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Psiquiátrico: uma
Instituição
necessária.
– Médico Psiquiátrica com Título de Especialista pela ABP. Formado pela PUC-São Paulo em 1985.
– Perito Judicial prestando serviços ao Setor de Laudos Periciais Psiquiátricos da DIR XXIII – Secretaria
de Saúde do Estado de São Paulo.
– Não presto qualquer serviço e não estou vinculado à nenhum laboratório farmacêutico.
Conceitos Fundamentais
•Doença Mental existe. São quadros
clínicos específicos; com sintomas, sinais e
diagnóstico médico (CID/DSM) e que devem
ser tratados adequadamente.
•Problemas sociais podem decorrer da
Doença Mental.
Problemas sociais podem melhorar ou
•Problemas
agravar o quadro clínico, os sintomas e/ou os
sinais apresentados pelos pacientes.
Diferença de atitudes entre
pacientes Clínicos e
Psiquiátricos:
Pacientes Clínicos: Logo que se sentem doentes
procuram os serviços de atendimento em saúde;
• Itiro Shirakawa, no II Encontro Paulista de Psiquiatria de São Paulo em 2004, refere que
sem os hospitais psiquiátricos como retaguarda seria impossível atender a demanda de
ponta, aguda, realizada em hospitais gerais como o Hospital São Paulo, da UNIFESP.
• Dr. Lino Marcos Zanatta, Rio Grande do Sul, a lei atual (RS proíbe construção de Hospitais
Psiquiátricos) é discriminatória, serve somente às pessoas com patologias leves ou
moderadas. Enfermos em estado grave, que ultrapassaram a capacidade resolutiva dos
recursos extra-hospitalares, ficam em uma situação muito difícil, pela constante falta de
vagas”. O diagnóstico é certeiro: várias pessoas sempre vão necessitar do hospital,
mesmo com as melhores medicações disponíveis (o que não acontece em muitos locais).
Avaliação de dois modelos
assistenciais em Saúde
Mental
Dois centros de atendimento psiquiátricos ingleses foram comparados,
sendo eles distintos quanto ao número de leitos psiquiátricos oferecidos e
quanto à estrutura comunitária disponível.
• Resultados - O atendimento comunitário foi superior ao atendimento hospitalar
na área onde a estrutura hospitalar é suficiente para atender à população,
dispondo de um número suficiente de leitos psiquiátricos. Já na área onde não
havia o número requisitado para a demanda o modelo de atendimento
comunitário ficou mais caro e menos eficiente.
140 130.0
Dias até a remissão
120
100
76.5
80
60 47.0
40
20
0
1ª. recaída 2ª. recaída 3ª. recaída
Tempo médio até a remissão após recaídas consecutivas (N=10)
80%
60%
44%
40%
27%
22% 22%
20% 13%
0%
Falta de Efeitos adversos Adesão Solicit. paciente desconhecida
Efetividade
• Apesar do número de leitos psiquiátricos ter sido reduzido isso foi mais que
compensado pelas vagas adicionais criadas em outras formas de tratamento
institucionalizado, podendo ser descrito como uma trans-institucionalização (mera
transferência de vagas de uma estrutura para a outra).
• A falta de condições para um apoio social efetivo aos doentes mentais e a piora da
situação sócio econômica colabora para que cada vez menos famílias possam
suportar o ônus de mantê-los.
A portaria nº: 32 de 22/01/1974 preconizava 01 leito para cada mil habitantes na zona
urbana e 0,5 por mil habitantes na zona rural.
Nos anos 70 mais de 100 mil leitos psiquiátricos; em 1996: 72.514 leitos; em 2000:
60.868 leitos; em 2004: 44.653 leitos vinculados ao SUS e 7.660 leitos particulares;
em 2005: 41.153 leitos psiquiátricos (aproximadamente).
1 00.000
80.000
60.000
40.000
20.000
0
Anos 70 - m ais d e 100.000 1 996 - 7 2.514 2000 - 60.868 2004 - 44.653 2005 - 41 .153
Considerações sobre a
evolução dos leitos
psiquiátricos e o modelo
assistencial
Considerando que houve uma diminuição do número de leitos
psiquiátricos de mais de 100 mil para pouco mais que 41 mil,
com uma redução de aproximadamente 60%, poderíamos
dizer:
Se a verba usada em Saúde Mental manteve-se relativamente a
mesma, hoje deveríamos estar com uma proporção de gastos
de 60% em tratamentos extra-hospitalares e 40% em
serviços hospitalares. O modelo já não seria
“hospitalocêntrico”.
Se o acima descrito não corresponde à realidade atual significa
que 60%, ou grande parte da verba anteriormente destinada
à Saúde Mental, simplesmente “desapareceu”.
Realidade e conseqüência
da falta de leitos em
Hospitais Psiquiátricos:
As emergências lotadas com pacientes agudos que não
conseguem atendimento e de pacientes crônicos que
não têm condições de tratamento extra-hospitalar
mas não conseguem internação devido à falta de
leitos em Hospitais Psiquiátricos.
Leitos Psiquiátricos em Hospitais Gerais não
conseguem atender a demanda de pacientes agudos
pois acabam sendo lotadas por pacientes crônicos
que deveriam ter sido internados em Hospitais
Psiquiátricos.
Pacientes agudos que necessitariam de internação em
Hospitais Psiquiátricos não conseguem vagas pela
falta de leitos.
Brasil durante o ano de
2.000 apontava 23% dos
moradores de rua com
problemas mentais
graves.
Pesquisas semelhantes
realizadas nos USA
apontava que entre 30 à
70% da população de
“homeless” tinha
Exemplo concreto da
necessidade dos Hospitais
Psiquiátricos
O prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, e o Presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul,
Dr. Paulo Argollo Mendes, falam sobre um dos plantões de emergência psiquiátrica: tendo 15
vagas, o serviço mantém mais de 30 internações. "As condições são absolutamente insalubres.
Se a vigilância sanitária fizesse uma vistoria, o local seria fechado”.
O SIMERS luta há vários anos para alterar a Lei da Reforma Psiquiátrica implementada no RS e conta
com um projeto de Lei (PL 40/2005) na Assembléia Legislativa. Para o Dr. Argollo, a lei estadual
em vigor não corresponde às carências da comunidade, pois preconiza a extinção dos hospitais
psiquiátricos. O projeto proposto valoriza os Hospitais Psiquiátricos, as Unidades Psiquiátricas
existentes nos Hospitais Gerais e regula as internações voluntárias, involuntárias e
compulsórias.
O Sindicato já tinha alertado para a escassez de vagas que agrava a saúde de portadores de
transtornos mentais. Entre 1993 e 2003, quase 1,7 mil leitos psiquiátricos (privados e públicos)
foram fechados no Estado (corte de 43,4%), existindo pessoas que buscam desesperadamente
tratamento e não conseguem.
É urgente uma política de saúde mental que dê conta dessas deficiências pois Porto Alegre tem uma
lista de espera por internação psiquiátrica de aproximadamente 360 pessoas.
Como Chegam os Pacientes às
Unidades de Emergências
Psiquiátricas
TRANSFERIDO
18%
SOZINHO
30%
TRANSFERIDO
FAMÍLIA
SOZINHO
FAMÍLIA
52%
Média de Internações em
relação aos Destino dos
atendimentos nos serviços
de Emergência
M
INTERNAÇÕES
ENTRE 52 E 57%
ALTAS
ENTRE 48 E 43%
INTERNAÇÕES
ALTAS
Conclusões em relação aos
Serviços de Urgência e
Emergência Psiquiátrica:
• A retaguarda para casos de Urgência Psiquiátrica
está prejudicada em grande parte devido ao
fechamento de leitos em Hospitais Psiquiátricos,
comprometendo o atendimento e o fluxo de
pacientes nos Serviços de Emergência.
• Serviços de Urgência e Emergência Psiquiátrica já
existem em número relativamente suficiente.
• As unidades de atendimento primário e secundário
são insuficientes para a demanda, pressionando os
Serviços de Urgência e Emergência.
BR
ES AS
PA IL
0
1
2
3
N
0 ,5
1 ,5
2 ,5
-0
AU HA ,2
ST - 3
U R RI 0,4
IN U A 4
GL G - 0
AT UA ,5 2
AR E I -
GE RR 0,5
AL NT A - 4
EM IN 0,5
A A 8
BU NH - 0
L G A ,6 8
AR - 0,
IS IA 76
RA - 0
EL ,8 2
-
IR USA 0,8
LA - 8
F R NDA 0,9 5
AN -
ÇA 1,1
DI S U - 4
NA ÍÇ 1,2
Comparativo:
MA A 0
-
CA RCA 1,3
mil Habitantes –
NA - 2
DA 1,5
JA - 1
PÃ 1,
O 90
-2
,8
Leitos Psiquiátricos por
4
Comparativo dos
percentuais anualmente
gastos com Saúde Mental
em relação ao orçamento
total de Saúde dos países
12
10
8
6
4
2
0
INGLATERRA
IRLANDA -
FRANÇA -
BRASIL -
ISRAEL -
CANADA -
USA - 6%
2,3%
5,8%
7,7%
11%
5%
- 10%
Descapitalização da Saúde
Mental no Brasil, perdas de
correntes dos reajustes
abaixo dos índices
inflacionários:
Pelo IGP-M:
01/07/1994 uma diária hospitalar em psiquiatria
valia: R$ 18,46
01/01/2004 deveria valer R$ 59,43 (correção
IGP-M)
Valia R$ 25,45 (em média) - Perda de 43 %
Em UFIRS:
Atualmente os gastos com
Saúde Mental no Brasil giram
em torno de 2,3% do
orçamento da Saúde.
Se considerarmos que houve
uma descapitalização de cerca
de 50% chegamos à conclusão
que dispunhamos de
aproximadamente 4,6% do
orçamento da Saúde.
As políticas do Ministério da
Saúde retiraram verbas da
Fim.