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Compensação ambiental para

implantação de empreendimentos
causadores de degradação ambiental

Erika Bechara
Pós-graduação em Direito e Gestão Ambiental
CESUSC-FLORIANÓPOLIS
16.outubro.2009

1
Compensação

 No léxico, compensar é ““1. Estabelecer


equilíbrio entre; contrabalançar, equilibrar; 2.
Reparar o dano, o incômodo etc., resultante de:
contrabalançar, contrapesar (...)” (Novo Aurélio
Século XXI, p. 512)

 A compensação está, via de regra, associada a


uma perda ou a um sacrifício. E no Direito, está,
via de regra, associada a um DANO.

2
Compensação

 compensação ambiental lato sensu: engloba


todas as medidas de substituição de um bem
danificado por outro de valor equivalente

 tem por escopo “aliviar” as conseqüências de


um prejuízo causado ao meio ambiente, com
um benefício ambiental que possa ter um
significado muito próximo ao do bem
prejudicado, em termos ecológicos

3
Dano ambiental
 dano ambiental é a agressão ao meio ambiente, i.e,
aos componentes ambientais do ambiente natural,
artificial, cultural e do trabalho, que afeta o bem jurídico
“qualidade ambiental”, ferindo o direito da coletividade
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

 o meio ambiente é o objeto sobre o qual recai a conduta


lesiva; a vítima (leia-se: sujeito passivo) dos danos
ambientais é a coletividade, porque é ela a titular do
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, de
acordo com o art. 225, caput, da CF.

4
Compensação
no Direito Ambiental
COMPENSAÇÃO POR DANO JÁ OCORRIDO
(i) reparação em dinheiro
(ii) reparação por equivalente

COMPENSAÇÃO POR DANO PRESUMIDO


(iii) compensação para supressão de APP
(iv) compensação para supressão de Mata Atlântica
(v) compensação de Reserva Legal

COMPENSAÇÃO POR DANO FUTURO


(vi) compensação ambiental ex ante
5
Reparação de danos ambientais

A reparação de danos ambientais pode se dar de


3 formas distintas:

(i) Reparação in natura (não é uma


compensação)
(ii) Reparação in pecunia, que nada mais é do
que uma compensação, pelo pagamento de
uma quantia
(iii) Reparação por equivalente, que nada mais é
do que uma compensação, pela entrega ou
recomposição de bem de mesmo valor
ecológico
6
Reparação de danos ambientais

Reparação in natura

 retorno ao statuo quo ante


 deve ser aplicada sempre que for
tecnicamente possível a reconstituição
do equilíbrio ambiental lesado
 dano ambiental interino

7
Reparação de danos ambientais
Reparação in pecunia

 Destinação dos recursos: fundos de defesa dos direitos


difusos, geridos por um Conselho Federal ou por Conselho
estaduais, com participação obrigatória do MP e
representantes da comunidade: art. 13 da LACP

 Aplicação dos recursos do FDDD: reconstituição de bens


difusos lesados

 FDDD (Lei 9.008/1995) e fundos estaduais

 Projetos aprovados pelo CFDDD no ano 2009/2010:


http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJ2148E3F3ITEMID2D762
94374C246C783B9F1508BDB3DFFPTBRIE.htm
8
Reparação de danos ambientais

Reparação por equivalente

 Recompõe um outro bem ambiental lesado (o


benefício há que ser ambiental e não
simplesmente social)
 Parâmetros não normatizados:
discricionariedade e bom senso do MP,
órgãos ambientais e judiciais
 Critérios geográfico e da identidade
9
Compensação de APP
 Definição: áreas declaradas de preservação permanente por
força de lei (art. 2º do Código Florestal), cuja vegetação não
pode ser suprimida em razão dos serviços ambientais que
prestam, de proteção dos recursos hídricos e do solo,
impedindo assoreamento, erosão, dentre outros.

 Regra: manutenção / Exceção: supressão

 Supressão assegurada apenas em 3 hipóteses: utilidade


pública (art. 1º, §2º, inc. IV do Código Florestal e art. 2º, inc. I da
Resolução CONAMA 369/2006), interesse social (art. 1º, §2º,
inc. V do Código Florestal e art. 2º, inc. II da Resolução
CONAMA 369/2006) e baixo impacto ambiental (art. 11 da
Resolução CONAMA 369/2006), limitado a 5% da APP a ser
impactada, localizada na posse ou propriedade. Vide também:
Decreto estadual (SP) 49.566/2005
10
Compensação de APP
 UTILIDADE PÚBLICA: atividades de segurança nacional
e proteção sanitária, obras essenciais de infra-estrutura
destinadas aos serviços públicos de transporte,
saneamento e energia, atividades de pesquisa e extração
de substâncias minerais, outorgadas pela autoridade
competente, exceto areia, argila, saibro e cascalho,
implantação de área verde pública em área urbana,
pesquisa arqueológica, obras públicas para implantação
de instalações necessárias à captação e condução de
água e de efluentes tratados, implantação de instalações
necessárias à captação e condução de água e de
efluentes tratados para projetos privados de aqüicultura
11
Compensação de APP
 INTERESSE SOCIAL: atividades imprescindíveis à
proteção da integridade da vegetação nativa, tais como:
prevenção, combate e controle do fogo, controle da
erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios
com espécies nativas, atividades de manejo agroflorestal
sustentável praticadas na pequena propriedade ou posse
rural familiar, que não descaracterizem a cobertura
vegetal, ou impeça sua recuperação, e não prejudiquem a
função ambiental da área, regularização fundiária
sustentável de área urbana, atividades de pesquisa e
extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas
pela autoridade competente
12
Compensação de APP
 BAIXO IMPACTO AMBIENTAL: abertura de pequenas
vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando
necessárias à travessia de um curso de água, ou à
retirada de produtos oriundos das atividades de manejo
agroflorestal sustentável praticado na pequena
propriedade ou posse rural familiar, implantação de
instalações necessárias à captação e condução de água e
efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do
direito de uso da água, quando couber, implantação de
corredor de acesso de pessoas e animais para obtenção
de água, implantação de trilhas para desenvolvimento de
ecoturismo, construção de rampa de lançamento de
barcos e pequeno ancoradouro, construção e manutenção
de cercas de divisa de propriedades, dentre outras
13
Compensação de APP
 Outros requisitos para a supressão (art. 3º da
Resolução CONAMA 369/2006):
(i) a inexistência de alternativa técnica e locacional às
obras, planos, atividades ou projetos propostos (em
casos de supressão de baixo impacto, apenas quando
o órgão ambiental exigir);
(ii) atendimento às condições e padrões aplicáveis aos
corpos de água;
(iii) averbação da Área de Reserva Legal;
(iv) inexistência de risco de agravamento de processos
como enchentes, erosão ou movimentos acidentais de
massa rochosa;
(v) medidas compensatórias.
14
Compensação de APP
“Art. 5º da Resolução CONAMA 369/2006. O órgão ambiental
competente estabelecerá, previamente à emissão da autorização
para a intervenção ou supressão de vegetação em APP, as medidas
ecológicas, de caráter mitigador e compensatório, previstas no § 4o ,
do art. 4o , da Lei no 4.771, de 1965, que deverão ser adotadas pelo
requerente.

§ 1o Para os empreendimentos e atividades sujeitos ao licenciamento


ambiental, as medidas ecológicas, de caráter mitigador e
compensatório, previstas neste artigo, serão definidas no âmbito do
referido processo de licenciamento, sem prejuízo, quando for o caso,
do cumprimento das disposições do art. 36, da Lei no 9.985, de 18
de julho de 2000.

§ 2o As medidas de caráter compensatório de que trata este artigo


consistem na efetiva recuperação ou recomposição de APP e
deverão ocorrer na mesma sub-bacia hidrográfica, e
prioritariamente:
I - na área de influência do empreendimento, ou 15
II - nas cabeceiras dos rios.
Compensação para supressão
de Mata Atlântica
“REGRA: não supressão / EXCEÇÃO: supressão

 diferentes hipóteses de supressão de acordo com o estágio sucessional


da vegetação (primária, secundária em estágio avançado, secundária
em estágio médio e secundária em estágio inicial)

 condições:
(i) manutenção da APP existente na propriedade
(ii) averbação de Reserva Legal
(iii) compensação (destinação à conservação de área de extensão
equivalente à da área desmatada, com as mesmas características
ecológicas, na mesma bacia hidrográfica - se possível na mesma
microbacia - e, em caso de loteamento e edificação em regiões
metropolitanas ou áreas urbanas, no mesmo município ou região
metropolitana. Se não for possível, a compensação se dará mediante
reposição florestal, com espécies nativas, de área de extensão
equivalente, na mesma bacia hidrográfica - se possível na mesma
microbacia) 16
Compensação
de Reserva Legal
 DEFINIÇÃO: área localizada no interior de uma propriedade
ou posse rural, excetuada a de preservação permanente,
necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à
conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à
conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de
fauna e flora nativas (art. 1º, §2º, inc. III do Código Florestal)

 OBRIGATORIEDADE E EXTENSÃO DA RESERVA LEGAL

(i) 80% na Amazônia Legal


(ii) 35% no cerrado na Amazônia Legal (no mínimo 20% na
propriedade e o restante, na forma de compensação, na
mesma microbacia)
(iii) 20% nas demais regiões do país
(iv) 20% nos campos gerais (em qualquer região)
17
Compensação
de Reserva Legal
O Código Florestal oferece 4 “modelos” de compensação de Reserva
Legal (proibidos para quem desmatou área de Reserva Legal após
14/12/1998):

 Compensação por área equivalente, em importância ecológica e


extensão, pertencente ao mesmo ecossistema e localizada na
mesma microbacia ou, excepcionalmente, na mesma bacia
hidrográfica

 Arrendamento de área sob regime de servidão florestal ou reserva


legal

 Aquisição de Cotas de Reserva Florestal (título representativo de


vegetação nativa sob regime de servidão florestal, de RPPN ou
reserva legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que
exceder os percentuais da Reserva Legal)

 Doação de imóvel localizado no interior de unidade de conservação


de domínio público, pendente de regularização fundiária 18
Compensação ambiental
 Instituída pela Resolução Conama 10/87 (exigida dos
empreendimentos que pudessem destruir florestas e outros
ecossistemas, em favor da implantação de uma Estação Ecológica),
substituída pela Resolução Conama 2/96 (ampliou o objeto da
compensação ambiental, permitindo que os recursos
desembolsados pelo empreendedor a esse título fossem aplicados
em outras unidades de conservação públicas de proteção integral
(=uso indireto) que não as estações ecológicas)

 Atualmente disciplinada pelo art. 36 da Lei 9.985/00, arts. 31 a 34


do Decreto 4.340/02 (alterados pelo Decreto 6.848/09) e
Resolução Conama 371/06

 Reparação de danos ambientais futuros, porém certos, não


elimináveis, detectados no licenciamento ambiental de
empreendimentos potencialmente causadores de degradação
ambiental
19
“Art. 36 da Lei 9.985/00. Nos casos de licenciamento ambiental de
empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo
órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto
ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a
apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de
Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento
desta Lei.
§ 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta
finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos
para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão
ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado
pelo empreendimento.
§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de
conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas
no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a
criação de novas unidades de conservação.
§ 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica
ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste
artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por
sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo
de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação 20
definida neste artigo.
Licenciamento de empreendimentos
causadores de impacto ambiental
 Alterações ambientais evitáveis e inevitáveis

 Alterações ambientais inevitáveis porém


insignificantes: não constituem dano ambiental

 Alterações ambientais inevitáveis e significantes:


constituem dano ambiental.

 Dentre as alterações ambientais significantes, há aquelas


juridicamente toleráveis e alterações ambientais
juridicamente intoleráveis

 As alterações juridicamente toleráveis permitirão o


licenciamento do empreendimento mediante o pagamento
da compensação ambiental; as juridicamente intoleráveis
reclamarão o indeferimento das licenças ambientais. 21
Justa causa para a compensação
ambiental

 Há quem defenda a falta de justa causa para a exigência


da compensação ambiental (p.ex., ADIN promovida pela
CNI - 3378) pois nenhum empreendimento será
licenciado se puder causar danos ambientais. Sendo
assim, pagará por danos que não causará.

 Este entendimento não nos parece correto porque não é


certo que somente empreendimentos isentos de danos
ambientais serão licenciados.

22
Justa causa para a compensação
ambiental

 Francisco José Marques Sampaio: “a possibilidade


de determinada atividade vir a causar danos ao meio
ambiente não é suficiente para torná-la proibida em
caráter absoluto, pois o interesse público de
conservação do meio ambiente saudável precisa ser
conciliado com o objetivo igualmente relevante de
promover-se o desenvolvimento econômico do país.”
(Evolução da responsabilidade civil e reparação de
danos ambientais, p. 187)

23
Justa causa para a compensação
ambiental
 Marília Passos Torres de Almeida: “A aprovação, pelo órgão ambiental,
do licenciamento de um empreendimento, seja de significativo impacto
ambiental, ou não, não quer dizer que foi constatado que, de sua instalação
e operação, não haverá dano ao meio ambiente.
(...)
A decisão do órgão ambiental reflete o sopesar dos impactos positivos e
negativos, bem como a distribuição dos ônus e benefícios para a sociedade,
analisando a conveniência do empreendimento. Trata-se, portanto, de uma
ponderação de valores a ser feita pela Administração Pública.
Isso quer dizer que impactos negativos existirão, cabendo à medidas
mitigadoras e de controle ambiental a minimização dos danos ambientais
passíveis de serem mitigados e controlados. Em contraponto, para aqueles
que não podem ser evitados (como, por exemplo, a supressão de
remanescentes de Mata Atlântica), medidas compensatórias hão de ser
adotadas, uma vez que a sociedade não pode suportar os efeitos negativos
gerados para fazer jus ao lucro de particulares.” (Compensação ambiental
na Lei do Sistema Nacional das Unidades de Conservação – Lei 9.985/00.
In: BENJAMIN, Antonio Herman (org). Paisagem, Natureza e Direito. São
Paulo: Instituto o Direito por um Planeta Verde, 2005, vol. 2, p. 307-328)
24
Natureza jurídica

 Tributo

 Preço público

 Reparação civil por danos futuros – essa


aqui é a reconhecida pelo STF como natureza jurídica da compensação
ambiental

25
Natureza jurídica
 Posição do STF na ADIN 3378/DF: O Ministro
Carlos Ayres Brito atrelou o instituto ao princípio do
usuário-pagador, afastando o seu caráter
indenizatório e firmando se tratar de um
“compartilhamento de despesas”; o Ministro
Menezes Direito também não vislumbrou caráter
indenizatório na compensação ambiental mas, sim,
caráter compensatório e o Ministro Marco Aurélio a
enxergou como indenização prévia (e, por isso, a
reputou inconstitucional). Nenhum dos ministros
participantes do julgamento, porém, chegou a tratar
a compensação ambiental como um tributo ou um
preço público.
26
Natureza jurídica
 Reparação civil por danos futuros

A doutrina brasileira há muito reconhece a reparação por danos futuros, desde que
certos

Domigos Sávio de Barros Arruda: “Ninguém é capaz de negar a complexidade


que, muitas vezes, envolve a configuração do dano ambiental eis que, não
raramente, ele resulta de processos cumulativos e/ou sinergéticos, cujos efeitos
só se manifestam em momento bem posterior à conduta que lhe deu origem.
Ainda assim, nesses casos, o dano que está no porvir deve ser certo, não
hipotético ou eventual, isto é, aquele que pode não vir a concretizar-se. O dano
futuro, passível de pronta reparação, não se compatibiliza com a mera
conjectura ou mesmo plausibilidade de ocorrência, até porque, estas
circunstâncias, são próprias do risco.
A verdade é que, fora os casos em que os efeitos da conduta não se manifestam
no momento presente (dano atual), só será lícito falar em dano ambiental,
quando, ao se fazer, concretamente, a avaliação das circunstâncias fáticas
apresentadas forem ultrapassadas as fronteiras das possibilidades de dano e
se ingressar no terrenos da certeza, em vista dos elementos que apontam, com
segurança, sua efetiva ocorrência no futuro.” (A categoria acautelatória da
responsabilidade ambiental. Revista de Direito Ambiental. São Paulo: Revista
27
dos Tribunais, nº 42:25-68, 2006)
Natureza jurídica

 a justiça da reparação antecipada

 inexistência de conflito entre o princípio da


prevenção e o instrumento da compensação
ambiental

 a polêmica sobre os danos ambientais


posteriores, não previstos no licenciamento
ambiental
28
Natureza jurídica
 a compensação ambiental é um dever ou um ônus do
empreendedor?

 se for um ônus, como interpretar o art. 83 do Decreto


6.514/08 (regulamenta a Lei dos Crimes Ambientais)?

“Art. 83. Deixar de cumprir compensação ambiental


determinada por lei, na forma e no prazo exigidos pela
autoridade ambiental.
Multa de R$10.000,00 (dez mil reais) a R$1.000.000,00
(um milhão de reais)”

29
Exigibilidade
 De acordo com o art. 36 da Lei 9.985/00, a
compensação ambiental é exigível apenas dos
empreendimentos sujeitos ao EPIA/RIMA – e
os causadores de danos ambientais não
elimináveis mas não sujeitos ao EPIA/RIMA?

 Empreendimentos públicos e privados

 Ampliação de empreendimentos
30
Exigibilidade
 Momento da exigência:

“Art. 4º da Resolução Conama 371/06: Para efeito do


cálculo da compensação ambiental, os empreendedores
deverão apresentar a previsão do custo total de
implantação do empreendimento antes da emissão da
Licença de Instalação, garantidas as formas de sigilo
previstas na legislação vigente.

Art. 5º, §1º. Não será exigido o desembolso da


compensação ambiental antes da emissão da Licença
de Instalação”

E se o empreendedor desistir de executar o


empreendimento após o pagamento parcial ou total da
compensação ambiental? 31
Exigibilidade
 Cumulação entre a compensação ambiental e medidas
compensatórias: impossibilidade

Edis Milaré e Priscila Santos Artigas: “Há que se considerar, no entanto,


que a exigência de medidas compensatórias inseridas em condicionantes
do licenciamento ambiental exclui, sob pena de bis in idem, a
possibilidade de se exigir também o recolhimento da exação denominada
compensação ambiental prevista na Lei 9.985/2000, e vice-versa.
De fato, o dano ou impacto é um só, de modo que a forma de compensação
desse dano ou impacto também deve ser uma só. Assim, nas ocasiões em
que a hipótese de incidência da compensação ambiental prevista no art.
36, §1º da Lei 9.985/2000 se concretizar (qual seja: licenciamento de
empreendimento de significativo impacto ambiental, de acordo com o
EIA/RIMA), há que se exigir tão somente o seu pagamento, mediante a
destinação de valor específico para a implantação de unidade de
conservação. Nessas circunstâncias, portanto, não podem ser impostas
medidas compensatórias no decorrer do licenciamento ambiental.”
(Compensação ambiental: questões controvertidas. Revista de Direito 32
Ambiental, nº 43:101-114, 2006)
Valor
 Lei 9.985/00: aplicação de um percentual de no mínimo
0,5% sobre os custos totais previstos para a implantação
do empreendimento (art. 36, §1º)

 ADIN 3378: STF declarou a inconstitucionalidade parcial


do §1º do art. 36 da Lei 9.985/2000 (abril/2008),
determinando a redução parcial de seu texto, nos
seguintes termos:

“O montante de recursos a ser destinado pelo


empreendedor para esta finalidade, sendo fixado pelo
órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de
impacto ambiental causado pelo empreendimento.” 33
Valor
 “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS §§ 1.º, 2.º E 3.º
DA LEI N.º 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE DA
COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE
SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO
§ 1.º DO ART. 36.
1. O compartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei n.º
9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, dado haver sido a própria lei que
previu o modo de financiamento dos gastos com as unidades de conservação da
natureza. De igual forma, não há violação ao princípio da separação dos Poderes, por
não se tratar de delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor deveres aos
administrados. 2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da compensação, de
acordo com a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no relatório -
EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei n.º 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador,
este a significar um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social
pelos custos ambientais derivados da atividade econômica. 4. Inexistente desrespeito
ao postulado da razoabilidade. Compensação ambiental que se revela como
instrumento adequado à defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e
futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade
constitucional. Medida amplamente compensada pelos benefícios que sempre
resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em sua higidez. 5.
Inconstitucionalidade da expressão “não pode ser inferior a meio por cento dos custos
totais previstos para a implantação do empreendimento’, no § 1.º do art. 36 da Lei n.º
9.985/2000. O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado
proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o
contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de percentual sobre os
34
custos do empreendimento. 6. Ação parcialmente procedente.”
Valor
 Efeitos da declaração de inconstitucionalidade (ADIN
3378): ex tunc (retroativos) ou ex nunc?

 O Presidente da República e a CNI, em embargos de


declaração, requereram ao STF seja dada eficácia ex
nunc à decisão e determinada a produção de efeitos
depois de transcorrido um certo período de tempo,
contado do trânsito em julgado, para adaptação do
Poder Público e do setor produtivo à nova regra

35
Valor
 Visão do Ministério do Meio Ambiente (sobre a decisão do STF)

Luiz Fernando Villares (consultor jurídico do MMA): “Todas as formas de


valoração, produzidas pela União ou pelos Estados, que tinham como
parâmetro o limite mínimo legal restaram comprometidas. Aos empreendedores
e ao Estado a decisão trouxe uma tremenda insegurança jurídica, pois a análise
individual não pode ser realizada sem uma metodologia que unifique os critérios
e traga uma previsibilidade do valor da compensação ambiental. Precificar o
dano ambiental e valorar a compensação, tendo como critério principal o
impacto, avaliado caso a caso no procedimento de licenciamento, é uma tarefa
que encontra sérias dificuldades metodológicas. A complexidade dessa aferição
provavelmente terá efeitos severos nos prazos previstos para o licenciamento.
Maior insegurança pode trazer o Supremo se considerar que a decisão atinge
as situações já consolidadas. Abrir-se-ia o questionamento e a revisão
administrativa e judicial de todas as compensações ambientais já pactuadas e
desembolsadas. O passivo administrativo ambiental exigiria imediatamente
recursos materiais e servidores tão escassos. Para que isso não aconteça, a
Advocacia-Geral da União (AGU) demonstrou, por meio de um recurso aos
ministros do Supremo, que os efeitos da decisão, se considerados retroativos,
podem atingir a reavaliação de R$ 470 milhões só em recursos federais.
Estados e municípios serão atingidos em grau mais elevado, já que a regra é o
licenciamento ambiental ser por eles realizado.” (Valor Econômico de 30 de
junho de 2008) 36
Valor
 Decreto 6.848/09: inseriu o art. 31-A no Decreto 4.340/02,
recriando a fórmula da “alíquota sobre base de cálculo”,
estabelecendo a alíquota máxima de 0,5%:

Art. 31-A. O Valor da Compensação Ambiental - CA será


calculado pelo produto do Grau de Impacto - GI com o Valor de
Referência - VR, de acordo com a fórmula a seguir:
CA = VR x GI, onde:
CA = Valor da Compensação Ambiental;
VR = somatório dos investimentos necessários para implantação
do empreendimento, não incluídos os investimentos referentes
aos planos, projetos e programas exigidos no procedimento de
licenciamento ambiental para mitigação de impactos causados
pelo empreendimento, bem como os encargos e custos incidentes
sobre o financiamento do empreendimento, inclusive os relativos
às garantias, e os custos com apólices e prêmios de seguros
pessoais e reais; e
GI = Grau de Impacto nos ecossistemas, podendo atingir valores
de 0 a 0,5%. 37
Valor
 Art. 166 da Lei estadual (SC) 14.675/09: o valor da
compensação ambiental será definido na emissão da Licença
Ambiental Prévia - LAP, não devendo “ser superior a meio por
cento dos custos de investimento de capital, excluídos os
impostos, taxas e juros”

 custo do empreendimento maior do que o apurado quando do


estabelecimento da compensação ambiental:

Art. 167 da Lei estadual (SC) 14.675/09: Concluída a


implantação da atividade/empreendimento, os custos efetivos
devem ser apresentados e comprovados pelo empreendedor,
podendo o órgão ambiental exigir uma auditoria.
Parágrafo único. Em caso de custos maiores que aqueles
estimados antes da instalação, o percentual da compensação
ambiental deve incidir sobre a diferença apurada e seu
pagamento deve ocorrer conforme previsão em termo de
compromisso adicional. 38
Destinação

 De acordo com o art. 36 da Lei 9.985/00, pela


compensação ambiental o empreendedor apoiará a
implantação e manutenção de unidade de
conservação do Grupo de Proteção Integral
(estação ecológica, reserva biológica, parque,
monumento natural e refúgio de vida silvestre), sendo
que caberá ao órgão ambiental licenciador definir as
unidades de conservação a serem beneficiadas,
considerando as propostas apresentadas no
EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo
inclusive ser contemplada a criação de novas
unidades de conservação. (§2º).

39
Destinação
 Quando o empreendimento afetar unidade de conservação
específica ou sua zona de amortecimento, a unidade
afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de
Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da
compensação definida neste artigo (§ 3º).

 E se o empreendimento afetar cavidades naturais


subterrâneas, a compensação ambiental deverá ser
prioritariamente destinada à criação e implementação de
unidade de conservação em área de interesse
espeleológico, sempre que possível na região do
empreendimento.(art. 5º - A, § 4o do Decreto 99.556/2000,
alterado pelo Decreto 6.640/2008)

40
Prioridades na aplicação dos
recursos
Art. 33 do Decreto 4.340/02. “A aplicação dos recursos da
compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº
9.985, de 2000, nas unidades de conservação,
existentes ou a serem criadas, deve obedecer à
seguinte ordem de prioridade:
I - regularização fundiária e demarcação das terras;
II - elaboração, revisão ou implantação de plano de
manejo;
III - aquisição de bens e serviços necessários à
implantação, gestão, monitoramento e proteção da
unidade, compreendendo sua área de amortecimento;
IV - desenvolvimento de estudos necessários à criação de
nova unidade de conservação; e
V - desenvolvimento de pesquisas necessárias para o
manejo da unidade de conservação e área de 41
amortecimento.
Prioridades na aplicação dos
recursos
Parágrafo único. Nos casos de Reserva Particular do
Patrimônio Natural, Monumento Natural, Refúgio de
Vida Silvestre, Área de Relevante Interesse Ecológico e
Área de Proteção Ambiental, quando a posse e o
domínio não sejam do Poder Público, os recursos da
compensação somente poderão ser aplicados para
custear as seguintes atividades:
I - elaboração do Plano de Manejo ou nas atividades de
proteção da unidade;
II - realização das pesquisas necessárias para o manejo da
unidade, sendo vedada a aquisição de bens e
equipamentos permanentes;
III - implantação de programas de educação ambiental; e
IV - financiamento de estudos de viabilidade econômica
para uso sustentável dos recursos naturais da unidade
afetada.” 42
Prioridades na aplicação dos
recursos
 Art. 164 da Lei estadual 14.675/2009. Havendo propriedades
não indenizadas em áreas afetadas por unidades de conservação
já criadas, é obrigatória a destinação de 50% (cinquenta por
cento) dos recursos oriundos da compensação ambiental para as
suas respectivas indenizações.

Parágrafo único. Pode ser desconsiderado o disposto no caput


deste artigo quando houver necessidade de investimento dos
recursos da compensação ambiental na criação de nova unidade
de conservação, em cuja área existam ecossistemas sem
representatividade no Sistema Estadual de Unidades de
Conservação da Natureza - SEUC ou que contenham espécies
ou habitat ameaçados de extinção regional ou globalmente,
respeitado o disposto em lei.
43
Prioridades na aplicação dos
recursos

 Art. 165 da Lei estadual 14.675/2009. Havendo mais de uma


unidade de conservação estadual com demanda de
regularização fundiária, a aplicação dos recursos advindos da
compensação ambiental deve priorizar as unidades de
conservação e ecossistemas com características similares da
área afetada pelo empreendimento.

44
EXECUÇÃO
 Direta

 Indireta - por adesão ao Fundo de Investimentos


CAIXA Compensações Ambientais (FCA), da
Caixa Econômica Federal, criado em 16 de março
de 2006

(Para saber mais: manual “Procedimentos para


adesão ao Fundo de Compensações ambientais.”
Disponível em
http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/fundos/a
mbientais/MANUAL_PROCED_FCA.pdf)
45
EXECUÇÃO
Art. 163 da Lei estadual 14.675/2009: 3
modalidades de execução

(i) DIRETA

(ii) INDIRETA PELO FUNDO DE


COMPENSAÇÃO AMBIENTAL (art. 25, inc.III
da Lei 14.675/2009)

(iii) INDIRETA PELO ÓRGÃO AMBIENTAL


46
EXECUÇÃO
 Art. 163 da Lei estadual 14.675/2009: A compensação ambiental pode ser
aplicada:

I - na execução, pelo empreendedor, de atividades conveniadas entre o órgão


licenciador e o empreendedor, mediante termo de compromisso, com base
em plano de trabalho detalhado e aprovado pelo órgão licenciador e o órgão
executor do Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza -
SEUC, observando-se a boa praxe comercial na prestação de serviços e
aquisição de bens móveis ou imóveis, devendo o empreendedor depositar
os valores em conta específica e remunerada em seu próprio nome, cujo
saque somente pode ocorrer com a anuência do órgão executor do SEUC;

II - na execução das atividades por terceiros, por intermédio de fundo de


compensação ambiental, na mesma modalidade executada na esfera
federal; ou

III - por meio do órgão executor do Sistema Estadual de Unidades de Conservação


da Natureza - SEUC, quando os recursos financeiros acordados forem
depositados em nome do órgão executor em contas especiais, específicas
para fins de compensação ambiental, não integrantes da conta única do
Estado, devendo ser utilizados, preferencialmente, para ações de
47
regularização fundiária.
BIBLIOGRAFIA
 ALMEIDA, Marília Passos Torres de. Compensação ambiental na Lei do
Sistema Nacional das Unidades de Conservação – Lei 9.985/00. In:
BENJAMIN, Antonio Herman (org). Paisagem, Natureza e Direito. São
Paulo: Instituto o Direito por um Planeta Verde, 2005, vol. 2, p. 307-328.

 ASSIS, Alexandre Camanho de. A compensação ambiental como fonte de


custeio de unidades de conservação. Revista Brasileira de Direito
Ambiental. Minas Gerais: Del Rey, nº 04:155-166, 2005.

 BECHARA, Erika. A compensação ambiental para a implantação de


empreendimentos sujeitos ao EPIA/RIMA e para empreendimentos
dispensados do EPIA/RIMA. In: BENJAMIN, Antonio Herman de
Vasconcellos; LECEY, Eládio; CAPPELLI, Sílvia (Org). Congresso
Internacional de Directo Ambiental - Mudanças Climáticas, Biodiversidade e
Uso Sustentável da Energia. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São
Paulo, 2008, Vol.1, p. 193-204.

 CARNEIRO, Ricardo. A Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN


como beneficiária da compensação ambiental prevista na Lei 9.985/2000.
In: FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de (coord). Direito Ambiental em
debate. Rio de Janeiro: Esplanada, 2004, vol. 1, p. 279-289. 48
BIBLIOGRAFIA
 DESTEFENNI, Marcos. Um estudo da responsabilidade civil ambiental
e das formas de reparação do dano ao patrimônio natural:
indenização, compensação e restauração natural. Disponível em
<http://www.saraivajur.com.br/doutrinaArtigosDetalhe.cfm?doutrina=893>

 MILARÉ, Édis; ARTIGAS, Priscila Santos. Compensação ambiental:


questões controvertidas. Revista de Direito Ambiental. São Paulo:
Revista dos Tribunais, nº 43:101-114, 2006.

 MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Ação civil pública e a reparação do dano ao


meio ambiente. 2ª ed. atual. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004, 428 p.

 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Aspectos jurídicos da compensação


ambiental. Revista de Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos
Tribunais, nº 46:130-145, 2007.

49
OBRIGADA

erika@szazibechara.adv.br

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