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Isabel Pires (IP): Essa afirmação do governo Sócrates é um disco riscado, tal
como o da Ministra da Educação que afirmava despudoradamente: “Perdi os
professores, mas ganhei o país”.
Quem está numa escola sabe que o nosso trabalho é preparar aulas, estudar,
ensinar, avaliar e ajustar, a cada momento, as respostas que considerarmos
mais adequadas para os nossos alunos. Isto implica tranquilidade, trabalho de
equipa, implica mais professores, nomeadamente no ensino especial, implica
que os professores tenham mais autonomia e vivência democrática.
A nossa luta é não permitir esta destruição, o que passa pela suspensão desta
avaliação do Desempenho docente – que, aliás, grande parte das escolas já
suspendeu, respondendo ao apelo da Plataforma sindical, feito na
manifestação dos 120 mil – pela exigência de um Estatuto da carreira docente
sem a divisão dos professores em categorias, sem provas de ingresso na
carreira, por um sistema de avaliação dos docentes baseado na componente
científico-pedagógica, sem quotas, formativa e não feita na secretaria,
destinado a melhorar a prática de cada professor e a qualidade de ensino e
elevar os padrões de qualidade de cada Escola.
Travar e ganhar esta batalha é garantir uma Escola Pública para todos, tal
como está consignada na Constituição Portuguesa.
São medidas que ficam contidas na própria lei do Orçamento de Estado, para
respeitar os compromissos com Bruxelas.
Penso também que não podem deixar ficar para segundo plano a perda do
vínculo ao Estado dos funcionários públicos. É preciso lembrar que os
professores, a partir de Janeiro, com a nova lei da contratação para a Função
pública, deixam de ser funcionário público, tal como de todos os outros
trabalhadores da Função Pública. Só os lugares de topo dos corpos especiais –
Justiça, Segurança e Defesa e Corpo Diplomático – manterão o vínculo ao
Estado. Todos os outros, até agora efectivos, passarão a ter um contrato de
trabalho sem termo e os restantes, que eram trabalhadores sem vínculo ao
Estado, passam a ter um contrato com termo. Com esta perdemos uma série
de direitos adquiridos e perdemos estabilidade laboral.
Alias, nós precisamos de uma outra União Europeia, uma verdadeira União na
qual os governos de cada país possam acordar políticas de cooperação e de
troca, sobre a base da soberania de cada povo. Isso não tem nada a ver com a
União Europeia dos banqueiros e dos grandes capitalistas, que é esta da qual é
preciso sair.
No seguimento dos passos que já foram dados eles apelam, em conjunto com o
Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AIT), a uma Conferência
Europeia, a realizar nos dias 6 e 7 de Fevereiro, em Paris, pela revogação
dessas sentenças, afirmando que não admitem que leis supranacionais se
imponham às leis nacionais, revogando direitos conseguidos com a luta dos
trabalhadores de cada país.
IP: Estou de acordo. Numa altura em que os grandes que mandam no mundo
se reúnem para procurarem as melhores maneiras de manterem o seu
domínio, os trabalhadores e os povos também se devem encontrar, para lhes
responder.