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Todo mundo sabe o que é merchandising: é aquela propaganda feita dentro dos
próprios programas de rádio ou televisão. O apresentador faz o anúncio direto do
produto, afiançando suas qualidades e transferindo-lhe a credibilidade que tem junto ao
seu público. Essa técnica também é utilizada de forma indireta - em novelas, por
exemplo -, fazendo-se com que os atores consumam um determinado refrigerante ou
utilizem um eletrodoméstico lançado há pouco.
Não é bem assim, contudo, embora se possa chegar, por outra via, ao mesmo
resultado. O CDC faz uma distinção entre publicidade e propaganda, regulamentando
apenas a primeira. Por publicidade entende-se a promoção de determinado agente
econômico, seja institucional, seja de bem por ele produzido. Isto é, tem uma finalidade
comercial. Já a propaganda visa a difusão de idéias ou convicções nos âmbitos político,
filosófico, econômico, religioso, ideológico, econômico ou social. A comunicação sob
exame enquadra-se nesta última categoria: é propaganda de uma ideologia, e não
publicidade.
A mesma regra se aplica, por analogia, à propaganda, que não tem valor
econômico direto ou imediato. É que também aqui há um valor jurídico a ser tutelado,
que é a confiança. O consumidor tem o direito de ser informado sobre o que é genuína
opinião do apresentador e o que ele veicula mediante pagamento - ou seja, sem fazer
parte, necessariamente, das suas próprias crenças -, de forma a poder exercer uma crítica
mais atenta. (Que, aliás, nunca deveria ser deixada de lado.)
Vale observar que a ação de reparação dos danos causados pela propaganda sob
exame, tratando-se de direitos ou interesses difusos, pode ser promovida pelas vítimas
ou pelas entidades referidas no art. 81 do Código de Defesa do Consumidor, entre as
quais está o Ministério Público, sem prejuízo de medidas preventivas, como a eventual
propositura de ação civil pública.