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Custódia de Belém,
atribuída a Gil Vicente, ouro, 1506,
Museu Nacional de Arte Antiga.
• A sua primeira obra terá sido Auto
da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro
(1502, em castelhano), representada
por ocasião do nascimento do príncipe
D. João (mais tarde, D. João III).
• Casou duas vezes.
• Teve cinco filhos.
• Os textos do dramaturgo circulavam
em folhetos de cordel.
Mudanças culturais:
D. João II (1481-1495)
• Tratado de Tordesilhas.
D. Manuel I (1495-1521)
• Descoberta do Brasil.
Nunes.
Comédia de costumes
Inês Pereira; Mãe de Inês; Lianor Vaz (alcoviteira) Pero Marques; Latão e Vidal (judeus);
Escudeiro; Moço; Ermitão Moças e mancebos que cantam no casamento de Inês
Inês Pereira
Início da peça:
• indolente / não cumpre as tarefas
• sonhadora e romântica
Voz da experiência
Pragmática
(afirma que um casamento
implica sustento material)
e prudente
Alcoviteira
(propõe a Inês o casamento
com Pero Marques)
Astuta e determinada
Pragmática
(sugere que Inês
case com Pero Marques,
pois ele pode sustentá-la)
Michiel Sweerts,
Jovem e a Alcoviteira (1660).
Os pretendentes de Inês
Camponês,
Livro de Horas Giorgione,
de Maître Guerreiro
de l’Échevinage com Escudeiro
de Rouen (c. 1475). (c. 1509), pormenor.
Moço Latão e Vidal,
os judeus casamenteiros
Funciona como contraponto
do Escudeiro (através
Astuciosos
dos comentários do Moço,
e eloquentes
sabe-se a condição miserável
em que vive o Escudeiro)
Têm uma função semelhante
à de Lianor Vaz (persuadir Inês)
Irónico
Ermitão
Sedutor
Inês
fantasiosa
Apresentação
das ambições
e sonhos de Inês
(casar com um homem
avisado)
Proposta de Pero
Marques, que Inês
considera desinteressante
Recusa da proposta
de Pero Marques
José Ruy, Farsa de Inês Pereira, vinheta (1988).
A estrutura da ação
Questões sociais
da época de Gil Vicente
Duplicidade e aparências
As personagens aparentam ser algo que não são:
• o Escudeiro finge ser galanteador, distinto e valente (revela ser autoritário,
arrogante e cobarde)
• o clérigo e o Ermitão fingem ser celibatários (revelam-se licenciosos)
Relação mãe-filha
Relação condicionada pelas regras sociais da época
Inês vive na dependência e sob autoridade da Mãe
Relação com momentos de tensão e conflito: Inês não cumpre as suas
tarefas
Relação com momentos de afeto e proteção: conselhos que a Mãe dá à filha
sobre o pretendente a escolher
A sátira na Farsa de Inês Pereira
Processos de sátira
Inês Pereira
Não é uma personagem-tipo, mas o seu comportamento tem traços do
estereótipo da jovem sonhadora e ambiciosa.
Pero Marques
Representa o rústico lavrador.
A sua linguagem, ignorância, simplicidade e postura ridícula transformam-no
numa caricatura.
Escudeiro
Crítica à pequena nobreza sem recursos próprios.
Crítica às suas dependências, à parasitagem, à cobardia.
Lianor Vaz
Judeus casamenteiros
Representam os alcoviteiros: promovem casamentos a troco de dinheiro.
Crítica à avareza e à mentira.
Ermitão
Crítica à imoralidade do clero.
Crítica à hipocrisia com que os membros do clero encaram a sua vocação.
Estilo e linguagem
Registos de língua
variados
CAMÕES, José (dir. cient.) (2002) – As obras de Gil Vicente, vol. I. Lisboa: CET e INCM.
COELHO, Nelly Novaes (1963) – «As alcoviteiras vicentinas», in Alfa — Revista de Linguística 4.
São Paulo: FCLA-UNESP, pp. 83-105.
NUNES, Patrícia et alii (2008) – Enciclopédia do Estudante, vol. 10. Carnaxide: Santillana-Constância,
pp. 68-69; 66-67; 70-73; 88-89.
OSÓRIO, Jorge A. (2005) – «Solteiras e Casadas em Gil Vicente», in Península — Revista de Estudos
Ibéricos, n.º 2. Porto: FLUP, pp. 113-136.
SARAIVA, António José (1979) – História da Literatura Portuguesa — das origens a 1970. Amadora:
Livraria Bertrand.
SARAIVA, António José; LOPES, Óscar (s. d.) – História da Literatura Portuguesa, 16.ª ed. Porto:
Porto Editora.
EM RESUMO:
GIL VICENTE|Farsa de Inês Pereira
Contexto sociocultural da peça
• Representada em 1523;
Encenação do provérbio:
Mais vale asno que me leve
que cavalo que me derrube.
GIL VICENTE|Farsa de Inês Pereira
Estrutura tripartida da intriga
• Exposição:
desejo de libertação de Inês através do casamento;
• Conflito:
proposta de Pero Marques, casamento com o Escudeiro
e casamento com Pero Marques;
• Desenlace:
concretização das aspirações de Inês.
GIL VICENTE|Farsa de Inês Pereira
As personagens
Inês: preguiçosa, leviana, fantasiosa, inconsciente, idealista.
No final da peça, torna-se materialista, calculista, vingativa.
Personagem cómica.
GIL VICENTE|Farsa de Inês Pereira
As personagens
Escudeiro, Brás da Mata: elegante, mentiroso, desleal, preguiçoso,
pelintra, galanteador, cobarde.
GIL VICENTE|Farsa de Inês Pereira
As personagens
Lianor Vaz:
alcoviteira, leviana, mentirosa.
Mãe:
boa conselheira, confidente, compreensiva, voz do bom senso.
Judeus casamenteiros, Latão e Vidal:
bajuladores, interesseiros, oportunistas.
Moço:
confidente, crítico, fiel ao amo.
Fernando e Luzia:
simples, amigos, cantam uma canção de desencanto e morte.
Pai:
ausente.
Ermitão:
falso religioso, parasita, mentiroso.
GIL VICENTE|Farsa de Inês Pereira
O cómico
Ridendo castigat mores
• Cómico de caráter
• Cómico de situação
• Cómico de linguagem
GIL VICENTE|Farsa de Inês Pereira
O cômico
Cômico de caráter:
Pero Marques (desconhecimento da cultura da cortesia):
• A peça é bilingue;
• Interrogação retórica:
ou sam algum caramujo / oue não sai senão à porta? (vv. 32 - 33)
• Ironia:
Logo eu adivinhei / lá na missa onde eu estava, / como a minha Inês
lavrava (vv. 39 -41)
• Metáfora:
Deos vos salve, fresca rosa, / e vos dê por minha esposa (vv. 543 - 544)
• Metonímia:
Não sei se me vá a el rei, / se me vá ao Cardeal (vv. 80 - 81)
GIL VICENTE|Farsa de Inês Pereira
O espaço
• Oscila entre o interior (casa de Inês) e exterior (percurso para
visitar o Ermitão).
• corrupção;
• materialismo;
O teatro
é o escaparate de todas as artes