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DA QUESTÃO MERITÓRIA

I – Considerações prolegominais em matéria Constitucional

1 - Das minudencias perfilhadas na exordial,


conclui-se claramente que a retenção dos salários restou-se
indevida, assim como sediciosa – co nside rando a indu vido sa
pre r ro ga tiva do Agravante qua nto ao r e ce bime n to das ver bas
alime ntar e s supr imi das – jamais podendo perpetuar-se, vez que

subsiste desprovida do menor amparo legal.

2 - A República Federativa do Brasil se constitui


como um Estado Democrático de Direito - CF/88, art. 1°, caput -
que possui como alguns de seus princípios fundamentais, o amplo
acesso à justiça e a inafastabilidade da tutela juridiscional frente a
lesão ou ameaça de lesão a um direito estabelecido pela ordem
jurídica. Por conseguinte, apresenta-se como direito fundamental
do cidadão e, por outro lado, como obrigaç ão/dever do Estado,
a concessão de tutela jurisdicional justa, adequad a e
tempestiva para a proteção do direito lesado ou ameaçado de
lesão.

3 - Sob esta sombra, legitimar a atividade


Estatal vilipendiadora das garantias previstas na Magna
Charta, precisamente em clausula pétrea – dire ito a pe r ce pção do s
salár io s – é premiar a iniqüidade, valendo-se do Estado
Democrático de Direito – po r me io de dis po sitivo s que limi tam o s
re passe s de ve r bas publi cas, por fo r ça de de cisão judic ial – para
perpetrar atos manifestamente espoliativos em desfavor dos seus
jurisdicionados.

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57.037-000 - Maceió - Alagoas
I I - Da impropriedade dos óbices legais à co ncessão da
tutela antecipad a em face da Fazenda Pública

4 - No Estado de Direito, a submissão do


próprio Estado ao “império da lei” é condição da legitimidade de
sua existência e atuação. Não é possível, sequer, a alegação de
que existiriam hipóteses em que seria justificado impedir a
antecipação da tutela jurisdicional face à Fazenda Pública, devido
aos interesses maiores que estar iam em jogo. Trata-se de falácia
comumente apresentada pelos defensores da restrição da
antecipação da tutela perante o Estado, que cai por terra perante
duas constatações:

1ª - A concessão ou não da tutela juridiscional (justa, adequada e


tempestiva) não se fundamenta na abstrata valoração dos
interesses em jogo. Cada parte considera que seu interesse é o
mais importante e relevante. A tutela juridiscional (antecipada ou
não) deve ser concedida em favor daquele que se apresente (em
cognição sumária ou exauriente), titular de um direito que lhe é
concedido pela ordem jurídica. Se, no caso concreto, o interesse
do Estado apresentar- se como tendo maior relevância que o
interesse da parte contrária, esse fato somente poderá ser
relevado em consideração na exata medida em que a própria
ordem jurídica – seja por meio de princípios, seja por meio de
regras – previamente procedeu à valoração, in abstrato, dos
interesses em jogo. Desta forma, o que estará impossibilitando a
concessão da tutela antecipada frente ao Estado não será uma
regra processual proibitiva, mas a própria ordem jurídica que, em
sede de cognição sumária, tutela o interesse do Estado frente ao
interesse contraposto.

2ª - Por sua vez, a alegação de que o interesse do Estado


representa o interesse de toda a população em contraposição ao
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interesse de somente uma pessoa não subsiste nos tempos
modernos. O Estado não pode se furtar de obedecer à ordem
jurídica utilizando-se do povo como álibi, a justificar a
prática de ilicitudes e a obtenção de privilégios. Nos dizeres
do Emérito Desembargador do TJRS Rui Portanova, temos
que:

“Assim como o interesse social afasta a proteção ao


interesse particular quando em confronto com seu
conceito, também é possível dizer-se que não se pode
confundir interesse publico com interesse do Estado. [...]
Por igual, também não será necessariamente interesse
público o interesse da Administração. Nesta poderá haver
apenas interesses de grupos poderosos, corporativistas
(1)
e/ou setoriais, inclusive contrários ao interesse social”

5 - Ademais é até mesmo plausível que o


interesse de toda a população esteja em confronto com o interesse
de uma pessoa só, desde que o interesse desse único
individuo seja o interesse protegido e albergado pela ordem
jurídica, hipótese em que o interesse dos demais cidad ãos
deverá ser preterido.

6 - Tal como exposto no ato judicial hosti -


lizado, diversos dispositivos legais foram inseridos no
ordenamento jurídico, criando obstáculos ou, conforme ocorre na
maioria das hipóteses, simplesmente impedindo a concessão da
tutela antecipatória e/ou da tutela inibitória em face da Fazenda
Pública.
7- Entrementes , em contraposição a
esse abuso de direito externado sob o manto do
protecionismo infundado da Maquina Estatal – fr ise -se ,
1 – P o r t a n o v a , R u i – P r i n c í p i o s d o P r o c e s s o C i v i l , 5 ª E d . 2 0 0 3 . Po r t o A l e g r e . p a g . 5 7

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“ maqui na” e não “ inte r e sse público ” - os grandes doutrinadores
vanguardistas , idealizadores dos novos paradigmas jurídico-
processuais, dentre os quais citamos Cássio Scarpinela
Bueno e Teresa de Arruda Alvim Wambier, vem
proclamando, quase em uníssono que :
“todo e qualquer obstáculo ou exceção que tenha
por objetivo proporcionar ao Estado furtar-se de
sua submissão ao império legal apresenta-se
como flagrante desrespeito ao Estado de Direito
(2)
Instituído”
8- Entoando na mesma nota, Hugo Nigro
Mazzili ensina que o interesse do Estado ou dos governantes nem
sempre coincidecom o bem geral da coletividade: “políticas
econômicas e nem sempre sociais ruinosas, guerras, desastres
fiscais, decisões equivocadas, malbaratamento dos recursos
públicos e outras tantas ações daninhas não raro contrapõem
(3)
governantes e governados, Estado e indivíduo”

9 - Em ultim a análise, valendo-se da sutileza


de raciocínio peculiar em Perelman, tem-se que:
“A obtenção da tutela juridiscional justa,
adequada e tempestiva é, ainda, princípio
e direito fundamental do cidadão,
previstos constitucionalmente, cujo
cumprimento representa uma exigência
imposta pela sociedade para s e sujeitar à
(4)
submissão estatal”
2 - Pa r a T e r e s a d e A r r u d a A l v i m W a m b i e r , “ t o d a s a s l e i s o u m e d i d a s p r o v i s ó r i a s
restritivas à concessão de liminares são, em nosso sentir, incostitucionais”.
W A M B I E R , Te r e s a A r r u d a A l v i m . A i n d a s o b r e a r e c o r r i b i l i d a d e d a l i m i n a r e m m a n d a d o
de segurança. In: BUENO, Cássio Scarpinella; ALVIM, Eduardo de Arruda,
WAMBIER, Teresa de Arruda Alvim. Aspectos polêmicos e atuais do mandado de
segurança: 51 anos depois, p. 805.
3 - MAZZILI, Hugo Nigri. A defesa dos interesses difusos em juízo. 11ª Ed. Saraiva.
S ã o Pa u l o . 1 9 9 9 . p . 3 8 .
4 - PERELMAN, Chaim. Lógica jurídica: Nova retórica. Trad. Virginia Pupi. Martins Fontes. São Paulo. 1998
p.13.

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10 - Finalizando, embora o ordenamento
jurídico acoberte a Fazenda Pública com várias prerrogativas
louváveis, não há motivo par a não admitirmos a tutela
antecipada contra a mesma, tanto porque a lei (nº 9.494/97) a
prevê, como porque a concessão da medida constitui evento
excepcional, devido às cir cunstâncias do próprio processo e da
relação jurídica sub judice. A jurisprudência corrobora nossa
conclusão por isso transcrevemo-la:

" PR O C ESSO C IVIL . AN T EC IPAÇ ÃO DE T UT EL A C O NT R A A


FAZ EN DA PÚB L IC A. R ESPO N SAB IL IDADE C IVIL DO
ESTA DO. SER VIÇ O PÚB L ICO. O BR IG AÇ ÃO DE FAZ ER .
MULTA DIÁR IA. DAN O S M AT ER IAIS. é po ssíve l a
an te cipação de e fe ito s de tute la co ntra a faze nda
pú blica , ain da q ue co m a impo siç ão de pr e ce ito
co mina tó r io. tan to que a le i9 .4 94 /9 7 po ssibil ita a
sus pe nsão da e xe cução. não re sta afe tada a impo siç ão.
maio r ia. re spo nde o bje tivame n te o esta do pe lo ser viço
pú blico q ue pre sta . oco rr ida falha , de ve pr o ce der ao s
r e paro s ne ce ssár io s. de fe r ida tute la ante cipa da , fixado
prazo de 6 0 dias par ta cumpr ime n to da o br igação, a
mul ta diár ia ape nas incide a par tir do 61 º di a. a mult a
co mina tó r ia te m o pro pó si to de e stimula o
cum pr ime nto da o br igação. de ve se r fixad a em
pa tamar razo áve l, que não to r ne iníq ua ne m pro picie
r uína do de ve dor e o e nr ique ci me nto do cr e dor.
po ssíve l ao magis trado, de o fício, fixar e r e ve r se u
valo r ( ar ts. 46 1 , 6 44 e 6 45 do cpc ). o valo r diár io de
r $1 .0 00 ,0 0 e ra manife sta me nte e xce ssivo. razo áve l o
fina lme nte ar bitrado de r$ 50 ,0 0 di ár io s. não pr ovado s
o s ale gado s dano s ma ter iais , r e je ita- se o r e spe ctivo
pe di do. ape lo e r e me ssa oficia l de spr ovido s . 4 ª TURM A
CÍ V E L, AP C. 5 11 9 09 9 , RE L. M ÁR I O M ACH AD O – TJ DF

PR O C ESSUAL C IVIL E ADMIN I STR AT IVO. AGR AVO DE


IN ST R UMENTO. ANT EC IPAÇ ÃO DE T UT EL A EM FAC E DA
FAZ EN DA PÚB L IC A.C AB IM ENTO.SEG UR ADA.AUX ÍL IO -
DO EN Ç A. AC IDEN T E DE TAR B AL HO.D IST ÚRB IO S

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O ST EO MUSC UL AR ES R EL AC IO N ADO S AO TR AB AL HO -
DO RT. FUMUS B ON I IUIR IS E PER IC UL UM IN MO R A
C O MPR O VADO S.C ON C ESSÃO DA L IMIN AR . 1 – a de cisão
do su pre mo tr i bunal fe de ral, em se de de ação
de clarató r ia de inco nsti tucio nal idade nº 04 , não impe de
pe re m pto r iame nte a co nce ssão de tu te la ante cipa da
co ntra a faze nda pú blica , só have ndo ve daç ão no s
caso s e spe cífico s insculp ido s na le i nº 9 .49 4 /9 7 , ou
se ja, quando dize m r espe ito à re classi ficação ou
e quip aração de ser vi dor e s públ ico s, co nce ssão de
aume n to e exte nsão de vanta ge ns, não se este nde n do
a açõe s em que o ser vido r públ ico, li tiga ndo na
co ndição de se gurado, ple ite ia a co nce ssão de auxílio -
do e nça. 2 - r esta ndo co mpr ovado o liame causali dade
e ntr e a do e nça de q ue fo i aco me tida a ser vi do ra e o
e xe r cício da ativ idade labo rati va ( fu mus bo ni i ur is ),
so mado ao e vide nte r isco co ncr e to, atual e im ine nte de
pr o gr e sso das le sõe s pr ovo cadas po r se u o fício
( pe r iculu m in mo ra), r e stam e vide nciado s os
r e quisito s e sse nciai s para co nce ssão da limi nar em
me did a caute lar. 2ª TURM A CÍ V E L, ACÓ RD ÃO 1 39 28 8.
AG I DE 26 /0 3/ 2 00 1, RE L. AN A M ARI A DU ARTE AM AR AN TE
– TJ DF

Sob outro manto, descortinando a


caracterização dos efeitos danosos afetos a retenção indevida dos
salários (soldos), pertencentes ao Agravante, os tribunais em
aclarada lição jurisprudencial, censuram com toda propriedade a
atividade lesiva do Estado, pontuando nos seguintes termos:

PR O C ESSO C IVIL . AN T EC IPAÇ ÃO DE T UT EL A. CR ÉDITO S


C O NT R A O ESTADO. P ER IC UL UM IN MO R A. O Es tado,
at ualme nte , é um de scumpr ido r das de cisõ e s j udicia is.
A dif iculd ade para um ser vido r re ce ber qual que r
cr é dito de q ue se ja ti tular, me smo por ta ndo uma
se nte nça transi tada em julg ado, r e ve la- se pe lo
amo nto a do de pe dido s de inte r ve nção fe de ral, o que
che ga às rais do públi co e no tór io .

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Co ns eq ue nt em ent e, o p er ic ulum in mo r a , em se
t ra t a nd o de c r éd it o co nt r a a fa z end a p úb lic a ,
a ind a q ue p a r eç a jur id ic a m ent e um a b sur d o , na
p r át ic a nã o o é. E o p o d er jud ic iá r io nã o p o d e
fa z er d e co nt a q ue nã o v ê, po is o p io r c eg o é
ex a t a m ent e a q uel e q ue nã o q uer v er . agravo
pr ovido. unânime . 1 ª TUR M A CÍ VE L, AC Ó R D ÃO 10 88 98 .
AG I DE 24 /0 8/ 1 99 8, RE L. V ÁLTE R X AV I E R - TJ DF

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