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FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Consequências
O bruxismo pode levar a desgastes nos dentes, dores musculares e
problemas na gengiva, entre outras consequências.
"Quando começa na infância e continua na vida adulta pode gerar
mais danos porque são muitos anos em que o processo acontece",
diz Serra-Negra.
Segundo Gavião, estudos revelam que ao menos 35% das crianças
com bruxismo do sono continuam com os sintomas na idade adulta.
Outra consequência do hábito é a piora na qualidade do sono, que,
nas crianças, está relacionada à saúde física, ao desenvolvimento
intelectual e ao amadurecimento emocional.
Ela lembra que, além das questões emocionais, fatores
morfológicos podem estar na origem do bruxismo. "Estudos
mostram que crianças com mordida cruzada têm mais risco de
apresentar bruxismo."
Desgastes nos dentes podem ajudar o dentista a suspeitar que a
criança tem bruxismo, mas é preciso cuidado para diferenciar esse
problema da chamada erosão ácida, cada vez mais comum devido
ao grande consumo de refrigerantes e de bebidas cítricas. Também
deve-se levar em conta que os dentes, principalmente os de leite,
passam por desgastes naturais. "Os pais devem ficar atentos para
ver se o filho tem o hábito", diz Gavião.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd0101200901.htm
Ar contaminado
A fumaça do cigarro também permanece no ambiente e pode irritar
a mucosa nasal de crianças e adultos com rinite e asma. "A pessoa
diz que não fuma em casa, mas os resíduos chegam com ela ao
ambiente. E, se uma pessoa com mucosa sensível entrar em um
local onde já se fumou, isso vai trazer impacto", afirma João Paulo
Becker Lotufo, pneumologista pediátrico e responsável pelo Projeto
Antitabágico do Hospital Universitário da USP (Universidade de São
Paulo).
Lotufo cita um trabalho desenvolvido pela USP com crianças de
zero a cinco anos filhas de fumantes. Das avaliadas, 24%
apresentaram nicotina na urina. "Não estudamos o risco do toque,
mas se sabe que quem trabalha com as folhas do tabaco tem
problemas de saúde. Então dá para dizer que as toxinas
transmitidas pelo toque oferecem perigo."
Ele diz ainda que, quando a mãe é fumante, a criança é mais
atingida pelas toxinas do tabaco do que quando o pai mantém o
vício, já que, em geral, a mulher convive mais com o filho.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd0101200902.htm
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MÁRCIO PINHO
LUISA ALCANTARA E SILVA
Dúvidas
Segundo a consultora de língua portuguesa do Grupo Folha, Thaís
Nicoleti de Camargo, as principais indefinições estão centradas na
aglutinação ou no uso do hífen.
Daí surgem dúvidas como "subumano" ou "sub-humano", "co-
habitar" ou "coabitar" e "abrupto" ou "ab-rupto". Quanto ao prefixo
"re" (usado em palavras como "reeditar" ou "re-editar"), Thaís afirma
que o Acordo não faz menção específica a ele, o que provoca
diferentes interpretações.
Outra palavra que vem gerando dúvidas é "para-raios" (que perde o
acento diferencial do "pára"). No "Minidicionário Aurélio da Língua
Portuguesa", grafa-se "pararraios". Já o "Meu Primeiro Dicionário
Houaiss" e o "Minidicionário Houaiss" grafam "para-raios".
O motivo da dúvida é que o Acordo diz que devem ser aglutinadas,
sem hífen, as palavras compostas quando "se perdeu, em certa
medida, a noção de composição", conceito usado na agora
"paraquedas".
Para Thaís, "é provável que a perda da percepção dos elementos
constitutivos da palavra "pára-quedas" se deva à existência dos
derivados "pára-quedista" e "pára-quedismo". A ausência das
palavras "quedista" e "quedismo" na língua favorece o processo
natural de aglutinação". "No caso de "pára-raios" e "pára-brisa", isso
não ocorre, pois não há derivados", explica ela. Nesses casos, só
há a perda do acento diferencial da forma "pára", e não deve ser
feita a aglutinação.
A recomendação de Thaís é adotar a grafia antiga apenas em casos
de dúvidas causadas pela subjetividade do Acordo, para que a
assimilação do novo sistema não seja adiada.
A Folha já adota a nova grafia a partir de hoje.
foco
"Veteranos" em reformas afirmam que irão
ignorar novas mudanças na grafia
Rafael Hupsel/ Folha Imagem
A aposentada Maria Aparecida do Rio Pinho, que diz que nem vai
se informar sobre o novo Acordo
DA REPORTAGEM LOCAL
Para quem já passou por outras reformas ortográficas, as novas
regras válidas para a língua portuguesa a partir deste ano não
deverão gerar problemas na hora de escrever. Eles afirmam que
não darão atenção ao novo Acordo.
"Até hoje, só coloco acento quando acho óbvio", afirma a
aposentada Maria Aparecida Pires do Rio Pinho, 82.
Nascida em 1926, Cida, como é chamada pelos amigos, foi
registrada na certidão de batismo como Maria Apparecida, com "p"
duplo. Já na primeira carteira de identidade, expedida depois da
reforma da década de 40, seu nome apareceu com um "p" só.
Ela conta que isso lhe causou problemas quando foi tirar a carteira
profissional de bibliotecária. "Não queriam me dar porque os dados
nos documentos não batiam", lembra ela, rindo.
Sobre o Acordo atual, ela diz que nem vai lê-lo. "Ah, o trema vai
cair, é? Acho ótimo, porque é uma perda de tempo", diz ela, que até
hoje se recusa a usar o teclado de um computador para escrever
projetos para a ONG em que é voluntária, Lar do Caminho.
"E vou continuar entregando o texto do meu jeito. Quem for digitá-lo
arruma."
O mesmo pensamento tem o bibliófilo José Mindlin, 94. "Já vivi
vários acordos ortográficos sem tomar conhecimento deles", diz ele,
que escreve a palavra "húmido", com "h", até hoje. "Mas, pelo jeito,
eu escrevo razoavelmente bem", brinca.
Mindlin diz que se adaptou a algumas mudanças pelas quais
passou, "mas só a algumas". "Se me parecia razoável, tudo bem,
mas, às vezes, são coisas sem grande importância. Nem todas as
inovações são razoáveis."
E ele inclui nas inovações sem razão a queda do acento agudo em
ditongos abertos, como "idéia", que passa a ser "ideia". "Eu vou
continuar escrevendo "ideia" com acento."
Questionado sobre se vai tentar se adaptar desta vez, disse: "Não
perco o sono com isso. O mais importante é entender o significado
do que se diz ou do que se escreve".
Já quem trabalha com educação afirma que vai tentar se adaptar.
"Ah, tenho de aprender essas regras", diz Tiyomi Misawa, 58,
orientadora de um colégio em São Paulo. "Só acho que poderiam
ter caído todos os acentos. Quanto menos, melhor", diz ela, que já
era professora em 71, quando houve a última reforma. Agora, diz,
seus alunos estão aprovando as mudanças recém-chegadas.
"Acento, por exemplo, eles quase já não usam mesmo."
(LUISA ALCANTARA E SILVA)
DA REPORTAGEM LOCAL
Concursos
Os concursos e vestibulares admitirão as duas grafias por quatro
anos, mas a maioria não adotará as novas regras em seus
enunciados de imediato.
Uma das exceções é a FGV Projetos, que adota a nova ortografia
em suas questões a partir de janeiro na aplicação de um concurso
para vagas no MEC. Da mesma instituição também provém uma
iniciativa no ensino superior para a adaptação.
O professor de português jurídico Leonardo Teixeira é o
responsável por ensinar as novas regras às turmas de graduação
da Fundação Getulio Vargas. "Se houver resistência das
instituições, da imprensa, será mais difícil a assimilação."
Também há movimentação na rede pública. O governo de São
Paulo disse que 17 mil dos 230 mil professores da rede já foram
treinados em outubro e que, neste ano, passarão noções da nova
ortografia aos alunos.
"No começo, haverá certa confusão. Mas é algo que em quatro
anos pode ser aprendido. O professor deve ir chamando a atenção
às regras. A criança tem memória visual desenvolvida, o que
facilita", diz Bernardete Gatti, diretora de pesquisa da Fundação
Carlos Chagas e docente da PUC. (MÁRCIO PINHO E LUISA
ALCANTARA E SILVA)
OPINIÃO
O (Des)Acordo Ortográfico
Não teria sido melhor
esperar que tudo estivesse
realmente pronto para
"cortar a fita" do bendito
Acordo Ortográfico?
inculta@uol.com.br
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0101200901.htm
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