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instituir um regime livre se no nos desvencilhamos das algemas tradicionais? Como pretender uma vida livre, se vivemos impondo regras e ouvindo ordens? Como desejar o homem "pr si", habituando-nos, a ns e aos outros, a disciplinas vexatrias, censuras obsoletas e punies degradantes? Mal compenetrados dessa concepo de liberdade, vrios anarquistas lamentam as divergncias de atuao entre anarquistas. Pior ainda, lem-se freqentemente acusaes de anarquistas-individualistas a anarquistas-comunistas, de anarco-sindicalistas e extra-sindicalistas, etc., etc. Todos esses ataques e lamentaes revelam a tendncia sectarista milenarmente entranhada nos homens. Pr mais que estudemos, aprendamos, eduquemos o esprito, a presso tradicional to forte, o meio ambiente, todo dogmtico, registra, engaiolante, to rgido, que dificilmente conseguimos nos safar dessas determinantes poderosas. Pessoalmente, ao contrrio, vejo nessas vrias tendncias anrquicas o melhor sinal de vida do anarquismo. Todos os homens no podem ver as coisas do mesmo modo, nem resolver os problemas pelo mesmo processo. A transformao social um problema com solues mltiplas. Ns, anarquistas, apresentamos a nossa. Porm, no a apresentamos do mesmo modo. A beleza da nossa concepo e a superioridade do nosso mtodo esto positivamente nessa multiplicidade de meios, todos conducentes a um mesmo fim. Seja, pois, cada tendncia livre na execuo do seu modo de entender a soluo final. Todas as guas afluentes iro dar na mesma foz. O verdadeiro anarquista, penso eu, aquele que se libertou totalmente do preconceito sectarista, colabora em todos os grupos, atua em qualquer tendncia. Mais ainda, coopera com os no-anarquistas onde quer que a ao deles incremente a oposio revolucionria. Assim, anticlerical com os anticlericais; democrtico na defesa dos princpios liberais contra os reacionrios; est com os bolchevistas, sempre que estes reivindiquem direitos, refora a ala antimilitarista, ainda que os antimilitaristas sejam burgueses; colabora com a escola moderna racionalista, conquanto no seja seno reformista; anima os tesofos na propaganda fraternista, os vegetarianos na extirpao dos vcios, o prprio Estado Liberal na sua luta contra o imperialismo vaticanista. No proceder assim, seria confinar-se ao sectarismo e negar, nos atos, a doutrina anarquista, essencialmente anti-sectria. Por Jos Oiticica Ao Direta. Rio, 10.01.1929