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O Hospital

Psiquiátrico: uma
Instituição
necessária.

Dr. Carlos Eduardo Kerbeg


Zacharias
Conflitos de interesse
• De acordo com a Norma 1595/2000 do Conselho Federal de Medicina e a Resolução 102/2000 da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária:

– Médico Psiquiátrica com Título de Especialista pela ABP. Formado pela PUC-São Paulo em 1985.

– Supervisor do Serviço de Psiquiatria do Conjunto Hospitalar de Sorocaba e Coordenador da Unidade


Regional de Emergência do Hospital Regional de Sorocaba – Funcionário Público concursado da
Secretaria de Saúde do Governo do Estado de São Paulo.

– Médico Psiquiatra do Ambulatório de Saúde Mental de Sorocaba – Funcionário Público concursado da


Secretaria Municipal de Saúde do Município de Sorocaba – S.P.

– Perito Judicial prestando serviços ao Setor de Laudos Periciais Psiquiátricos da DIR XXIII – Secretaria
de Saúde do Estado de São Paulo.

– Médico Psiquiatra dos Hospitais: Mental Medicina Especializada e Vera Cruz.

– Presidente do Centro de Estudos Psiquiátricos Vera Cruz – Federada da ABP.

– Não presto qualquer serviço e não estou vinculado à nenhum laboratório farmacêutico.
Conceitos Fundamentais
•Doença Mental existe. São quadros
clínicos específicos; com sintomas, sinais e
diagnóstico médico (CID/DSM) e que devem
ser tratados adequadamente.
•Problemas sociais podem decorrer da
Doença Mental.
Problemas sociais podem melhorar ou
•Problemas
agravar o quadro clínico, os sintomas e/ou os
sinais apresentados pelos pacientes.
Diferença de atitudes entre
pacientes Clínicos e
Psiquiátricos:
Pacientes Clínicos: Logo que se sentem doentes
procuram os serviços de atendimento em saúde;

Pacientes Psiquiátricos (psicóticos em geral): Logo aos


sinais de piora, recaída, fogem dos serviços de
atendimento e abandonam o uso de medicamentos.

Não se acham doentes ou que necessitem de ajuda.

Pacientes Psiquiátricos precisam de espaço adequado.

Mantê-los em pequenas enfermarias é provocar


ainda mais a irritabilidade, a agitação e a
agressividade dos mesmos.
Opiniões

• Dr. Ronaldo Laranjeira, do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São


Paulo (Unifesp), já em 1999, discordava da proibição de construir novos hospitais: "Não
vejo como isso possa ser solução para o problema. É simplista. Nunca vi política de saúde
mental ser feita por decreto, existe muita confusão e preconceito sobre o que é um
hospital psiquiátrico. É claro que ninguém defende os horrores que existiam em
manicômios, mas proibir novos hospitais não vai resolver.“ - 22/01/1999.

• Itiro Shirakawa, no II Encontro Paulista de Psiquiatria de São Paulo em 2004, refere que
sem os hospitais psiquiátricos como retaguarda seria impossível atender a demanda de
ponta, aguda, realizada em hospitais gerais como o Hospital São Paulo, da UNIFESP.

• Dr. Lino Marcos Zanatta, Rio Grande do Sul, a lei atual (RS proíbe construção de Hospitais
Psiquiátricos) é discriminatória, serve somente às pessoas com patologias leves ou
moderadas. Enfermos em estado grave, que ultrapassaram a capacidade resolutiva dos
recursos extra-hospitalares, ficam em uma situação muito difícil, pela constante falta de
vagas”. O diagnóstico é certeiro: várias pessoas sempre vão necessitar do hospital,
mesmo com as melhores medicações disponíveis (o que não acontece em muitos locais).
Avaliação de dois modelos
assistenciais em Saúde
Mental
Dois centros de atendimento psiquiátricos ingleses foram comparados,
sendo eles distintos quanto ao número de leitos psiquiátricos oferecidos e
quanto à estrutura comunitária disponível.
• Resultados - O atendimento comunitário foi superior ao atendimento hospitalar
na área onde a estrutura hospitalar é suficiente para atender à população,
dispondo de um número suficiente de leitos psiquiátricos. Já na área onde não
havia o número requisitado para a demanda o modelo de atendimento
comunitário ficou mais caro e menos eficiente.

• Conclusão - Quando o número de leitos psiquiátricos se torna muito pequeno o


atendimento comunitário a ele vinculado deixa de ser vantajoso econômica e
terapeuticamente.
Rede de Atenção Integral em
Saúde Mental
Atenção Primária Atenção Secundária Atenção Terciária
Médicos Treinados Ambulatórios Internações de
para Especializados, Pacientes
CAPS, Hospital Dia,
Identificar e Agudos (Leitos
etc.
Encaminhar aos Psiquiátricos em
Serviços Hospitais Gerais e
Especializados os Hospitais
Portadores de Psiquiátricos).
Transtornos Mentais Crônicos (Leitos
Pronto Socorro Psiquiátricos em
Unidade de Hospitais
Atendimento Psiquiátricos).
Emergencial para
Crises. Local de
“Passagem”,
Obs.: Residências
Curtíssima
Terapêuticas: Devem
Permanência.
existir mas ligadas à
Quadros psicóticos (principalmente esquizofrenias):
Impacto de recaídas no tempo de recuperação e/ou
internação.

140 130.0
Dias até a remissão

120
100
76.5
80
60 47.0
40
20
0
1ª. recaída 2ª. recaída 3ª. recaída
Tempo médio até a remissão após recaídas consecutivas (N=10)

Lieberman J et al. J Clin Psychiatry 1996


Razões da descontinuidade, em relação à
medicação, do tratamento em pacientes
psicóticos:
Razões para discontinuação de acordo com o psiquiatra
100%

80%

60%
44%
40%
27%
22% 22%
20% 13%

0%
Falta de Efeitos adversos Adesão Solicit. paciente desconhecida
Efetividade

Haro JM (1) et al. ICOSR 2005


Reinstitucionalização:
• Mesmo com o tratamento comunitário a reinstitucionalização, em alguns países
europeus em que o número de leitos psiquiátricos foi reduzido, esta acontecendo
por um novo de aumento de leitos, vagas em casas de apoio e, infelizmente,
através do aumento da população carcerária.

• Apesar do número de leitos psiquiátricos ter sido reduzido isso foi mais que
compensado pelas vagas adicionais criadas em outras formas de tratamento
institucionalizado, podendo ser descrito como uma trans-institucionalização (mera
transferência de vagas de uma estrutura para a outra).

• A necessidade de tratamento institucionalizado cresce devido a maior freqüência


dos distúrbios e/ou maior severidade dos mesmos.

• A falta de condições para um apoio social efetivo aos doentes mentais e a piora da
situação sócio econômica colabora para que cada vez menos famílias possam
suportar o ônus de mantê-los.

• Os tratamentos em Saúde Mental aumentaram seus espectros e estamos tratando


pacientes que não seriam considerados alguns anos atrás. 
Dados do Ministério da
Saúde

– 3% da população geral sofre com transtornos mentais


severos e persistentes;

– 6% da população apresente transtornos psiquiátricos


graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas;

– 12% da população necessita de algum atendimento em


saúde mental, seja ele contínuo ou eventual;

– Somando-se estes percentuais chegamos à 21% da


população que necessita ou vai necessitar de
atendimento em Saúde Mental.
os dados apresentados pelo
Ministério da Saúde
• Problema 1: Se “3% da população geral sofre com transtornos mentais severos e
persistentes”; para uma população estimada de 180 milhões de brasileiros teríamos
5,4 milhões de casos severos e persistentes.
Consideremos que 99% tenham resultados positivos nos serviços extra-hospitalares
(ambulatórios, CAPS, etc.): “apenas” 1% necessitariam de internação psiquiátrica,
necessitando de 54.000 leitos psiquiátricos.
Como atendê-los, se hoje o número já gira em torno de 41.000 ?
• Problema 2: 6% da população apresentam transtornos psiquiátricos graves
decorrentes do uso de álcool e outras drogas (ou seja 10,8 milhões de pessoas).
Considerando-se que 99% destes pacientes consigam resultados positivos nos mais
diversas modalidades de tratamentos disponíveis (Ambulatórios, CAPS-AD,
Internações em Hospitais Gerais,etc.). Restaria 1% que necessitaria de internações
psiquiátricas, seriam “apenas” 108.000. Como atendê-los se os leitos disponíveis
atualmente não conseguem atender sequer o primeiro grupo?
• Problema 3: Quem, com que verbas, atenderia aos 12% restantes?
Necessidades de leitos psiquiáticos
por mil habitantes:
O professor Gabriel Figueiredo, grande defensor da Refoma ao Modelo Assistencial em
Sáude Mental sempre afirmou que o número ideal de leitos psiquiátricos em relação
às necessidades populacionais seria de 0,4 a 0,5 leitos por mil habitantes.

A portaria nº: 32 de 22/01/1974 preconizava 01 leito para cada mil habitantes na zona
urbana e 0,5 por mil habitantes na zona rural.

A portaria nº: 1.101 de 12/06/2002 do Ministério da Saúde, de , fala em número de 0,45


leitos psiquiátricos por cada mil habitantes.

Nos anos 70 mais de 100 mil leitos psiquiátricos; em 1996: 72.514 leitos; em 2000:
60.868 leitos; em 2004: 44.653 leitos vinculados ao SUS e 7.660 leitos particulares;
em 2005: 41.153 leitos psiquiátricos (aproximadamente).

Para uma população de aproximadamente 180 milhões de brasileiros chegaremos à


media de 0,23 leitos psiquiátricos para cada mil brasileiros.
Evolução do número de Leitos
Psiquiátricos no Brasil
1 20.000

1 00.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0
Anos 70 - m ais d e 100.000 1 996 - 7 2.514 2000 - 60.868 2004 - 44.653 2005 - 41 .153
Considerações sobre a
evolução dos leitos
psiquiátricos e o modelo
assistencial
Considerando que houve uma diminuição do número de leitos
psiquiátricos de mais de 100 mil para pouco mais que 41 mil,
com uma redução de aproximadamente 60%, poderíamos
dizer:
Se a verba usada em Saúde Mental manteve-se relativamente a
mesma, hoje deveríamos estar com uma proporção de gastos
de 60% em tratamentos extra-hospitalares e 40% em
serviços hospitalares. O modelo já não seria
“hospitalocêntrico”.
Se o acima descrito não corresponde à realidade atual significa
que 60%, ou grande parte da verba anteriormente destinada
à Saúde Mental, simplesmente “desapareceu”.
Realidade e conseqüência
da falta de leitos em
Hospitais Psiquiátricos:
As emergências lotadas com pacientes agudos que não
conseguem atendimento e de pacientes crônicos que
não têm condições de tratamento extra-hospitalar
mas não conseguem internação devido à falta de
leitos em Hospitais Psiquiátricos.
Leitos Psiquiátricos em Hospitais Gerais não
conseguem atender a demanda de pacientes agudos
pois acabam sendo lotadas por pacientes crônicos
que deveriam ter sido internados em Hospitais
Psiquiátricos.
Pacientes agudos que necessitariam de internação em
Hospitais Psiquiátricos não conseguem vagas pela
falta de leitos.
Brasil durante o ano de
2.000 apontava 23% dos
moradores de rua com
problemas mentais
graves.
Pesquisas semelhantes
realizadas nos USA
apontava que entre 30 à
70% da população de
“homeless” tinha
Exemplo concreto da
necessidade dos Hospitais
Psiquiátricos
O prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, e o Presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul,
Dr. Paulo Argollo Mendes, falam sobre um dos plantões de emergência psiquiátrica: tendo 15
vagas, o serviço mantém mais de 30 internações. "As condições são absolutamente insalubres.
Se a vigilância sanitária fizesse uma vistoria, o local seria fechado”.

O SIMERS luta há vários anos para alterar a Lei da Reforma Psiquiátrica implementada no RS e conta
com um projeto de Lei (PL 40/2005) na Assembléia Legislativa. Para o Dr. Argollo, a lei estadual
em vigor não corresponde às carências da comunidade, pois preconiza a extinção dos hospitais
psiquiátricos. O projeto proposto valoriza os Hospitais Psiquiátricos, as Unidades Psiquiátricas
existentes nos Hospitais Gerais e regula as internações voluntárias, involuntárias e
compulsórias.

O Sindicato já tinha alertado para a escassez de vagas que agrava a saúde de portadores de
transtornos mentais. Entre 1993 e 2003, quase 1,7 mil leitos psiquiátricos (privados e públicos)
foram fechados no Estado (corte de 43,4%), existindo pessoas que buscam desesperadamente
tratamento e não conseguem.

É urgente uma política de saúde mental que dê conta dessas deficiências pois Porto Alegre tem uma
lista de espera por internação psiquiátrica de aproximadamente 360 pessoas.
Como Chegam os Pacientes às
Unidades de Emergências
Psiquiátricas

TRANSFERIDO
18%
SOZINHO
30%
TRANSFERIDO
FAMÍLIA
SOZINHO

FAMÍLIA
52%
Média de Internações em
relação aos Destino dos
atendimentos nos serviços
de Emergência
M

INTERNAÇÕES
ENTRE 52 E 57%
ALTAS
ENTRE 48 E 43%
INTERNAÇÕES
ALTAS
Conclusões em relação aos
Serviços de Urgência e
Emergência Psiquiátrica:
• A retaguarda para casos de Urgência Psiquiátrica
está prejudicada em grande parte devido ao
fechamento de leitos em Hospitais Psiquiátricos,
comprometendo o atendimento e o fluxo de
pacientes nos Serviços de Emergência.
• Serviços de Urgência e Emergência Psiquiátrica já
existem em número relativamente suficiente.
• As unidades de atendimento primário e secundário
são insuficientes para a demanda, pressionando os
Serviços de Urgência e Emergência.
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0
1
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Comparativo:

MA A 0
-
CA RCA 1,3
mil Habitantes –

NA - 2
DA 1,5
JA - 1
PÃ 1,
O 90
-2
,8
Leitos Psiquiátricos por

4
Comparativo dos
percentuais anualmente
gastos com Saúde Mental
em relação ao orçamento
total de Saúde dos países
12
10
8
6
4
2
0

INGLATERRA
IRLANDA -
FRANÇA -
BRASIL -

ISRAEL -

CANADA -
USA - 6%
2,3%

5,8%

7,7%

11%
5%

- 10%
Descapitalização da Saúde
Mental no Brasil, perdas de
correntes dos reajustes
abaixo dos índices
inflacionários:
Pelo IGP-M:
01/07/1994 uma diária hospitalar em psiquiatria
valia: R$ 18,46
01/01/2004 deveria valer R$ 59,43 (correção
IGP-M)
Valia R$ 25,45 (em média) - Perda de 43 %
Em UFIRS:
Atualmente os gastos com
Saúde Mental no Brasil giram
em torno de 2,3% do
orçamento da Saúde.
Se considerarmos que houve
uma descapitalização de cerca
de 50% chegamos à conclusão
que dispunhamos de
aproximadamente 4,6% do
orçamento da Saúde.
As políticas do Ministério da
Saúde retiraram verbas da
Fim.

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