
lhe dizer e sabiam bem que ela não lhes
trazia nenhuma novidade. Nunca sabia de
mexericos. Era sempre a última a saber.
Abriu a porta. Lá estavam elas. Elegantes.
Tudo no seu lugar. Cabelo, olhos, unhas,
saltos altos. Muito elegantes. Muito vul-
neráveis. Entraram sombrias. Provàvel-
mente tentando imitar alguma actriz de
cinema em circunstâncias análogas, pen-
sou. Logo se arrependeu. Porque estava
sempre a julgar? “Entrem” disse. “Vou
acender as luzes.”
Quando se fossem embora, abriríria uma
boa garrafa de tinto, um bom livro da sua
extensa biblioteca, e esqueceria. Tentaria
esquecer a mulher idosa que a olhava no
espelho. A mulher cansada e sem ilusões.
Acendeu as luzes e man-
dou-as sentar. “Sentem-
se, querem alguma coisa
para beber? Vinho ou um
wiskey?” perguntou.
Não, não queriam. O
álcool fazia rugas e tinha
calorías, pensou.
Acendeu um cigarro e
alegrou-se ao ver o olhar desaprovador
delas. O cigarro, uma relíquia dos seus
tempos de solteira. Sabía que ele detes-
tava o fumo. Logo após o casamento,
tentou proibí-lha de fumar em casa.
“Fuma no pátio mas não em casa.” Tinha-
lhe dito. Como se atrevia? Na casa dela.
Sim em sua casa. A casa pertencia-lhe. Já
a tinha comprado com o seu dinheiro
quando se casaram.
Teve vergonha das suas mãos, das unhas.
As pobres mostravam as horas que pas-
sara no jardim, sem luvas e esquecida.
“Para que queres mais plantas?” Ele tinha
perguntado inúmeras vezes. Tinha ciúmes
de tudo o que lhe roubasse a atenção dele.
Até das plantas. As mãos delas estavam
cuidadosamente tratadas e reflectiam uma
manicura semanal. As suas, tentou es-
condê-las. Olhou para as pernas. Tinha
umas pernas bonitas, bem o sabia, mas
não as depilara. Sabia que as “amigas”
todas as semanas submetiam as suas à
tortura da cera. Decerto que não tinham
um único pelo fora do seu lugar.
“Vou buscar uns bolos”, disse.
“Não é necessário.” Protestaram. Foi de
todos os modos, e acendeu outro cigarro.
Trouxe os bolos, biscoitos de massa
sovado que tinha comprado na padaria
portuguesa. “Quem sabe se querem um
vinho do Porto?” “Talvez” a mais nova
respondeu.
“Que pensas fazer?” a mais velha pergun-
tou. “Ficar nesta casa tão grande, ou
vendê-la?” “Não sei ainda.” Respondeu.
E era verdade. Não sabia. “Uma pessoa
habitua-se a viver numa casa grande.” A
mais velha acrescentou, tentando avivar a
conversa. As pessoas temem o silêncio. É
preciso continuar a falar mesmo quando
não hà nada para dizer. Ela nunca fora
boa na arte da conversa e, às vezes, man-
tinha-se calada. Felizmente hà sempre
uma pessoa que se responsabiliza em
manter o diálogo; neste caso a mais velha
era perita nessa arte. “Tens sorte que ele
te deixou uma casa.” A mais velha decla-
rou entusiasmada. Toleirona, ela devia
saber bem que esta a tinham comprado
com o dinheiro da outra, a sua casa. Mas
nada disse. Limitou-se a sorrir.
Encheu os copos com mais Porto. A mais
velha também se tinha decidido e bebia.
“Não éramos bons um para o outro.”
Disse num desabafo. “Isso é que eu não
acredito. Lá que ele era bom para ti, lá
isso era.” Disse a mais velha. Ao ouvir
esta afirmação, teve medo não fosse dizer
algo grosseiro ou incriminador. Pois sabia
que se começasse a desabafar não conse-
guiria conter-se. É verdade, devia ter feito
esta decisão hà muito tempo, hà uns vinte
anos quando se tinha apercebido do cin-
ismo que a inundava todas as vezes que
as pessoas de fora comentavam no
casamento maravilhoso que compartil-
hava com o marido. Tinha perdido a fé
naquela união e teve medo e, em vez de
decidir-se a deixá-lo, passou a viver de
dia a dia, entregou-se ao trabalho por
completo, e esforçou-se cada vez mais
para ser a mulher que ele e os demais
imaginavam. Ele tinha tanto orgulho na
sua criação. Na sua obra de arte. E
quando ela tentara dizer-lhe que tudo era
uma ilusão ele respondia: “Para que lês
este tipo de literatura?”. “Os livros tiram-
te o juizo.” Os tais livros eram livros que
a ajudavam a analisar sua vida. A alma. O
espírito. Livros que a forçavam a olhar
para dentro. A crescer.
“Era um homem difícil. Calado. Teria
preferido arrebates de fúria a dias de
silêncio. Gritos a sorrisos mordazes.”
Disse enquanto enchia uma vez mais os
copos. Viu na cara delas que não compre-
endiam. Estavam perturbadas e nada do
que tinham aprendido nos filmes de Holy-
wood as tinha preparado a como reagir
numa situação destas. A mais velha
empinou o copo de Porto e sorveu o con-
teúdo dum trago. Tinha as faces rosadas e
os olhos esgazeados. Até o cabelo es-
preitava aflito e as pregas da saia se des-
manchavam sem modéstia. “Porque te
casaste?” perguntou a mais nova.
Fez-se que não ouvira a pergunta. Uma
coisa era certo, o homem que parecera tão
emancipado e a atraira com discussões
sobre a igualdade dos sexos, tornara-se
num marido antiquado que, mesmo
quando desempregado, controlava o din-
heiro dela e esperava que ela, além do
emprego, se responsabilizasse pela roupa,
o carro, as compras, e a limpeza da casa.
Sim, tinha-o escolhido mas pressentia que
ele a tinha entrujado.
A conversa continuou. Falaram dele.
Doutros. Fulano ou sicrano. Já era tarde.
Tempo de ir. A mais velha levantou-se. A
outra seguiu-a. Ofereceram-se para o que
fosse. Amanhã, decerto, repetiriam tudo o
que se falara e talvez mais. Não lhe im-
portava.
As amigas sairam apressadas. A mais
velha disse para a outra, “Agora é que ela
fica maluca. Aliás, sempre foi, era ele que
a mantinha na linha, mas agora…” A
mais nova concordou, sem muita con-
vicção. Sempre concordava com a mais
velha.
A casa estava agora silenciosa. Desligou
as luzes. Tudo no seu lugar como ele
gostava. Atirou com os sapatos para o
canto. Foi buscar a tal garrafa de tinto.
Respirou fundo. Despiu-se e olhou para o
espelho. Sorriu com carinho para a figura
lá reflectida. Não lembrava a última vez
que tal acontecera. Era uma mulher com-
pleta. Afinal a visita fizera-lhe bem!
6 15 de Novembro de 2008
Briana Lee Fagundes nasceu no dia 3 de No-
vembro de 2008, com 6 libras 9 onças e 19
polegadas no Kaiser Permanente de Santa
Clara.
Após 35 anos de existência , o programa de
Estudos Portugueses , que antes era um pro-
grama que oferecia aos estudantes a oportuni-
dade de ter uma equivalênica de Minor, pas-
sou a ser um Minor oficial na Universidade
Estadual de São José. Vai aparecer na lista
dos Minors oficiais no catálogo da universi-
dade a partir do semestre da Primavera de
2009.
O Minor consite em 28 unidades As primei-
ras dez unidades são de preparação e são
completadas no curso do nível elementar.
Tendo feito estes dois cursos ou o equiva-
lente dos mesmos, o estudante fará mais 18
unidades de lingua nos níveis intermédio e
avançado e de cultura nos dois cursos de
cultura portuguesa, brasileira e da diáspora .
Estudantes com majors em Espanhol, Estu-
dos globais, Negócio,Negócio Internacional,
Estudos Latino-Americanos, Ciéncias So-
ciais,etc. são encorajados a fazer este minor,
visto os países de língua oficial portuguesa
estarem a se destacar cada vez mais no pano-
Bel e Gilda Martin celebraram o
seu 60° aniversário no dia 9 de
Setembro de 2008.
Bel nasceu na freguesia de São Bar-
tolomeu, Ilha Terceira e Gilda nasceu em
Pawtucket, Rhode Island.
Gilda foi para a Terceira aos 4 anos de
idade e andou na escola com o futuro
marido. Casaram aos 24 anos na Igreja de
São Bartolomeu e vieram para a América
aos 26 anos em 1950. Voaram desde
Santa Maria até New York e andaram de
comboio três dias e três noites até chega-
rem a Hanford. No dia seguinte Gilda deu
à luz o seu primeiro filho Luís. Bel trabal-
hou dois anos com seu tio Luís Dias em
Hanford. Depois mudou-se para Gardenia
COMUNIDADE
Briana é filha de Laura e Brian Fagundes. Os
avós paternos são Carlos e Rosa Maria
Fagundes e maternos Alice e Joseph Rosiles.
Parabéns a todos.
rama global. Conhecimento da lingua bem
como da cultura dos países de lingua portu-
guesa fará com que o estudante fique a ser
mais atraente e tenha mais valor na sua car-
reira de escolha.
Além disto, a universidade oferece oportuni-
dades de estudo no Brasil e em Portugal para
apoiar o Minor. Há programas de longa dura-
ção (de um semestre ou de um ano) e de curta
duração (de três semanas). Neste ano o pro-
grama de curta duração realizar-se-á na Uni-
versidade do Porto do 13-31 de Julho de
2009. Fazendo este programa,o estudante
poderá conseguir três unidades de crédito em
língua e cultura aplicáveis ao Minor.
Qualquer pessoa que esteja interessada em
seguir o programa de estudo para o Minor em
Português ou o programa de estudo no es-
trangeiro, poderá pôr-se em contacto com a
Dra. Virginia da Luz Tarver no vdalua-
tarver@comcast.net ou pelo telefone no
(408)924-4022.
por mais dois anos até decidir viver em
Tulare. Com um amigo comprou um ran-
cho durante algum tempo e depois ficou
sózinho (Bel R. Martin & Sons Dairy) e
hoje tem os seus filhos como sócios.
Têm três filhos - Luís, Armando e
Gabriel, duas filhas Marlene e Linda e 8
netos.
Todos vivem em Tulare, com excepção da
Marlene que vive em Seaside.
Já visitou as Ilhas por várias vezes e tem
uma casa em Pismo Beach há 25 anos,
onde passa alguns meses no ano.
Parabéns ao casal Bel e Gilda.
Tribuna Portuguesa
Ausência 1 - Ó sr. José, aquele senhor alto de gabardine é o sr.
Consul? Não, aquele senhor é americano e representa o Condado
de Santa Clara neste V Festival de Bandas Portuguesas da
California. O sr. Consul não veio.
Ausência 2 - A editora The Portuguese Heritage Publications
of California já apresentou 10 livros em muitas das nossas
sociedades. O Consul-Geral de Portugal nunca compareceu a
nenhuma delas.
Banda Portuguesa de San José - Foi a responsável pelo
V Festival das Bandas Portuguesas da California. Quando se
trabalha bem e com muitas ajudas tudo corre pelo melhor e o
sucesso aparece.
Igreja das Cinco Chagas - Fazer 94 anos de contínuo
serviço religioso a uma comunidade religiosa como é a nossa, é
obra de aplaudir.
Programa de Bandas na KSQQ - para quem gosta de
música, poderá consolar-se a ouvir um grande programa de
musica dedicada exclusivamente às Bandas. Aos Sábados das 5
às 6 horas da tarde. É seu responsável Nelo Bettencourt.
Fado - Os apaixonados do fado têm o melhor programa
dedicado ao fado todas as Quintas-feiras das 8 às 9 da manhã, na
KIGS e é seu responsável Miguel Canto e Castro. Uma hora de
puro prazer fadista. A nunca perder.
Atirar Pedras - Na Festa de Hilmar, o Padre Bento, vindo da
Terceira, no seu sermão, fartou-se de atirar pedras para todos os
lados - que havia falta de respeito, havia pouca fé, a maneira
como as pessoas falavam com os padres era inaceitável e muito
mais. Tudo isto com uma voz altíssima, que não se justificava numa festa e
numa comunidade tão boa e religiosa como a de Hilmar. Quem diria que os
padres da Terceira andavam tanto frustrados.
Oportunidade perdida - A Palcus na sua primeira Noite
de Gala na California poderia ter galardoado o nosso Grupo de
Guitarras “As 7 Colinas”, de categoria mundial. Teriam deixado
a Ana Moura para o ano que vem. Nem todos os anos a Palcus
vem à California. Foi pena...
Bodos de leite - Este ano, alguns dos maiores bodos de leite
(Assunção, Milagres e Hilmar) tiveram uma temática religiosa.
Mais uma prova da religiosidade do nosso povo, que aproveita
estas festas anuais para a mostrar de uma maneira simples mas
bonita. Quem não gostou, que tenha paciência.
100 Programas - Contacto California vai comemorar os seus
100 Programas com uma festa no Artesia D.E.S. no dia 22 de
Novembro. Uma grande oportunidade para a nossa comunidade
agradecer aos responsáveis do Programa terem mostrado as
nossas tradições e sucessos através do mundo.
Dificuldades - Muitas das nossas festas tradicionais estão a
atravessar uma crise directiva, porque não conseguem arranjar
Vice-Presidentes a tempo e horas. Talvez estejamos na altura de
fazer as nossas festas à medida das nossas realidades e não
sonhar com altos voos que têm assustado muita gente.
Veteranos - Uma vez mais celebrámos um dos dias mais
importantes deste País. Homenagear todos aqueles que em nome
do seu País lutaram por um mundo mais justo, tem as nossas
saudacções.
Um País suspenso - Uma Presidente de Câmara apanha três
anos de cadeia - pena suspensa. Dois arbitros roubaram os
resultados dos jogos - meses de cadeia. Pena suspensa. Um
jovem apanhado a roubar 100 euros - seis meses de cadeia. A
justiça em Portugal está mesmo gá-gá. Nem com Tylenol consegue ficar
boa. E ainda nos querem dar exemplos...
Tribuna Portuguesa
Rasgos
d’Alma
S
onhei há dias – imag-
ine-se – que tinha a
desgraçada mania de
ser escritor e andava
em cata de tema para um filme
a preto e branco mas estava a
pegar de cabeça e já não era
capaz de por duas com três
ideias seguidas nem conseguia
ortografar pontos nem virgulas
porque o juizo já não atinava
mas queria continuar a escrever
e escrevi o que senti que é muito
triste quando a gente tem que
começar a usar fraldas de roda
da cabeça por ter a estranha
sensação do cérebro estar a
derramar pingo a pingo os mio-
los pelas costuras e cá no meu
doloroso delirio sem noções
gramaticais nem sensações que
dêem para mais valeram-me
então os tracinhos – e respirei
fundo na esperança dum tema
qualquer – mas como não tinha
tema nenhum nem percebo
muito de nada decidi então
escrever sobre politica onde há
sempre tanto que se lhe diga
sem ter-se necessariamente que
chegar-se a conclusão alguma a
não ser quando chegam as
eleições e nos querem con-
vencer a toda a força que o
nosso voto faz realmente a
diferença e a gente não acredita
e tem mesmo o descaramento de
ficar em casa – chama-se ab-
sentismo – como aconteceu las-
timosamente há um mês e pique
nas eleicões legislativas dos
nossos Açores em que mais de
Catarina Freitas
900 H St Ste G
Modesto, CA 95354
Phone: 209-338-5500
Cell: 209-985-6476
Fax: 209-338-5507
cat@trustomega.com
cinquenta por cento dos açori-
anos desculpando-se das coisas
indo bem optaram por não ir às
urnas atirando estupidamente
para o lixo o seu sagrado direito
de votar enquanto milhões de
americanos queixando-se das
coisas indo mal por cá se pre-
paravam para exercê-lo em
massa hipnotizados pelo
fenómeno que acaba de ser
eleito e me inspirou pronta-
mente a escrever de maneira
que se perceba – mais que não
seja – com virgulas, e pontos…
…E prontos! De maneira que a
gente se entenda, decidi então
descascar nas calmas e em pa-
lavras serenas a rude impressão
que, à priori, me deixou a
histórica eleição que acaba de
ter lugar nestes fabulosos Esta-
dos Unidos da America de todos
nós.
É uma espécie de artigozinho
despretensioso e sem grande
qualquer qualidade jornalistica
mas que não podia deixar de
deixá-lo aqui à vossa dis-
posição:
Francamente, não percebo como
é que ainda há quem teime e se
gabe em teimar de ver esta fabu-
losa America a preto e branco.
Acho que é ser curto de vida
demais. Para mim, esta gran-
diosa nação vale sobretudo pela
riqueza insofismável do colorido
que sustenta.
Branco não me diz nada.
Preto tambem não é, nunca foi
Omega Pacific Insurance
Solutions
A promessa que fazemos aos nossos cli-
entes é poder oferecer os melhores pro-
dutos e serviços. O meu objectivo é para
ser o seu próprio, profissional agente de
seguros. Temos mais de 50 companhias
diferentes que representamos para
poder oferecer o preço e as coberturas
melhores do mercado. Chama-nos hoje
para ver quanto dinheiro pode poupar
no seus seguros!
COLABORAÇÃO
nem será tão cedo cor que me
seduza.
Associo-a ao luto, faz-me lem-
brar a tristeza e relembrar a es-
curidão doutros tempos em as-
pectos sombrios duma vida que
já lá vai.
Pior do que pesada cor sem vida,
porem, o preto sugere-me o mais
sujo, mais porco, mais nojento
que a mentalidade humana teima
em descriminar na cor da pele
que determina a raça e alimenta
o racismo ainda hoje em dia –
em pleno século XXI – espal-
hado por esse mundo e por esta
America onde, felizmente, vota-
mos à vontade o que nos vai na
consciência.
Há gente por aí que parece não
ter consciência nenhuma do que
diz nem qualquer ideia do que
faz. E estou a falar de prezados
lusamericanos que se orgulham
de terem a lingua educada e o
juizo no seu lugar:
“Votar no preto? Só se for por
engano.”
Enganou-se a America branca
que não quis votar no preto.
É inteligente, simpático, bem
falante e, às claras, para ser sin-
cero, não me parece preto nem
branco. Para mim, tem um
pouco dos dois. Deve ser mulato
concerteza. Tal como o Eusébio,
o Pelé, o Mandela…
…Obama pode ser um nome
esquesito mas tem carisma de
super-star (super estrela não soa
bem.) Quem ainda tenha dúvi-
das será melhor desfazê-las.
Barrack Hussein Obama – criado
1171 Homestead Road, Suite 214
15 de Novembro de 2008
por avó branca no Hawaii mas
descendente das zanzalas negras
do Quénia e aluno das escolas
amareladas da Indonésia – é o
novo presidente dos Estados
Unidos em melting pot na gran-
diosidade desta America, ainda a
inveja do mundo.
Quando chegar a Janeiro, no
rigor da cerimónia da inaugura-
ção presidencial, há-de haver
quem estranhe ver o rosto hu-
mano da Casa Branca pela
primeira vez coreografado em
tonalidade preta. Paciencia!
O melhor é habituarem-se.
OBAMANIA é um fenomeno
politico-social que está apenas a
dar os primeiros passos. Quer
queiram quer não, o elegante
senador de Chicago chegou, viu,
fascinou mas sabe perfeitamente
bem que ainda não venceu como
ambiciona. Qualquer sensato
presidente reconhece logo à par-
tida que a história não o julgará
pela euforia na eleição que gan-
7
hou mas sim pelo desempenho
na tarefa que cumpriu. O mais
fácil está feito. A votação foi
clara. As promessas estão ar-
quivadas. Mas o presente per-
manece escuro. O desafio agi-
ganta-se. O futuro está a
começar.
Obama não é nem sera condão
de varinha mágica para os prob-
lemas do pais. Há que dar
tempo ao tempo. A crise
económica continua. O desem-
prego não desarma. A guerra
anda lá fora. O Natal promete
ser frio. O Inverno pode ser
feio. Esperemos pela Inaugura-
ção.
Depois, toca a arregaçar as man-
gas.
Há muito trabalho a fazer.
8 15 de Novembro de 2008
Ecos do Pacífico
e Atlântico
Portugal País dos 3f’s (VI)
F
ADO - A grande Amália é
considerada a Diva do fado, mas
antes dela houve outra chamada
«Severa». Carlos do Carmo
outro baluarte desta canção, recentemnte
propôs que o fado fosse considerado
Património da UNESCO e da huma-
nidade. Eu penso que “a priori” já o é,
pelo menos nos nossos corações. O fado,
infelizmente é associado à saudade que
geralmente é triste, o que todos nós
sabemos não é salutar. O povo Português
é saudosista por natureza. Lord Tyrawley,
embaixador Inglês na côrte de D. João V,
(o tal que esbanjou o ouro do Brasil e por
isso foi cognominado de Magnânimo),
afirmou: “o que é que se espera de um
País, em que metade da população espera
a vinda do Messias e a outra espera a
vinda do rei D. Sebastião numa noite de
nevoeiro?”. Como reza a história a
aventura pueril deste rei foi catastrófica
para o País. Por isso penso que não
devemos viver o passado, especialmente o
menos famoso, mas sim o futuro
promissor.
FÁTIMA – É matéria de fé e de religião.
A actual turbulência mundial, é em grande
parte causada pelo confronto histórico
entre cristianismo, representado pelo
mundo e civilização ocidentais e o Islão
personificado pelo mundo Árabe. Mãe de
Deus só há uma, no entanto há muitas
Nossa Senhoras. É curioso que em
Portugal a Rainha é Nossa Senhora de
Fátima, mas a Padroeira é a Senhora da
Conceição. O povo diz: só nos lembra-
mos de Santa Bárbara quando faz trovões.
Se a memória não me falha foi o que
aconteceu a D. João IV, que invocou a
protecção da Virgem, para resolver o
problema da Restauração Nacional.
FUTEBOL – Li algures que o futebol é a
religião do povo, o que soa a Karl Marx,
um dos fundadores do comunismo. O
espírito desportivo está a ser minado e
contaminado pelo vil metal que é o
dinheiro. Fátima Campos Ferreira
jornalista da RTP, num dos seus sempre
apreciados programas «Prós e Contras»,
confrontando um painel dos manda –
chuvas deste desporto, perguntou: se os
grupos estão falidos como é que afirmam
que tudo está bem? A nível local, o clube
desta progressiva vila da Madalena tem
uma dívida global que ronda os 700 mil
euros (Ilha Maior, 14 de Agosto 2008).
«Mens Sana In Corpore Sano» - alma sã
em corpo são deve ser o lema a seguir por
qualquer modalidade desportiva.
FILANTROPIA – Como se dizia
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COLABORAÇÃO
antigamente isto é mais uma palavra de 50
escudos, que em trocos miúdos significa
«grosso modo», ajudar o próximo. Hoje
há muito dinheiro, quiçá demais e muito é
desperdiçado. Antigamente a maioria era
pobre, paupérrima mesmo e a riqueza era
concentrada numa oligarquia plutocrática.
Uns pouco ricalhaços dominavam a
maioria que era predominantemente po-
bre. Hoje há muita riqueza.
Foi com imenso prazer que li na «Folha
de Couve» (Santa Clara Weekly Nov.
2005) da pitoresca cidade do mesmo
nome, do progressivo Silicon Valley neste
grande estado da California, que duas
Açorianas e Picoenses, Fátima Francisco e
Maria Alice Jensen, que através do seu
esforço, determinação e vontade de bem
fazer adquiriram e distribuiram 250
cadeiras de rodas a instituições de cari-
dade na cidade irmã Coimbra, no
Continente Português. Volvidos aproxi-
madamente 3 anos, mais 180 cadeiras
foram distribuidas pelas nossas Ihas
Açorianas. «São duas mulheres do Pico».
Bem hajam. No mesmo jornal ( Santa
Clara Weekly 20-08-08), uma conterrânea
Faialense Maria Augusta Rodrigues,
sobrevivente do cancro da mama, enfren-
tando uma audiência maioritáriamente de
expressão Inglesa e com a prestimosa
ajuda da sua filha Rosa Maria, que actuou
como intérprete, revelou e partilhou de
forma positiva e corajosa, a sua expe-
riência com esta terrível doença. Como
quem vive como eu, numa comunidade
multi-étnica, em que numa autêntica
Babilónia, se falam mais de 100 dialectos,
isto é honroso e de louvar. Aqui nos
Açores já há bons sinais neste sentido.
Tanto o Hiper Modelo do Faial como a
edilidade Faialense, que considero bas-
tante progressiva e humanística,
ofereceram computadores a instituições de
ensino e de caridade. Que bonito seria um
dos dois Hipers, que muito honram esta
progressiva vila e futura cidade da
Madalena, oferecessem computadores ao
Lar da Terceira Idade, como possível
solução para combater o abandono e
solidão, ao que os nossos idosos estão
sujeitos. Já há programas deste género a
funcionar no Continente Português. Sob a
óptica comercial, uma dádiva dessa
natureza seria WIN WIN, isto é tanto o
comércio como a comunidade
beneficiariam. Temos a massa cinzenta
necessária para organizar e implementar
um programa desta natureza. O repto está
lançado. É melhor dar do que receber.
Joe C. Rosa
Broker/Owner
Marian Campoy
Ao Cabo e
ao Resto
S
ou de uma ilha onde há mais
vinho do que água...
O vinho não me é indiferente e,
como bom graciosense que me
prezo de ser, prefiro o vinho à cerveja. E
porque estou, neste momento, a fazer
um trabalho sobre a vinha dos Açores,
gostaria de partilhar, com os leitores de
“O Dever”, alguns apontamentos da
minha releitura da monografia O Vinho
do Pico, do historiador picoense Tomaz
Duarte (1926-2003) — levantamento
exaustivo de quanto se escreveu sobre a
vinha e o vinho do Pico e que constitui,
na minha opinião, a melhor síntese e o
melhor trabalho de investigação que
alguma vez foi escrito sobre tal
ternática.
Com engenho, suor e arte se define a
vitivinicultura da ilha do Pico. De facto,
foi ao preço de um trabalho penoso, ár-
duo e difícil que o picaroto rebentou a
crosta queimada para poder cultivar a
vinha que protegeu com muros soltos de
pedra lavosa.
Recordo aqui a frase lapidar do meu
saudoso colega Antonio Duarte (1932-
1984), irmão de Tomaz Duarte: “Os
maroiços são a epopeia de pedra do
Homem do Pico”.
Com possível proveniência da ilha da
Madeira e/ou da ilha de Chipre, sabe-se
que as vinhas do Pico foram muitíssimo
bem cuidadas por frades franciscanos,
carmelitas e, mais tarde, pelos jesuítas e
capuchinhos. A cultura destas vinhas,
durante o ciclo do famoso “verdelho”,
esteve na base de todo um notável
património que marcou, de forrna in-
delével, a ilha montanha, que chegou a
ter 30.000 habitantes. Não faltava mão
de obra para labutar em terra e no mar.
Em terra eram os vinhedos numa exten-
são de léguas a perder de vista. O mar
complementava o sustento de tantos e
tão nurnerosos agregados familiares.
Um século antes do ciclo da laranja, foi
o vinho do Pico que conseguiu
“internacionalizar o Comércio Açori-
ano”, segundo Tomaz Duarte. Durante a
primeira metade do século XIX este
vinho correu mundo, tendo sido muito
apreciado no Reino, ilha da Madeira,
Brasil, Indias Ocidentais e Orientais...
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Tribuna Portuguesa
Foi também consumido por essa Europa
fora: Inglaterra, Alemanha, Itália e, em-
bora a escassez de documentação difi-
culte o esclarecimento, terá chegado à
mesa dos Czares da Rússia. Autores
como Chateaubriand, Garrett e Tolstoi
renderam-se ao “rescendente Pico”.
Até que chegou o fatídico ano de 1852
que trouxe à ilha do Pico uma desgraça
com o nome de oidium e, vinte anos
depois, haveria de surgir uma outra
praga chamada filoxera. E seguiu-se o
descalabro económico para pro-
prietários, morgados, barões, viscondes,
fidalgos e outros “senhores” da ilha do
Faial... E pior ainda para a plebe que
vivia do vinho e para o vinho: feitores,
quinteiros, vinhateiros, caseiros,
rendeiros, carreiros, tanoeiros e outros
trabalhadores rurais.
E depois veio a casta americana Isa-
bella, o nosso “vinho de cheiro”, que
hoje a comunidade europeia não quer
provar... Seguiu-se a reconversão das
vinhas. E foi a introdução de novas cas-
tas europeias de que haveria de resultar
as marcas “Terras de Lava”, “Basalto” e
o generoso “Lajido”.
No dia 2 de Junho de 2004, a paisagem
da cultura da vinha na ilha do Pico pas-
sou a ser Património Mundial da Hu-
manidade, após aprovacão da candida-
tura pela agência das Nações Unidas
UNESCO, em reunião ocorrida na ci-
dade japonesa de Suzhou.
Tomaz Duarte tinha entretanto falecido.
Mas convirá não esquecer que a ele se
fica a dever a iniciativa que conduziria à
constituição do Museu do Vinho. A ele
se deve também as primeiras diligências
legislativas visando o ordenamento e
classificação da paisagem do
“verdelho”. Fê-lo sempre de viva voz,
em palestras, conferências e em escritos,
sensibilizando aqueles que estavam in-
sensibilizados... Deve-se-lhe também,
entre outras actividades, a Festa das Vin-
dimas.
Por conseguinte, foi o picaroto Tomaz
Duarte que conseguiu meter o Vinho do
Pico no mapa do Mundo.
In O Dever
Tribuna Portuguesa COLABORAÇÃO 15 de Novembro de 2008 9

Sabor Tropical
São Francisco do Sul - Santa Catarina, Brasil

G
osto do mar. O seu mistério me
atrai e sempre desejei morar
num barco. Talvez a porção do
sangue português que me foi
legada por meus avós influencie tal
fantasia, é a explicação que me cabe,
porque fui criada nas montanhas e só vim
conhecê-lo aos dezesseis anos.
Mais tarde, quando me mudei para
Salvador, Bahia, os verões eram passados
à beira mar e muitos finais de semana
dentro de uma escuna, com a família e os
amigos, navegando pelas ilhas. Um
passeio que recomendo a quem vier
conhecer nossa terra.
Ficava horas a olhar as jangadas,
admirando aqueles pescadores que, sem
nenhum temor, enfrentavam as ondas
naquelas embarcações que me pareciam
tão frágeis e rudimentares, com seus
troncos de madeiras amarrados e sua vela
que parecia delicada demais para os fortes
ventos.
Hoje, como se adivinhasse esta minha
paixão, recebo um valioso presente, o
livro “ Museu Nacional do Mar –
Embarcações Brasileiras”, que me foi
dado pela Diretora do Museu, a amiga
Ana Lucia Coutinho, cujo texto, escrito
em português, inglês e francês, é ilustrado
por belíssimas fotos coloridas. Uma
publicação primorosa e bem cuidada, que
nos conta um pouco da historia do Museu
e do seu acervo.
O Museu Nacional do Mar, que é o único
na América Latina neste segmento, foi
criado em 1991 com o objetivo de
valorizar a riqueza e a
diversidade do patrimônio naval
brasileiro. Está localizado na bela cidade
de São Francisco do Sul. Os edifícios que,
atualmente, o abrigam estão identificados
com a história marítima de Santa
Catarina.
A cidade de São Francisco do sul que é a
terceira mais antiga do Brasil, colonizada
por portugueses, cuja beleza reside no
casario em estilo colonial português que
emoldura as ruelas do centro histórico,
sedia importantes locais de preservação
cultural que, agora, são ainda melhor
conservados e um dos exemplos é o
Museu, que apresenta embarcações e uma
vasta coleção de objetos, mantendo viva a
história do homem do mar e das espécies
marítimas.
Conforme narra o livro, com oito mil
quilômetros de costa, milhares de
quilômetros de rios e lagoas navegáveis, o
Brasil é o país com maior diversidade de
embarcações. As gentes e as embarcações
do Brasil descendem das maiores
epopéias náuticas de todos os tempos: os
grandes descobrimentos.
O patrimônio naval é um dos segmentos
mais ricos e significativos da cultura
brasileira. A multiplicidade étnica é o
principal fator desse patrimônio ser
extenso. Influencias mediterrâneas,
africanas, orientais, indígenas, ibéricas e
norte-européias são algumas das vertentes
responsáveis por essa variedade.
Hoje o Museu possui um acervo único,
com mais de 80 embarcações em tamanho
original, provenientes dos lugares mais
longínquos do Brasil.
Conta, também, com um
número expressivo de
réplicas de barcos
tradicionais produzidos
por modelistas e artesãos
de todo país.
Seu acervo, é composto
por embarcações como
saveiros, cúter, biana,
jangada, canoa, bote e
baleeiras e estão
distribuídos pelas salas
temáticas que
reproduzem ambientes
regionais e falam sobre a
navegação no mundo e no Brasil, nas ilhas dos Açores, em suas incursões
incentivando o visitante a conhecer a de caça rumo aos mares do sul.
história e a desfrutar dos prazeres da vida Com a decadência e a desativação das
relacionada com o homem e o mar. armações, as baleeiras continuam a servir
Destaca-se a embarcação “I.A.T”, com a à pesca artesanal e ao transporte de
qual, a remo, o brasileiro Amyr Klink fez pessoas e mercadorias, entre as
a travessia solitária do oceano Atlântico. comunidades ribeirinhas e são
Além das salas de exposição, o Museu encontradas em locais de colonização
Nacional do Mar abriga também açoriana, especialmente na ilha de Santa
auditório, loja de artesanato, cafeteria, Catarina, em São Francisco do Sul,
restaurante, estaleiro, oficina e uma Laguna e Penha.
biblioteca especializada na temática O Museu Nacional do Mar é um espaço
naval, com 1200 títulos. cultural magnífico, com réplicas de
Além de rápidas pinceladas sobre a embarcações e dioramas que são
história da navegação desde a pré- verdadeiras obras de arte e nada fica a
história, o livro fala sobre a construção dever em suntuosidade, criatividade e
das embarcações expostas no Museu. As beleza. Vale o passeio até Santa Catarina,
baleeiras, por exemplo, só existem em para conferir.
Santa Catarina. Foram trazidas pelos
Fonte:
açorianos que adquiriram o conhecimento
Museu Nacional do Mar –
para fabricar e utilizar o barco dos
Embarcações brasileiras
baleeiros americanos, que faziam escalas
elendemoraes_rj@globo.com

Ao Sabor
do Vento

N
ão interessa como
começa uma con-
versa, vai acabar
sempre em uma das
seguintes três coisas: sexo,
política ou religião.
E o interessante é que durante
este período de eleições não
importava com quem falás-
semos, essas três coisas ficavam
misturadas numa só.
E tudo por causa da proposta 8.
Votei no Obama e votei contra a
proposta 8.
Votei no Obama porque acho
que ele é uma pessoa inteligente,
honesta e cujos ideais políticos,
penso eu, são os que têm mais
possibilidade de tirar a América
da grande fossa onde se meteu.
Quanto à proposta 8, votei
contra porque penso, e sempre
pensei, que ninguém tem o
direito de dizer à outra pessoa
como deve viver a sua vida
particular. Nem o governo, nem
a Igreja têm o direito de se meter
na vida de cada um.
As normas sociais dizem que o
casamento deve ser entre duas
pessoas de sexo oposto e que a
união de duas pessoas do mesmo
sexo não é normal. Eu digo que
pode não ser normal, mas,
natural é, de certeza, pois foi a
natureza que fez as pessoas
dessa maneira e toda a gente tem
o direito de querer viver feliz da
forma que é.
Como os leitores sabem, eu
tenho uma criação de pombas e
canários e já aconteceu que duas
fêmeas, tanto dos canários como
das pombas, se acasalaram, pu-
seram quatro ovos, no caso das
pombas e oito no caso dos
canários e nenhum deles era fe-
cundado, o que prova que elas
estavam nas tintas para os
machos e não precisaram deles
para coisa alguma e havia pom-
bos com fartura no pombal e
canários no aviário.
Muita gente vai franzir o nariz
para este meu artigo, por
preconceito, mas é por essa
homofobia que muitas dessas
gentes tem em casa ou
na família, pessoas que são
homossexuais ou bissexuais e
são infelizes por não poderem se
assumir e viver a sua vida do
jeito que se sentem felizes.
Está cientificamente provado
que as pessoas que são “gay”,
nasceram dessa forma e mesmo
que seja uma questão de
preferência sexual, onde é que
está o problema?
Na minha opinião o problema
está nos “straight” ou heteros-
sexuais. Que me consta, não
conheço “gay” algum que queira
obrigar a um casal, homem e
mulher, a ficar casado a vida
inteira, embora alguns tenham
prometido isso e não cumprem.
Assim como não cumprem com
a fidelidade que prometeram
solenemente.
E afinal o que é o casamento?
Em algumas religiões como os
Mórmones e os Muçulmanos,
era permitido um homem casar
com duas ou mais mulheres. Era
muito comum os grandes
senhores terem filhos das suas
esposas e filhos das escravas.
Não teve Abraão um filho de
Sara, chamado Isaac e outro da
escrava, Hagar, chamado Ismael
de onde saíram os Israelitas e os
Ismaelitas, respectivamente,
gerando uma confusão tão
grande que ainda persiste hoje
em dia? Não era o casamento
definido como a união entre um
homem e uma mulher brancos?
Há bem poucos anos era contra a
lei, brancos e negros se casarem.
Ora, vejam parte de um trecho
sobre os Melungos (Povo que
habitava nas montanhas do
estado de Tennessee e das
Carolinas) e que, supostamente,
vem de uma mistura de
Portugueses, brancos e negros,
com os índios americanos.
“In the first case State vs
James Bloomer this was an
assault case where Bloomer
took Wilson Minor's marriage
license away from his brother
John Minor with force. This
case was first written about by
Henry Price and later by Jean
Patterson Bible, Bloomer
argued that Minor was a Free
Person of Color and not
allowed to marry whites.
Bloomer was fined but
appealed it to the State
Supreme case where he lost,
but the fine of 1 cent was a
slap in the face to the
Minor’s.”
Num país que proclama que há
separação entre a Igreja e o
estado, algumas igrejas
contribuíram com milhões para
que a proposta 8 passasse, impe-
dindo assim que duas pessoas do
mesmo sexo tenham o direito de
viverem felizes ao abrigo da lei.
Penso que é tempo de retirarem
a Bíblia dos tribunais e vocês já
pensaram na ironia de uma
prostituta ser paga pelos serviços
ou pecado que comete com uma
nota na qual está impressa a
frase “ IN GOD WE TRUST”?
jraposo5@comcast.net
10 15 de Novembro de 2008 COLABORAÇÃO Tribuna Portuguesa

Reflexos do
Dia-a-dia igualdade racial, de equidade
económica. Apesar de todo o
veneno que foi lançado durante
os últimos oito anos, dentro e
fora do país, Barack Obama
eleito recebeu votos de todos os
grupos que compõem este
mosaico humano. Recebeu
maiorias em estados que outrora
estavam nas mãos da direita.
n ú me r o d e r e pu b lic an o s
aumentou em 3%, mas o número
de democratas cresceu na ordem
dos 9,5%. Daí que sinto pena,
muita pena, por quem não foi às

E
azuis, mas que somos, e sempre sempre nos disse que como Para além dos tradicionais urnas porque o candidato não era
sta é a América que eu
seremos, os Estados Unidos da povo, e como nação, éramos estados de ambas as costas do branco, ou quem não saiba olhar
amo. Na terça-feira, 4
América.” muito melhores do que queriam litoral norte-americano, além da cor da pele. Aliás, entre
de Novembro, a
A presidência de Barack Obama que fossemos. Que poderíamos tradicionalmente mais abertos ao todos esses seres humanos
América mostrou, ainda
carregará o peso dum grande ir além do medo, do rancor e do progresso, Barack Obama rece- doentes, porque o racismo é uma
outra vez, que apesar de todas as
simbolismo. Tal como referen- desespero do 11 de Setembro, e beu maiorias no Novo México, doença, encontram-se, infeliz-
suas inconsistências, apesar das
ciou no seu discurso, a sua que era essencial voltarmos, uma no Colorado, em Virgínia, no mente, alguns portugueses e
divisões implantadas ao longo
vitória rejuvenesce a ideia de vez mais, a sermos o que o Nevada, no Ohio e em Indiana, luso-americanos, deste estado da
dos últimos oito anos, apesar de
que a América é um lugar de mundo todo ainda deseja do entre outros. Estes são estados Califórnia. Coitados, tão fora do
divagar de vez em quando, este
oportunidades para todos. sonho americano, o país da onde a maioria dos votantes são mundo estão. Tão fora do
grande país, ainda é um baluarte
Ajuda, significativamente, a esperança, a terra da luta pelas brancos, religiosos e conser- mundo americano que votou e
de igualdades, um lugar
renunciar o estigma que este país igualdades, o lugar onde existe vadores. Ganhou o voto da recebeu com gritos de alegria a
constantemente a reinventar-se e
tem tido contra os afro- um verdadeiro compromisso maioria dos hispânicos, dos afro- eleição de Barack Obama. Tão
a lutar pela dignidade do ser
americanos há mais de 200 anos, com o futuro. Barack Obama americanos, do judeus, das fora do mundo português de
humano.
estigma esse que foi responsável disse-nos, repetidamente, aquilo mulheres, e apesar dos gritos onde vieram, porque segundo as
A vitória de Barack Obama veio
por alguns dos momentos mais que no íntimo todos sabíamos e apocalípticos de dirigentes sondagens efectuadas em
declarar, ainda mais uma vez,
repugnantes da história ame- ansiávamos, ou seja: que a católicos, como o arcebispo de Portugal, se os portugueses pu-
que a América pode ter
ricana, ou seja: a escravatura, o América poderia voltar a ser Denver, ganhou a maioria do dessem votar nas eleições
imperfeições, por vezes grandes
apartheid, e as leis discri- igual a si própria. Que pode- voto católico. americanas, 85% votaria por
ignomínias, mas tem, acima de
minatórias de Jim Crow. É uma ríamos voltar a respeitar as É inquestionável, e seria pura Barack Obama. Tenho dó desta
tudo, grandes virtudes. Ao
vitória que permite que muitos nações amigas e conversar com ficção, pensar-se que esta foi gente que só está bem no
longo dos meus 50 anos de vida,
cidadãos do mundo, de todas as os nossos inimigos. Que poder- uma vitória fácil e que resolverá enclave da sua pequena
o último dia 4 de Novembro,
cores e de todas as etnias, íamos inverter a surdíssima todos os problemas relacionados comunidade de sopas com coca-
ficará para sempre gravado na
possam, através de Barack política de Bush II e reco- com o racismo, com a xenofobia, cola, como foi dito algures, e
minha memória como o dia
Obama, conseguir as forças meçarmos a ouvir o mundo. com a homofobia, enfim, com que, infelizmente, já não
duma grande vitória no país que
necessárias para persistir com as Que poderíamos redescobrir as todas as fobias que nos pertence a lado nenhum.
escolhi viver, onde nasceram os
suas próprias lutas pela nossas vivências em comum, que rodeamos ou que nos rodeiam. Tal como afirmou o presidente
meus filhos e o meu neto, onde
igualdade. Para a humanidade vão muito além do super Conheço, infelizmente, algumas eleito Barack Obama: “Este é o
está sepultado meu pai (porque
este é um sinal, claro e egoísmo que fez com que um pessoas para as quais esta foi nosso momento. Este é o nosso
como disse algures o escritor
inequívoco, que os Estados Wall Street, egocêntrico e uma derrota para a América. tempo para pôr o nosso povo de
Gabriel Garcia Marquez, um
Unidos podem viver a demo- desregularizado, se desmo- Mas são uma minoria tão pe- novo a trabalhar e abrir portas de
país também é nosso quando lá
cracia que andam a proclamar. ronasse. quena que um dia destes desa- oportunidade para as nossas
enterramos os nossos queridos) e
Para o país, a presidência de Esta é uma vitória para o parecem, porque começam a crianças; para restaurar a
pelo qual laboro todos os dias no
Barack Obama dá-nos a verdadeiro espírito americano. É entrar num beco sem saída. Se é prosperidade e promover a causa
ensino público. Na terça-feira, 4
oportunidade de olharmos com que não se pode proclamar verdade que conheço um homem da paz; para recuperar o sonho
de Novembro, a América voltou
outra clareza para um futuro liberdade enquanto se aplica com 75 anos, que se diz americano e reafirmar aquela
a ser o país que sempre foi. Tal
onde o sofrimento e as injustiças tortura; não se pode promover democrata, mas que nunca verdade fundamental de que
como disse o presidente-eleito
do passado, apesar de jamais democracia enquanto se cria e votava e que este ano se somos um só feito de muitos e
Barack Obama, foram: “os
serem esquecidas, poderão ser apoia ditadores; não se pode ser recenseou porque o seu racismo que, enquanto respirarmos,
novos e os velhos, os ricos e os
transformadas numa causa um estado de direito enquanto se era tão forte que teve que votar temos esperança. E quando nos
pobres, os Democratas e os
nacional, pela qual se trabalhará retira todos direitos funda- pelo republicano McCain, confrontarmos com cinismo e
Republicanos, os negros, os
em família. Como em todas as mentais a quem não concorda também não é menos verdade dúvidas e com aqueles que nos
brancos, os hispânicos, os
famílias, haverão sempre connosco; não se pode abolir que conheço homens e mulheres dizem que não podemos,
asiáticos, os nativo-americanos,
divergências, mas acredito que todas as regras do capitalismo de todas as raças que, como eu, responderemos com o credo
os homossexuais e os heteros-
esta eleição permitir-nos-á enquanto se deseja um sistema na noite de 4 de Novembro, se intemporal que condensa o
sexuais, os saudáveis e os defi-
sentarmos à mesma mesa e económico mais humanizado. abraçaram como irmãos e espírito de um povo: Sim,
cientes—foram os americanos a
termos outro grau de respeito. Há ainda que dizer, des- choraram lágrimas de felicidade. podemos.
emitirem uma mensagem ao
É um momento histórico nos complexadamente, que o triunfo Esta foi uma eleição de Esta é a minha América - um
mundo, a mensagem de que
Estados Unidos. É que entramos de Barack Obama foi uma mudança. Aqui, no pequeno e lugar que nunca teve medo do
nunca fomos uma colecção de
na era do entendimento, da vitória verdadeiramente conservador (um dia, e em breve futuro.
estados vermelhos e de estados
americana. O novo presidente não será) condado de Tulare, o

Memorandum acumulou descaramento bastante para

1 - Socialismo versus Capitalismo -
mera disputa entre “Abel & Caim”?
Será que o capitalismo emigrou para a
China sem contrato de trabalho da Wall
Street e sem passaporte indiano? As
grandes corporações financeiras parecem
fixadas na crença de que o Ocidente vivia
saturado e talvez com falta de espaço para
armazenar tantos milhares de milhões?
Os democratas modernos estão ainda a
sonhar com o privilégio de descortinar a
verdade...
Um pouco à revelia do que aconteceu na
Europa ocidental antes da queda do muro
de Berlim, o fervor pelo socialismo
democrático raramente assentou arraiais
na opinião pública dos Estados Unidos da
América. As razões para explicar o
fenómeno têm sido amplamente inven-
tariadas, embora por vezes exaltadas pela
fogosidade ideológica (religiosa?) dos
incrédulos. Não seria justo ignorar que,
nos Estados Unidos, o ideário socialista é
anterior ao movimento bolchevista, ou
seja: chegou a gozar de franca adesão
popular, anos antes do stalinismo ter sido
adoptado como emplastro maquiavélico
ao movimento emancipativo do
proletariado internacional. De resto, para
confirmar a precosidade e a autonomia
ideológica do socialismo norte-
americano, bastaria revisitar o entusiasmo
radical expresso por Henry George Jr.,
autor de ‘Progress and Poverty”,
publicado em 1880, e reeditado em 1942,
por Walter J. Black, N. York.
Para sintetizar a conversa, vamos saltar o
‘arame farpado’ ideológico da clássica
previsão marxista, segundo a qual a
transferência para o
proletariado dos meios de
produção capitalista
encontraria viabilidade nas
sociedades industriais mais avançadas
(ex. Alemanha, Inglaterra, Estados
Unidos). É certo que na alvorada do
século XX (antes e depois da I Grande
Guerra), a história política norte-
americana regista alguns episódios
singulares de enorme entusiasmo pelo
ideal socialista. A propósito, não seria
demasiado exaltar a valentia politica de
Eugene V. Debs, dirigente histórico do
Partido Socialista Americano. Sabemos
que no período 1900-1917, o movimento
socialista norte-americano atingiu enorme
visibilidade organizativa, sobretudo no
sudoeste dos E.U.A., junto dos
assalariados rurais, no fervente ambiente
laboral dos ferroviários e dos mineiros, e
ainda nos sectores mais politizados do
operariado fabril. Bastaria lembrar que o
Partido Socialista Americano chegou a
congregar mais de cem mil filiados nas
suas fileiras; e o jornal socialista ‘Appeal
to Reason’ chegou a ter mais de um
milhão de leitores.
Seria ainda pertinente analizar o
pragmatismo laboral do “unionismo”
norte-americano versus o pudor
ideológico do “sindicalismo” europeu.
Sabe-se que durante a primeira convenção
da gigantesca central sindical IWW
(Industrial Workers of the World (1905),
Eugene Debs apareceu ombro-a-ombro
com gente grada do movimento laboral da
época, como por exemplo, Mother Jones
e Bill Haywoode, participando
activamente em comícios frequentados
por milhares de operários.
Mais tarde, quando o presidente Wilson e
o Congresso decidiram entrar na I
Grande Guerra (1917), não tardou muito
para ser aprovado o famigerado
Espionage Act que considerava a
militância em prol do pacifismo uma
ameaça criminosa contra a segurança
nacional. Ora o cidadão Eugene V. Debs
não se deixou intimidar pelo poder
estatal: durante um comício contra o
envolvimento norte-americano no conflito
europeu, o valoroso socialita não teve
pejo em afirmar (entre outras
preciosidades) o seguinte: “... wars
throughout history have been waged for
conquest and plunder (...) the master
class has always declared wars; the
subject class has always fought the
battles...”
Claro que não foi preciso muito mais para
Eugene Debs ser acusado de traição e,
consequentemente, condenado a dez anos
de cadeia. O suposto “crime” cometido
pelo exercício pleno do inalienável direito
à livre expressão do pensamento foi o
factor ignífero que acendeu o entusiasmo
político de milhares de compatriotas. O
movimento socialista atingiu o seu ápice
no apoio à sua candidatura à presidência
dos EUA.
E assim aconteceu. Foi várias vezes
candidato à presidência, designadamente
em 1920, altura em que o seu corpo
estava ainda detido na cadeia, mas o seu
indomável apego à liberdade e a
honorabilidade do seu nome conseguiram
o apoio expresso de cerca de um milhão
de votantes.
2 - Mas... afinal o que aconteceu ao
socialismo? Será que o próximo
presidente Barack Obama é socialista?
A resposta seria simples. A missão do
futuro presidente Barack Obama não se
insere na restauração do ideário socialista.
Trata-se de um estadista moderno que
possui a clarividência politica suficiente
para reconhecer que o sistema capitalista
engendrar (e glorificar) o seu calvário e,
eventualmente, celebrar a sua
ressurreição. Ao contrário das pretéritas
experiências da social-democracia
europeia (tipo de balho-furado entre
Capital e Trabalho), o capitalismo norte-
americano não tem “vergonha na cara
nem no cofre”: na fase inicial da barbárie
empresarial, ilustrada pela revolução
industrial, o sistema capitalista depressa
perdeu alegremente o seu hímen
ideológico! Depois de conspurcar a
trilogia patrimonial inicial (terreno,
capital, trabalho), o estratagema capi-
talista submeteu-se, táctica e cinicamente,
ao novo aliado que dá pelo nome de
“sabedoria tecnológica”.
Desde a alvorada do século XXI, a glória
e a miséria passaram a ser transac-
cionáveis: a cidadania tradicional parece
já saturada de observar gente que vive à
boleia do sucesso alheio: as pessoas
menos avisadas ou distraídas geralmente
confundem charlatanismo com liderança,
esperteza com inteligência, competência
com sabedoria...
Sem resvalar na veneração individualista,
vamos dizer que a humanidade parece
precisada de mais Barack Obamas, nas
escolas, nas empresas, nas instituições
internacionais. Infelizmente (estou agora
a falar com a irmandade açoriana) a
decisão de aprender e a missão de ensinar
são vistos como martírios a evitar. Os que
teimam em partilhar o próprio
pensamento, através da escrita, são geral-
mente apodados de “gente com pouco que
fazer”! Resultado: sentimo-nos cada vez
mais expostos ao emaranhado narcísico
da solidão. Somos alunos da solidão...a
grande mestra!
A sociedade post-capitalista – a sociedade
da competência – precisa de indivíduos
educados para os desafios da
niversalidade planetária.
Tribuna Portuguesa
Fale-nos um pouco de si.
Chamo-me Sérgio Pereira e tenho 30
anos. Nasci e fui criado na freguesia
de Ribeira Seca, Concelho de
Calheta na Ilha de S. Jorge, Açores.
Neste momento resido na cidade de
Turlock onde exerço a minha
profissão de Medico Veterinário.
Porque é que escolheu
Veterinária?
Contam os meus pais que sempre
disse que queria ser Veterinário.
Desde que me lembro não pensei em
ter outra profissão. Penso que o que
me influenciou, e quando digo isto
quero dizer forma muito positiva, foi
o facto de ter crescido sempre com
um contacto muito directo com
animais de diversas espécies. O meu
pai, Bartolomeu Pereira, foi
empresário agrícola e toda a vida
lidou com gado bovino. Foi esse
contacto, essa vivência com vacas,
porcos, cavalos, galinhas, cães,
gatos, e outros, que me despertou o
gosto pela bicharada.
Tem alguma especialidade?
Porquê?
Não sei se se pode considerar
especialidade o que faço, digo isto
porque a escola
me preparou
para trabalhar
com qualquer
a n i m a l ,
contudo, optei ... acho que muitos dos nossos
por trabalhar
com gado bo- industriais deveriam ter mais
vino, caprino e
ovino.
atenção à saúde dos seus ani-mais,
P o d e r e i
considerar que
pois um animal saudável é um
neste momento
me encontro a
animal que produz
especializar
mais com estas
espécies. Dentro
da Medicina
que pratico estou a tentar
especializar-me mais em cirurgia de
bovinos, caprinos e ovinos. Optei por
estas espécies por me sentir mais á
vontade, isto porque como referi
acima cresci com um contacto muito
próximo do gado acima referido.
Diga-nos o que é que faz e aonde?
Neste momento encontro-me a
trabalhar para a clínica veterinária M
& M Veterinária Practice que tem
sede em Denair. Esta clínica é
composta por 3 Médicos e trabalha
com as 3 espécies que referi acima.
Oferecemos diversos serviços que
vão desde o maneio de explorações
ao serviço de emergência 24 horas
por dia, os 7 dias da semana.
Onde estudou?
Fiz a escola primária na minha
freguesia, Ribeira Seca, depois fiz o
ensino preparatório e unificado na
Vila da Calheta. Após terminar este
ensino, e com a idade de 15 anos, fui
para a Terceira onde terminei a
escola secundária. De seguida
frequentei dois anos universitários na
Luciano Costa - 559-435-1276
ENTREVISTA 15 de Novembro de 2008 11
Do vale à montanha
Do vale à montanha,
Universidade dos Açores. Em 1998 envolver e participar nas diversas Da montanha ao monte,
decidi ir estudar para a Califórnia. actividades e organizações que Cavalo de sombra,
Em Janeiro de 1999 comecei o meu tornam a nossa comunidade única e Cavaleiro monge,
bacharelato no Colégio de Merced e muito rica. Por casas, por prados.
terminei-o na Universidade da Por quinta e por fonte,
Califórnia, Davis. Após terminar o Qual foi a ultima vez que visitou Caminhais aliados.
bacharelato frequentei 3 anos de Portugal Continental ou Açores e o Do vale à montanha,
Medicina Veterinária na que mais apreciou? Da montanha ao monte,
Universidade de St. George’s, um Cavalo de sombra,
Universidade privada localizada em Encontro-me neste momento nos Cavaleiro monge,
Grenada. O quarto ano do curso fiz Açores. Aprecio tudo o que estas Por penhascos pretos,
na Universidade de Kansas na sua ilhas maravilhosas oferecem. É um Atrás e defronte,
escola de Medicina Veterinária. lugar singular e de uma beleza rara. Caminhais secretos.
Recebi o meu diploma a 17 de Junho Aqui tenho família e muitos amigos,
de 2006 em Nova Iorque. visitar a minha terra é sempre uma Do vale à montanha,
experiência única e que deixa muitas Da montanha ao monte,
Em poucas palavras o que é que os saudades. Cavalo de sombra,
nossos industriais de lacticínios Cavaleiro monge,
deveriam fazer para serem mais Se lhe pedissem para participar Por plainos desertos
produtivos em termos de saúde nas nossas Corridas de Toiros Sem ter horizontes,
animal. como Veterinário, aceitaria? Caminhais libertos.
Do vale à montanha,
Este é um tema para uma página Eu não sou conhecedor dos Da montanha ao monte,
inteira deste Jornal. Contudo, deixe regulamentos das corridas de toiros, Cavalo de sombra,
me dizer que acho que muitos dos contudo já assisti a corridas nos Cavaleiro monge,
nossos industriais deveriam ter mais Açores e já vi no Continente e pelo Por ínvios caminhos,
atenção à saúde dos seus animais, que pode notar um veterinário Por rios sem ponte,
pois um animal saudável é um encontra-se presente e é responsável Caminhais sozinhos.
animal que produz. Para que isto seja pela supervisão dos animais que
uma realidade os nossos industriais fazem parte desta grande festa. Posso Do vale à montanha,
deviam ter um contacto muito directo dar a minha opinião pessoal e Da montanha ao monte,
com o seu veterinário para o profissional, acho que um médico Cavalo de sombra,
estabelecimento de protocolos que, veterinário deveria estar presente, Cavaleiro monge,
antes de mais previnam as doenças, e isto porque á que ter em conta que Por quanto é sem fim,
protocolos que, em caso de doença, decisões que envolvem conhe- Sem ninguém que o conte,
c i m e n t o s Caminhais em mim.
m e d i c o Fernando Pessoa
veterinários não
devem ser NOTA - Mariza canta este poema com o
tomadas por nome “Cavaleiro Monge”
quem não tem
esses
hecimentos.
con-
Quanto
pergunta
á
se
aceitaria
participar como
m e d i c o
veterinário,
respondo que
teria que pon-
derar. Digo isto
porque as
curem essas doenças. Sei que muitos corridas de toiros na Califórnia
pensam que é mais barato perguntar encontram-se muito voltadas para
um conselho ao vizinho, mas um políticas e ideias de grupos e
conselho profissional tem sempre indivíduos, e uma pessoa como eu a
muito valor. exercer clínica privada tem que ter
um estatuto mais de espectador e
Que conselhos daria aos jovens que mesmo de interveniente. Contudo
querem seguir uma carreira de não descarto completamente essa
veterinária. hipótese.
O que posso dizer é que é uma Como e que vê o futuro das nossas
profissão muito rica e gratificante. O festas tradicionais?
caminho que se percorre até chegar
ao ponto onde me encontro é longo, Vejo com bons olhos, mas também
mas a compensação, e não estou a noto que a geração que aí vem está
falar em termos financeiros, mas sim mais desligada destes eventos. Acho
pessoais e profissionais, é muito que a nova geração tem que ter mais
grande. orgulho nas suas raízes, e espe-
cialmente mais orgulho em falar a
Qual a vossa relação com a
comunidade portuguesa?
língua portuguesa
VOCALISTA
Precisa-se vocal-
Só me encontro na Califórnia há
quase 10 anos. Contudo tenho tenta- ista (homem ou
do conviver ao máximo com a
comunidade portuguesa. Tenho mulher) com ex-
muito orgulho em ser português e NOTA do Editor - por dificulda- periência em can-
tudo o que seja para promover a des técnicas não podemos inserir
nossa cultura torna-se num estímulo nesta entrevista uma foto do entre-
tar mú-sica Portu-
para mim. Agora que acabei os
estudos terei mais tempo para me
vistado. As nossas desculpas. guesa, para fazer parte de um
Conjunto Musical já esta-
belecido e com vários contratos.
Agora todos podem ver a RTPi e a RDPi sem O Conjunto Musical tem os seus
pagarem mensalidades. Basta comprar um ensaios em Escalon, CA.
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12 15 de Novembro de 2008
Apontamento
O
século passado foi um dos que
mais marcou a emigração
açoriana. A migração também
era notória e sentida, já que
todos os que podiam deixavam as ilhas e
fixavam-se no continente português. Os
estudantes universitários, embora não
fossem muitos, devido à falta de meios
económicos iam e não voltavam. Poucos
foram os que regressavam aos Açores
para servir as necessidades do povo, que
vivia sufocado pela mentalidade feudal
açoriana, que o oprimia económica e so-
cialmente não podendo dar ao filho ou
filha uma vida melhor, ou uma instrução
que os tornassem competitivos no
mercado do trabalho. Milhares de jovens
inteligentes, estudiosos, com grande
potência intelectual ficavam na ilha por
não terem apoio financeiro para estu-
darem em Lisboa. Passavam a fazer parte
da subserviência social da “cunha” para
encontrar emprego. Os açorianos foram
de tal forma marcados pela cultura servil-
ista da época, que ainda hoje apesar de
viverem em democracia, os mais jovens
preferem trabalhar na plataforma conti-
nental europeia ou na americana.
Os Açores foram desde o seu descobri-
mento a plataforma atlântica para a nave-
gação e para o processo imigratório do
país, tanto para Este como para o Oeste
Atlântico. Uma emigração que desde a
segunda parte do século dezanove e
começo do vinte, teve muito de ilegal já
que era típico dar-se o “salto”, ou seja,
embarcar clandestinamente num barco
baleeiro, que depois de muitos meses de
sacrifício, sofrimento e discriminação,
para não dizer escravatura acabava por
chegar ao porto de destino. Na maioria
dos casos só mandavam buscar a família
anos depois de serem explorados nas
fábricas da Nova Inglaterra, como nos
ranchos/leitarias da Califórnia.
Emigrar para os portugueses tem feito
parte integrante da necessidade de liberta-
ção. Como os Açores sempre foram ponto
de passagem do continente europeu para
o americano, os açorianos viram no mar o
caminho para a liberdade, ou limitaram-se
ao condicionalismo que as ilhas ofere-
ciam. Enquanto que no continente portu-
guês a emigração na sua maioria desti-
nava-se e destina-se à Europa, a açoriana
de preferência escolhia a América do
Norte, embora o Brasil também tenha
sido um dos destinos de escolha no pas-
sado. Para quem deixa a sua terra todos os
momentos são tempo de ponderação e
recordação, porque as dificuldades encon-
tradas no reajustamento à terra para onde
se emigra são complexas, difíceis e com
muito de aventura.
Dois mil e oito marca os cinquenta anos
da erupção vulcânica dos Capelinhos que
originou o fluxo imigratório do fim dos
anos cinquenta, sessenta e setenta para os
Estados Unidos, que talvez foi o maior de
sempre. Não foram só faialenses que
beneficiaram com o Azorean Refugee Act
or the Postore-Kennedy Act of 1958, já
que muitos outros açorianos e não só,
também tiveram a mesma oportunidade
de ir ao encontro de uma terra e vida no-
vas. Vida incerta mas esperançosa para
toda a família.
Tal como as baleias que hoje livremente
vêm á superfície respirar o ar puro e mer-
gulhar nas águas cristalinas do nosso mar,
a terra também respirou pelo vulcão dos
Capelinhos, e as gentes açorianas respira-
ram a liberdade quando receberam nas
suas mãos o passaporte, e o visto, que
lhes abria a porta do vasto continente
norte americano. Ainda que a adaptação
COLABORAÇÃO
tenha sido difícil para
todos, hoje habituaram-
se há eficiência, consu-
mismo e conforto que
foram adquirindo com o
tempo. Isso fez parte da aculturação e
ética de trabalho nesta terra. A exigência
profissional, desde a pontualidade, dis-
ponibilidade e responsabilidade levou-os
a serem respeitados no trabalho na comu-
nidade e na vila ou cidade em que vivem.
Devemos estar orgulhosos disso.
Embora tenham chegado a este país mal
preparados para de imediato fazerem
parte do mosaico social, industrial e
comercial, contudo venceram, porque
conseguiram lutar pela sobrevivência na
esperança de uma vida melhor para todos.
Chegaram com proficiências mínimas ou
US Cen- Profes- Farmers
sus Bu- sional &
reau 2000 Technical
(%)
MALES
Portu-
guese 6.5 1.2
Immi-
grants
Portu-
guese 15.1 1.6
Ameri-
cans
FE-
MALES
Portu-
guese 11.9 0.3
Immi-
grants
Portu-
guese 26.2 0.4
Ameri-
cans
quase nenhumas em todas as áreas técni-
cas ou literárias, consequência do sistema
político português de opressão social e
económica, que os obrigou a deixar os
seus cogumelos marinhos. Esta não foi
culpa sua, a culpa deve-se ao sistema Sa-
lazarista que não só limitou o conheci-
mento, como também estrangulou. O 25
de Abril de 1974 viria consolidar a
revolta estudantil dos anos sessenta que
levaria à democracia.
Seria bom relembrar aos mais jovens os
motivos pelo qual a emigração aconteceu.
Só conhece a complexidade da emigração
quem emigra, e só conhece a América do
Norte os que cá viveram, vivem e trabal-
ham. Hoje, e através da primeira, segunda
e terceiras gerações somos um grupo ét-
nico, inserido na sua totalidade em todas
as carreiras e profissões existentes neste
vasto país. O esforço das primeiras gera-
ções foi validado pelas gerações seguintes
que hoje as representam, que conhecem o
sistema social, político e económico e
sabem como progredir numa sociedade
em constante competição e desen-
volvimento.
Quem é persistente, trabalhador, dedicado
e honesto tem todas as possibilidades de
atingir os seus objectivos. Com pouca ou
mais instrução todos ganham o pão que
alimenta e suporta a família. Contudo, e
como todos sabem, a instrução é muito
importante em qualquer país do mundo,
neste país essa realidade não é diferente.
Hoje os nossos jovens, refiro-me a gente
entre os vinte e quarenta anos de idade,
representam e reflectem bem o que é o
mundo profissional norte americano.
O que nós éramos e continuamos a ser na
sociedade norte americana está reflectido
nas estatísticas da IPUMS (U.S. Census
Bureau) 1970 and 2000 em percentagem
(%). As estatísticas que vou indicar são só
do ano 2000, já que as de 1970 são
aproximadamente metade das de 2000. O
gráfico original tem várias variáveis mas,
só vou usar as seguintes: Portuguese Im-
migrants and Portuguese Americans,
Males and Females, contudo recomendo
que vejam a variável European American,
se nos quiserem comparar com os re-
stantes europeus que cá vivem e trabal-
ham, cujas percentagens se apresentam
muito em paralelo com as nossas.
Como as estatísticas demonstram, a difer-
ença entre quem o Census Bureau
Managers Clerical Sales Crafts-
men
10.2 6.4 3.1 26.2
11.5 10.4 7.3 20.2
5 21.4 5 5.2
8.5 33.9 7.1 1 4.6
chamou portuguese immigrants e portu-
guese americans é notório no tipo de
profissões escolhidas pelos portuguese
americans que facilitam a promoção
sócio-económica, que podemos consid-
erar fruto de uma instrução mais diferen-
ciada. Também é notório ver-se quanto a
mulher portuguesa progrediu na sua pro-
moção profissional, já que sempre foi a
que menos oportunidade de trabalho ou
instrução formal teve.
Há mais uma outra estatística que se in-
titula: Bachelor’s degree for persons of
portuguses ancestry, by state of residence
(U.S. Census Bureau, 2000, American
Factfinder), esse gráfico inclui sete esta-
dos (MA, CA, NJ, RI, NY, CT, FL) e diz-
nos que a média de pessoas com bachare-
latos (quatro a cinco anos de educação
universitária, chamado em Portugal licen-
ciatura) eram em 2000 de 24%, sendo
19% a média dos descendentes portugue-
ses nos mesmos estados com bacharela-
tos. Estes números são encorajadores, e
ao mesmo tempo indicativos para muita
gente com responsabilidade política e
social na comunidade portuguesa aqui e
em Portugal. Na realidade os jovens de
quem vos falo estão muito mais inseridos
e activos a todos os níveis neste país do
que possa parecer.
Devemos estar orgulhosos do que fizemos
por ser e somos nesta terra que nos acol-
heu. É a estes jovens que cabe a responsa-
bilidade de liderar e comunidade portu-
guesa no futuro. Com isto pretendo indi-
car que a coesão étnica é essencial no
contexto social, profissional, económico e
político. O dia que os açorianos, madei-
Tribuna Portuguesa
renses e continentais compreenderam que
só todos unidos serão uma força étnica
representativa e respeitada, compre-
enderão também o tempo que perderam
com divisionismos. Quando um grupo
étnico se organiza e protege como tal, a
coesão aumenta, aumentando também o
seu poder social e político. É tempo de
sermos reconhecidos como um grupo
participatório no processo económico e
político do país. Só a nossa voz como
grupo étnico pode levar-nos a ser recon-
hecidos e respeitados pelos governantes
deste país.
Nós somos correctos, respeitadores, hon-
estos, compreensivos e muito mais,
porque essa foi a educação que os nossos
pais nos ensinaram desde criança em
casa, cá ou lá, mas neste país temos que ir
Opera- Non- Laborers
tives Profes-
sional
Services
21.7 8.2 16.5
14.3 11.6 8
25.6 23.4 2.2
17.2 1.2
muito mais para além dessas boas quali-
dades. Competitividade faz parte inte-
grante do processo de inclusão ameri-
cano. Eu direi que a maioria das pessoas a
que me refiro votam a todos os níveis nas
cidades e vilas que escolheram para viver,
mas o que não existe é a coesão ou dia-
logo entre estes, organizações cívicas,
desportivas ou religiosas nas suas locali-
dades em geral, para que o número de
votantes seja identificado como luso-
português. Nós hoje temos números de
votantes suficientes e gente capaz de lid-
erar o futuro da nossa comunidade, toda-
via é preciso vontade, persistência, com-
preensão e dedicação à nossa causa,
porque só nós podemos fazer algo por nós
próprios. Reajustando as palavras do Pre-
sidente John Kennedy direi: não é o que o
país pode fazer por nós, mas sim o que
nós podemos fazer por nós próprios e
consequentemente pelo país.
Todos podem atingir o seu máximo,
profissional ou intelectual, mas têm que
ter vontade própria e tenacidade. Eu
talvez seja pragmatista, mas também não
deixo de ser realista e optimista, porque
vejo a realidade e praticabilidade das
coisas dentro das suas regras preesta-
belecidas. Acredito que as pessoas são
compreensivas, humanas e respeitadoras
dos direitos dos outros, pelo que hoje
mais do que nunca temos as condições
apropriadas para sermos uma comunidade
activa e participativa na vida deste país
em todos as suas vertentes.
Tribuna Portuguesa COLABORAÇÃO 15 de Novembro de 2008 13

Agua Viva
A Banda Açores 68 celebrou recentemente uma festa
de reunião no Salão Português de Alvarado, na
cidade de Union City.
Joseph Furtado
de angriação de fundos para a “Psoriasis Foundation”
no Sunol Valley Country Club.
E no dia 27 do mês pasado tocaram no salão Português

E is que, finalmente depois da grande cam-

panha eleitoral, com longas viagens aos
maiores estados, exposições e debates, rios de dinheiro
e tinta gastos e a grande expectativa, aconteceu o que
se previa: Barack Obama venceu esta batalha única da
história dos Estados Unidos da América. Quer muitos
queiram quer não, é a realidade e como agora se diz:
depois deste acontecimento qualquer coisa é viável de
realizar-se. O que é preciso é continuar a sonhar, ter
esperança, fazer planos e aguardar os bons resultados.
O Mundo está em constante mudança bem o sabemos,
mas com este grande acontecimento, mais mudanças
são esperadas e os povos de todas as nações estão de
olhos fixos neste presidente de cor negra, uma espécie
de Príncipe da Esperança, numa nação que ata o resto
do mundo com o bem ou o mal que lhe possa suceder.
Afinal de contas, na balança do conceito popular pouco

Açores 68 - um regresso de sucesso

O Salão estava completamente esgotado devido

pesaram as palavras mal contidas do veneno da inveja,
mesquinhez, repúdio e racismo, porque o que está es-
crito e destinado no Céu sempre acontece. E todos,
pessoalmente ou através da Televisão pudemos ver
lágrimas de emoção rolarem pelas faces de pessoas que
têm coração como nós, que têm vontade, esperança e
orgulho como nós, sentimentos que durante séculos
têm sido amordaçados e espezinhados. Este resultado
foi mais que uma vitória; foi uma lição para todo o
mundo. Uma lição de perseverança, de disciplina, de
conduta, de decência, e até de arte e inteligência, al-
guns dos valores essenciais porque se pode governar
um país para que este chegue a consenso de paz e seja
um exemplo a seguir por outros que a não conseguem.
Bem sabemos que nunca houve paz complecta na
Terra, porque toda a história do homem é feita de lutas
civis e entre povos, guerras mundiais, causadas pela
cobiça e inveja económicas, exploração de recursos
naturais, a instabilidade comercial, a diferença de cul-
turas, a ambição pelo poder, um turbilhão sem fim de
assuntos internacionais como a fome e as epidemias,
gerados pela irresponsabilidade de governação, mas
talvez não seja demasiado tarde para emendar o que
está mal, como reparar a injustiça, restituir a dignidade
a quem não possui mais que do essa riqueza para sin-
grar nas encruzilhadas da vida.
A tarefa que espera o novo Presidente dos Estados Uni-
dos é árdua, os caminhos sinuosos da política terão de
ser bem percorridos com sabedoria, compreensão,
amor, liberdade, paciência e muita fé, remédios para
grandes males, que não se encontram à venda em nen-
huma farmácia, a não ser dentro dele mesmo, na força
e temperança do seu carácter.
Como em tudo, há gostos e desgostos e saudosistas
sempre os haverá. A cautela é sempre pouca para uma
mudança desta natureza e por isso a América terá que
estar atenta no bom sentido de defender com coragem
o novo ocupante da Casa Branca, o homem que teve
mérito próprio para erguer a sua voz de entre o silêncio
mórbido em que viveu a raça Afro-Americana neste
País. Daqui para a frente ninguém sabe o que irá acon-
tecer. Seja como for, o Tempo muda, as Pessoas mu-
dam, as Condições modificam-se, as Nações tornam-se
diferentes. Que esta mudança seja de Felicidade, com
Paz, Pão e Liberdade para todos.
ao grande numero de pessoas da nossa co-
munidade que ainda se recordam com carinho
desta popular banda, formada por crianças em
1968.
A ideia de formar uma banda de jovens foi do
senhor José Amaral, e o nome foi escolhido
pelo o grande mestre de musica Eduino Avila –
usando o exemplo da muito popular banda
brasileira daquela época: Brasil 66.
Os elementos originais da Banda eram o Carlos
Avila (agora conhecido por Carlos Avalon na
arena musical), Joe Amaral, Connie Avila,
Louis Avila, e George Avila. O George tinha
apenas 7 anos e o Louis apenas 6.
Durante os anos 1968 -1974 os Açôres 68
tocaram em mais de 600 festas e mais de 200 Carlos Avalon, Louie DeCosta e Louie Avila
celebrações matri-moniais. Êste succeso duma banda de
jovens causou alguma controvérsia, e o sindicato dos de Alvarado (Union City) na sua reunião aniversarial. O
músicos interviu para proíbir a exibição da banda a director musical, Robert Koch, ensaiou e tocou com a
nível profísional. Um acordo entre a banda e o sindicato banda.
resoltou na entrada dum adulto (Eduino Avila) para a Ha 40 anos esta banda de jovens entrou no coração dos
banda. Em 1970 o jovem Louis DeCosta tambêm imigrantes que se reuniam nas festas portuguesas para
entrou na banda para tocar guitarra baixa. se divertirem e recordarem de Portugal. Desta vez, 275
A banda viajou em digressão musical com as irmãs antigos amigos dos Açores 68 juntaram-se para verem e
Alvernaz durante 6 meses, incluindo as ilhas de Hawaii, ouvirem aquêles que já foram jovens e para recordar os
e gravaram um disco com milhares de vendas. Tambêm velhos tempos. Foi uma noite animada e emocionante.
tocaram para elas na gravação dum dos seus discos.
Os Açôres 68 separaram-se em 1974 quando o Carlos
Avalon iniciou a sua carreira profísional e o Louis
DeCosta entrou no exército. Reuniram-se em 1981 para
tocar uma canção “I believe in Music” para uma festa
Rádio Clube
Português
Director: João Vidal Cardadeiro
Produtor: José C. Rosa
Aos Sábados das 2:05 às 5 da tarde
Estação: KNRY - 1240 AM
www.knry.com
Monterey, CA
Telefones: 408-259-2988 San José Joe Amaral
Filipe S. Lima
Médico Dentista
Extracção e Obturação de Dentes
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Consultas: Segunda, Terça, Sexta 8am - 5pm 1600 Colorado Avenue
Quarta - 7am - 5pm Turlock, CA 95382
Quinta-feira - 7am - 1pm Telefone: 209-634-9069
14 15 de Novembro de
Lufada de
Ar Fresco
S
e existe uma palavra no voca-
bulário de todas os idiomas mun-
diais que cause pânico, essa
palavra é o “Cancro”. Em 2007, a
nível mundial, o Cancro foi responsável
pela morte de 8 milhões de pessoas e
apareceram 12 milhões novos casos no
mesmo ano. Trata-se da maior praga e a
maior batalha cientifica dos nossos tempos.
Se ao passear na rua nos dirigimos a uma
pessoa ao acaso e lhe perguntamos se tem
um amigo ou familiar com Cancro, a
probabilidade dessa pessoa responder
“sim” é infelizmente elevada.
Particularmente na comunidade Portu-
guesa, os números de casos não se
contam pelos dedos. Na passada Festa de
Nossa Senhora de Fátima de Thornton,
inúmeros portugueses presentes acende-
ram velas pedindo a Deus que ajudasse
um familiar em sofrimento devido ao
cancro ou rezando pelos que já sofreram.
É difícil encontrar uma família que não
tenha sido afectada pelo cancro de forma
directa ou indirecta. Quase todos nós
temos ou tivemos familiares ou amigos
que têm ou tiveram de sofrer imenso com
o cancro, alguns sobrevivendo e outros
partindo deixando feridas nas respectivas
famílias difíceis de sarar. O Cancro foi
responsável pela partida do meu avô
paterno, Alvarino Mello, em 2003 e
recentemente deixou sérias marcas na
minha família materna ao ser responsável
pelo falecimento do meu querido Tio José
Alberto Rodrigues, que era um membro
bem conhecido na comunidade portu-
guesa da Califórnia.
Ao vermos uns partir e outros a sofrer
com o Cancro, a visita ao médico, para
além de essencial, também causa ansie-
dade pois o Cancro não é daquelas coisas
que só acontecem aos outros e para além
disso também não escolhe idades, embora
pessoas mais idosas estejam mais sujeitas.
Esta ansiedade prende-se com o facto do
Cancro ser uma doença ainda sem cura
definida, embora haja tratamentos como
cirurgia, quimioterapia e radioterapia. São
vários os casos de sucesso após trata-
mento mas nem todo o tipo de cancro é
tratável e aquele que pode ser tratado tem
de ser “apanhado” a tempo. E mesmo
sendo tratável, o canceroso é muitas vezes
submetido a um sofrimento físico e psico-
lógico quase desumano.
Por agora, a melhor cura é a prevenção.
Estudos recentes parecem concordar nas
causas de alguns cancros e apontam a
exposição a radiações solares, infecções
de vírus, e produtos carcinogénios como
alguns dos maiores responsáveis.
Carcinogénios químicos encontram-se no
tabaco e também se podem-se encontrar
em algumas comidas. Investigações re-
centes também apontam para o
aparecimento de carcinogénios em carnes
COLABORAÇÃO Tribuna Portuguesa
que são grelhadas até ao ponto de apare- tratamento de cada caso de cancro como Actualmente está na Universidade de
cerem zonas queimadas. Para além destas um caso único e exclusivo da pessoa em Davis a completar o B.S. em Nutrition
causas, os especialistas também apontam questão, e no olhar dos cientistas, 2040 Biochemistry (Pre-Medicene), requeri-
para a obesidade e o consumo de álcool parece ser uma meta bastante realista. Até mento necessário para prosseguir
como factores que aumentem o risco lá resta-nos apoiar os que mais precisam, Medicina em 2010.
embora aqui o mar navegado seja um esperar, ter fé, e acreditar na ciência.
pouco desconhecido pois existem mais Tribuna Portuguesa sauda este jovem que
incertezas do que certezas. Nota do Editor - Paul Mello nasceu quer vingar numa profissão altamente
Por vezes torna-se difícil acreditar na- em Fremont em 1987, foi para a Terceira competitiva e complexa.
quilo que os cientistas dizem pois são em 1995 e regressou à California em
vários os casos que se conhecem de 2005 para continuar o seu sonho de
pessoas que toda sua vida fumaram e estudar Medicina.
beberam e acabam por viver para além do
esperado e sem que o cancro lhe bata à Fez o Liceu em Angra do Heroísmo e em
porta, enquanto outros, que, aparente- Maio de 2008 acabou o A.S. em Biologia
mente levavam uma vida saudável, com High Honors.
acabam por ser diagnosticados com
Cancro. Tais casos se explicam com o
facto de todos sermos diferentes uns dos
outros.
Especialistas que dedicam sua carreira à
investigação do Cancro afirmam que os
prognósticos são animadores. Este verão
passado tive a oportunidade de estagiar
no departamento de Neurocirugia da
Universidade de Davis-California e
durante esse periodo convivi com vários
cientistas que investigam o cancro e ao
conversar com eles era patente a con-
fiança que eles tinham num futuro
animador perspectivando alcançar uma
cura brevemente. E a avaliar pelo artigo
da Dra. Bernadine Healy publicado numa
das recentes edições da revista “US
News”, o tal “brevemente” aponta para o
ano 2040. Tal previsão é possível devido
à nova perspectiva com que os cientistas
estão a encarar o Cancro: analisar cada
caso como um caso diferente de todos os
outros, aquilo que a Dra. Healy denomina
de “personalized medicine” ou medicina
personalizada em Português. Prefira produtos dos nossos
Neste momento, os cientistas trabalham
para descodificar as letras que constituem patrocinadores
o alfabeto desta “língua” da qual pouco se
entende. Provavelmente não será apenas
um cientista ou instituição a descobrir
uma cura definitiva, mas sim um grupo de
Sponsor our
vários cientistas espalhados pela mundo
contribuindo aos poucos com a desco-
advertisers
berta de mais um letra para o “alfabeto” 122 páginas sobre Toiros, Cavalos,
do Cancro. Corridas e Touradas à Corda
Ao saber-se o “alfabeto” do Cancro será
possível perceber como se formam as Resumo da Temporada de 2007 da Ter-
diferentes “palavras” (diferentes tipos de ceira, Graciosa, São Jorge e California.
cancro) e assim se poderá tratar cada caso
como um caso diferente. Isto torna-se 395 fotografias de toiros
fundamental porque embora quase todos 195 fotografias antigas na velhinha
os cancros pareçam semelhantes debaixo
do microscópico, existem grandes dife- Praça de São João
renças genéticas de um caso de cancro do Contactar: Tribuna Portuguesa
pulmão para outro caso de cancro no
pulmão e a prova disso é que o mesmo 209-576-1951
tratamento resulta para um caso mas não
resulta para o outro. Vende-se no Rosa Trade Rite Market, Padaria
Portanto, o grande objectivo dos Popular, San José, Fernandes Linguiça, Tracy
cientistas é conseguir métodos para o
Visite a webpage da
Portuguese Heritage Publicatiosn
of California
www.Portuguesebooks.org
Tribuna Portuguesa FESTAS 15 de Novembro de 2008 15

Fotos de Jorge Avila “Yaúca”

O tema deste ano do Bodo de Leite foi “A Paixão, Morte e Ressureição”.

As fotografias mostram bem todo o trabalho cénico feito pelo povo de Hilmar
16 15 de Novembro de 2008 FESTAS Tribuna Portuguesa

Como se pode observar pelas fotografias, muita juventude neste Bodo de Leite

Como já é tradicional, a Festa em Louvor de

Nossa Senhora do Rosário em Hilmar é a última
do ano, por isso atrai muita gente e até pensamos
que em termos relativos, é a festa que mais tem
crescido nos últimos anos.
É uma festa muito bem organizada, com um
conjunto de pessoas com muita experiência, que
ajuda sempre, qualquer que seja o Presidente da
mesma.
O Bodo de Leite deste ano, tal como em outras
festas em redor de Hilmar, foi baseado em temas
religiosos.
Hilmar foi das primeiras festas há cerca de quase
vinte anos que começou a usar temas nos seus
desfiles. Foram sempre muito variados e bonitos
e outras festas copiaram o modelo que é muito
bem aceite pela nossa comunidade. Tem sido
sempre uma lição de história do nosso povo e
mais recentemente com temas religiosos.
Para efeitos de segurança foi colocada uma ve-
dação entre os carros de bois e o povo durante a
benção dos animais. Antes prevenir do que
remediar.
O programa da festa foi bem cumprido e no Do-
mingo houve a Missa Solene assistida por cerca
de mil pessoas, com pregador convidado vindo
da Terceira, Padre Jacinto Bento, acolitado por
Monsenhor Myron Cotta e Padre Hilary Silva,
da paróquia da Festa.
A organização da Festa está realmente de Liliana Sousa ia formosa e bem segura, como diria qualquer poeta que a visse
parabéns.

Embaixo - Manuel dos Santos, António Azevedo, José

Ribeiro, Vital Marcelino. João Pinheiro, Adelino Toledo e
João Angelo e um futuro tocador
Tribuna Portuguesa FESTAS 15 de Novembro de 2008 17

Aspectos da Procissão de Nossa Senhora do Rosário de Hilmar

Debaixo do pálio, o Padre Jacinto Bento, Monsenhor Myron Cotta e Padre Hilary Silva

Esquerda:
Presidente da Festa
Frank e Manuela
Enes com o filho
Nathan

Manuel e Maria Almada, Secretária; Maria Xavier, Tesoureira; Manuela e Frank Enes, Presidente
18 15 de Novembro de 2008 HILMAR/PATROCINADORES Tribuna Portuguesa

Coro Português da Paróquia de Hilmar - sempre em bom nível

Amin
Ashrafzaden, MD

Cornea & Refrac-

tive Surgery
Catarat Surgery
Board Certified
Ophthalmologist
Tribuna Portuguesa COMUNIDADE 15 de Novembro de 2008 19

Tal como Diniz Borges diz, lançar um livro de poesia é

um acto de coragem, mesmo nos tempos que correm.
Em “Apenas Duas Palavras” o nosso colaborador da Maré
Cheia dá-nos um retrato deste encontro cultural que teve
lugar no Portuguese Athletic Club de San José.
José Luís da Silva é já sobejamente conhecido da nossa
comunidade, muito em especial da nossa comunidade
jovem, estudante.
Outro dia dissemos que este professor iria reformar-se
este ano, o que não é verdade (para bem de muita gente).
O José Luís vai ainda trabalhar neste ano lectivo e sabe-se
lá se ainda continuará em 2010. Embora a vida de profes-
sor seja uma vida realmente cheia de trabalho, desistir
dela custa muito, como muitos já o têm dito.
Até esse dia, o que é importante é que todas as potenciali-
dades profissionais deste distinto professor sejam
aproveitadas ao máximo para bem dos nossos filhos e da
nossa comunidade.
A apresentação do livro foi simples, bem medida no
tempo e até deu para gozarmos e muito, com a voz do
Roberto Lino e a música de mestre Hélio Beirão e do Nel-
son Ponta-Garça.
Penso que é altura agora de aparecerem mais livros de
contos, novelas, biografias. A Portuguese Heritage Publi-
cations of California existe precisamente para dar opor-
tubidades a quem nunca as teve. José Luís da Silva - foi uma noite de emoções fortes para este professor e poeta da nossa comunidade
Queremos crer que haverá na nossa comunidade muitos
valores “escondidos”. Que saiam da toca e já...

Padre Manuel Bernardo Soares dando a benção a esta função literária como é norma nestas ocasiões

O Mestre de Cerimónias José Rodrigues, como já é seu tim-

bre, levou a bom termo o seu papel de moderador deste
evento.
Embaixo - Diniz Borges na apresentação do livro “O Cântico
do Silêncio”. Podem ler na íntegra esta apresentação na
página 26, na Maré Cheia.

Hélio Beirão, Roberto Lino e Nelson Ponta-Garça sendo filmados pelo Agostinho Barbosa para Contacto California
Embaixo - aspecto parcial da bonita Sala do Portuguese Athletic Club, com José Rodrigues no uso da palavra

Três amigos desde a instrução primária - João Leite, José

Luís e Mário Ribeiro
20 15 de Novembro de 2008
“Tudo deixamos e trouxemos,
como retrato de família
- por fora ausentes,
no cerne lá.
(Pedro da Silveira, em “Para Vitorino
Nemésio” in: Corografias,1985)
É muito bom estar em Lisboa e caminhar
por suas ruas em qualquer estação do ano.
A cidade expressa um pulsar da vida em
ritmo de fado que me fascina. Seu tecido
urbano em contínua mudança revela for-
mas sinuosas da modernidade arqui-
tetônica sem perder o velho charme que
sempre me encanta e fico tentada a saudá-
la com um fado, a expressão maior da
alma lisboeta, ao passar por suas ruas,
alamedas e jardins.
Lisboa, a capital de Portugal, país que
num passado recente assistiu a partida de
tantos portugueses que viram na
emigração a única saída viável para a sua
sobrevivência com dignidade, mostra uma
nova “cara” no alvorecer do século XXI –
a face do acolhimento de tantos imi-
grantes que buscam os mesmos sonhos de
quem um dia partiu para além das terras
lusitanas – foi palco do Congresso
Internacional sobre Narrativa e Diáspora
Portuguesa (1928-2008)/Narrating the
Portuguese Diaspora (1928-2008):
International Conference on Storytelling,
realizado de 23 a 25 de outubro,tendo por
local o campus da Universidade de
Lisboa. Por três dias, a Universidade de
Lisboa e a sua Faculdade de Letras
acolheram estudiosos e escritores
oriundos das comunidades da diáspora
portuguesa espalhadas pelo mundo que
debateram a realidade diaspórica sob
diferentes perspectivas. A reflexão e o
discurso coerente abraçaram os dois
mundos distantes na geografia espacial e
aproximados pela grande corrente
humana da emigração tecida com fios da
esperança e fortalecida por relações
histórico-culturais da diáspora
portuguesa.
PROGRAMA
6:00 - 7:30 Hora Social,
com provas de vinhos e
queijo
7:30 Jantar
9:00 Entretenimento
Musical
10:00 Baile
COLABORAÇÃO
O diálogo com passado e o presente
expressas em multifacetadas narrativas
falaram de vivências absolutas, de um
novo repensar, de uma nova arquitetura
da escrita, da construção de uma
cartografia no âmbito da literatura
assentada na ruptura, no reencontro, no
registro da memória, na identidade. Se o
objetivo precípuo do Congresso era,num
contexto internacional, promover o
debate, dar a conhecer, refletir sobre a
Diáspora Portuguesa em aspectos
díspares, sua finalidade foi alcançada em
total plenitude.
O Congresso Internacional sobre a
Diáspora Portuguesa (1928-2008) já vai
à sua 4ª edição. As duas primeiras
edições, inicialmente organizadas por
Irene Maria Ferreira Blayer, foram
realizadas na Brock Univer-sity,
Ontário,Canadá,em 1999 e 2001 e a
terceira, tendo por temário:International
Conference on Storytelling and Cultural
Identity/Congresso Internacional de
Literatura Oral e de Identidade Cultural,
teve lugar em Angra do Heroísmo, Ilha
Terceira, Açores, Portugal, em 2005,
sendo organizado por Irene F.Blayer e
Francisco Cota Fagundes da University of
Massachussetts, Amherst, USA.
Editaram-se três volumes de ensaios
seletivos referentes aos três Congressos,
assi-nalando a seriedade acadêmica e a
capacidade organizacional de seus
promotores.
Sob a competente organização dos
Artistas Convidados
Zé Duarte
Ilda Maria Ramos
Manuel Cabral
Grupo “Saudades da
Terra”
Uma Noite para partilhar amizades
professores Irene Maria Ferreira Blayer
(Brock University), Francisco Cota
Fagundes(University of Massachussetts),
Teresa Alves e Teresa Cid (Universidade
de Lisboa) o Congresso realizado no
campus da Universidade de Lisboa
revelou toda a sua maturidade no pri-
moroso planejamento,no programa de
altíssimo nível elaborado com esmero, no
grau de excelência dos trabalhos apre-
sentados em cinco sessões plenárias no
Salão Nobre da Reitoria e vinte e quatro
sessões paralelas na Faculdade de Letras,
oportunizando intenso debate multi-
disciplinar, trocas substanciais e
abundante partilha de conhecimento e
experiências, numa intimidade com temas
de seu passado ou atuais e inovadores
bem de acordo com as pluriformes
expressões culturais da sociedade
globalizada e, sobretudo, trazendo à tona
preocupações e questões atinentes ao
cotidiano dos congressistas e convidados.
Sem dúvida, um grande Congresso que,
ao promover o debate sobre Narrativa e a
Diáspora Portuguesa, fez circular os mais
renomados nomes da pesquisa e da
literatura. Uma presença maciça da malta
açoriana da diáspora americana e do
arquipélago dos Açores, uma região
fabulosa por sua beleza natural, pela
intensidade do sentido de pertença do
espaço insular e do sentido da errância
por outras terras, por onde foi seu povo
levando a casa às costas e às ilhas no
coração. Um sinal inconteste do
Para compra/
reservas de bilhetes
Manuel Eduardo Vieira 209-761-0691
Lucia Noia
António Aguiar
Donativo: $50.00 por pessoa
Tribuna Portuguesa
Lélia Pereira Nunes
reconhecimento ao trabalho ímpar dos
açorianos Irene Blayer e Francisco Cota
Fagundes, vozes emigrantes das ilhas de
São Jorge e Terceira, respectivamente.
O Congresso Internacional sobre
Diáspora Portuguesa, cronologicamente
balizado pela data da publicação do
romance Emigrantes de Ferreira de
Castro e pela atualidade, teve o patrocínio
do Governo Português, do Governo
Regional dos Açores, das Universidades
de Lisboa, Brock (Ontário, Canadá) e de
Massachusetts Amherst (Estados Unidos)
e ainda de empresas do mundo português
e canadiano. Parceiros no patrocínio, no
aval, no apoio inegável e na presença
efetiva desde a sua sessão de abertura até
o seu comovente encerramento na noite
de 25 de outubro, sábado outonal de
Algés, como a do Reitor António
Sampaio da Nóvoa,da Universidade de
Lisboa, do Vice-Reitor Terry Boak da
Universidade de Brock e de Alzira Maria
Serpa Silva, Governo Regional dos
Açores aqui citados por sua expressiva
participação.
Mais uma edição do Congresso chega ao
seu término. Da ciranda dos dias de
convivência profunda ficam as sementes
deitadas em solo fértil e das entranhas da
terra hão de nascer frutos em profusão e
no ar o seu aroma se espalhará
desaguando em promessas, projetos,
certezas e muitas histórias que falam de
ausências e presenças, de sonhos, de
voos alçados pelo imaginário, de
esperanças misturadas aos anseios da
descoberta do mundo maiúsculo, finito e
infinito construído em terras de
acolhimento.
Do Congresso Internacional sobre
Narrativa e Diáspora Portuguesa de
2008 fica assegurada a sua continuidade e
o seu legado, traduzido em palavras,
escritas, vozes, iluminará o nosso
caminhar como um grande farol do saber.
Florianópolis, 31 de outubro de 2008
Contactar:
559-960-5974
562-402-9448
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Novembro de 2008 21

Genuino ancorado em Durban

Rota Prevista

Açores - Cabo Verde - Brasil -

Uruguai - Argentina - Cabo Horn
(Chile) - Chile - Ilha de Páscoa -
Polinésia Francesa - Samoa - Fiji
- Austrália - Timor - Indonésia -
Maurícias - Madagascar - África
do Sul - Ilha Sta Helena -
Açores.
 15 de Fevereiro de 2001
Tribune DESPORTO
DESPORTO
ACTUALIDADE 1 de115
Março
dede
Julho
Maio
Abril
de de
2001
de
2001
2001

Champions League — Oitavos-de-final à vista

Sporting, FC Barcelona e Juventus já qualificados

O objectivo de vários clubes na quinta jornada é alcan-
çar os oitavos-de-final da UEFA Champions League,
quando fica a faltar uma ronda para terminar a fase de
grupos.
Grupo A:
Uma vitória do Chelsea FC, dos portugueses Hilário,
Paulo Ferreira, Bosingwa, Ricardo Carvalho e Deco, na
deslocação ao terreno do FC Girondins de Bordeaux,
terceiro classificado, garante a qualificação para o final-
ista vencido da edição da época anterior, independente-
mente do resultado entre AS Roma, segunda classifi-
cada, e CFR 1907 Cluj, último do agrupamento. O líder
do grupo parte para a quinta jornada com um ponto de
vantagem sobre a Roma e o Bordéus.
Grupo B:
Os dois primeiros classificados podem apurar-se no dia
26 de Novembro, com uma jornada ainda por disputar.
O líder FC Internazionale Milano, orientado por José
Mourinho e onde alinham Figo e Quaresma, passa à
fase seguinte com uma vitória ou um empate frente ao
Panathinaikos FC, em casa. Os "nerazzurri" até se po-
dem dar ao luxo de perder, mas só no caso de o Anor-
thosis Famagusta FC e Werder Bremen (de Hugo
Almeida) empatarem, já que essa combinação de resul-
tados seria suficiente. A formação cipriota, uma das
surpresas da prova, atinge os oitavos-de-final pela
primeira vez se vencer e o Inter fizer o mesmo no re-
spectivo jogo.
Grupo C:
Aqui, está tudo resolvido: Barcelona e Sporting carim-
baram a passagem aos oitavos-de-final na quarta jor-
nada, quando o conjunto espanhol empatou com o FC
Basel 1893, e a formação lusa derrotou o FC Shakhtar
Donetsk.
Grupo D:
Os líderes Club Atlético de Madrid, dos lusos Maniche
e Simão, e Liverpool FC, podem prolongar a sua per-
manência na UEFA Champions League se vencerem em
casa o PSV Eindhoven e o Olympique de Marseille,
respectivamente. O Atlético também se qualifica se em-
patar e o Liverpool não conseguir vencer. Um ponto
Sporting CP apurado para os oitavos-de-final após ter
vencido o FC Shakhtar Donetsk
também será suficiente para os "reds", que, tal como o
Atlético, contabilizam oito pontos, isto desde que o PSV
não triunfe em Madrid.
Grupo E:
Com o Manchester United FC, de Cristiano Ronaldo e
Nani, e o Villarreal CF em boa posição, dispondo de
uma vantagem de seis pontos sobre o Celtic FC e o Aal-
borg BK, ambos podem qualificar-se no dia 25 de No-
vembro. Os dois clubes só não o conseguirão se aconte
cer a seguinte combinação de resultados: o Villarreal
derrotar o Manchester, e o AaB vencer o Celtic em casa,
algo que deixaria o detentor do troféu na expectativa;
uma vitória do Manchester em Espanha, combinada
com um triunfo do Celtic, frustrará as intenções do Vil-
larreal.
Grupo F:
O Olympique Lyonnais parte para a quinta jornada sa-
bendo exactamente o que precisa de fazer para passar à
próxima fase: não perder com a ACF Fiorentina, onde
alinha Manuel da Costa. O FC Bayern München pode
ter o mesmo número de golos que o Lyon, ainda assim
está numa posição mais confortável. Somente se o
Bayern perder em casa frente ao FC Steaua Bucureşti
(de Tiago Gomes e Semedo), último classificado, e a
Fiorentina derrotar o Lyon é que os bávaros não po-
derão festejar.
Grupo G:
O Arsenal FC detém uma vantagem de dois pontos so-
bre o FC Porto, e conseguirá a qualificação com um
triunfo em casa sobre o FC Dynamo Kyiv. O FC Porto
qualifica-se se vencer o Fenerbahçe SK, na Turquia, a
não ser que esse máximo de pontos coincida com uma
vitória do Dínamo frente ao Arsenal.
Grupo H:
Depois de duas vitórias consecutivas sobre o Real Ma-
drid CF, de Pepe, a Juventus de Tiago foi a primeira
equipa a atingir os oitavos-de-final, logo na quarta jor-
nada. A formação espanhola também segue no seu en-
calço se vencer o FC BATE Borisov, na Bielorrússia,
desde que o FC Zenit St. Petersburg (do português
Danny), terceiro classificado, não consiga vencer a Ju-
ventus, em casa.
Uefa.com
.

SÉRIE Portugal Taça de Espanha

AÇORES mantém-se em
10.º no Real surpresa
2008/09 "ranking" da em Madrid
III Divisão
FIFA
2008/09 Alemanha sobe ao 2° lugar
por troca com a Itália O Real Madrid CF foi eliminado de
Resultados: (7ª Jornada) forma surpreendente da Taça de Espanha
Resultados 7ª Jornada pelo Real Unión Club, da terceira di-
Marítimo PDL - Madalena 0-0 Os empates com a Suécia e Albânia visão, e perdeu a oportunidade de lutar
U. Micaelense - Capelense 2-2 não penalizaram a Selecção Nacional por um troféu que já não conquista desde
Vitória de Setúbal 0 Trofense 2 Angrense - Lusitânia 2-0 na posição que ocupa no "ranking" da 1993.
Naval 1.º Maio 1 FC Porto 0 Vilanovense - Rabo Peixe 0-0 FIFA. Na actualização feita esta quarta-
Rio Ave 0 Sporting 1 feira, Portugal mantém o 10.º lugar,
Boavista S. Mateus - Vitória 2-0 Vitória na primeira mão
Leixões 2 P. Ferreira 1 agora ex-aqueo com a Inglaterra.
E. Amadora 1 Belenenses 1
Académica 1 Sp. Braga 1 Classificação: O clube de Irun venceu a Taça de Es-
A Espanha, campeã da Europa, con- panha por três vezes entre 1918 e 1927,
Vitória de Guimarães 1 Benfica 2 tinua na liderança. O 2.º lugar é agora
Clubes J V E D Gm-Gs P mas actualmente joga no mesmo escalão
Marítimo 4 Nacional 2 ocupada pela Alemanha, vice-campeã da equipa de reservas do Real. Os bascos
Angrense 7 4 2 1 13-5 23 europeia, por troca com a Itália. impuseram-se em casa por 3-2 no encon-
Classificação: Madalena 7 4 2 1 17-7 20 tro da primeira mão, ficando com uma
Classificação: vantagem complicada de defender no
Clubes J V E D Bm/Bs P
Capelense 7 3 4 0 16-9 18 Santiago Bernabéu. No entanto, a sur-
Leixões 7 5 1 1 12-8 16 1. (1) Espanha presa começou a desenhar-se nos
Benfica 7 4 3 0 13-8 15 Boavista 7 3 4 0 7-1 16 2. (3) Alemanha primeiros minutos, quando Paul Abasolo
Nacional 7 4 1 2 12-9 13 Lusitânia 7 1 4 2 6-8 13 3. (2) Itália colocou os visitantes em vantagem no
Sporting 7 4 1 2 8-5 13 4. (5) Holanda segundo jogo. Raúl González empatou
Vilanovense 7 1 3 3 7-16 10 5. (4) Brasil aos 36 minutos, mas os visitantes re-
Naval 7 3 2 2 9-7 11
.E. Amadora 7 3 2 2 5-8 11 6. (7) Argentina sponderam através de Asier Salcedo,
Marítimo 7 1 3 3 2-7 08
Marítimo 7 3 2 2 9-5 11 7. (6) Croácia que, poucos minutos após o intervalo,
Vitória 7 1 3 3 10-13 06 8. (9) Rússia colocou o marcador em 1-2.
FC Porto 7 3 2 2 9-6 11
9. (8) Rep. Checa
Sp. Braga 7 2 3 2 9-5 9 U.Micaelense 7 1 3 3 7-11 06
10 (10) Portugal Final emocionante
V.Guimarães 7 2 3 2 7-7 9 In Record
Rabo Peixe 7 1 2 4 6-14 01
Académica 7 2 3 2 4-5 9
Raúl voltou a empatar o encontro e Al-
V. Setúbal 7 2 1 4 3-7 7 berto Bueno marcou para o clube
Rio Ave 7 1 3 3 5-7 6 Próxima Jornada (8ª) Melhores "merengue" a meio do segundo tempo,
Belenenses 7 0 4 3 5-10 4 Marcadores empatando a eliminatória. Raúl comple-
Trofense 7 1 1 5 6-12 4 Boavista S. Mateus - Madalena Pico tou o seu "hat-trick" a cinco minutos do
Capelense - Marítimo P. Delgada Pos. Nome (Clube) Golos
P. Ferreira 7 0 2 5 8-15 2 final e parecia que o Real Unión estava
Lusitânia - U. Micaelense condenado à eliminação. Mas ainda ha-
Rabo de Peixe - Angrense 1 William (P. Ferreira) 5
Próxima Jornada (8ª) 2 Nené (Nacional) 5 via tempo para consumar o escândalo na
Vitória do Pico - Vilanovense capital espanhola. Eneko Romo estabele-
3 Wesley (Leixões) 5
4 Cardoso (Benfica) 4 ceu o resultado final de 4-3 já em tempo
Tofense x Marítimo
5 Douglas (V. Guimarães) 4 de compensações e apurou os visitantes
FC Porto x Vitória de Guimarães
6 Meyong (Sp. Braga) 4 para os oitavos-de-final devido aos golos
Sporting x Leixões
7 Marcinho (Marítimo) 3 marcados fora de casa. Os restantes en-
P. Ferreira x Naval 1.º Maio
8 Braga (Leixões) 3 contros da eliminatória serão disputados
Nacional x Rio Ave
9 H.Postiga (Sporting) 2 na quarta e na quinta-feira.
Benfica x E. Amadora
Sp. Braga x Vitória de Setúbal 10 Lucho G. (FC Porto) 2
Belenenses x Académica uefa.com
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Novembro de 2008 23

Esporão - o melhor do
Alentejo $18.99

Ouça a Voz da Comunidade na

KNRY 1240 AM em Monterey
Domingos das 3 às 5 horas
Voz da Comunidade é transmitido a partir do novo
estúdio no Salão da I.S.T.W. em Watsonville.
Produzido e apresentado por um grupo de volun-
tários para serviço da comunidade Portuguesa da
Baía de Monterey e cidades circunvizinhas. Tam-
bém nos podem sintonizar através da Internet,
ligando para www.knry.com. Para qualquer anún-
cio de interesse comunitário, por favor entrem em contacto connosco,
escrevendo para PO Box 337 Watsonville, CA 95077 ou ligando para
831 722 7375 ou Fax 831 728 2732 ou ainda por email vozdacomuni-
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D
epois dos
tiro s no
c h apéu ,
ainda não
tive tempo de comprar
outro. Na América não
é fácil conseguir este
tipo de chapéu espan-
hol.
Até lá, vou usar uma boina francesa, que usei muitas
vezes quando era criança.
Thornton, 20 de Outubro
de 2008
Festa de Nossa Senhora de
Fátima de Thornton
Cavaleiros - Rui Fernandes,
Sónia Matias
Matador - José Ignácio Ramos
Grupo de Forcados de Tur-
lock
Director da Corrida - João
Gonçalves
Toiros de Manuel da Costa
Junior (3) e Açoriana (3).
Banda de Tracy
Praça cheia. Noite boa.
Curiosidade - os seis toiros
eram todos castanhos
(colorados).
O Director avisou que não
queria pessoas debruçadas na
barreira. Muito bem. Infeliz-
mente o matador e o nosso
Mário Teixeira não ouviram a
recomendação.
Rui Fernandes recebeu o
primeiro colorado # 115,
pesado, da ganadaria Açoriana
com garras de vencer mais uma
vez. Muitos protestos contra os
bandarilheiros. Muitos capato-
zos desnecessários. Nos compri-
dos nada houve, ferros a correr,
sem citar e sem parar o cavalo.
O Rui, das duas uma - ou não se
entende com o cavalo ou não
gosta de ferros compridos. Já no
Sábado foi a mesma coisa.
Nos curtos, bregou muito bem,.
O seu primeiro curto bateu
noutro ferro e caíu no chão. Nos
restantes, toureou sempre fron-
talmente dando vantagem ao
toiro sempre que este o quisesse
fazer. Cravou bem. O toiro
cumpriu. Rui gosta de aquecer e
depois dá espectáculo, Foi sem-
Sónia Matias deixou boa impressão em Thornton
Durante muitos anos Thornton tem tido uma Feira com muito sucesso, com excepção
de um ou dois anos, onde os toiros e alguns artistas não corresponderam às expectati-
vas. Só se pede para o futuro o controle total das pessoas entre-barreiras, antes que
haja um dia algum problema que ponha em causa o futuro da nossa tauromaquia.
Aqui fica o pedido de um aficionado interessado em que a nossa festa seja melhor.
pre em
c r e s -
cendo.
No fim
cravou
um belo
par de ban-
darilhas.
Boa actuação do Rui.
Pega de Michael Lopes com
valentia, acabando o toiro de
bater na trincheira, porque o
grupo abriu muito, deixando o
toiro lever o forcado nos cornos
até ao fim. Poderia ter sido
perigoso.
Toiros assim, não
O segundo toiro da ganadaria
Manuel da Costa Junior # 90,
corniaberto, era pesado de mais
e possivelmente com idade, para
poder ter sido corrido nesta
feira. Esta feira não serve para
fazer concursos de carne. Esta
feira é importante de mais para
se poder aceitar tais toiros.
Por azar o toiro era manso e
perdeu-se tempo com isso.
Mesmo assim Rui Fernandes
deu todo o seu melhor e tirou o
que o toiro tinha dentro de si.
Manuel da Costa tem toiros
bastantes para não ter necessi-
dade de apresentar este tipo de
toiro.
Nos compridos foi tudo igual
aos outros.
Nos curtos e com o toiro muito
parado, houve dificuldades de
cravação, com muitas saídas em
falso.
Cravou-se o que se poude e
como se poude.
A primeira tentativa de Jason
McDonald poderia ter sido
muito boa, mas o toiro ao des-
viar-se para a esquerda, deixou
o grupo fora, mas mesmo assim
Jason ageuentou-se até não po-
der mais.
A segunda tentativa de Jason,
carregada foi mesmo assim
muito valente, mas com grande
ajuda do Tiago, tendo em aten-
ção o tipo de toiro que deu
muita luta,
Sonia Matias também toureou
um Colorado da Açoriana #
144, mas a partir da altura em
que o toiro tentou saltar a bar-
reira, a cavaleira ficou muito
nervosa e a sua actuação
revelou isso mesmo. Toques,
falta de atenção na cravação,
etc. Não preciso dizer mais.
Nada lhe saía bem. Às vezes
acontece estas coisas. O toiro
cumpriu o seu trabalho.
De realçar que Sónia não deu
volta à praça, mostrando enten-
der a realidade das coisas e não
Rui Fernandes - um lindo par de bandarilhas. Reparem no cavalo.
seguindo o exemplo de muitos
outros cavaleiros portugueses
que dão volta por dá cá aquela
palha, demonstrando falta de
honestidade e profissionalismo,
a que já estamos acostumados.
Muito bem, Sónia.
Excelente pega de Tiago
Pereira, muito bem ajudado
pelos primeiros ajudas. O toiro
baixou muito a cabeça, levou os
forcados ao chão e ao levantar a
cabeça ainda teve força para
deitar por terra o terceiro e
quarto ajudas, ficando o Tiago e
o primeiro ajuda sempre nos
cornos do toiro até o grupo reor-
ganizar-se. O primeiro ajuda
esteve muito bem em ajudar a
colocar o Tiago nos cornos do
toiro, quando este caíu.
Volta merecida do forcado e
primeiro ajuda. Muito bem.
Pega de Jason McDonald bem ajudado pelo grupo
Sónia melhor no segundo
Sónia Matias também teve um
toiro com peso a mais e manso.
Numa terra onde não se ban-
darilha (isto é, não se usam ban-
darilhas de castigo) trazer toiros
desta género não serve a nin-
guém. Nem ao ganadero que
fica mal visto, nem aos artistas
que têm dificuldade em triunfar,
nem à Feira que trabalhou tanto
para que tudo corresse bem.
Temos que aprender para o fu-
turo, para que isso nunca mais
aconteça.
Mesmo com um toiro compli-
cado, Sónia esteve melhor, ten-
tou cravar en su sítio, esteve
toureira e saíu da California
com muitos aficionados a seu José Ignácio Ramos num bonito e estético “doblone”
favor.
Frank Parreira na sua primeira forço. mostrar algumas caratectisticas
tentativa, já carregada, foi der- Dois bons pares de bandarilhas. de bravura, embora fosse um
rotado pelo toiro. Frank ma- Ofereceu a faena a Jim Verner, toiro feio na investida. Foi o
goou-se e tomou o seu lugar o aficionado prático americano. melhor toiro desta ganadaria,
Gary Rocha, que se aguentou Com “doblones” bonitos colo- mas como dissemos, valeu a
imenso tempo na cabeça, esteve cou e fixou o toiro onde quiz e coragem, a técnica e arte deste
preso pelas mãos aos cornos do entendeu. grande matador para tirar tudo o
toiro e foi ajudado pelos seus Séries pela direita e pela que um toiro tem.
companheiros a tomar a cornea esquerda mostraram mais uma Os milhares de pessoas que as-
como deve ser. Foi uma pega vez o valor deste grande mata- sistiram às duas corridas devem
complexa, que talvez não dor. Faena longa, bonita, tem- estar realmente satisfeitas.
valesse, numa competição de plada, toureira, fazendo inveja a Foi um final de temporada
pegas. todos aqueles que não se empre- digna da nossa tauromaquia.
Este tipo de toiro não merecia gam a fundo, quando na sua Está Thornton e todos nós de
tanto esforço dos forcados. frente aprecem toiros desta cate- parabéns.
goria. Bem haja este espanhol João Gonçalves esteve muito
José Ignácio Ramos esteve que toureia em Thornton da bem, com o senão de deixar os
muito bem com o seu primeiro mesma maneira como toureia bandarilheiros toureraem os
toiro, um colorado bonito e com em Madrid. Toiro cumpriu toiros à porta dos curros.
peso adequado a esta função. muito bem na muleta. Belo Dá ideia que todos têm medo
Como no Sábado, Ramos colo- toiro. dos cavaleiros. Quem tem
cou o toiro onde quiz e com o No seu segundo toiro, da gana- medo, compra…
capote esteve toureiro mas o daria de Manuel da Costa Junior
toiro não esteve à altura do es- esteve bem e ajudou o toiro a Até Abril 2009.
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Novembro de 2008 25

Portugal, Espanha e França

Setembro 7-21, 2009
Maria Fagundes Bettis será a
vossa acompanhante nesta viagem, fa-
lando português e estando sempre ao
vosso dispor

Hoteis de Luxo
A Viagem inclui:
Viagem de ida e volta de
Modesto
Viagem de ida e volta de
avião de San Francisco.
Taxas dos Hotéis, trans-
ferências.
Pequeno Almoço diário.
9 Jantares - Entradas pagas -
Guias que falam Inglês.
Chame Maria Fagundes Bettis para
mais informações do itinerário diário.
2 Noites no Algarve
2 Noites em Lisboa
2 Noites em Fátima
1 Noite em Salamanca
1 Noite em Burgos
2 Noites em Lourdes
3 Noites em Paris
PREÇOS: $4789.00 por pessoa com ocupação dupla

209-575-4192 or 800-846-8785
Horário:
Seg-Sexta
8:30 - 5:30 pm
Sábado
10 - 2:00 pm

State Youth President Mary Batista and Supreme President Natalie Batista

VISITAS OFICIAIS PARA OS MESES DE NOVEMBRO E DEZEMBRO

November 23 – 12:00 Noon – Selma, Council #21

Tel: (559) 266-7200
December 7 – 12:00 Noon – Turlock, Council #75
Tel: (209) 632-6775

Para mais informação telefone para os números indicados


A poesia é um eco, pedindo à sombra
para bailar
Carl Sandburg
Se como ouvi algures, a obrigação da
poesia é limpar a nossa complexada
realidade, criando espaços de silêncio,
então José Luís da Silva no seu, agora
nosso, Cântico do Silêncio, soube dar-nos
um espaço onde possamos, parafraseando
Fernando Pessoa: amar as paisagens que
não existem. É que a literatura/poesia
pode “não tornar-nos melhores cidadãos”,
como escreveu o crítico literário norte-
americano, Harold Bloom, mas trans-
porta-nos para “uma sublimidade única”,
porque tal como disse Pablo Picasso, só a
arte pode, efectivamente, varrer o pó que
a repetição do quotidiano nos coloca na
alma.
Se acreditamos que a poesia está muito
mais perto da verdade do que a história,
como nos disse Platão, então temos nesta
colectânea de José Luís da Silva uma bela
síntese da história da emigração dos
Açores para a Califórnia. É que ao longo
deste livro vive-se o universo dum autor
que parte duma terra, mas que cedo: “a
novos mundos se lança, por não ter onde
medrar”.
Se é verdade que a poesia é: pegar na
vida pela garganta, como escreveu
Robert Frost, então o poeta José Luís da
Silva soube, com a beleza da palavra
trabalhada, quase até à exaustação, como
dever ser toda a criação poética, escrever
um número de poemas que reflectem, no
mais complexo, e no mais íntimo, uma
vida interligada com todos os seus
mundos, sem nunca desprezar, ou arrumar
no baú do esquecimento, nenhum desses
mundos. Soube cantar as flutuações da
emigração, enfrentar uma América nem
sempre musa da liberdade, e reflectir
sobre a sua peregrinação de professor de
língua portuguesa, a ensinar quem nem
sempre quer aprender a língua dos seus
antepassados. Este Cântico do Silencio é
indicativo do que Gustave Flaubert (que
José Luís da Silva teve e tem a felicidade
de ler no original, sendo fluente em
francês) disse sobre a vida e a poesia, ou
seja: não há filamento na vida que não
tenha sido tocado pela poesia.
Há ainda neste livro uma “ode ao falar
micaelense.” Um magnífico poema sobre
uma das pronúncias mais peculiares nos
Açores, mas que é, acima de tudo, uma
ovação à tenacidade dum povo, ao amor
do poeta pela sua origem, pela “labuta
dos sonhos perdidos/duma pátria dis-
tante.” Esta ode, que com cada leitura se
descobre uma nova nuance, tão rica é ela
de metáforas e de simbolismo, é seguida
dum pequeno, mas extremamente deli-
cioso texto, intitulado o “Chicharro da
América”. Texto esse que o autor ironi-
camente, dá-lhe o subtítulo “conto
corisco-americano.” Este breve conto é
ilustrativo da famosa citação do escritor
americano Ralph Waldo Emmerson, para
quem “o povo, e não a universidade, deve
ser a escola do escritor.”
Permitam-me, nestas linhas de apre-
sentação, fazer uma breve divagação. É
que não posso falar deste livro sem falar
brevemente sobre o homem, o colega e o
amigo que é, José Luís da Silva. É do
conhecimento geral que é professor de
português na escola secundária San José
Academy High School, onde dá aulas há
várias décadas, onde teve cargos de
director do programa de bacharelato
internacional e onde tem mantido a língua
e a cultura portuguesas bem vivas. Daí
Direcção de Diniz Borges
sentir a necessidade de enaltecer não só o
trabalho que tem feito, exemplarmente,
como professor de língua e cultura
portuguesas, mas acima de tudo o seu
trabalho como professor. É que ensinar
numa escola pública deste multicul-
talíssimo estado, não significa, unica-
mente passar a matéria da disciplina que
se lecciona. Ser-se professor, e professor
de língua e cultura portuguesas é muito
mais do que ensinar vocabulário e gra-
mática. Daí que ao longo dos anos, o
nosso professor José Luís da Silva, tem-
se preocupado não só com a
aprendizagem dos alunos na matéria que
ensina, mas sobretudo, com o crescimento
dos mesmos como seres humanos
responsá-veis, apaixonados pela vida e
pelo seu crescimento académico e
humano. Na sala de aula, no relaciona-
mento com os seus colegas, no
compromisso que tem com ensino
público, no seu trabalho no sindicato,
José Luís da Silva, tem sido sempre igual
a si próprio - genuíno, descomplexado,
dedicado, enfim, empen-hado com o
ensino e com a poesia. Tem desvendado,
na vida e na escrita, o que Miguel Torga
escreveu no seu diário a 14 de Maio de
1985: “um escritor se é autêntico, se é fiel
ao temperamento, varia de caneta mas
não varia de tinta…escreve com o próprio
sangue.” Essa tem sido a vida e a escrita
de José Luís da Silva, que agora,
A window to the sea
If I had
If only I had
A window to the sea
Instead of a square
Within a square
Within a square
Surrounding me.
If I had
If only I had
A window to the sea
So I could watch
The rolling waves
And hear the sea-gulls cry.
If I had
If only I had
A window just for me.
If I had
If only I had
A window to the sea
From where I could dream
Beyond the horizons
And follow
The distant ships
Moving
Silently…
If I had
If only I had
A window
Just to be.
No meu quintal
No meu quintal
Há a paz das águas
Que choram de alegria
A memória das fontes
Tépidas do deserto
No meu quintal
Existe a liberdade dos pássaros
Que cantam, impávidos,
O momento exacto e eterno
Dos deuses
felizmente para todos nós, se afigura no
seu livro.
No conhecidíssimo texto e filme Dead
Poets Society há esta maravilhosa pas-
sagem: “Não se lê nem se escreve poesia
porque é giro fazê-lo. Lemos e escreve-
mos poesia porque somos membros da
humanidade. É que os seres humanos
estão repletos de paixão. A medicina, o
direito, o mundo empresarial, as engen-
harias, são percursos notáveis, neces-
sários para susterem a vida. Mas a
poesia, o amor, a beleza - ah, é por isso
que vivemos.” Daí, o nosso agrade-
cimento a José Luís da Silva pela
generosidade da sua poesia, por nos
libertar dos vícios do pós-modernismo,
por, num mundo com tanto barulho, tanta
gente a falar e a escrever sem nada a
dizer, nos conferir uma bela colectânea de
poemas que nos remetem à beleza do
silêncio.
Diniz Borges
Apresentação feita em San José da
Califórnia a 7 de Novembro de 2008
*do poema desta colectânea “No meu
quintal”
Cântico do Silêncio
Autor: José Luís da Silva
Editora: Portuguese Heritage Publications
No meu quintal
As laranjas rebentam de oiro
Descansando na força do seu peso
A prova manifesta
Da sua serena existência
No meu quintal
Há verdes de exóticas aventuras
Agarrados ao doce ventre da terra
Madrasta cálida e bela
Que os gera sem pudor
No meu quintal
Há também o grito deste sol
pungente
Branco lençol de festa
Que se estende de ponta a ponta
Irmanando a planta, a pedra e a
pele...
Apenas Duas Palavras
De vez em quando há pequenos
milagres nas comunidades de origem
portuguesa do estado da Califórnia.
Lá quando rei faz anos, como dizia a
minha avó, surge um sarau cultural
que mexe com as emoções e que nos
diz que ao fim e ao cabo há que
continuar com a luta, levar as comu-
nidades a outros patamares. Foi o que
aconteceu na noite de 7 de Novembro
de 2008, na sala do Portuguese
Athletic Club na cidade de S. José. O
pretexto: o lançamento dum livro de
poesia.
Escrever e publicar poesia em língua
portuguesa nas nossas comunidades é,
em si, um acto de coragem. E na
Califórnia, ainda bem, que temos tido
alguns desses “actos de coragem.”
Entre outros, recordo, nos últimos
anos, a publicação de livros de Décio
de Oliveira (que escreve com o
pseudónimo de Machado Ribeiro),
Maria das Dores Beirão, José Raposo
e João-Luís de Medeiros. Desta feita
foi o José Luís da Silva. Daí que a
Maré Cheia traz-nos um pequeno
texto, lido na apresentação do mesmo
livro. Mas, há que salientar, que para
além do texto a noite foi marcada,
pela emoção do autor. Ele que é um
ser humano com grande coração e um
amigo dos amigos. Ele que é um
poeta. E foi ainda marcada pela pre-
sença de Nelson Ponta-Garça,
Roberto Lino e o mestre Hélio Beirão.
Foi a apresentação de quatro músicas
que nos fizeram acreditar que as
comunidades ainda podem promover
saraus culturais de alta qualidade. O
mestre Hélio Beirão já é sobejamente
conhecido. É um homem dum grande
talento na viola da terra. Levou este
instrumento a outro nível. O seu esti-
lo neo-clássico é impressionante. O
Roberto Lino e o Nelson Ponta-Garça
foram duas agradáveis surpresas.
Ainda bem que há jovens destes nas
nossas comunidades da Califórnia. É
imperativo que os encorajemos a
continuarem. Precisamos, muito mes-
mo, destes tipos de interpretações com
grande qualidade.
Há ainda um palavra a dizer sobre a
Portuguese Heritage Publications of
Califórnia. Esta editora tem feito um
trabalho extremamente interessante, e
importante mesmo, na divulgação da
nossa identidade cultural em terras
americanas. Esse trabalho tem sido
feito através de publicações de índole
mais histórico, como os livros
publicados na sua colecção Pioneers,
mas também tem sido um lugar
privilegiado para autores em língua
portuguesa através da sua colecção
Décima Ilha. Parabéns à direcção
desta nossa editora que é
personalizada pelo presidente e vice-
presidente, José Rodrigues e Tony
Goulart, respectivamente. Ainda bem
que continuam a publicar em várias
frentes, ou seja: em inglês, trabalhos
de pesquisa, memórias e ficção, e em
português também em vários géneros
literários. Relembro, que foi a Portu-
guese Heritage Publications que há
cerca de 3 anos publicou a tradução
de Já Não Gosto de Chocolates de
Álamo Oliveira, que a minha amiga
Kathie Baker e eu traduzimos para
inglês. Um livro marcante no que
concerne à emigração dos Açores para
a Califórnia.
Abraços
diniz
 ENGLISH SECTION 15 de Maio de 2001

November 15th, 2008

Ideiafix
miguelvalleavila@tribunaportuguesa.com
San José’s Five Wounds Portu- (IES) Hall with dance by The
guese National Church cele- Revivals.
brated its 94th anniversary on Thanks to the generous contri-
November 9, 2008. butions of parishioners, several
The Mass was concelebrated by improvements have been made
Pastor Rev. Tony Mancuso and in recent years to the almost
I write this column on the morning after. That is, the morning af-
Parochial Vicar Rev. António centennial church founded by
ter the American people redeemed itself from past errors in judg-
Reis, and it was followed by a Monsignor Henrique Augusto
ment. Congratulations to President-elect Barack Hussein Obama
community luncheon at the Ir- Ribeiro in 1914. It looks more
II, our 44th U.S. President!
mandade do Espírito Santo beautiful than ever.
What started as a grassroots campaign against the establishment
— from the Clinton political machine to the Bush-advised
McCain campaign — turned into an unstoppable movement for
positive change. Even war-hero John McCain realized that he
himself was witnessing history in the making and the end of the
Baby Boomer generation as residents of the White House.
What makes Obama’s election unique?
The first African-American President, son of a Kenyan father
studying in a 1960s racially-segregated America and a Midwest-
ern college student mother. The first Hawaiian-born President.
The first Generation X President. One of the youngest Presidents
ever (at age 47). Someone who was educated at a Catholic school
while living overseas in the largest Muslim country in the world, a
brilliant student at a prominent Ivy League school (Harvard Law),
but opted for helping the poor and disenfranchised in inner-city
Chicago rather than taking a well-paid position on Wall Street.
Someone who reached across age groups (from 18 to 106 year-
olds), men and women, rich and poor, across the entire American
continent (Northeast, Southeast, Great Lakes, Midwest, South,
Southwest, West Coast, and Hawaii), and beyond our national Above: A full church is a beautiful sight; Five Wounds Church at sunset.
Some of the inspirational people at Five Wounds Church (below (from left): organist Telma Medeiros,
borders (from small villages in Africa to young and well-
sacristan Champion, parishioner Aura Silva (as “young” as the church), and priest Rev. António Reis.
established democracies throughout the World).
As the 8 o’clock hour was reached on Election Night and Califor-
nia brought Senator Obama over the 270 required Electoral Col-
lege votes to clinch the U.S. Presidency, my wife turned to me and
with a tear running down the right side of her face said “I’ve never
been prouder to be an American!”
Indeed, we were witnessing history with a capital H. The last time
something like this happened was in November 1960 (before
Obama or I were even born) when a young Catholic, John Fitzger-
ald Kennedy — who had helped thousands of our fellow Azoreans
be admitted legally to the US after Faial’s Capelinhos Volcano —
made history and inspired a nation.
Realizing the weight of responsibility on his shoulders, President-
elect Obama gave his acceptance speech before over 100,000 peo-
ple in Chicago without overexcitement. In his typical analytical
mind, he prepared the roadmap for what’s ahead — an arduous Below (clockwise from top right): Five Wounds Youth Choir; Portuguese Tribune’s number 1 fans; Sisters;
economic recovery, reestablishing broken relationships abroad, the two Portuguese choirs; church façade; Pastor Rev. Tony Mancuso and Parochial Vicar Rev. António Reis;
and hunting down the true culprits of September 11. His admini- parishioners during Mass.
stration promises to be one about “us” and “we” rather than one of
“me” and “I” where even opposing views are heard.
What a breath of fresh air is coming to the White House. He is the
reflection of all of us Americans and an inspiration to us all. He is
Barack Obama. He is our President-elect.
This is a new day for America indeed! And a new day for the
World!

Bem haja, Senhor Presidente Obama!

Que Deus o proteja!

Join us in bringing more content and even

better quality to the best Portuguese bilin-
gual newspaper in the US.
Subscribe TODAY for only $40/year!
Name/Nome:
__________________________________________
Address/Morada:
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City/Cidade:
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The Portuguese Tribune
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Modesto, CA 95357-5866
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28 Nov 15th, 2008 ENGLISH SECTION Portuguese Tribune

A poem by Lisabeth Castro-Smyth The Portuguese-American The Literature Leadership

lbsmyth@hotmail.com Leadership Council of the
United States (PALCUS)
some days I am a Picarota daquele tempo hosted its 12th annual
leadership award gala at
San José City Hall on No-
my mothers, grandmothers, foremothers
vember 1, 2008.
carried dreams by boat Gala committee chair An-
in a constant journey-trabalho-migration gela Costa Simões wel-
from one island to the other: comed all in attendance
and introduced the Master
o mar era o seu caminho of Ceremonies, Gigi Gra-
ciette, a TV reporter at
bringing fruit from Pico to sell in Faial Los Angeles’ Fox 11 and
and returning with baskets full of dirt, pieces of land; MY 13 TV stations.
always coming home to that rocky volcano The International Leader-
to plant miraculous life where it had been barren before ship Award was presented
to Portuguese fado singer
Here, far from the islands, I journey and return home- Ana Moura who surprised
carrying my culture como terra do fogo: everyone with a rendition
of “Loucura” accompa-
memories of lava, safe in the basket of my mind, nied by Tim Ries of the
Rolling Stones Project.
always ready to plant life anew... Mary Alice Rosa Gon-
salves of San Diego re-
ceived the Community
Service Leadership
Award.
Elmano Costa, a professor
of Teacher Education at
California State University
Stanislaus, was awarded
the Education Leadership.
Award was presented to
author and poet Frank
Gaspar.
Figurative painter Mel
Ramos was presented the
Art Leadership Award.
Two local non-profit or-
ganizations were awarded
the Organizational Leader-
ship Award. The Portu-
guese Organization for
Social Services and Op-
portunities (POSSO) rep-
resented by Manuel Bet-
tencourt and the Portu-
guese Heritage Publica-
tions of California repre-
sented by José Rodrigues.
San José City Council-
member Sam Liccardo,
Gilroy Mayor Al Pinheiro
and Portuguese Consul
General António Alves de
Carvalho were in atten-
dance. The gala co-chairs,
the three Portuguese-
American US Congress-
men Jim Costa, Dennis
Cardosa, and Devin
Nunes, on the eve of an
Election Day were not.
PALCUS directors with MC and awardees

Above (from left): Attendees at the 12th annual PALCUS Leadership Awards Gala at San José City Hall

During this year’s grape harvest season, the Raymond

Burr Winery in California’s Dry Creek Valley held its
annual “Taste of the Azores.”
The proprietor is Robert Benevides, an Azorean-
American. Free Portuguese food was served along with
wine tasting.
For more information on this winery and its wines, go to:
www.raymondburrvineyards.com.
Above (from left): Elmano Costa, POSSO’s Manuel Bettencourt, and Mel Ramos’ daughter were presented with awards

Above (from left): Mary Alice Rosa Gonsalves, Frank Gaspar receiving his award, and gala chair Angela Costa Simões

Celebrate
The Portuguese
Language and
Culture
Subscribe to
The Portuguese Tribune, Above (from left): Ana Moura with Tim Ries, Gigi Graciette, Rev. Bernardo Soares, and PHPC’s José Rodrigues with
PALCUS chairperson John Bento; below: the beautiful architecture of San José City Hall
the most complete
Portuguese bilingual
newspaper in the United
States
Call 209.576.1951 or email
PortugueseTribune@sbcglobal.net

www.PortugueseTribune.com
www.TribunaPortuguesa.com
Portuguese Tribune
California
Chronicles
F
elipe Arroyo de La Cuesta, the
son of Matias Arroyo and Ysabel
de la Cuesta, was born April 29, 1780, at
the village of Cubo in the province of
Burgos, Old Castile, Spain. At age 16 he
became a Franciscan and at age 24 was
ordained a priest. He volunteered to serve
in the American missions, and set sail
from Cadiz on September 2, 1804, arriv-
ing at Vera Cruz, Mexico in the winter of
that same year. He entered San Fernando
College in Mexico City for further train-
ing.
Years later he departed for California,
arriving at Monterey on August 13, 1808.
Almost immediately he was assigned to
Mission San Juan Bautista, where he re-
mained until 1833, and from where he
retired due to illness. In spite of being
crippled and almost paralyzed with rheu-
matism, he continued to do mission work
at San Miguel, San Luis 0bispo, La Puris-
sima and Santa Ines, where he died on
September 20, 1840.
Soon after Mission San Juan Bautista was
established in 1797, its first adobe struc-
tures were so shaken and cracked by a
series of quakes that it was mandatory
that a new church be built. The work
started in 1803, and was completed in
1812, under the supervision of Fr. Arroyo
de la Cuesta, who proved also to be an
accomplished linguist.
Accordingly, he became familiar with as
many as thirteen native American lan-
guages, and was capable of preaching in
seven different native dialects. His origi-
nal manuscript, published in 1862 and
entitled Vocabulary or Phrase Book of the
Mutsun Language of Alta California, con-
sisted of 2,884 phrases of local dialects,
ENGLISH SECTION Nov 15th, 2008 29
including prayers, mu- Mission to act as interpreters as well as immigrant, built a store at the old wagon
sic and routine formu- bodyguards. They would stop at the pools road, about three miles west of the creek.
las, with their Spanish of water in the sandstone rocks above the The place became known as Kreyenha-
equivalents. As someone Narrows in the Los Banos Creek and take gen’s, and a post office was established at
remarked, “to him belongs the honor of a bath. Then on the journey back to San the store in 1874, and named Los Banos
rescuing from oblivion the only literary Juan Bautista they would stop at the same after the creek. After the railroad was
monument of its kind in California.” pools and take a bath again. Thus, the built in 1889, Henry Miller and Charles
Arroyo de La Cuesta received praise for Padre named the creek El Arroyo de Dos Lux (both German immigrants) laid out
his cheerful hospitality. British Capt. Banos (The Creek of Two Baths). the present town of Los Banos.
F.W. Beechey was an overnight guest at The above information was culled from In closing, I would like to point out that
the Mission in 1826. He wrote how the Academy Scrapbook, Volume III, Num- Father Felipe Arroyo de La Cuesta was
Padre had entertained everyone with ber 7, March 1953, a publication of the also an exceptional mechanic. He con-
food, stories, songs and curious proverbs, Academy of California Church History, structed a water clock, which communi-
such as “Un dia alegre vale cien anos de founded by Msgr. James Culleton (1898- cated with a bell by his bedside, and
pesadumbre”, (one happy day is worth a 1978). which after being arranged at night,
century of sadness). In the morning, be- Eventually, the Creek of Two Baths be- would sound an alarm at a specific time.
fore the guests departure, the Padre in- came known as El Arroyo de los Banos
vited them to join him at Mass by quoting del Padre Arroyo, which was later
another proverb, “Oir misa y dar cebada changed to Los Banos Creek.. About
no impede jornada”, (to hear Mass and 1870, Gustave Kreyenhgen, a German
give alms delays no jourey). The episode
is all the more worth retelling when one
recalls that those guests were Protestants
and they were in a hurry to leave for
Monterey that same morning.
Another charming episode, associated
with the multi-talented Padre, has to do
with the use of a portable barrel organ,
which had been presented by Capt.
George Vancouver to one of the Missions
in 1793, and ended up at San Juan
Bautista in 1829.
As the story goes, when the Mission was
being attacked by warriors of the Tulares
tribe, Arroyo de La Cuesta hastily
dragged the organ out, and began furi-
ously grinding away at the crank. The
blaring music first puzzled, then delighted
the raiders, who peacefully came into the
Mission which they had intended to de-
stroy.
Arroyo de La Cuesta would often ride
horseback over the mountains to visit and
preach to the native Americans along the
San Joaquin River. He was always ac-
companied by a few natives from the
Poderá ver o Contacto em: ww1.rtp.pt/multimedia/index.php?tvprog=19756
Sextas-feiras às 11:30 pm
Sábados às 11:30 am e 6:30 pm Próximos programas: 22 Nov e 6 Dez
30 15 de Novembro de 2008 COMUNIDADE Tribuna Portuguesa

Batista Vieira, Padre Mancuzo, Peter McHugh, Celeste Brasil, Nuno Brasil,
Tony Goulart

Realizou-se em San José, o V Festival das
Bandas Portuguesas da California, da
responsabilidade da Banda Portuguesa
desta cidade. Catorze bandas pela
primeira vez juntas, desde Petaluma até
San Diego, passaram um dia a celebrarem
a música e a tocarem para a nossa comu-
nidade. Dia cheio de actividades, mesmo
com a grande chuvada que houve nesse
dia. Por sorte, durante o desfile das ban-
das, o céu carregado de nuvens negras,
abriu e deixou aparecer um sol de inverno
que aqueceu um pouco um dia já de si
frio e húmido. Tony Goulatr desempen-
hou-se muito bem como mestre de
cerimónias. Mesmo assim muitas cen-
tenas de pessoas não abandonaram a rua,
nem abandonaram os concertos que tiv-
eram lugar até à noite dentro de uma
enorme tenda.
Para angariarem fundos, a Banda Portu-
guesa até teve um restaurante a servir boa
comida.
Para os amantes da música foi um dia
cheio e todas as bandas deram o seu mel-
hor para demonstrarem à comunidade o
seu valor.
De realçar a percentagem enorme de ju-
ventude em cada uma das bandas.
Para o ano, o festival vai mudar-se para o
Vale de San Joaquin em Tulare.
De notar a presença de Peter McHugh, do
Condado de Santa Clara que, como sem-
pre, quiz participar num evento impor-
tante da nossa comunidade.
Este festival movimentou alguns milhares
de pessoas e o nosso pequeno comércio
apareceu também, para que os nossos
produtos possam ser conhecidos. Pena
foi, como já dissemos, que a chuva du-
rante o dia tenha prejudicado um pouco a
movimentação das pessoas.
Para o anos teremos o mesmo, com a
mesma alegria e a mesma movimentação
de pessoas que querem ajudar e participar
num evento que já vai no seu quinto ano.
Parabéns a todos e em especial à Banda
Portuguesa de San José.

Os músicos jovens também se cansam. Este é da Lusitania Band of North Bay, de Petaluma

Com estes tambores a rufarem na despedida do desfile, muitas lágrimas correrram em boas e bonitas faces
Tribuna Portuguesa FESTIVAL DAS BANDAS 15 de Novembro de 2008 31

Banda Portuguesa de San José fundada em 1971 e anfitriã deste grande Festival, que reuniu pela primeira vez as 14 Bandas da California

Filarmónica do Artesia D.E.S. fundada em 1972 Sociedade Filarmónica Nova Aliança de San José fundada em 1973

Sociedade Filarmónica União Portuguesa de Santa Clara fundada em 1974 Sociedade Filarmónica Nova Artista Açoriana de Tracy fundada em 1975

Em cima - Sociedade Filarmónica União Popular de San José fundada em 1978

Esquerda - Sociedade Filarmónica Recreio do Emigrante Português de Newark fund. 1978

Bolsas de
32 15 de Novembro de 2008 FESTIVAL DAS BANDAS Tribuna Portuguesa

Sociedade Filarmónica Artista Amadora de San Leandro fundada em 1980 Azores Band of Escalon fundada em 1980

Sociedade Filarmónica Lira Açoreana de Livingston fundada em 1982

Filarmónica Portuguesa de Tulare fundada em 1981

Lusitania Band of the North Bay fundada em 1995

Presidente da Banda Portuguesa de San José recebe um Louvor do Condado de St. Clara
Filarmónica do Chino D.E.S. fundada em 1986
Sociedade Filarmónica União Portuguesa de San Diego fundada em 1998

Mestres das 14 Bandas do V Festival - Gilberto Rosa (San Diego), João Pereira (Newark), Mario Capote (Tulare), Elisa Flores (Livinsgton), Anibal do Campo (Chino), Julio Matos (Santa
Clara), Henry Ramos (União Popular San José), Joe Amaral (Banda Portuguesa de San José), Paulo Fagundes (Nova Aliança San José), Steve Silva (San Leandro), Greg Fagundes
(Petaluma), Frank Silva (Tracy), Terry Silveira (Escalon), David Costa (Artesia). Uma grande equipa.