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O documento discute as ideias de Michel de Certeau sobre as práticas cotidianas. Segundo Certeau, as pessoas comuns usam "artimanhas sutis" e "táticas de resistência" para se apropriarem do espaço e desviarem dos produtos e códigos impostos, criando assim seu próprio cotidiano. Ele valoriza a criatividade das microrresistências anônimas no dia a dia, em contraste com visões que enfatizam a uniformização e obediência.
O documento discute as ideias de Michel de Certeau sobre as práticas cotidianas. Segundo Certeau, as pessoas comuns usam "artimanhas sutis" e "táticas de resistência" para se apropriarem do espaço e desviarem dos produtos e códigos impostos, criando assim seu próprio cotidiano. Ele valoriza a criatividade das microrresistências anônimas no dia a dia, em contraste com visões que enfatizam a uniformização e obediência.
O documento discute as ideias de Michel de Certeau sobre as práticas cotidianas. Segundo Certeau, as pessoas comuns usam "artimanhas sutis" e "táticas de resistência" para se apropriarem do espaço e desviarem dos produtos e códigos impostos, criando assim seu próprio cotidiano. Ele valoriza a criatividade das microrresistências anônimas no dia a dia, em contraste com visões que enfatizam a uniformização e obediência.
• agir do homem comum, com as ações dos sujeitos que criam o
cotidiano; • relata a criatividade do homem comum quanto à cultura de massa. • Usuários: passivos e disciplinados; • que todo consumidor também, e sempre, produz. • Buscava evidenciar que as astúcias dos consumidores de produtos, valores, ideias, todos os produtos do mercado geral, dos bens materiais e culturais esvaziam todas as pretensões de uniformização e obediência mantidas pelos gestores da vida pública; A INVENÇÃO DO COTIDIANO
Certeau valoriza as práticas cotidianas a partir de uma
visão otimista que “percebe microdiferenças onde tantos outros só vêem obediência e uniformização. Assim, o interesse de Certeau (2009) está no agir do homem comum, nas ações dos sujeitos que criam o cotidiano, no fazer cotidiano dos silenciados e anônimos, nas ações triviais do dia a dia. Este autor se recusava a aceitar a homogeneidade da sociedade imposta pela elite dominante; Intentava aflorar as características dinâmicas da sociedade e a forma como esta se reinventa, não somente no sentido de improvisar, mas de inventar maneiras de organização social. O autor defende que o homem anônimo, comum, mesmo passivo e disciplinado, como ele vislumbra na obra de Foucault (1983), está envolvido em uma antidisciplina, dado que ele faz uso oportunista do tempo e do espaço em suas práticas, ação que Certeau (2009, p. 41) define como bricolagem, ou seja, as maneiras de fazer, que são “[...] as mil práticas pelas quais usuários se reapropriam do espaço organizado pelas técnicas da produção sociocultural”. o uso da bricolagem ocorre devido a uma tentativa de articular interesses próprios a partir de um espaço de transgressão de uma ordem estabelecida, que, a princípio, não permitiria que se articulasse este interesse. A bricolagem é uma mistura de elementos, de aspectos; é por meio dela que se torna possível articular as práticas de maneira a que a ordem estabelecida possa ser transgredida. Ao realizar essa transgressão, é possível estabelecer um interesse próprio, uma vontade, sua “maneira de fazer” Certeau (2009) diz que para os usuários se adaptarem ao ambiente no qual estão inseridos é preciso se valerem de suas práticas sociais, ou seja, das maneiras de fazer. “São as suas práticas que o sabem – gestos, comportamentos, maneiras de falar ou de caminhar etc.” (CERTEAU, 2009, p. 135). A descrição de algumas práticas (ler, falar, caminhar, pensar, gestos, etc.) é considerada significativa, pois “[...] não são nem determinadas e nem captadas pelos sistemas onde se desenvolvem”. Essas práticas, segundo Certeau (2009), organizam, de forma espacial e temporal, as ações dos sujeitos e tecem assim os cotidianos; Essas práticas, segundo Certeau (2009), organizam, de forma espacial e temporal, as ações dos sujeitos e tecem assim os cotidianos. Portanto, elucidar a dinâmica desse cotidiano, de alguma forma ajuda a compreender o porquê das ações dos sujeitos praticantes; é possível fazer uma análise dos sujeitos que agem por meio de bricolagens, de forma a revelar suas astúcias relacionadas aos dispositivos institucionalizados na organização; Essas maneiras de fazer, ou operações, como Certeau (1994) denomina, compõem as diversas práticas cotidianas dos indivíduos, as quais eles utilizam para se (re)apropriarem do espaço organizativo.] de ver diferenças e de perceber as microrresistências que fundam microliberdades e deslocam fronteiras de dominação; a inversão de perspectiva, que fundamenta a sua Invenção do cotidiano, desloca a atenção “do consumo supostamente passivo dos produtos recebidos, para a criação anônima, nascida da prática, do desvio no uso desses produtos”. narrar “práticas comuns”, as “artes de fazer” dos praticantes, as operações astuciosas e clandestinas; [...] A uma produção racionalizada, expansionista além de centralizada, barulhenta e espetacular, corresponde outra produção, qualificada de ‘consumo’: esta é astuciosa, é dispersa, mas ao mesmo tempo ela se insinua ubiquamente, silenciosa e quase invisível, pois não se faz notar com produtos próprios, mas nas maneiras de empregar os produtos impostos por uma ordem econômica dominante. (CERTEAU, 1994, p. 39). ele inverte a forma de interpretar as práticas culturais contemporâneas, recuperando as astúcias anônimas das artes de fazer – esta arte de viver a sociedade de consumo. Certeau, ao contrário, nos mostra que “o homem ordinário” inventa o cotidiano com mil maneiras de “caça não autorizada”, escapando silenciosamente a essa conformação. Essa invenção do cotidiano se dá graças ao que Certeau chama de “artes de fazer”, “astúcias sutis”, “táticas de resistência” que vão alterando os objetos e os códigos, e estabelecendo uma (re)apropriação do espaço e do uso ao jeito de cada um. Ele acredita nas possibilidades de a multidão anônima abrir o próprio caminho no uso dos produtos impostos pelas políticas culturais, numa liberdade em que cada um procura viver, do melhor modo possível, a ordem social e a violência das coisas A distinção entre “estratégia” e “tática” é central para o desenvolvimento da noção de prática cotidiana do autor. tática: trata-se formas de saber e conhecimentos práticos, que dependem de uma ocasião, ou momento oportuno para serem colocados em ação. Duas obras de Foucault e Bourdieu são especialmente importantes nesses diálogos: Vigiar e Punir (1975), na qual Foucault relata a emergência de um novo tipo de controle sobre os sujeitos e seus corpos, sintetizada pelo modelo do panóptico e Esboço de uma teoria da prática (1972), na qual Bourdieu analisa instituições das sociedades kabila do norte da Argélia. frequentemente retoma a característica das microrresistências dos anônimos do cotidiano não como negadoras do poder, mas como fundantes, como ações afirmativas; Essas pequenas formas de resistência produzidas no cotidiano e pelos sujeitos comuns não se constituem a partir de um dilema e pelo confronto, mas mais pelas possibilidades. Uma vez que essas microrresistências não se constituem como um contrapoder, mas como formas de jogar com a tentativa uniformizadora dos discursos socioculturais, como formas de buscar certa liberdade diante daquilo que impõe normas de modo incisivo, as práticas cotidianas se desenham como resistências pelo fazer diverso, próprio, inventivo, que brincam com as ordens pré-estabelecidas. As práticas cotidianas subvertem tais ordens sem pretender empreender uma revolução, mas criando lugares em que cada um toma posse em alguma medida de sua vida. as massas não são necessariamente tão obedientes nem passivas, mas podem praticar uma criatividade cotidiana, de forma a procurar viver da melhor maneira possível as injustiças da ordem social e a violência das coisas forçadas. ] Para Certeau, no entanto, mecanismos de resistência sempre foram exercidos ao longo do tempo, diferindo apenas quanto às formas específicas assumidas de acordo com cada contexto sócio-histórico; pois a distribuição desigual de forças é uma constante na história e as práticas de subversão sempre foram o recurso dos mais fracos. Na cultura ordinária, na própria rede das determinações institucionais, insinua-se desde sempre um estilo peculiar de trocas, de invenções técnicas e de resistência moral: “a ordem é enganada por uma arte”. Na observação da mesma realidade onde outros autores tendem a colocar em relevo a dimensão de conformismo e submissão ao poder instituído, podem ser encontrados também indícios de uma re-apropriação saudável, criativa e pessoal do espaço e do uso das coisas; torna-se possível então empreender oresgate das artimanhas anônimas da arte de viver no mundo contemporâneo, numa invenção do cotidianobaseada em estratagemas sutis, ou artes de fazer capazes de contornar a simples submissão aos objetos impostos e aos códigos estabelecidos.