Questões fundamentais básicas: • Como gerir uma organização? • Qual a relação entre este gerenciamento e a organização dos mercados? • Qual seria o melhor relacionamento com os empregados? • Qual seria o melhor relacionamento com os fornecedores? • Como se daria este gerenciamento no governo? • Organizações públicas seriam diferentes? Por que existiriam organizações públicas? • O governo deve buscar produzir o que precisa ou pode comprar no mercado isto? • Qual seria o relacionamento ótimo das organizações públicas com os fornecedores e com os empregados? • É preferível o governo implementar alguma coisa ou incentivar as empresas privadas a fazê-lo? • Afinal, qual o papel do governo e das atividades regulatórias? • Mais ainda, o que é regulação? • Quando é necessário regulação? • Como é o desenho ótimo de uma atividade regulatória? • Quais são os problemas envolvidos no processo regulatório? • Quais são os principais riscos relativos à regulação? • Por fim, qual o papel nisto tudo de organizações voluntárias (ONG’s e OSCIP’s)? • Qual é a economia política da regulação (quem ganha e quem perde com esta)? Propósito desta cadeira: buscar responder (ao menos em parte) estas questões:
• Questões básicas de gerenciamento interno e
externo das firmas. • Interrelação entre a estrutura dos mercados e as estruturas organizacionais das firmas. • Papel do governo. • Questões básicas do gerenciamento público (positivo e normativo). • Estruturas regulatórias (positivo e normativo). Sociedade: Junção de indivíduos com conjuntos de informações distintos, capacidades distintas e recursos distintos. • Como coordená-los na produção? • Como distribuir os bens produzidos? • Como garantir que esta coordenação não falhe? • Qual é o resultado final disto? Questões são complexas e não triviais. • Risco de falha nesta coordenação: Aumenta com a necessidade de maior coordenação. Ex: Trânsito. Desemprego involuntário.
• Vida em sociedade: Benefícios da
coordenação social devem ser maiores que seus malefícios. • Divisão do trabalho e trocas em uma sociedade: Problema de coordenação social e não torneio onde se elimina participantes. • Trocas são jogo de soma positiva e não soma zero (para alguém ganhar em uma troca, não necessariamente outros têm que perder). • Fundamental existência de vantagens comparativas e não absolutas entre participantes. • Sociedade simples, com dois agentes (João e José), somente um fator de produção (trabalho) e dois bens de consumo, paca e abacate. Tempo necessário (em horas) Caça de uma paca Colher 1 kg de abacate João 2 4 José 1 3
• Pode-se pensar também em termos de
preferências distintas (João é indiferente entre passar uma hora caçando pacas ou 3 horas colhendo abacates. Já José é indiferente entre aquela hora e duas horas colhendo abacates). • Existirá trocas? Estas poderão melhorar a situação de ambos os agentes? SIM!!!!!!!! Preço em pacas Caça de uma paca Colher um abacate João 1 2 José 1 3 Preço em abacates Caça de uma paca Colher um abacate João 0.5 1 José 0.33 1 • Preço final e distribuição do excedente definidos por barganha (impossível ser previsto nesta situação) – também definidos pela estrutura institucional. • Eficiência das trocas: Todos os ganhos provenientes destas efetivamente apropriados por alguém (neste caso, pode ser só João colhendo abacates e só José caçando pacas). • Coordenação das trocas: Pode ser descentralizada (João e José negociando livremente entre si) ou centralizada (algum comitê gestor determinando o que cada um produziria e consumiria – pense em um tabu religiosos que determina o que João e José devem fazer). Coordenação social - Diversos mecanismos possíveis entre dois extremos (mecanismos reais existentes se situam entre estes dois extremos): • Coordenação totalmente descentralizada: Pessoas trocariam e contratariam entre si sem intervenção de algum mecanismo central. • Coordenação totalmente centralizada: Um mecanismo central determina o que as pessoas farão, como farão e como o produto será distribuído. • Entretanto, ambos os mecanismos podem falhar (existência de falhas de coordenação social observadas em diversas sociedades). • Sociedades que não conseguem se coordenar tendem a apresentar falhas de coordenação tanto centralizada quanto descentralizada. • Observação empírica mostra, portanto, que onde o mercado não funciona, o governo tende a não funcionar e vice-versa. Gera correlações poderosas entre variáveis sem nenhuma causalidade efetiva!!!! Recapitulando: • Trocas voluntárias aumentam o bem-estar social (ambos os lados podem melhorar). • Eficiência se refere à efetiva implementação de todas as trocas capazes de aumentar o bem-estar social. • Caso observemos qualquer sociedade, notar-se-á um grande conjunto de arcabouços contratuais alternativos que implementam diferentes trocas (as trocas livres de mercado seriam apenas um destes mecanismos). • Infelizmente, um grande conjunto destas trocas não se realizam – eficiência máxima é impossível de ser alcançada. • Diferentes sociedades apresentariam diferentes arcabouços contratuais e diferentes resultados sociais. • Exemplo visto: Suponha que José, ao ir ao mercado trocar seus produtos com João, pode ser assaltado. • Mesmo melhorando com a troca, é possível que José não saia de casa devido ao risco de assalto (este risco pode, inclusive, inviabilizar a própria produção de José). • Pode-se pensar na existência de mercado privado de segurança. Assim, se os ganhos da troca mais que compensarem os custos da segurança privada, estas ocorrerão. • Entretanto, é bem possível que este mercado não exista. É possível não se conseguir distinguir pessoas honestas de desonestas. Contratação de seguranças pode significar a contratação de cavalo de Tróia (de potenciais bandidos). Alternativas possíveis: • Estado implementa políticas de segurança para minimizar os riscos privados. • João e José fazem acordo entre si, dividem a mesma propriedade, vivem conjuntamente e determinam regras de trabalho e distribuição do produto social. Isto equivale a uma alocação centralizada não estatal (sem participação do governo). Note a grande equivalência deste mecanismo com as sociedades tradicionais clãnicas (baseadas em clãs). Note também a grande equivalência disto com uma organização privada qualquer. Questão importante deste exemplo: • Inevitabilidade da perda de eficiência. • Impossível a ocorrência de máxima eficiência (first best). Busca-se a eficiência possível (second best). • Relações entre agentes buscarão melhor combinação entre eficiência e risco. • Como agentes mentem, fingem ser o que não são e não cumprem contratos, estes, por si só, não resolvem estes problemas. O mesmo pode ser dito em relação ao setor público: • No exemplo das trocas, segurança pública permitida pelo governo aumenta bem-estar da sociedade. • Entretanto, caso a sociedade não controle o governo, este pode usar seu monopólio da violência para achacar os cidadãos. • Eventualmente, nesta situação, o melhor (do ponto de vista social) é não permitir o setor público atuar nesta área – Caso hipotético, NÃO É A SITUAÇÃO BRASILEIRA!!!!! Exemplos podem ser muitos: • Determinadas políticas podem ser úteis em uma situação ideal. • Governo utiliza esta desculpa para promover os interesses de grupos privados específicos. • Exemplos destes casos em políticas de subsídios de crédito, proteção à competição externa para grupos específicos, entre outros. • Estrutura organizacional do governo pode permitir que somente as melhores políticas, do ponto de vista social, sejam implementadas. Questões básicas: • Inexistência de mercados completos e contratos completos. • Impossível alocação eficiente via mercados na inexistência destes. • Relações alternativas entre agentes (contratos formais e informais alternativos) buscam suprir esta falha. • Governos tem interesses próprios e não são perfeitamente controlados pela sociedade. • Torna sem sentido dicotomia mercado (alocação descentralizada) x governo (alocação centralizada). Complexidade da coordenação social: • Pessoas agem sob incentivos. • Informação é imperfeita, assimétrica e não revelada. Instituições: Regras do jogo social. • Determinam estrutura de incentivos sobre as pessoas. • Determinam importância relativa dos diversos mecanismos de coordenação existentes (estes seriam complementares e não contraditórios). • Determinam resultado final do jogo social (diferentes instituições geram diferentes resultados sociais). • Questão básica: Discussão é técnica e não ideológica. • Faz-se necessário intervenção estatal em muitos campos de forma a aumentar o bem- estar social. • Apesar destas intervenções, muitas vezes, serem similares, haverá situações onde determinada intervenção é ótima e em outras, esta será contra-producente. • Fundamental entender as regras de funcionamento de cada sociedade específica para definir mecanismos eficientes de intervenção estatal para cada momento histórico específico. Quatro blocos básicos da disciplina:
• Teoria dos jogos e comportamento
estratégico. • Contratos e gestão privada. • Contratos e gestão pública. • Regulação. Programa básico • Primeira parte: Revisão funcionamento e falhas de mercado. Visão tradicional da regulação. Estrutura organizacional das firmas. Organizações públicas. • Segunda parte: Teoria dos jogos. Teoria contratual. • Terceira parte:
Regulação e gestão pública a luz da teoria
contratual. Tópicos diversos relativos a gestão pública (inovações, PPP’s, etc). Distribuição de pontos • Primeira prova: 35 pontos. • Atividades didáticas em sala: 25 pontos Dentro destas, duplas de alunos deverão apresentar um artigo científico em sala (em inglês) de forma sucinta ao longo do semestre. • Segunda prova: 10 pontos. • Atividade final: 30 pontos. Apresentação, por grupo de alunos, de ambiente regulatório de um setor específico (20 pontos). Presença na apresentação dos outros grupos (10 pontos).