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06/01/2009

As barbaridades sobre Gaza


A brutal ofensiva de Israel contra os ataques do grupo extremista islâmico palestino Hamas na
faixa de Gaza excita comentaristas de várias especialidades a expor seus pensamentos sobre o
complexo conflito árabe-israelense.

É um festival de crimes contra a história, a razão e, muitas vezes, contra os cerca de 14 milhões de
judeus no mundo.

As barbaridades mais ofensivas, e por isso disparadas com mais gana, são as indignas comparações
com o nazismo e com o os guetos onde os nazistas e seus muitos colaboradores europeus
confinavam os judeus da Europa antes de exterminá-los.

Conheço bem essa história. Os irmãos e os pais de meus avós poloneses foram aniquilados no
gueto de Cracóvia, no sul da Polônia. Ao contrário do Hamas, eles nunca lançaram nem sequer
pensaram em lançar foguetes contra cidades polonesas ou alemãs, nunca quiseram exterminar
poloneses ou alemães, nunca endoutrinaram suas crianças no ódio antipolonês ou antialemão.

Mas mesmo assim abundam pelo mundo, e na mídia brasileira, autoproclamados 'humanistas' que
vêem na ação do Exército israelense traços das ações nazistas, um artifício imoral que minimiza a
barbárie nazista e maximiza a ação israelense.

Abundam ainda aqueles que, como os nazistas, se dedicam à desumanização dos judeus
israelenses, que querem transformá-los em lobos atrás do sangue das crianças palestinas, em
pessoas sem alma que querem destruir Gaza pelo prazer de matar palestinos.

Um chegou a escrever com impunidade que a metade dos israelenses que não apóia a ação de seu
Exército em Gaza (na verdade o apoio à ação na pesquisa citada é maior do que 50%) "é a parte da
humanidade no Estado de Israel".

O 'humanista' colocou na coluna dos não-humanos mais da metade dos israelenses, então vamos
chamá-lo só de meio-nazista, já que para a ideologia hitlerista nenhum judeu era humano.

O mesmo híbrido ("humanista" e meio-nazista) escreve ainda que o Estado de Israel foi "instituído
por não-judeus" e é fruto do "humanitarismo que proporcionou a criação" do Estado judeu.

O Estado de Israel é na verdade resultado da barbárie nazista, o oposto do tal 'humanitarismo'. O


nazismo e seus voluntariosos colaboradores europeus expuseram a necessidade básica de se criar
um Estado judeu como forma de evitar novas tentativas de extermínio.

E o Estado judeu não foi uma mera concessão da atrasada consciência culpada do mundo, que
nada fez para impedir os campos de extermínio nazistas apesar das evidências claras do que
acontecia na Europa.

Ele nasceu dos esforços das lideranças judaicas muito anteriores à Segunda Guerra (porque a
ligação dos judeus com Israel é milenar e o anti-semitismo genocida é um mal pré-nazista), que
promoviam a imigração clandestina à Palestina britânica apesar de ela ser proibida por Londres,
inclusive durante o extermínio nazista.
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Há ainda teses novas, como a de que os israelenses suportam a ofensiva porque vivem sob a
censura de seus meios de comunicação, que os impede de tomar conhecimento do que se passa em
Gaza, quando as TVs e os jornais do país estão cheios de relatos e imagens das lamentáveis mortes
de civis palestinos durante o bombardeio e a invasão de Gaza e milhares de israelenses saem às
ruas para protestar contra ela.

E o que os supostos 'humanistas' que desumanizam os israelenses têm a dizer sobre o


islamofascimo niilista e anti-semita em marcha acelerada pelos países do Oriente Médio? O que
disseram quando o Hamas lançava dezenas de foguetes diariamente contra a população civil de
Israel, buscando e provocando a reação israelense? O que disseram quando o presidente do Irã, já
convidado a visitar o Brasil pela ativa Chancelaria brasileira, ameaçou 'varrer Israel do mapa' e
busca ativamente, com pouca resistência global, uma bomba atômica para poder realizar seu
desejo manifesto?

Nada.

Devem achar que a maioria dos israelenses, não sendo humana, não merece seu "humanismo".

A desumanização de Israel em curso em alguns setores do planeta é um dos maiores equívocos


contemporâneos, fruto do anti-semitismo, da ingenuidade e da ignorância.

Até as pedras dos cemitérios da Palestina e de Israel sabem que a única saída para o trágico
conflito árabe-israelense é a criação de um Estado palestino viável que viva em paz e segurança ao
lado do Estado de Israel.

Sucessivas eleições em Israel elegeram maiorias que buscavam justamente esse objetivo de dois
Estados. Inclusive o governo atual, cuja principal bandeira era a retirada das tropas e colônias
israelenses dos territórios palestinos.

A primeira ação nesse sentido foi a retirada total de Gaza, que se transformou em campo de
lançamento de foguetes contra a população civil do sul de Israel, como a linha dura israelense, na
oposição, previu que aconteceria.

A disposição de Israel para novas retiradas está mortalmente abalada. Vai depender muito do
resultado da ofensiva atual.

Quando as armas se calarem, e esperemos que se calem o quanto antes, os terroristas do Hamas, e
seus patronos na Síria e no Irã que guiam suas ações, clamarão vitória (assim como seu irmão mais
velho, o Hizbollah, clamou vitória sobre os cadáveres de mil libaneses e o escombro de suas casas!).

É uma ideologia niilista, um culto da morte, onde morrer é vencer.

Assim, terroristas do Hamas disparam foguetes contra Israel cercados de mulheres e crianças, do
meio de cidades super povoadas, torcendo para que um míssil israelense aniquile essas mulheres e
crianças, cujos cadáveres, expostos quase como prêmios, são uma de suas maiores "vitórias" pois
convencem alguns "humanistas" de plantão que os israelenses não são humanos.

E serão os "humanistas" de plantão os primeiros a decretar a derrota de Israel e a vitória do


islamofascismo, como aquela infame manifestação esquerdista em Londres com os cartazes
"somos todos Hizbollah".

Espera-se que os humanistas sem aspas pensem diferente e coloquem a derrota dos objetivos do
Hamas como a única saída possível dessa guerra.
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E ela não precisa vir das bombas de Israel, mas de negociações internacionais para um novo
arranjo em Gaza que anule a capacidade do Hamas de levar o povo que diz defender a novas
tragédias lamentáveis.

P.S: Embora seja óbvio, mas para não ser declarado um não-humano impunemente nas páginas
dos jornais, vai aqui um esclarecimento: eu, como a esmagadora maioria dos israelenses, sou pela
paz e contra a morte de civis inocentes em qualquer parte do mundo.

Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do


caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países
como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore"
(1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.
E-mail: smalberg@uol.com.br

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