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FORTALEZA - CE
2008
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FACULDADES NORDESTE
FORTALEZA – CE
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2008
Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel do curso de
Jornalismo e comunicação Social, da Faculdades Nordeste - FANOR
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Orientador: Mestre José Anderson Freire Sandes – Fanor
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Professor: Especialista Carlos Enrique Gibaja Melgar – Fanor
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Professora: Mestre Elizabeth Linhares Catunda– Fanor
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AGRADECIMENTOS
Foram muitos os que me ajudaram a concluir este trabalho. E para estes os meus sinceros
agradecimentos...
... Primeiramente os meus pais, pelo apoio e a força dedicada nesses anos
RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 7
4.3 A Despolitização............................................................................................................ 33
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 44
6 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 47
7 ANEXOS.......................................................................................................................... 49
1 INTRODUÇÃO
objetivo dessa monografia é fazer uma análise mais aprofundada desse cenário, mais
especificamente sobre a revista Nova.
A Nova utiliza desde o seu início uma linguagem própria, em muitos casos impondo um
estilo de vida, que pode ser aplicado na moda, na casa, no trabalho ou na vida sexual. Em sua
grande maioria, a imprensa feminina, e dentro dela a revista Nova, procura oferecer para suas
leitoras respostas as dúvidas freqüentes relacionadas a este universo, criando, na maioria das
vezes, um laço de fidelidade com a leitora.
O tom intimista apresentado se assemelha mais a um diálogo entre a “revista” e a mulher.
Passando a idéia de intimidade, o periódico reveste-se de poder, determinado pela linha editorial,
para comunicar códigos sociais e processos ligados ao mundo feminino. A sutileza dessa
estratégia dificulta um grau de distanciamento e, com isso, a revista pode dizer à leitora como ela
deve conduzir sua sexualidade, influenciando diretamente no seu hábito de consumo, tornado-se
um agente importante na construção de um modo de vida feminino.
Atualmente, as revistas femininas têm sido objeto de estudo tanto do ponto de vista
cultural quanto em análise do discurso, por serem classificadas desde os seus primeiros
exemplares, como guias ou manuais para a resolução de problemas femininos. Os
questionamentos referentes ao jornalismo apresentando nesses tipos de publicações, também
serão analisados, através de critérios de noticiabilidade, o que, na maioria das vezes, nos
periódicos femininos ganham uma nova lógica. Classificamos a imprensa feminina atualmente
dentro de uma concepção do jornalismo de serviço, mais principalmente de entretenimento com
uma dose generosa de sensacionalismo, voltando-se especialmente para o consumo e qualidade
de vida.
Com foco na imprensa feminina, observamos uma rede de elementos que se constituem
em dispositivos que ajudam a construir o ideal de feminilidade apoiadas no ato de consumir,
desde produtos de beleza até questões mais complexas como a sexualidade. Os textos indicam
discursos e enunciados como moralizadores, selecionando alguns conteúdos e silenciando outros.
A revista Nova Cosmopolitan, conhecida como Nova, foi à escolhida para o estudo devido
suas características que marcaram a história dos periódicos, tanto no Brasil como
internacionalmente, tratando do mesmo assunto há mais de 35 anos: o sexo. Sendo umas das
primeiras revistas a falar abertamente sobre esse tema, o que a transformou em um grande
sucesso editorial. A relevância de se estudar esse meio de comunicação pode ser atestado não só
pelo fato de que ele representa uma ferramenta lucrativa, atingindo um público considerável em
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vários países, mas também pelas informações e pressuposições que veiculam sobre as mulheres
na sociedade contemporânea.
Priorizamos analisar as diversas formas de como são veiculadas as temáticas sexuais, que
na maioria das vezes, são apresentadas de maneira niveladas não havendo uma distinção entre os
assuntos, que oscilam entre entretenimento e educacional. Na revista Nova, constatamos uma
forma superficial, na maioria das vezes, leviana, não contendo uma base teórica e cientifica, para
que, assim a mulher também possa utilizar a revista como um meio de educacional.
Na maior parte das matérias analisadas há uma presença marcante da finalidade
puramente de entretenimento, até mesmo quando se discute a educação sexual, o que minimiza a
seriedade de certos conteúdos focados. Um dos exemplos estudado refere-se a uma matéria
apresentada em novembro de 2006, com o título de “Fortes Emoções no Ginecologista”. Partimos
do conceito que ao se tratar de um meio de comunicação, e este, presente nas vidas de suas
leitoras há muitos anos, ao reduzir a importância do acompanhamento médico, a sentimentos
como ansiedade, vergonha, preocupando-se com questões menores como a necessidade da
depilação, se é homem ou mulher o médico que irá lhe atender, desvincula o foco de importância
que deve se dar a este profissional.
Identificamos no texto elementos fúteis que tentam direcionar e auxiliar a mulher sobre
seu comportamento ao se consultar com o ginecologista, apresentando uma ausência de
informações que esclareçam as leitoras sobre a importância desse profissional.
Reforçamos que algumas temáticas deveriam ser abordadas de maneira mais completas,
contendo maior qualidade de informações, que podem ser sim, sentimentais, comportamentais,
mais também cientificas. Aliás, tratando-se de um meio de comunicação é necessário destacar
que ao focar a complexidade do assunto abordado - a sexualidade feminina - e, principalmente, a
educação sexual da mulher, é necessário impor regras ao discurso de intimidade, não se limitando
exclusivamente a esfera do entretenimento.
Desta forma, a revista Nova exemplifica de forma bastante esclarecedora que, no palco
contemporâneo, o sentido de relevância pública do conteúdo ofertado pela mídia está apoiado
principalmente em critérios do lucro. O pólo econômico se sobressai aos conteúdos da imprensa
feminina, reduzida assim como mais um simples produto comercial. Iniciamos nosso estudo
apresentando um panorama desse universo feminino, prosseguimos contando a trajetória desse
suporte desde os seus primeiros exemplares e analisamos a temática mais abordada pelo
periódico: o sexo.
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A imprensa feminina realiza um jornalismo que, desde o seu surgimento, deixa claro a
missão desse tipo de publicação, que, no caso, seria o aprofundamento dos assuntos destinados a
público específico.
No jornalismo de revistas, o público alvo é bem definido e possui características
específicas, sendo a publicação escolhida pelo leitor exatamente por suas peculiaridades.
Segundo Scalzo, autora do livro “Jornalismo de Revista”, as publicaçõestêm a capacidade de
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São várias as maneiras de escutar o que o leitor quer e tem a nos dizer. Seja por
intermédio de pesquisasqualitativas e quantitativas, ou mesmo por meio de
telefonemas, cartas e e-mails enviados à redação. Para quem trabalha numa
publicação que depende muito da sintonia fina com o seu público, esse contato é
essencial (Scalzo, Marília; Jornalismo de Revista,2003 p.37).
Assim na década de 70 surge no Brasil uma revista feminina direcionada não somente
para a mulher casada, como até então era feito, mas também para as mulheres solteiras. Por tanto,
Nova é considerada uma das primeiras revistas a introduzir com nitidez o conceito de liberação
sexual no Brasil. Estando até hoje entre os periódicos que vem tratando mais metodicamente da
construção da imagem da “mulher liberada” e seus novos parâmetros da relação entre homem e
mulher.
Exemplificando essa afirmação, que a revista Nova trouxe mudanças efetivas nos meios
de comunicação, podemos utilizar conteúdos que estavam presentes nas revistas femininas antes
das transformações ocorridas na década de 70. Como é o caso da seguinte frase, retirada do
periódico Jornal das Moças, de 1957: “Se o seu marido fuma, não arrume briga pelo simples fato
de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa” ou então essa outra máxima
também retirada do mesmo periódico “A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas,
servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias
domésticas”. Quer dizer, as revistas estavam dentro de um contexto patriarcalista, onde a mulher
era apenas um objeto. Segundo Ana Maria Seixas, em seus estudos sobre a sexualidade feminina,
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por muito tempo as mulheres eram consideradas fracas, ingênuas e tinham as suas emoções
sexuais reprimidas.
A partir dessa constatação podemos afirmar que através das páginas de uma revista, é
possível conhecer a história de uma época e o retrato de uma sociedade. Prova disso, é a imprensa
feminina que demonstra bem o progresso das mulheres no cenário público do Brasil. Segundo
Maria Rita Kehl, se década de 30, 40 e 50 para ser uma “boa” mulher, as revistas afirmavam que
ela deveria cuidar do bem-estar da família, com as mudanças de hábitos de leitura das mulheres,
isso teria provocado alterações no papel feminino, que atualmente, não se restringe à
administração da casa, pois uma mulher competente e completa para as novas publicações tem
que ser sedutora e realizada. É usando justamente esses argumentos que a revista Nova acerta o
seu público alvo.
seguintes sessões: Amor e Sexo; Vida e Trabalho; Beleza e Saúde; Moda e Estilo. Assuntos
domésticos e questões sobre maternidade não entram na pauta da publicação. Algo que se destaca
ao analisar a imprensa feminina seria justamente essa miscelânea de assuntos, sobre os vários
universos abordados em uma mesma publicação, Buitoni explica:
Nos estudos realizados por Kehl, a domesticação da sexualidade feminina seria causada
pela educação que recalcou as mulheres em papéis como esposa, mãe e nessa figura pura, como
já assinalou Seixas.
Hoje, como afirmamos, as revistas se tornaram responsáveis pela difusão das questões
relacionadas ao sexo. Além disso, os periódicos se transformaram em um espaço de confissão.
Segundo Buitoni, ao tratar da presença do sexo na imprensa, a autora afirma que somente duas
revistas falaram da temática mais abertamente uma, a Revista Nova (1973), outra era Carícia
(1975), ambas da mesma editora.
Adotando uma linha editorial que tenta inspirar uma autoconfiança nas leitoras, suprindo
uma lacuna no mercado, para Buitoni, nem sempre o ideal de valorização da mulher se confirma
nas páginas dos periódicos. Em muitos casos, assuntos importantes são apresentados de forma
superficial, com o predomínio do jornalismo de entretenimento. Com isso o suporte feminino já
provocou várias discussões. Adotando um discurso de defesa, para Scalzo, é necessário frisar que
o jornalismo de revista desde o seu surgimento tem comoprioridade as questões educacionais e de
entretenimento.
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Mas é preciso ficar claro que há funções que as revistas desempenham que não
tem nada a ver – e nunca tiveram – com o jornalismo propriamente dito. São,
sim, puro entretenimento. Assim eram as gravuras que distraíam um público sem
televisão no século XIX e começo do século XX. Assim são, até hoje, as
palavras cruzadas, as histórias em quadrinhos, as fotos de mulheres nuas em
revistas masculinas e tantas outras “informações” que ocupam páginas e páginas
nas revistas. (Scalzo, Marília; Jornalismo de Revista,2003, p.52).
Para Vilas Boas, o texto de revista é agraciado pela maior liberdade em termos de estilo,
provocando assim rupturas com o jornalismo apresentado pelas demais mídias.
apresentava idéias práticas sobre a mulher rompendo com a tradição do moralismo, onde suas
matérias obedeciam a três linhas básicas: aperfeiçoar o gosto, apresentar temas de interesse
público e defender certas causas, às vezes triviais, às vezes idealistas (1986, p.33). Foi também a
primeira publicação a introduzir arquitetura e decoração em suas páginas. Assim no século XX,
fica registrada publicações femininas que ultrapassaram a marca de um milhão de exemplares em
1919.
Durante o período da Segunda Guerra Mundial, muitos periódicos deixaram de circular.
Só em 1954 que a revista Marie-Claire voltou a funcionar. Harper’s Bazaa, no tempo da guerra,
uniu o estilo americano ao francês. E a revista Elle se consagrou como a primeira publicação
européia a ter publicidade em cores, conquistando logo imenso sucesso.
Depois sucederam o que Buitoni convencionou a chamar de império da vida prática, onde
os periódicos traziam conselhos e matérias que facilitavam a vida das mulheres. Logo após
vieram a sofisticada Vogue aplicando a filosofia do “você pode”, máxima ainda reconhecida na
maior parte dos periódicos atuais.
A Família, em 1863. A sua principal função era a formação de uma mulher prendada e que
dominasse os deveres de esposa e mãe.
Com uma finalidade contraria da proposta pelo jornal A Família, Presciliana Duarte de
Almeida, lança A Mensageira, entre os anos de 1897 a 1900. Os seus artigos defendiam a
emancipação da mulher, através de uma educação de qualidade e a diminuição das desigualdades
entre gêneros. A intenção era a de discutir questões relativas à emancipação da mulher, com a
veiculação de textos literários, artigos que tratassem do tema, além dos editoriais com a reflexão
crítica acerca da situação feminina.
Faz necessário ressaltar que do seu nascimento até muitos anos depois, a imprensa
feminina significava um canal de expressão para as sufocadas vocações literárias das mulheres.
Aliás, segundo Buitoni, no século passado, não existia nenhuma folha ou revista feminina que
não apresentasse parte literária. “Vários jornais e revistas eram publicações de associações
literárias femininas. Assim, as épocas iniciais da imprensa feminina abriram para a mulher um
campo que não lhe era próprio, tanto na Europa e EUA, como no Brasil”. (1986, p. 40).
A Revista da Semana, foi a responsável pela inauguração da fotografia, graças a evolução
das gráficas. Em 1900, a revista apresentava notícias, editoriais, comentários e muito pouco de
literatura. Com edições que tratavam de assuntos variados e traziamuitas ilustrações.
A primeira grande magazine feminina brasileira, A Revista Feminina, lançada em 1914,
por Virgínia de Souza Salles, associava assinaturas da revista com a venda de produtos para
mulheres fabricados pela mesma empresa. Entre os produtos foi disponibilizado pela primeira vez
a tinta para colorir os cabelos. A Revista Feminina anunciava estes e outros produtos. A
publicação circulou até 1936 com uma tiragem de aproximadamente de 30 mil exemplares.
Continha diversas seções sobre etiqueta, moda, relacionamento conjugais, bordados e
comportamento. E publicava matérias traduzidas da imprensa estrangeira. Contava a seu favor
também a colaboração de leitores e de escritores renomados do período tais como Coelho Neto,
Júlia Lopes de Almeida, Menotti Del Picchia, entre outros.
Segundo Buitoni, Revista Feminina foi a primeira que a indústria específica de produtos
femininos influíam decisivamente num veículo destinado às mulheres.
Mas o grande filão para a imprensa feminina foi descoberto na Europa, em 1951. Tratava-
se da fotonovela que tem suas origens ligadas ao cinema. Ela nasceu das publicações conhecidas
como cine-romance, apresentando resumos de filmes contendo fotografias das principais cenas e
um texto curto e explicativo. A narrativa romântica da fotonovela se difundiu velozmente pela
América Latina, basicamente por causa de seu conteúdo melodramático e sentimentalista,
apresentando em suas histórias intrigas amorosas, traições, desencontros. Seus vilões, heróis e
vítimas, assim como a divisão do mundo entre os ricos e pobres, logo fizeram sucesso. As
editoras descobriram que falar de assuntos ligados ao coração eracomo uma fórmula mágica que
“enfeitiçava” suas leitoras. Durante mais de 20 anos, as fotonovelas representaram um filão
importante no mercado de revistas, mas a partir da década de 70 esse gênero começou a entrar em
declínio. Assinala Buitoni, que logo depois surgiu uma imprensa feminina mais reivindicatória,
em decorrência das contradições urbanas e sociais, ampliadas pela ditadura militar.
Nos anos 50 e 60, a fotonovela se destacou fortemente no Brasil em termos de circulação,
só perdendo para os quadrinhos de Disney que se mantinham fortes entre as crianças. Várias
editoras resolveram entrar no mercado de fotonovelas, a Editora Abril, por exemplo, lançou
revistas como, Ilusão (1958-1982), Noturno (1959-1975), Contigo (1963) e vários outros
subprodutos de Capricho . Sobre a expansão de leitoras de romances e fotonovelas, Kehl afirma
que existiram alguns fatores que favoreceram a essa adesão.
Sendo que a revista Capricho, em 1952, se destacou das demais porque apresentava um
diferencial que atraiu as leitoras, pois ela publicava em uma única edição uma fotonovela
completa, o que agradou um grande número de leitoras, proporcionando um crescimento
vertiginoso da revista, chegando a ter uma tiragem de 500 mil exemplares no final da década de
50. Segundo Scalzo, a revista Capricho foi responsável pelas transformações das publicações
voltadas para os adolescentes. A Editora Abril, fortalecida com o sucesso de suas primeiras
revistas e atenta para a vinculação do consumo com a publicação feminina, lançou em 1959, a
revista Manequim, que está no mercado há 43 anos.
A primeira revista feminina brasileira com nome de mulher foi lançada pela Editora Abril
em 1961, a revista Claudia, com 150 páginas editoriais, em média, por mês, e 2,5 milhões de
leitoras e uma circulação de 425.500 exemplares mensais (IVC – abr/2001). A revista se destacou
na imprensa na América Latina e no segmento feminino como a publicação mais importante.
Claudia nasceu da necessidade da elaboração de uma revista que conseguisse conciliar beleza,
moda, culinária, política, sexo e cultura. Suas matérias buscavam representar a mulher de classe
média urbana, estimulada por um consumo emergente. Segundo Buitoni, foi a partir desse
periódico que surgiu a mulher no contexto da cultura de consumo.
Claudia, com nome de gente, veio ao encontro de uma certa busca de identidade
da mulher de classe média urbana; também veio estimular por todo um consumo
emergente. [...] Claudia é uma revista que procura adequar-se às exigências do
mercado. Houve época de publicar reportagens mais polêmicas, temas mais
intelectualizantes, mas seu grande filão , além da moda, é o mundo doméstico.
(BUITONI; Imprensa Feminina, 1986, p 49).
Logo depois, os periódicos começaram a tratar de assuntos tabus, entre eles, a utilização
de pílulas e a discutir o sexo como um meio de alcançar o prazer. Na época, o periódico que tinha
essa linha editorial era a revista Nova, lançada em 1973.
A revista Marie Claire foi lançada no Brasil em 1991, uma versão brasileira da famosa
revista que circulava na França, desde 1937. Hoje, a revista apresenta um perfil editorial que
promove o seu diferencial a partir da conquista de prêmios jornalísticos distribuídos por
instituições prestigiosas.
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A editora Abril é a maior editora de revistas da América Latina, e tem nas revistas o seu
principal produto. Elas representam cerca de 64% dos negócios do grupo. Atualmente,
disponibiliza 233 títulos de revistas por ano, que são lidos por 30 milhões de pessoas. No ano
2000, a editora alcançou a marca de 224 milhões de exemplares vendidos e 4,6 milhões de
assinaturas (mais de dois terços de toda a base de assinaturas do país), veiculando 47.700 páginas
de anúncio. Com esses números ocupa a confortável posição de líder hegemônica em circulação,
assinaturas e publicidade no Brasil.
Para Buitoni, a editora Abril foi se fortalecendo desde que começou com a revista
Capricho, editando cada vez mais produtos aperfeiçoados na área, sendo atualmente uma
verdadeira escola de jornalismo feminino no Brasil. Atualmente, as grandes revistas femininas
apresentam o mesmo modelo, apesar de cada uma ter um tipo especifico de público.
Tratar da história da imprensa feminina, mais especificamente as revistas femininas,
concluímos que essas publicações nasceram através da literatura, seguido pela moda, depois
houve a introdução de assuntos como trabalhos manuais, economia doméstica e conselhos sobre a
saúde. Com o desenvolvimento industrial, e a concretização da classe média, criaram-se outras
exigências: a casa, arquitetura, decoração e utensílios domésticos ganharam destaque estimulando
o consumo.
A indústria cosmética, intitulada como editoria de beleza, complementou assim as quatro
grandes editorias, que são a marca registrada dessa imprensa: moda, beleza, casa e culinária.
Segundo Buitoni, novos temas foram surgindo como realimentadores indispensáveis ao processo
de produção da imprensa feminina. Mas na grande maioria, os assuntos tratados nos periódicos
estão voltados para essas editorias mencionadas.
público, porém a imprensa feminina a retratava como uma simples dona de casa. O amor
romântico e as habilidades domésticas era o que mais vendia nos periódicos. Afirmava-se que a
formação de uma parceria amorosa teria como objetivo a construção de uma família e não na
procura de prazer. Assim o casamento ou qualquer vínculo amoroso era apresentando de uma
forma onde não se mencionava o prazer sexual, até mesmo porque o sexo ainda era tratado de
forma tabu. Segundo Scalzo, foi nessa década que a mulher começa a ser identificada pelo
mercado consumidor, devido ao fortalecimento do mercado interno e à relativa ampliação da
classe média. Também nos anos 50, a imprensa feminina teve a sua vinculação com o consumo.
Essa relação foi consolidada devido ao crescimento das indústrias relacionas à mulher e a casa.
A partir dos anos 60 admitiu-se que o desempenho sexual era um elemento essencial para
um relacionamento feliz e foi esse fator que garantiu que o sexo ganhasse espaço nas revistas
femininas, proporcionando uma verdadeira crise nas normas e sentimentos tradicionais vigente na
época. Após essa constatação, as revistas trabalharam em cima da idéia de que ser boa dona de
casa não era mais o suficiente e, tão pouco, garantia um casamento feliz e duradouro. Nesse
período também é destacadaa abordagem de alguns assuntos tabus como métodos de controle de
natalidade.
Mas a grande transformação na comunicação foi consolidada na década de 70. Entre ela
foi a segmentação no mercado editorial brasileiro, que buscava públicos específicos com assuntos
delimitados. A entrada da mulher na economia do país influenciou diretamente na produção de
revistas direcionado para elas, pois temáticas como o sexo, que até então, era pouco discutido,
tornou-se mais acessível. É neste contexto de intensas transformações que, em 1973, surge à
revista Nova. Na época, a revista se diferencia das demais congêneres por uma abordagem mais
direta da questão sexual e pela adoção da revisão dos papéis sexuais masculinos e femininos
como carro-chefe. Para Buitoni, essa publicação veio para suprir uma lacuna no mercado
editorial, onde o consumismo surge como remédio para os problemas femininos.
Como já foi mencionado, Nova faz parte do grupo Cosmopolitan, que tem o seu
surgimento nos Estados Unidos em um cenário de pós-guerra, onde uma parcela das mulheres já
tinha seus empregos e desejava a cada dia sua emancipação. O jornalismo feminino se destaca na
ordem da sociedade moderna. Já no Brasil, com o fim da ditadura, houve uma explosão do sexo
na mídia em geral que coincidiu na mesma época do lançamento da revista Nova.
A história da Cosmopolitan, tem inicio nos anos 60, nos Estados Unidos, quando Helen
Gurley Brown criou a revista Cosmopolitan, apresentando-se como obrigatória para as mulheres
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Suas funções não são transparentes, não visam apenas conselhos práticos ou
lazer. No espelho da imprensa feminina, as imagens e as verdades são muitas.
Dentre as funções em destaque a de construir o imaginário feminino, através dos
discursos e silêncios sobre os modos de cuidar de si/corpo e o exercício da
sexualidade. (Buitoni; Imprensa Feminina, 1986, p 5).
A revista Nova optou por ser a maior representante de uma imprensa feminina preocupada
com a temática sexual. Em suas edições mensais, tem trazido constantemente suplementos
especiais, conhecidos como Sexo&Lacrado, com dicas, sugestões e aspectos pedagógicos sobre
vida sexual, com a função de ensinar a mulher como ser mais eficiente na cama ou como agradar
seu companheiro nos diferentes aspectos da vida. O que segundo Foucault, ao discutir a história
da sexualidade, anteriormente abordar esses assuntos não era possível, principalmente na
sociedade burguesa, pois era de fácil reconhecimento à existência de austeridade ao se tratar da
sexualidade, onde a sociedade reprovava a imoralidade e costumes dissolutos.
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Partindo desse pressuposto pretendemos demonstrar e discutir uma das maneiras que a
revista Nova utiliza para apresentar um jornalismo que desde seu nascimento tenta exaltar tanto a
liberação das mulheres referentes a assuntos tabus como também evidenciar como são os textos
presentes na revista.
Iniciamos este trabalho, destacando que os vários elementos como os textos, fotos,
ilustrações e publicidades, condicionam a afirmar que as chamadas são sensacionalistas,
principalmente quando o assunto se refere a sexualidade, o que chama a atenção das leitoras. Só
para citar exemplos, podemos utilizar “Jogos Sexy”, “Clube do Livro Erótico”, “Uma noite e
muito mais” e outros. Para Felipe Pena, ao discutir essa questão do sensacionalismo, o autor
afirma que a imprensa em sua grande maioria está preocupada em fornecer entretenimento e
espetáculo ao invés de oferecer informação, tratando assim o receptor como simples consumidor,
sem apresentar sentido de relevância pública nas notícias.
A justificativa, segundo Buitoni, para a utilização dessa linguagem presente nos títulos e
sessões da revista seria por causa da maior parcela do seu público alvo, que tem até 30 anos. Por
isso, o periódico da prioridade a artigos e reportagens que julgam ser de interesse dessas
mulheres. Exemplificando, às reportagens de sexo, etiqueta sexual, regras para recém-namorados,
idéias para apimentar a relação, que estão sempre presentes nas páginas da revista. Para Buitoni,
as reportagens são centradas na maioria das questões pelas quais as mulheres solteiras estão
passando.
Referente a essas chamadas ou textos, Maingueneau tenta ressaltar a complexidade das
relações entre o sentido, contexto e receptor:
Segundo Buitoni, ao analisar esse suporte inicialmente se faz necessário enfatizar que a
imprensa feminina é um conceito terminantemente sexuado, indicando claramente para quem se
dirige, com um conteúdo e uma linguagem enquadrada no perfil de suas leitoras. Trata-se assim
de uma segmentação1 do mercado, onde as empresas jornalísticas, para sobreviverem, também
tiveram que se adaptar a essa realidade e focar seus produtos informativos e jornalísticos para
públicos segmentados.
Portanto desde “Consulta Íntima”, onde há uma profissional disponível para tirar dúvidas
referentes a anticoncepcional, menstruação, orgasmo, sexo e outros assuntos da intimidade da
mulher, a revista tem seção fixa como “1001 idéias de sexo”, “Conselho de Amiga”, “Dilema de
1A segmentação que foi resultada da revolução industrial que propiciou a oportunidade de oferecer produtos mais
acessíveis financeiramente, em menos tempo para um maior contingente de pessoas. Ao longo do tempo, a
segmentação foi se aprimorando, tendo atingido seu auge após 1980.
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Amor”, trabalhando sempre com a idéia de estar oferecendo para as leitoras conhecimentos
referentes a assuntos de sua intimidade, com uma linguagem apropriada para seu público.
Para Elisa Guimarães, no que se refere a organização do discurso realizado pela revista
Nova, seu texto, na maioria das vezes, tenta passar a idéia de formato didático, reunindo
elementos estruturais e significativo na enfatização do processo de ensinar. A linguagem direta e
sedutora e que se apresenta como um manual, também pode ser claramente identificada não
somente em seções de amor e sexo, mas também está presente em quase todas as páginas da
revista, com expressões como “passo a passo”, “faça o teste”. Mais esse modelo de texto não é
exclusivo da revista Nova, estando presente em quase todos os periódicos feitos para as mulheres.
Assim, a revista deixa claro que a temática sexual tem uma grande procura na atualidade.
Segundo Jeffrey Weeks2, a sexualidade tem a ver com as palavras, as imagens, os rituais e as
fantasias como com o corpo. Portanto as identidades sexuais são constituídas em meio a
representações culturais e a relações de poder estabelecidas por um sistema de significados
dominante, que impõe formas de comportamento e naturaliza relações que são construídas.
Com relação ao jornalismo apresentado pela revista, é necessário deixar claro uma
característica marcante presente nos periódicos femininos, que, no caso, seria a ausência da
notícia sobre acontecimentos atuais, selecionadas pelos critérios de noticiabilidade, presente
diariamente nos jornais, o que, no periódico feminino não tem muito espaço, pois se trabalha com
um outro conceito, que, no caso, seria a troca da notícia factual pela novidade.
Assim o jornalismo presente no universo das revistas, principalmente nas revistas
femininas, o fator tempo não condiciona o processo de produção das matérias, diferente das
outras mídias, onde a notícia tem prazo de validade, sendo marcada pela hora do fechamento do
jornal. Segundo Vilas Boas, ao discutir o estilo do tempo focado no texto de revista:
Na revista Nova podemos demonstrar a troca da notícia presente na maioria das mídias
pela novidade, ou melhor, aquilo que a revista apresenta como novo. Podemos utilizar as matérias
que trabalha bem essa idéia como é o caso da moda, pois quando a revista "lança" ou "inventa"
um modismo, logo em seguida cai no gosto das mulheres que sempre tentam se manter
atualizadas. Sobre essa estratégia utilizada pela imprensa feminina, Buitoni explica:
simplesmente ter ignorado o tal assunto por algum tempo enquanto outras
pessoas tomavam conhecimento dele, deixando, portanto de ser novidade.
Mesmo assim, na primeira vez que a informação chegar até você, na sua acepção
será sim uma novidade. Não existe o novo para todos, pois alguém tem que
saber primeiro para contar aos outros. E ainda por cima há as gradações de
novidade de acordo com o contexto do acontecimento. Esse é o cerne da
questão. (Pena, Felipe; Teoria do Jornalismo,2006, p. 40).
Com isso Pena, afirma que o conceito de atualidade e novidade só tem significado por
meio de contextualizações, sob a perspectiva da recepção. Portanto o receptor é quem classifica
algo como atual, mesmo que esse seja velho, ou como novo, mesmo já não sendo novidade para
outros receptores.
Para definir essa troca da notícia atual, pela novidade, presente na imprensa feminina
Buitoni (1986) destaca:
Mas os valores-notícia não são imutáveis, com mudanças de uma época histórica
para outra, com sensibilidades diversas de uma localidade para outra, com
destaques diversos de uma empresa jornalística para outra, tendo em conta as
políticas editorias. As definições do que é notícia estão inseridas historicamente
e a definição da noticiabilidade de um acontecimento ou de um assunto implica
um esboço da compreensão contemporânea do significado dos acontecimentos
como regras do comportamento humano e institucional. (Traquina, Nelson;
Teoria do Jornalismo,2005, p. 95).
O que não pode ser esquecido para dar continuidade na discussão a respeito da revista
feminina seria a própria história das revistas no contexto de sua finalidade. Segundo Scalzo, as
revistas no âmbito geral não tem uma aptidão noticiosa, mas sim a finalidade de ser um meio de
educação e de entretenimento, enquanto os jornais possuem em sua origem a marca explícita da
política, as revistas destacam-se por cumprir a função de ajudar na complementação da educação,
no oferecimento de certos serviços a seus leitores, no detalhamento de assuntos, na segmentação,
na interpretação e contextualização dos acontecimentos.
As revistas nasceram, por um lado, sob o signo da mais pura diversão – quando
traziam gravuras e fotos que serviam para distrair seus leitores e transportá-los a
lugares aonde jamais iriam, por exemplo. Por outro lado, ajudaram na formação
e na educação de grandes fatias da população que precisavam de informações
especificas, mas que não queriam – ou não podiam – dedicar-se aos livros.
(Scalzo, Marília; Jornalismo de Revista,2003, p.25).
imediatismo, conceito que é definido pelo tempo que decorre entre o acontecimento e o momento
em que a notícia é transmitida, nas revistas este conceito não é aplicado.
No âmbito das revistas femininas, essa diferença é ainda mais notória, o factual é deixado
de lado, no máximo pode influenciar para se falar de determinados assuntos. Segundo Buitoni,
isso acontece devido ao estilo das editorias presentes nesse tipo de veículo de comunicação. Elas
podem até aceitar ligação com o factual, mas não são por ele determinadas. Alegando que todo o
conteúdo presente na imprensa feminina é de fato responsável pela sua caracterização que é
dirigida e pensada para as mulheres.
Ao tratar de um gênero jornalístico, podemos concluir que a sua principal finalidade está
atrelada no fato de ordenar e classificar. Segundo Felipe Pena,muitos autores dedicaram suas
pesquisas para entender os critérios da separação entre forma e conteúdo. Partindo assim do
emissor a função do texto, que pode ser de opinar, informar, interpretar ou entreter. A utilização
de gêneros pode ser explicada, por Pena da seguinte maneira “seu objetivo é fornecer um mapa
para a análise de estratégias de discurso, tipologia, funções, utilidades e outras categorias”. (2006,
p. 66).
Quando determinado o estilo de discurso a ser utilizado pela mídia, que no caso da
Revista Nova teria a função principal de entreter, as matérias presentes no periódico tende a
confirmar esse discurso, como por exemplo, as matérias relacionadas ao sexo, onde a cada edição
acrescenta-se uma nova dica para a longa lista já existente. Aliás, segundo Buitoni, a revista
feminina em sua grande maioria, apresenta um jornalismo que é visto como se fosse uma
prestação de serviço para as mulheres que tentam tirar dúvidas referentes a intimidades. Seria
então o Jornalismo de Serviço, que em sua definição corresponde que toda matéria ou informação
que possa prestar um serviço à vida cotidiana de sua leitora. Jornalismo de serviço não se define
pelo assunto, mais pela maneira de veiculá-lo, mas sempre ligado à economia de consumo.
Segundo Buitoni, tudo começou quando se classificou que a seção de respostas às cartas
das leitoras, conhecida como o consultório sentimental, se tratava de uma prestação de serviço.
Que contavam com a participação de colaboradores que respondiam as milhares de cartas. Esse
rótulo dejornalismo de serviço abrange reportagens, seções que são usadas em várias editorias
como na moda, beleza, sexo e no campo profissional.
As seções de resposta às consultas a leitoras, ou outros texto apresentado nas editorias da
revista Nova, são predominantes em várias publicações femininas, prestam um serviço por
focarem em determinados problemas femininos, proporcionando “soluções” a diversos assuntos.
35
4.3 A Despolitização
Para Carla Bassanezi3, que realizou uma pesquisa sobre a imprensa feminina, a
constatação de uma transformação no comportamento das mulheres, não se apresenta
significativa para o progresso na posição da mulher na mídia brasileira, até mesmo porque,
segundo a pesquisadora, um exemplo clássico seria a própria revista Nova que desde a década de
70 permanece restrita amesma temática, alegando se tratar de um periódico revolucionário.
Ainda segundo a pesquisadora, a leitura de Nova permanece em uma repetição da
condição feminina enquanto dependente do homem para a sua felicidade. É o mito do amor
romântico que aparece com uma abordagem diferenciada, pois agora a mulher não busca ser uma
boa dona de casa e sim ter uma vida sexualsatisfatória.
É como se houvesse ocorrido uma troca de tema principal no cenário das revistas
femininas. Segundo Ana Seixas, se nas primeiras décadas do século XX, falava-se de amor, até
mesmo porque a temática amor sempre se remete a assuntos femininos, hoje os textos tratam e
exploram o sexo.
As primeiras percepções que temos indicam que essas mulheres não conheciam
seu corpo, suas zonas erógenas, não tocam o próprio corpo. Não o fazem por
vergonha, receio de estar cometendo um erro, fazendo algo feio, pecaminoso. O
papel sexual é pouco desenvolvido e associado a uma performance
estereotipada, na qual a mulher simula e representa por medo de perder o
companheiro. (Seixas, Ana Maria Ramos: Sexualidade Feminina, 1998, p: 18).
3Historiadora. Doutora em Ciências Sociais pela Unicamp e mestre em História Social pela USP, bacharel e
licenciada em História pela Unicamp. Foi por sete anos pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu -
Unicamp. Coordenou vários projetos editoriais, sendo um deles (História das Mulheres no Brasil) ganhador dos
prêmios Jabuti e Casa Grande & Senzala.
37
Ora, uma primeira abordagem feita deste ponto de vista parece indicar que, a
partir do fim do século XVI, a “colocação do sexo em discurso”, em vez de
sofrer um processo de restrição, foi, ao contrário, submetida a um mecanismo de
crescente incitação; que as técnicas de poder exercidas sobre o sexo não
obedeceram a principio de seleção rigorosa, mas, ao contrário, de
disseminação e implantação das sexualidades polimorfas e que a vontade de
saber não se detém diante de um tabu irrevogável. (Foucault, Michel; Historia da
Sexualidade, 1988, p 17).
Nas revistas femininas atuais não há o caráter dos almanaques antigos. Segundo Buitoni,
eles foram os antecessores da imprensa feminina, com a presença de economia doméstica,
medicina caseira, agricultura e outros assuntos. Mas a semelhança reside no caráter de
conselheiro e na questão da utilização demulheres belas como atrativo. Aliás, o atrativo é quesito
que dá vida aos periódicos femininos, a exploração da temática sexual amorosa tem início na
capa do periódico que tem uma função importantíssima tornando-se atualmente o carro-chefe da
linha editorial, onde se procura evidenciar a qualidade e raridade do que está dentro da revista. A
capa tem o papel de mostrar como um todo a proposta do periódico dando destaque a supostos
assuntos que faça a mulher adquirir a revista.
E utilizando desses argumentos às capas da Nova, exemplificam os assuntos
predominantes onde cerca de 50% das chamadas presentes nas capas tem um apelo sexual. Como
é o caso do exemplar da edição 395, agosto de 2006 (ver em anexo a capa da revista), contendo
enunciados do tipo “Seis tipos de orgasmo”, “Guia astrológico da sedução”, “Cinco pistas que
seu namorado dá quando trai”. Há também a exaustiva utilização de modelos ou artistas que tem
a função de incorporar e representar a mulher de Nova, aparecendo uma postura que evidencie as
formas do corpo e que possa demonstrar toda a ousadia que é ser a mulher que lê a revista Nova.
Aliás, nesta mesma edição 395, é exaltada a dedicação que esse suporte dá para as capas,
no editorial Cynthia Grenier, editora de redação, festeja que no 31º Prêmio de Jornalismo por
terem conquistado o prêmio pelo conjunto da obra:
38
No 31º Prêmio Abril de jornalismo, que a cada ano destaca a qualidade editorial
das revistas da Editora Abril, NOVA mereceu um reconhecimento e tanto.
Conquistamos o prêmio pelo conjunto da obra, que inclui as capas estreladas por
Juliana Paes (abril/2005), Angélica (setembro/2005) e Bruna Magagna
(outubro/2005). Toda redação ficou orgulhosíssima. Afinal, por mais que
acreditemos ter dado o nosso melhor quando a revista vai para as bancas, o
elogio traz um significado maior. (Revista Nova, edição 395, Agosto de 2006, p:
8).
Ler as chamadas da revista Nova, o questionamento que fica, seria então a ausência de
outros assuntos para apresentar para suas leitoras. Na mesma época desta edição o tema que
estava sendo discutido na grande mídia era a luta da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos
Sexuais e Direitos Reprodutivos, mobilizava o Brasil, exigindo a descriminalização do aborto.
Assunto que não aparece em nenhuma edição da revista. Segundo Buitoni, a explicação da
ausência desse tema seria porque a imprensa feminina não se aprofunda em determinados
assuntos devido a sua estreita relação com as leitoras:
Ao invés de abordar tal assunto, Nova prefere discutir as melhores posições na cama,
mostrando acessórios que aceleram prazer, truques que facilitam a obtenção do orgasmo,
oferecendo numerologia do amor. De fato, parte da imprensa feminina privilegia assuntos que
39
acelerem as vendas das edições. Trabalhar a sexualidade é abordar uma sabedoria que apresenta
estratégias diversas, que no caso da revista Nova, percorrem e utilizam a sexualidade da mulher.
Esta é segundo Buitoni, uma das acusações mais freqüentes aos periódicos femininos, o
fato das maiorias delas estarem pressas a temáticas especifica e incentivarem o individualismo, a
busca do conforto de bens materiais e a aquisição de produtos supérfluos, sendo uma mídia quase
sempre despolitizadora, muito diferente de sua finalidade nos séculos XVIII e XIX, onde a
imprensa feminina teve um importante papel na luta pelos direitos da mulher, chegando a
conseguir a feitura de lei e outras significativas vitórias.
Atualmente o privilégio exaustivo e permanente em tratar do tema do cuidado de si, do
individualismo, discutido por Foucault, que apresenta um histórico desde Sócrates, afirmando
que o princípio do cuidado do si adquiriu um alcance bastante geral que se faz presente em várias
doutrinas que ocasionou a elaboração de um saber.
[...] ocupar-se consigo mesmo é em todo caso um imperativo que circula entre
numerosas doutrinas diferentes: ele também tomou a forma de uma atividade, de
uma maneira de se comportar, impregnou formas de viver; desenvolveu-se em
procedimentos, em práticas e em receitas que eram refletidas, desenvolvidas,
aperfeiçoadas e ensinadas; ele constitui assim uma pratica social, dando lugar a
relações interindividuais,... (Foucault; História da Sexualidade, 2005, p. 50).
Conforme analisamos, para a revista a mulher de Nova está em uma busca constante pelo
aprendizado e aprimoramento das técnicas amorosas e sexuais. Então para satisfazer essa busca
40
por informações a revista oferece a cada nova edição matérias que disponibiliza um arsenal de
fórmulas que estão apoiadas em informações disponibilizadas por profissionais da área que tenta
persuadir a leitora. Relacionado a esse uso da linguagem para o ato de convencer sobre
determinada verdade, Citelli afirma:
Segundo Edgar Morin, a revista pode representar diversos papéis ou diversos discursos,
dependendo do seu consumidor, como: publicitário, conselheiro ou testemunha. Mas destacando
o seu papel de doador de bens que satisfazem os desejos e as necessidades dos receptores.
Confirmando o discurso de Morin, para Buitoni, a imprensa feminina usa uma “armadilha
lingüística”, que por detrás do tom coloquial existe todo um ordenamento de conduta.
De modo geral, na imprensa feminina, a leitora pode ser reconhecida através do próprio
texto, com o tom protetor do jornalista quando se reporta às mulheres, adotando uma posição de
delegado do público alvo que assim, passa a ensinar a linguagem do sexo pecando na
superficialidade ao se tratar de determinados assuntos, como a educação sexual.
Minha garota é viciada nos testes da NOVA e sempre me pede para fazermos
juntos. Finjo que não estou nem aí, que isso é coisa de mulher, mas a verdade é
que morro de curiosidade para ver o que ela vai responder.Roberto, 26 anos.
(“40 atitudes femininas que os homens adoram”, Revista
Nova/Cosmopolitan, edição 392, 2006, p.46).
42
Para Buitoni, a revista Nova se encaixa no perfil de um jornalismo voltado para entreter,
com uma pitada generosa de persuasão, mostrando um jornalismo para sociedade, ou para uma
parcela dessa sociedade, num momento em que os temas da qualidade de vida e do bem estar
social e individual, emergem nas esferas temáticas do mundo da mídia. Segundo Citelli (2004,
43
p.15) “persuadir não é apenas sinônimo de enganar, mas também o resultado de certa organização
do discurso que o constitui como verdadeiro para o destinatário”.
Mas devemos ressaltar que há determinadas matérias que exigem mais cuidados antes que
serem apresentadas para as leitoras. Quando a revista proporciona depoimentos alegando ser de
homens discutindo atitudes das mulheres, sua importância é questionável ou quase nula para a
leitora. Porém ao tratar de assuntos que remete a formação de compreensão de determinados
temas, é necessário que a matéria esteja de acordo com a estrutura jornalística. Contudo,
contrariando esse conceito, na revista Nova a predominância é do texto excessivamente coloquial,
onde diversos assuntos são tratados de maneiras iguais, independentes de sua importância, aliás,
destacamos que ao fazer uma leitura do periódico temos a sensação de que todas as matérias
foram escritas pela mesma pessoa.
Podemos demonstrar essa afirmação, comprando trechos de duas matérias, presentes na
revista Nova, sobre assuntos diferentes e por que não dizer de importância também diferenciada
para a leitora. Inicialmente, trata-se de uma matéria de entretenimento presente a seção Amor e
Sexo, onde o texto aborda estratégias para se reconquistar um amor.
Mas ele vai voltar... Assim diz Charlie Brown Jr. em sua música. Às vezes é
difícil acreditar, pois alguns homens são tão escorregadios que parecem
revestidos daquela película antiaderente - teflon! Se o seu escapuliu para cantar
em outra freguesia, é hora de conhecer os segredos para trazê-lo de volta. (“Mas
ele vai voltar”, Revista Nova/Cosmopolitan, edição 394, 2006).
Comparamos agora, outro parágrafo de uma matéria que julgamos ser não apenas de
entretenimento, mais sim referente à educação sexual feminina. Na reportagem trata-se de uma
temática de suma importância para o aprendizado da leitora sobre a estreita relação entre a
mulher e o ginecologista.
Devemos observar que falar sobre a sexualidade feminina nos periódicos teve no seu
início a prioridade de trabalhar através da conscientização, onde para Carmem da Silva4, até então
a mulher vivia mergulhada em um sono vegetal. Segundo Buitoni, o assunto sexo aparecia em
matérias didáticas, e que tratar da sexualidade era fortemente censurado nos ano 50 até meados
de 70.
Desde os anos 50 até meados de 70, a censura interna das editorias e a censura
governamental permitiam avanços extremamente vagarosos no tratamento da
questão sexual. Não podia, por exemplo, nomear as partes do aparelho genital
feminino, mesmo pelos nomes científicos; só era possível descrevê-los. Havia
problemas para publicar desenhos, ainda que esquemáticos; fotos eram
praticamente proibidas. Depois, a libertação. As revistas para homens tipo
Playboy foram pouco a pouco rompendo barreiras. A década de 70 foi marcada
pela presença do sexo na imprensa brasileira, já associado ao consumo. (Buitoni;
Imprensa Feminina, 1986, p 67).
Deve-se falar de sexo, e falar publicamente, de uma maneira que não seja
ordenada em função da demarcação entre o lícito e o ilícito, mesmo se o locutor
preservar para a distinção (é para mostrá-lo que servem essas declarações
solenes e liminares); cumpre falar de sexo como de uma coisa que não se deve
simplesmente condenar ou tolerar, mas geri, inserir em sistemas de utilidade,
regular para o bem de todos, fazer funcionar, segundo um padrão ótimo. O sexo
não se julga apenas, administra-se. Sobreleva-se ao poder público; exige
procedimentos de gestão; deve ser assumido por discursos analíticos. (Foucault,
Michel; Historia da Sexualidade, 1988, p 27).
Ao retratar sobre a educação sexual feminina, Ana Seixas assinala que a educação é um
processo cooperativo em que meios de comunicação e a família, dividem responsabilidades ao
fornecer padrões de comportamentos que estabelecem um conjunto geral de sentimentos em
relação ao corpo e interiorizam a identidade sexual. E que geralmente, os discursos sobre a
sexualidade é diferente de como ela é vivenciada.
46
CONCLUSÃO
A partir século XVII, a mulher dá seu primeiro grande passo, iniciava-se a alfabetização e
junto com ela surge à imprensa feminina, disposta a oferecer uma miscelânea de assuntos para
abastecer a leitora com conteúdos literários, educacionais e entretenimento.
Quando nos dedicamos a estudar a imprensa feminina, priorizamos analisar sua trajetória
desde os primeiro periódicos até os dias atuais, nesse percurso traçado notamos que o suporte aos
longos dos anos tentou suprir certas necessidades da leitora em cada época. Apresentando
finalidades que variam entre discursos como se fosse uma fornecedora de comportamento,
assuntos de moda e suplementos didáticos referente à sexualidade.
Como podemos acompanhar, na evolução desses periódicos, inicialmente as lutas
feministas ganhavam destaques, e depois de alcançados alguns direitos como o voto, o divórcio e
outros, houve o predomínio de determinados interesses estritamente apoiados na publicidade. A
preocupação com a obtenção do prazer sexual apagou o brilho das lutas contra as injustiças
sociais que antes tinhas destaque em muitos periódicos femininos.
Nova, versão brasileira da Cosmopolitan americana, que tem edições locais em vários
países do ocidente e até no Japão, centra-se na idéia de que é preciso infundir na leitora confiança
em si própria, através de artigos sobre comportamento, sexo, desejo de luxo e liberação. Como
disse Buitoni “é o velho: agarre seu homem”. Podemos afirmar que a revista Novaé um produto
que veio para suprir uma lacuna no mercado decorrente da segmentação dos meios de
comunicações.
De modo geral, encontramos dualidade, que se manifesta na tentativa de integração de
hábitos, valores coletivos com tendências individuais. Cada leitora é situada num contexto
específico, com influências de fatores globais. Como mais um produto da cultura de massa, a
imprensa feminina proporcionou e ajudou a democratização de costumes que abrange desde
modelos de roupas a pedagogia do sexo.
A revista Nova é uma das responsáveis pela representação da sexualidade feminina na
mídia, tem suas idéias apoiada na apresentação de um texto que é caracterizada pelas
contradições, apresentando-se como um campo imenso que tenta abordar temas da vida feminina,
47
priorizando página por página a temática sexual. Por se tratar de uma publicação que está no
mercado a mais de 35 anos, podemos afirmar então, que o sexo vende, como também é
responsável pela venda de outros produtos. O sexo que na maioria das vezes se confunde e se
completa na revista Nova com o amor, que provoca a união de duas temáticas que impulsiona o
mercado econômico.
O prazer, o desempenho sexual e o relacionamento a dois, temas exaustivamente tratado
pela revista, aparecem resumidamente como uma habilidade que podem ser desenvolvida e
aperfeiçoada, onde as matérias tentem a apresentar essas técnicas satisfazendo os desejos
masculinos e as dúvidas femininas. Apresentamos algumas características fortes da imprensa
feminina, destacamos que no texto há o predomínio de uma linguagem sensacionalista que a
revista alega estar de acordo com o seu público alvo.
Resumidamente, como discutimos, se na década de 30, 40 e 50 a mulher era representada
como uma simples dona de casa, hoje o predomínio é da despolitização da mulher no periódico,
nada de discurso políticos somente entretenimento. A mulher contemporânea, analisando a
imprensa feminina, está focada no sucesso profissional, na juventude eterna e a realização
pessoal.
Ao analisar os conteúdos dos textos presente na revista Nova, podemos também afirmar
que o suporte tem como tema central à sexualidade e as condutas femininas. Porém, acreditamos
que a revista erra ao nivelar todos os assuntos, não diferenciando os que estão relacionados a
aprendizagem da mulher, enquanto sua saúde sobre sexualidade.
Demonstramos o exemplo referente à reportagem, “Fortes Emoções no Ginecologista”,
onde sentimos a ausência de informações que possam estimular a ida da mulher no médico. Ao
analisar e apresentar determinada matéria sobre a sexualidade feminina, a revista Nova tem como
responsabilidade não esquecer os vários anos de repressão e preconceitos contra a mulher e do
longo período de desinformação que a mulher foi submetida. Principalmente por que raras são as
oportunidades que o periódico se dedica a abordar temas relevantes para a leitorae, quando surge
à oportunidade, a revista prefere questionar pontos sem importância, levantando dúvidas nas
leitoras sobre questões secundárias.
Utilizamos os conhecimentos ofertados por autores que estudaram as revistas, imprensa
feminina, sexualidade da mulher e linguagem jornalística, e concluímos que, apesar das revistas
terem suas raízes na finalidade de entreter e educar, como afirma Scalzo, na revista Nova sua base
está fixada no consumo. No periódico, a mulher apresenta um perfil consumista, estereotipada e
48
individualista. Não mostra a negra, a índia, a japonesa nem a podre. Aborda a sexualidade de
maneira rasa como se estivesse falando de qualquer outro assunto.
Concluímos que a imprensa feminina contemporânea, e principalmente a revista Nova,
não tem a pretensão de modificar o mundo, mas sim de reforçar e trabalhar em cima do repertório
do seu público alvo, constituindo um poderoso mercado consumidor. Através de mecanismos da
sociedade de consumo, onde os desejos das mulheres são transformados em mercadorias, dentro
da economia capitalista. Aliás, sobre essa questão Werneck Sodré, afirma que a história da
imprensa é a própria história do desenvolvimento da sociedade capitalista. O controle dos meios
de difusão de idéias e de informações que se verifica ao longo do desenvolvimento da imprensa é
reflexo da sociedade capitalista e o traço que comprova esta ligação dialética se constata na
influência que a difusão impressa exerce sobre o comportamento das massas e dos indivíduos.
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUITONI, Dulcília Schroeder. Imprensa Feminina. São Paulo: Editora Ática, 1990.
DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997.
KEHL, Maria Rita. Deslocamentos do Feminino. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1998.
MARCONDES FILHO, Ciro. A Saga dos cães perdidos. São Paulo: Hacker Editores, 2002
ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 2000. – (Coleção primeiros
passos.).
SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. 4 ed. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
__________. Teoria do Jornalismo – porque as notícias são como são – Florianópolis: Insular, 2.
ed., 2005.
VILAS BOAS, Sergio. O estilo magazine: texto de revista. – São Paulo: Summus, 1996.
http://www.fashionbubbles.com/2007/midia-impressa-revista-feminina-parte-2/
K Plus. A Emancipação da Mulher e a Imprensa Feminina (séc. XIX – séc. XX). Disponível
em: < http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=119&rv=Literatura > Acesso em 15 de maio de
2008.
Fashion Bubbles. Mídia Impressa - Revista Feminina / Parte 2. Disponível em: <
http://www.fashionbubbles.com/2007/midia-impressa-revista-feminina-parte-2/ > Acesso em 13
de agosto de 2008.
ANEXOS
ANEXO – CAPA
53
Amor e Sexo
55
1
"Minha garota é viciada nos testes da NOVA e sempre me pede para fazermos juntos. Finjo que
não estou nem aí, que isso é coisa de mulher, mas a verdade é que morro de curiosidade para ver
o que ela vai responder." Roberto, 26 anos
2.
"Fico fascinado com a delicadeza com que a minha noiva move a mão para ir pintando as unhas
dos pés. Tem ainda uma parafernália toda por perto, incluindo aquela coisa que coloca entre os
dedos. Parece um ritual tribal erótico. E mais: vê-la depilar a perna e a virilha também me agrada
muito." Osmar, 33 anos
3.
"Descobri que a Ângela era a mulher da minha vida pouco antes do Natal. Ela mesma fez os
cartões e escreveu uma mensagem diferente em cada um. Não conheço ninguém que teria todo
esse trabalho para mostrar à família e aos amigos que gosta deles." Marco Antônio, 36 anos
4.
"Homens curtem um clima, sim. Minha namorada acende velas perfumadas e a casa toda fica
ainda mais convidativa. Pode acreditar: o sujeito que diz que não liga pra essas coisas é um
panaca - ou um mentiroso." Daniel, 22 anos
5.
"Não tem nada mais sexy do que mulher de salto alto. Minha namorada usa o tempo todo e
costuma chegar em casa "morta". É incrível o que o mulherio agüenta por vaidade. Não que
esteja reclamando." Alex, 35 anos
56
6.
"Minha namorada se emociona até com filme de ficção científica. Tiro o maior sarro, mas no
íntimo acho comovente ela ser tão sensível. Todo homem acha, porque não somos capazes de
demonstrar direito as nossas emoções." Wagner, 25 anos
7.
"A Andréia leva horas para se arrumar, mas não me importo. Ficar observando ela trocar de roupa
mil vezes 'porque não tem nada para vestir' é um dos meus shows eróticos preferidos." Danilo, 24
anos
8
. "Curto demais ver minha namorada dormindo. Parece tão frágil. Às vezes, fica abraçada ao
travesseiro e é a coisa mais sexy. Eu me sinto poderoso, o cara que está ali para protegê-la."
Lucas, 27 anos
9.
"Assim que chega das compras, a Natália veste todas as roupas que adquiriu para me mostrar.
Adoro ver a gata, eufórica, desfilando só para mim" Juliano, 25 anos
10.
A Suzana sempre passa protetor labial antes de a gente ir para a cama. É uma bobagem, mas
deixa a boca tão macia e gostosa..."
(A continuação da matéria está presente no site da revista Nova Cosmopolitan:
http://nova.abril.com.br/edicoes/392/fechado/amor_sexo/conteudo_131358.shtml)
Assim diz Charlie Brown Jr. em sua música. Às vezes é difícil acreditar, pois alguns homens são
tão escorregadios que parecem revestidos daquela película antiaderente - teflon! Se o seu
escapuliu para cantar em outra freguesia, é hora de conhecer os segredos para trazê-lo de volta.
Luana Leme
Sabe qual é a primeira coisa que os consultores de marketing explicam a uma empresa que está
perdendo um ótimo cliente? Que ele só abandona alguém quando está completamente
desmotivado e não acredita mais no produto. No amor acontece a mesma coisa. Se o seu querido
foi embora, a possibilidade de seus departamentos de assistência técnica e atendimento
personalizado terem pisado na bola pode ser enorme. Claro que não é romântico colocar sua
infelicidade em termos tão comerciais. Mas, às vezes, é preciso deixar o sentimentalismo de lado,
mesmo que temporariamente. Em outras palavras, manter a cabeça fria, sem nenhum tipo de
fantasia a respeito do amado, é imprescindível para montar uma estratégia digna de profissionais.
Análise do mercado
Por falar em falsas ilusões, a primeira coisa a fazer é descobrir se ele é reconquistável. Caso
contrário, vai desperdiçar munição. A melhor maneira é analisar o jeito como ele a deixou.
Aprontou a maior cafajestada? Nem olha para a sua cara e rompeu por e-mail? Passou os últimos
dias (semanas ou meses) fazendo tudo que você mais odiava? Veio com aquele papo furado de
"Não é culpa sua nem minha, o encanto é que acabou"? Confessou que ainda não se sentia
preparado para um namoro sério? Pediu um tempo? Fora os dois últimos casos (nos quais existe
uma dúvida razoável), todos os demais indicam que a melhor pedida é partir para outra porque o
rapaz - desculpe a franqueza - queria mesmo cair fora.
Olho na demanda
Um indício de que nem tudo está perdido é o seguinte: no final do namoro, ele reclamava de
atitudes suas? Se a resposta for sim, é bom sinal. Por um simples motivo que o marketing
também explica: um cliente que reclama é um cliente interessado no relacionamento. Não quer
mudar de marca, quer ter o problema resolvido. Portanto, seu amado pode ter desistido porque
não conseguiu nenhum retorno. O bom da história é que na certa você faz idéia daquilo que o
incomodava; sabe, portanto, em que errou e o tipo de demanda que ele busca.
Mudança da embalagem
Mudar é a palavra-chave na luta pela reconquista. Não se iluda. Se ele voltar, não será para a
mesma mulher que deixou. Essa, seu amado conhece bem e não quer mais. Antes de considerar
uma tática, você precisa decidir até que ponto as queixas dele eram justas e quanto está disposta a
mudar seu comportamento. Porém, não adianta agir como ele espera só para fazer média. Afinal,
o objetivo não é apenas que ele volte, mas que fique, certo?
58
A força da auto-estima
O amor, dizem os psicólogos, apóia-se sobre um tripé: amizade, paixão e respeito. Basta um deles
fraquejar para a estrutura desabar. A maneira mais eficiente de colocá-lo de pé outra vez é
recuperar, primeiro, o respeito perdido - todo o resto depende disso. A menos que seu ex seja um
sujeito neurótico (e aí é melhor manter distância), ele sonha com uma mulher independente e
autoconfiante. Dar um passo sem consultá-lo não revela que você possui auto-estima de sobra.
De modo que o primeiro degrau rumo à reconquista é não dar passo algum - não na direção dele.
A idéia é fazê-lo perceber que saiu perdendo por tê-la dispensado. Então, mantenha a calma e não
o procure. Pelo menos nos dois ou três primeiros meses da separação. Esse é o espaço de tempo
que os especialistas chamam de "fase do alívio", quando a tendência é seu amado se sentir livre,
leve, solto. Ele só não está preparado para a hipótese de já ter sido esquecido. É a hora certa para
suas amigas ajudarem, aproveitando todas as chances para comentar com o rapaz que você está
ótima. Não que dê a mínima para o que aconteceu; ao contrário, sofre porque gosta dele, mas
pretende tocar a vida. Assim, quando se encontrarem "por acaso", seu amado irá olhá-la com
outros olhos. Aproveite para se mostrar amigável, porém não a ponto de aceitar qualquer avanço
romântico ou sexual.
Drible na concorrência
Quais são as suas chances se ele já tiver outra? Depende de quem ela é e há quanto tempo estão
juntos. Quando um homem troca uma mulher por outra, presume-se que comparou as duas e, no
caso, você perdeu. Recomenda o bom senso que fique na sua e não se exponha tentando voltar.
Espere para ver no que dá o novo namoro. Se, por outro lado, ele conheceu a outra depois que se
separaram, você é quem deve fazer as comparações. São muito parecidas? Mau sinal. Significa
que ele encontrou uma espécie de você melhorada - poucas rivais são mais difíceis de vencer que
uma versão bem acabada da gente. São muito diferentes? Calma. Talvez ele esteja traumatizado
com o fracasso da relação e resolveu tentar o oposto. Ninguém está dizendo que será fácil e não
há garantia de que dará certo. Mas você não sairá dessa luta derrotada. Na pior das hipóteses
aprenderá muito sobre si mesma e não voltará a cometer os mesmos erros - com ele ou com um
novo amor.