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INTRODUÇÃO
Na região Amazônica, as pastagens cultivadas têm como principal
componente florístico as gramíneas forrageiras. No entanto, visando a obtenção de
níveis satisfatórios de produção de forragem, evitando a degradação, torna-se
necessário a utilização de alguma fonte de nitrogênio (N) (química ou biológica), já
que a baixa disponibilidade deste nutriente tem sido apontada como uma das
principais causas da degradação de pastagens. A deficiência de N ocorre pela
diminuição dos teores de matéria orgânica (MO) do solo, devido ao manejo
inadequado do sistema solo-planta-animal. A recuperação de pastagens através
da aplicação de fertilizantes nitrogenados pode tornar-se inviável devido aos
elevados custos. Deste modo, a introdução de leguminosas surge como a
alternativa mais prática, eficiente e econômica para o fornecimento de N ao
sistema solo-planta-animal, além de aumentar a capacidade de suporte, melhorar
o valor nutritivo da forragem e ampliar a estação de pastejo, refletindo
positivamente sobre o desempenho animal (COSTA et al., 1997). Neste trabalho
procurou-se avaliar os efeitos dos métodos de plantio a lanço ou em sulcos, bem
como, as densidades de semeadura de 0,5; 1,0; 2,0 e 3,0 kg/ha sobre o
estabelecimento das leguminosas Desmodium ovalifolium e Pueraria phaseoloides
em pastagens degradadas, já que são espécies adaptadas as condições
edafoclimáticas e indicadas a comporem consorciações com gramíneas cultivadas
na região (GONÇALVES e COSTA, 1986).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Embrapa Rondônia no município de Porto
Velho, onde o clima, segundo Köppen, é do tipo Am, com estação seca bem
definida (junho a setembro), pluviosidade média anual de 2.250 mm, temperatura
média anual de 24,9°C e umidade relativa do ar próxima de 83%. O solo da área
experimental é um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com as seguintes
características químicas: pH 5,1; P 2 mg/kg; Al 0,4 cmol/dcm3 ; Ca + Mg 3,0
cmol/dcm3; K 71 mg/kg e MO 24,2 g/kg. O preparo do solo constou de duas
gradagens cruzadas e a adubação no plantio de 50 kg/ha de P2O5 (superfosfato
triplo), distribuídos a lanço ou nos sulcos. Adotou-se o delineamento experimental
de blocos casualizados com três repetições, em arranjo fatorial 2 x 4 x 2,
representados pelos métodos de plantio (a lanço com posterior enterrio superficial
e em sulcos com profundidade de 5 cm e espaçamento de 0,5 m), densidades de
semeadura (0,5; 1,0; 2,0 e 3,0 kg de sementes/ha) e as espécies de leguminosas (
D. ovalifolium e P. phaseoloides). As parcelas experimentais mediam 2,0 m x 2,0
m, perfazendo uma área útil de 1,0 m2. Em 26 de janeiro 1998 realizou-se o plantio
das leguminosas, com as sementes sendo previamente escarificadas através da
imersão em água a 80°C durante 5 minutos, seguida de lavagem em água corrente
e secagem. Após este processo, as sementes apresentavam 64 e 72% de
germinação, respectivamente, para D. ovalifolium e P. phaseoloides com 95% de
pureza para ambas. Decorridos seis e doze meses do plantio, efetuou-se o
levantamento do nível de estabelecimento das leguminosas, determinando-se o
número de plantas/m2 e a percentagem de cobertura do solo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não foi constatado efeito significativo (P>0,05) dos métodos de plantio em
sulcos ou a lanço sobre o estabelecimento de D. ovalifolium e P. phaseoloides.,
embora trabalhando com espécies diferentes (Centrosema pubescens, Clitoria
ternatea e Macrptilium atropurpureum), GARZA et al (1972) constataram que o
estabelecimento das leguminosas em pastagem de Cynodum spp, não foi afetado
pelos métodos de preparo de solo (convencional, gradagem e queima) e de
semeadura (a lanço e em sulcos). O estabelecimento inicial de D. ovalifolium foi
mais efetivo que o de P. phaseoloides (Quadro 1), pois apresentou maior
percentagem de cobertura do solo (47,4 x 15,8), bem como, quantidade de
plantas/m2 (23,5 x 6,9), ocorrendo o inverso com relação a de plantas invasoras
(33,9 x 47,5/m2). SEIFFERT (1990) considera a germinação de pelo menos 5
plantas/m2 de P. phaseoloides, o suficiente para que se dê o seu adequado
estabelecimento, o que ocorreu sob todas as densidades de semeadura. Já para
espécies como Neonotonia wightii, Calapogonium mucunoides, as quais
assemelham-se ao D. ovalifolium quanto ao tamanho de sementes e hábito de
crescimento, seriam suficientes de 20 plantas germinadas/m2, nível atingido
somente com as taxas de semeadura de 2,0 e 3,0 kg/ha. Sob as densidades de
semeadura de 2,0 e 3,0 kg/ha as leguminosas avaliadas atingiram níveis de
estabelecimento satisfatórios, constatando-se, em média, 18,0 plantas/m2 e
cobertura do solo de 38,8%. Ao semearem D. uncinatum sob diferentes
densidades (1 a 15 kg/ha), em pastagens degradas de Hyparrhenia rufa, KEYA e
VAN EIJNATTEN (1975) constataram que as taxas de 1 e 3 kg/ha propiciaram
satisfatório estabelecimento da leguminosa.
CONCLUSÕES
O D. ovalifolium e a P. phaseoloides podem ser introduzidos em pastagens
degradas, através dos métodos de plantio a lanço ou em sulcos, mantendo-se as
densidades de semeadura entre 2,0 e 3,0 kg/ha (valor cultural próximo a 64%),
sendo que o D. ovalifolium apresenta estabelecimento inicial mais efetivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A.; PEREIRA, R.G. de A.
Leguminosas forrageiras na recuperação de pastagens degradadas da
região amazônica. Porto Velho: EMBRAPA-CPAF Rondônia, 1997. 21p.
(EMBRAPA-CPAF Rondônia. Documentos, 36).
2.GONÇALVES, C.A.; COSTA, N. de L. Adaptação de novos germoplasmas de
leguminosas forrageiras consorciadas com gramíneas em Porto Velho, RO.
Porto Velho: EMBRAPA-UEPAE de Porto Velho,1985. 23p. (EMBRAPA-
UEPAE de Porto Velho. Boletim de Pesquisa, 5).
3.GRAZA, T.R.; PORTUGAL, G.A.; BALLESTEROS, W.H. Estabelecimiento de
tres leguminosas tropicales en un potrero de zacate pangola. Téc. Pec. Mex.
, v.22, n.1, p 5-11, 1972.
4.KEYA, N.C.O; VAN EIJNATTEN, C.L.M. Studies on oversowing of natural
grassland. III. The seeding rates for the establishment of Desmodium
uncinatum (Jacq.) when oversown or sod-seeded in Hyparrheinia rufa
grassland. East African Agriculture and Forestry Journal, Nairobi, v.40, n.4,
p.439-441, 1975.
5.SEIFFERT, N.F. Leguminosas para pastagens no Brasil Central. 2 reimp.,
Campo Grande, EMBRAPA-CNPGC, 1990. 131p. (EMBRAPA-CNPGC.
Documentos, 7).