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A Jesus Cristo Nosso Senhor (Gregrio de Matos)

Pequei, Senhor; mas no porque hei pecado,


Da vossa alta clemncia me despido;
Antes, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um s gemido:
Que a mesma culpa, que vos h ofendido,
Vos tem para o perdo lisonjeado.
Se uma ovelha perdida j cobrada,
Glria tal e prazer to repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra Histria:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e no queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glria.
O rebuscamento marca a linguagem
do poema, justificado pelo
vocabulrio no usual (sobeja,
sacra), pelo hiprbato/ordem inversa
da orao (Se basta a vos irar tanto
pecado/se tanto pecado basta a vos
irar).
A figurao intensa, destacando-se as
figuras de linguagem tpicas da poesia
barroca, como a anttese (pequei/mas no
pequei, delinquido/perdoar, vos
irar/abrandar-vos, ofendido/lisonjeado,
culpa/perdo, perdida/cobrada, ovelha
desgarrada/Pastor Divino), a metfora (Eu
sou, Senhor, a ovelha desgarrada) e a
hiprbole (Se basta a vos irar tanto um
Cultismo: jogo de palavras, uma das
linhas da poesia barroca, tambm
conhecida como Gongorismo, derivado
de Lus de Gngora, poeta espanhol,
criador do estilo e influncia clara na
obra de Gregrio de Matos. O poema
apresenta um jogo de palavras
construdo a partir de Pecar e Perdoar e

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