A Vitoria Do Cristianismo Sobre A Filosofia Grega

A vitória do cristianismo sobre
a filosofia grega
Luc Ferry
A vitória do cristianismo sobre a filosofia grega
Uma formação acadêmica que

negligenciou conhecimento sobre:
Idade Média
Judaísmo
Cristianismo
Islamismo
Dos gregos aos modernos: 15 séculos (do II
ao XVII) saltados.
Necessidade do conhecimento:
Mesmo quando não se é crente, com muito
mais razão quando se é hostil às religiões,
como veremos em Nietzsche, não temos o
direito de ignorá-las. Mesmo que seja para
criticá-las, é preciso ao menos conhecê-
las e saber um pouco do que falam.
(p.73-74)
Razões:
• Aspectos do mundo atual atrelados a sua
filosofia.
• Obras de arte que exigem conhecimento
teológico.
• Conflitos armados ligados às religiões.
Falar de religião:
• um capítulo que seria contraditório, já que
filosofia e religião são caminhos
específicos de salvação.
Quatro razões para se falar do assunto:

1. A doutrina cristã vai competir com a
filosofia grega. Subverte a proposta
estoica por dentro e propõe uma
resposta inédita para a questão da
finitude humana.
2. Mesmo não sendo filosófica, não deixará

de haver, em seu seio, lugar para o
exercício da razão.
Duas direções:
a) Compreender os textos sagrados
b) Conhecer e explicar a natureza, criação
divina.
Philosofia ancilla theologiae
3. Não há mais nada esclarecedor para se

compreender a filosofia do que compará-
la ao que ela não é e ao que ela se opõe
radicalmente.
Opostas e próximas
4. No conteúdo do Cristianismo, no plano

moral, existem ideias que adquirem
autonomia quando retomadas pela
filosofia moderna e mesmo por ateus.
O valor moral do ser humano (dignidade).
 Respostas eficientes para nossas

interrogações sobre o fim da vida que
se tornaram incontornáveis.
Três grandes eixos

THEORIA
ÉTICA
SABEDORIA
1 – THEORIA: como o divino deixa de

se identificar com o cosmos e se
torna pessoa no Cristo.
CINCO TRAÇOS
1º traço – o logos que se confundia

com o cosmos, todo harmonioso
e bom, passou a se identificar
com uma pessoa singular, o
Cristo.
• A existência de mais de um bilhão de

cristãos no mundo e a importância de
entendê-los.
• O que importa: a passagem de uma
doutrina da salvação anônima e cega à
promessa de que vamos ser salvos não
apenas por uma pessoa, o Cristo, mas
também enquanto pessoa.
• Personalização da salvação.
• Amor cristão:
apoiando-se na definição da pessoa
humana e num pensamento inédito do
amor, o cristianismo vai deixar marcas
incomparáveis na história das ideias.
• Valorização da pessoa humana, do

indivíduo  filosofia dos direitos do
homem, acatada pelo Iluminismo.
• A palavra logos do Evangelho de São
João:
Logos = Verbo  Verbo Encarnado
• Para os gregos, a ideia de um Verbo

Encarnado é delírio:
Rebaixamento
• As repressões de Marco Aurélio,
massacrando cristãos, por conta do
desvio.
• O que está por trás disso?
Uma verdadeira revolução da definição do divino.
Trecho do Evangelho de São João:
No princípio era o Verbo,

e o Verbo estava com Deus,
e o verbo era Deus.
E o Verbo se fez carne
e habitou entre nós
e nós vimos a sua glória,
glória que ele tem junto ao Pai
como filho único, cheio de graça e de verdade.
• O divino muda de sentido:

Não é uma estrutura impessoal, mas uma
pessoa singular: Jesus, o Homem-Deus.
• Mudança abissal.
• Consequências para com a relação nossa
com a imortalidade.
• Marco Aurélio manda executar São Justino
(primeiro Pai da Igreja e primeiro filósofo
cristão).
• Muda também a theoria em seus dois

aspectos:
a) Theoria  o divino é pessoal.
b) Orao  modo de contemplar: a razão é
suplantada pela fé.
2º traço – A fé vai ocupar o lugar da razão, e

mesmo levantar-se contra ela.
• O acesso à verdade não passa mais pelo

exercício da razão.
• O que conta não é a inteligência, mas a
confiança.
• Cristo é digno de fé.

• Não se tra mais de pensar por si mesmo,
mas de confiar num Outro.
• A importância do testemunho:
Não mais argumentar, mas testemunhar e
crer.
3º traço – O requisito para se aplicar e

praticar convenientemente a nova teoria
não é mais o entendimento dos filósofos,
mas a humildade das pessoas simples.
• O tema da humildade onipresente em São

Tomás, Santo Agostinho e Pascal.
• Denúncia do orgulho e vaidade dos filósofos:

Os soberbos desdenharam de tomar esse Deus
como senhor, porque o ‘Verbo se fez carne e
habitou entre nós’, e isso eles não podiam
admitir. Por quê? Porque seria necessário que
eles deixassem a inteligência e a razão no
vestiário e as substituíssem pela confiança e
pela fé.
Santo Agostinho. A cidade de Deus.

• Dupla humildade:
a) Objetiva  o logos divino que se reduz
ao estatuto de um modesto ser humano.
b) Subjetiva  pensamento obrigado a
declinar da razão para crer.
Inchados de orgulho pela alta

opinião que têm de sua ciência, eles
não ouvem o Cristo quando diz:
aprendei de mim porque sou manso
e humilde de coração, e
encontrareis repouso para vossas
almas.
Santo Agostinho. A cidade de Deus.
• Fato inaceitável para judeus e gregos:

a) Judeus  Cristo é um deus fraco.
b) Gregos  encarnação medíocre contra a ideia
de um cosmos grandioso.
Deus não tornou louca a sabedoria deste século?

Com efeito, visto que o mundo por meio da
sabedoria não reconheceu Deus na sabedoria de
Deus, aprouve a Deus pela loucura da pregação
salvar aqueles que crêem.
Os judeus pedem sinais, e os gregos andam em

busca da sabedoria; nós, porém, anunciamos Cristo
crucificado que para os judeus é escândalo, para os
gentios é loucura, mas para aqueles que são
chamados, tanto judeus como gregos, é Cristo
poder de Deus e sabedoria de Deus. Pois o que é
loucura de Deus é mais sábio do que os homens, e
o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os
homens.
São Paulo Apóstolo. Carta aos Coríntios.

• Imagem inaudita: um Deus misericordioso

e não mais colérico. Não mais sublime
como o cosmos, mas humano.
• Santo Agostinho, em A cidade de Deus:
contra os filósofos.
Para consentir nessa verdade, precisaríeis
de humildade, virtude tão difícil de incutir
em vossas cabeças altivas.
O que há de inacreditável, sobretudo,

sobretudo para vós, cujas doutrinas vos
convidam mesmo a essa crença; o que há
de inacreditável quando dizemos que Deus
assumiu a alma e o corpo do homem?...
Sim, por que as opiniões que são as vossas
e que aqui vós combateis vos impedem de
ser cristãos, senão porque o Cristo veio na
humildade ve que vós sois soberbos?
Um Deus que se rebaixa

até o homem.
4º traço – nessa perspectiva que atribui

primazia à humildade e à fé sobre a razão,
o “pensar por meio de Outro” de
preferência a “pensar por si mesmo”, a
filosofia não vai desaparecer inteiramente,
mas vai se tornar “serva da religião”.
• Philosofia ancilla theologiae  fórmula do

século XI, por São Pedro Damião, teólogo.
• Existe uma filosofia cristã? Não e sim.
a) NÃO: “Verdades elevadas” pela boca de
profeta, de um messias. Salvação pela
graça de Deus e não pela força do homem.
b) SIM: há uma filosofia, numa posição
secundária, como forma de interpretação
das Escrituras.
• A partir de São Tomás de Aquino (século

XIII), a filosofia cristã vai se tornar cada
vez mais importante.
Ex: provas da existência de Deus.
5º traço – por não ser mais a doutrina da

salvação, mas apenas uma serva, a
filosofia vai se tornar uma “escolástica”,
quer dizer, no sentido literal, uma
disciplina escolar, não mais uma
sabedoria ou uma disciplina de vida.
• Ponto crucial: apesar de emancipada com

a modernidade, a filosofia como salvação
é uma ideia rejeitada pela maioria dos
filósofos.
• Ela se torna acadêmica: história, discurso
reflexivo, crítico ou argumentativo.
• Ela se torna Escolástica: simples
esclarecimento de conceitos.
Filosofa-se sobre o sentido das escritura ou

sobre a natureza como obra de Deus, mas não
mais sobre as finalidades últimas da vida
humana. Ainda hoje parece óbvio que a
filosofia deve, ao mesmo tempo, partir e falar
de uma realidade exterior a ela: é a filosofia
das ciências, do direito, da linguagem, da
política, da arte, da moral etc., mas quase
nunca, sob pena de parecer ridícula ou
dogmática, amor à sabedoria.
2 – ÉTICA – Liberdade, Igualdade,

Fraternidade – o nascimento da ideia
moderna de humanidade.
• Não houve regressão no plano ético.

• Três novas ideias não gregas, de

modernidade espntosa:
1ª - A noção de que a humanidade é
fundamentalmente uma e que os homens
são iguais em dignidade – ideia de que a
democracia moderna é herdeira.
TRÊS TRAÇOS
1º traço – A liberdade de escolha, o “livre-

arbítrio”, se torna fundamento da moral, e
a noção de igual dignidade de todos os
seres humanos faz sua primeira aparição.
• Mundo estoico  gradações e

hierarquias. Natural e desigual.
Distribuição desigual dos dons naturais.
• Mundo grego  aristocrático  existe
uma hierarquia natural dos seres.
Escravidão é natural.
• Para os cristãos, as desigualdades naturais

desaparecem em face de uma igualdade moral.
• Importa o uso que fazemos das qualidade
recebidas no início, não as qualidades em si.
O que é moral ou imoral é a liberdade de escolha,

o que os filósofos vão chamar de “livre-arbítrio”, e,
de modo algum, os talentos da natureza enquanto
tais.
• Saída do universo aristocrático para entrar

no da meritocracia.
• Do mundo natural das desigualdades para
entrar no mundo artificial da igualdade.
• A dignidade dos seres humanos é a
mesma para todos.
• Argumento forte e simples: a serviço do
bem e do mal.
• O uso dos dons é que é moral ou imoral,

não os dons em si.
• Verdadeira revolução na história do
pensamento  livre-arbítrio.
• Ressonâncias na Declaração Universal
dos Direitos do Homem, de 1789.
2º traço – o espírito é mais importante que a

letra, o “foro íntimo” mais decisivo do que
a observância literal da lei da cidade, que
é sempre uma lei exterior.
• Cristo e a mulher adúltera: atirar a
primeira pedra.
• O foro íntimo: o fundo da consciência.
• Inovação: enorme lugar à onsciência, ao

espírito, mais que a letra da lei.
Ex.: despojamento de prescrições, como o
“peixe da sexta-feira”.
Favorecimento para a passagem para a
democracia, o surgimento de sociedades
leigas, não religiosas – por ser a moral
uma questão interior.
3º traço – a ideia moderna de humanidade

que entra em cena.
• A ideia de humanidade adquire uma
dimensão nova, fundada na dignidade de
todos os seres humanos:
- todos os homens se equivalem.
- Todos os homens são irmaos.
• Humanidade: conceito ético primordial.

• A noção grega de “bárbaro” tende a
desaparecer em face da convicção de que
a humanidade é uma ou não existe.
• O cristianismo é a primeira moral
universalista.
• Salvação:
Estoicos  passagem de um estado
pessoal a um estado impessoal.
Cristãos  promessa categórica da
imortalidade pessoal.
• Promessa integrada no pensamento do
amor e da ressureição dos corpos.
3 – SABEDORIA: uma doutrina da salvação

pelo amor que nos promete, enfim, a
imortalidade pessoal.
TRÊS TRAÇOS
1º traço – se o logos, o divino, se encarna

numa pessoa, a do Cristo, a providência
muda de sentido. Ela deixa de ser, como
era para os estoicos, um destino anônimo
e cego, para se tornar uma atenção
pessoal e benigna, comparável à de um
pai para com os filhos.
• A salvação será também pessoal.

• Promessa de uma imortalidade singular.
• O homem não é um fragmento cósmico,
mas uma pessoa em especial.
• Referência: um diálogo de São Justino,
em 160, obra em que conta seu caminho
de conversão.
• Apologista.
• Apologia: textos em defesa dirigidos aos
imperadores romanos, a fim de proteger a
comunidade dos rumores que pesavam
sobre o culto.
• Os cristãos eram acusados de muitos
horrores que ecoavam na opiniao pública.
• Antropofagia, canibalismo, adoração de

divindades grotescas, assassinatos rituais,
devassidão, incesto, etc.
• São Justino escrevia para rebater a essa
difamação e dar testemunho da prática cristã.
• Primeira Apologia, de 150, foi enviada ao
imperador Antonino.
• A segunda, a Marco Aurélio que o condenou
à morte.
• Os cristãos só podiam ser perturbados, se

denunciados por pessoa “digna de
confiança”.
• Crescêncio, ex-filósofo cínico, fez a
denúncia contra Justino.
• Justino foi decapitado junto com seis
alunos.
• Defesa de Justino no contexto do “Verbo

encarnado  anônima e impessoal X pessoal
dirigida ao indivíduo singular.
Certamente – escreve ele – os pensadores gregos

tentam nos convencer de que Deus cuida do
universo, dos gêneros e das espécies como um
todo. Mas a mim, a ti, a cada um em particular, não
é o que acontece, pois, de outro modo, não
rezaríamos a ele dia e noite!
• O destino implacável e cego dos Antigos

cede lugar à sabedoria benigna de uma
pessoa que nos ama como pessoa.
• O amor se torna a chave da salvação.
• Não qualquer amor, mas o “amor em
Deus”.
• Ultrapassar e vencer a morte.
2º traço – o amor é mais forte que a morte.
• Ligação entre amor e medo da finitude

não é tão evidente a princípio.
• Existem três figuras do amor:
a) Amor-apego: quando nos sentimos
ligados a alguém sem poder imaginar com
viver sem esse alguém.
• Trata-se do amor-paixão, direcionado a

amigos, familiares e amantes.
• O amor mais perigoso e o menos sábio de
todos.
• Não suporta a morte, não tolera rupturas e
mudanças, embora inevitáveis.
• Possessivo e ciumento.
• Causa os piores sofrimentos.
b) O amor ao próximo ou compaixão: o que nos

levar a cuidar inclusive de estranhos, quando
na desgraça.
• Expresso na caridade cristã ou na ação
humanitária.
• Prochain é o contrário de proche: próximo e
achegado.
• Próximo: o outro anônimo a quem ajudamos.
• Achegado: o próximo a quem nos apegamos.
c) O amor em Deus: a fonte última da

salvação, mais forte que a morte.
Considerações:
• Para estoicos e budistas, o medo da morte
é o pior entrave à vida bem-aventurada.
• Relação direta com o amor, uma vez que
este cria laços e não quer rupturas.
• Se a lei do mundo é a mudança, amar ou

apegar-se é pecar por falta de sabedoria.
• A paixão não é algo conveniente.
• O monge budista se interessa pela
solidão.
• Monge = monos = só.
• Na solidão, a sabedoria pode
desabrochar.
• Família e filhos geram apego e nos

incutem o medo da morte.
• Budismo: “A condição ideal para morrer é
ter abandonado tudo.”
• O cristianismo se assemelha a essas
ideias: “Quem semear na sua carne, da
carne colherá corrupção; quem semear no
espírito, do espírito colherá a vida eterna.”
• Pascal:
É injusto que se apeguem a mim, embora o façam

com prazer e voluntariamente. Eu iludiria aqueles
em quem eu despertasse desejo, pois não sou o
fim de ninguém e não tenho com o que satisfazê-
los. Não estou eu pronto a morrer? E assim, o
objeto do apego dessas pessoas morrerá.
Logo, quando não seria eu culpado por fazer crer numa
falsidade, embora eu a adoçasse e acreditasse nela com
prazer, e que ela me desse prazer; ainda sou culpado de
me fazer amar. E se atraio as pessoas para que se
apeguem a mim, devo advertir aqueles que estariam
prontos a consentir na mentira de que não devem acreditar,
qualquer que seja a vantagem que daí me advenha;

e, da mesma forma, de que não devem se

apegar a mim, pois é preciso que vivam a
vida e seus cuidados agradando a Deus
ou procurando-o.
• Santo Agostinho, nas Confissões, fala da

dor da separação de um amigo de infância
que morreu.
• É preciso resistir aos apegos quando são
exclusivos.
• Mas o homem não é mortal.

• Não podemos nos apegar ao passageiro.
• Mas estamos permitidos a amar o que não
passa.
• “Se meu amor fosse dirigido à eternidade
no outro, por que não deveria ele me
prender?”
• Toda a originalidade da mensagem cristã:

a boa-nova da imortalidade real, da
ressurreição não das almas, mas dos
corpos singulares.
• Um dos efeitos do amor em Deus.
• Então o apego é conveniente e
recomendável, desde que ligados no amor
divino.
• Do amor-apego e da compaxão 
abertura ao amor “em” Deus das criaturas,
elas mesmas eternas.
Senhor, bem-aventurado aquele que vos

ama e ama seu amigo em vós, e seu
inimigo por amor de vós.
Santo Agostinho
Pois só não perde nenhum de seus

amigos aquele que só ama alguém
Naquele que não se pode perder nunca. E
quem é Ele, senão nosso Deus... Só vos
perde, Senhor, aquele que vos abandona.
3º traço – uma imortalidade enfim singular. A

ressurreição dos corpos como ponto
culminante da doutrina cristã da salvação.
• Promessa original e aliciante: salvação
para a alma e o corpo, preservando a
singularidade pessoal.
• Centralidade da fé cristã.
• Amor do próprio Deus e das criaturas nele.
Se as almas te agradam, ama-as em Deus,

porque elas são errantes e mutáveis em si
mesmas, e fixas e imóveis Nele, de quem elas
obtêm toda a solidez de sua existência, e sem o
qual elas desmoronariam e pereceriam...
Segurai-vos firmemente Nele, e sereis
inabaláveis.
• É a ressureição que, em última instância,

inaugura a terceira forma de amor que é o
amor em Deus.
• Laço indissolúvel entre amor e
ressurreição.
• Sem ressurreição, o cristianismo se
esvazia.
• Ressuscita-se na dicotomia corpo-alma.
• É inexato dizer que o cristianismo é um

combate à carne.
• A soteriologia cristã surge como única que
nos permite vencer não apenas o medo da
morte, mas a própria morte.
• Mas essa doutrina começa a declinar com o
Renascimento.
• E a filosofia se sobrepõe a ela, a partir do
século XVII.

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A vitória do cristianismo sobre

Uma formação acadêmica que

Quatro razões para se falar do assunto:

2. Mesmo não sendo filosófica, não deixará

3. Não há mais nada esclarecedor para se

4. No conteúdo do Cristianismo, no plano

 Respostas eficientes para nossas

Três grandes eixos

1 – THEORIA: como o divino deixa de

1º traço – o logos que se confundia

• A existência de mais de um bilhão de

• Valorização da pessoa humana, do

• Para os gregos, a ideia de um Verbo

Trecho do Evangelho de São João:

No princípio era o Verbo,

• O divino muda de sentido:

• Muda também a theoria em seus dois

2º traço – A fé vai ocupar o lugar da razão, e

• O acesso à verdade não passa mais pelo

• Cristo é digno de fé.

3º traço – O requisito para se aplicar e

• O tema da humildade onipresente em São

• Denúncia do orgulho e vaidade dos filósofos:

Santo Agostinho. A cidade de Deus.

Inchados de orgulho pela alta

• Fato inaceitável para judeus e gregos:

Deus não tornou louca a sabedoria deste século?

Os judeus pedem sinais, e os gregos andam em

São Paulo Apóstolo. Carta aos Coríntios.

• Imagem inaudita: um Deus misericordioso

O que há de inacreditável, sobretudo,

Um Deus que se rebaixa

4º traço – nessa perspectiva que atribui

• Philosofia ancilla theologiae  fórmula do

• A partir de São Tomás de Aquino (século

5º traço – por não ser mais a doutrina da

• Ponto crucial: apesar de emancipada com

Filosofa-se sobre o sentido das escritura ou

2 – ÉTICA – Liberdade, Igualdade,

• Não houve regressão no plano ético.

• Três novas ideias não gregas, de

1º traço – A liberdade de escolha, o “livre-

• Mundo estoico  gradações e

• Para os cristãos, as desigualdades naturais

O que é moral ou imoral é a liberdade de escolha,

• Saída do universo aristocrático para entrar

• O uso dos dons é que é moral ou imoral,

2º traço – o espírito é mais importante que a

• Inovação: enorme lugar à onsciência, ao

3º traço – a ideia moderna de humanidade

• Humanidade: conceito ético primordial.

3 – SABEDORIA: uma doutrina da salvação

1º traço – se o logos, o divino, se encarna

• A salvação será também pessoal.

• Antropofagia, canibalismo, adoração de

• Os cristãos só podiam ser perturbados, se

• Defesa de Justino no contexto do “Verbo

Certamente – escreve ele – os pensadores gregos

• O destino implacável e cego dos Antigos

2º traço – o amor é mais forte que a morte.

• Ligação entre amor e medo da finitude

• Trata-se do amor-paixão, direcionado a

b) O amor ao próximo ou compaixão: o que nos