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AMOUR

Um filme de Michel Haneke


• O filme já começa fazendo com que nos deparemos com
a morte logo de início, pois desde o princípio, todos
sabemos o final. Então, convidamos vocês a não pensar
na morte como encerramento, não vê-la como como algo
que acaba, mas sim, que permanece. Que perdemos
pessoas, mas nunca, lembranças. Que a morte é só isto:
ausência.
AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade Livro: Obra poética, Volumes 4-6.


Lisboa: Publicações Europa-América, 1989.
Primeira Morte
• O grande evento que molda o destino do casal é um
acidente vascular cerebral sofrido pela Anne.
Observamos aqui a perda da independência da idosa.
Agora seu esposo George precisa auxiliá-la nos cuidados
básicos de vida, como locomoção, higiene pessoal,
vestir-se, preparar as refeições, além de estimular a
reabilitação. Essa é a primeira morte. O gatilho, a
primeira peça que caiu da sequência de eventos. Como
parte dessa experiência, para sentirmos o quanto esse
fato tem capacidade de modificar o curso da história,
peço a vocês que risquem um dos nomes da lista, e
assim como Anne e George, sintam essa primeira morte
Segunda Morte
• Risquem agora o segundo nome da lista de vocês. Acaba
de acontecer a segunda morte. Para vocês, isso implica
se despedir de mais um ente querido. Para Anne e
Georges, tal morte é representada pela perda do convívio
social.
• O casal recebe poucas visitas, tanto da família, quanto
dos amigos. Anne não consegue mais sair, ficando
restrita ao apartamento, não toca mais piano, não
conversa mais.
• A filha, que pouco visitava o casal, acreditava que a mãe
deveria ir para um asilo. Georges contrata uma cuidadora
quando o estado de saúde de Anne piora, não obtendo
porém um auxílio efetivo.
• Nem mesmo com a própria filha ele podia conversar,
e os outros convívios externos dele restringiam-se
apenas a perguntas de vizinhos sobre como estava
sua mulher, deixando-o imerso na situação da
esposa, sem conseguir cuidar de si próprio e interagir
com o meio externo.
• O idoso precisava de mais suporte social, de
pessoas da família e da comunidade que o tirassem
um pouco da rotina do cuidado. Ele precisava de
mais tempo para cuidar de si, para recarregar as
energias consumidas naquele cuidado. Deveria
também ter contado com o suporte de uma equipe de
saúde multiprofissional.
Piora do quadro
Terceira Morte
• Agora escolha mais uma pessoa para retirar de sua lista
e supostamente de sua vida.

• A piora do quadro de Anne representa a 3ª morte do


casal. É a partir deste momento que ela perde totalmente
sua autonomia, independência e começa a perder
drasticamente sua funcionalidade, ficando mais restrita
ao leito e dependente do marido.
• Anne está na fase de terminalidade, e ela e o esposo
poderiam ter recebido cuidados paliativos, não apenas no
âmbito físico, como ele tentou proporcionar a ela, mas
também na dimensão psíquica e social.
• Para Georges essa morte significa dedicação integral a
esposa e a consolidação do isolamento social de ambos.
Este momento é a iminência da morte final de Anne e ele
não consegue aceitar este fato. Neste ponto os cuidados
paliativos visando o marido poderiam mudar totalmente o
final da história. Georges necessitava de ajuda
psicológica, social e espiritual para aceitar a morte da
esposa e assim manter sua sanidade.
O Pombo
Quarta Morte
• É um dos momentos mais complicados para vocês, é hora de
riscar mais um nome da lista, escolher uma das duas pessoas
mais importantes da sua vida, o que é angustiante.
• Para Georges, também foi angustiante ver a esposa recusando
os cuidados dele.
• O tapa representa o desespero de Georges em tentar trazer
Anne de volta à vida. É uma maneira de extravasar todo seu
sofrimento, psicológico e emocional, mostrando que assim
como Anne, o corpo e a mente dele também se danificavam.
Anne vai perdendo a vontade de viver aos poucos, enquanto
ele enlouquece tentando trazê-la de volta à vida que se esvai.
• Isto é simbolizado pelo pombo cinza, que representa algo ruim,
assim como a morte. Expulsar o animal mostra que Georges
não aceita a terminalidade de Anne.
Encenação
Quinta e Derradeira Morte
• E assim, chegamos ao último nome. O nome que, para você, representa a
pessoa mais importante e querida na sua vida. Quão difícil foi essa escolha?
Como você está se sentindo?
• Você consegue se imaginar passando por esse processo? Pelo processo de
perdas e de abdicações em que a cada segundo você fica mais e mais distantes
de “sua vida real”.
• Entenda o sentimento que está sentindo agora. Reflita. Diferente de você,
George não tinha 5 pessoas em sua vida, mas sim apenas uma. Anne era a
única coisa para George.
• Agora, você consegue enxergar que, talvez, a atitude de George não tenha sido
tão extrema. Talvez ele realmente estivesse louco. Porém, olhando por outro
lado, talvez, ele quisesse a todo custo se livrar daquela dor, e libertar Anne
daquela situação.
• Assim, esta cena revela o olhar crítico que devemos ter em nossa profissão.
Olhar o paciente e a família. Quantos amigos desta sala não estão passando por
um processo difícil, e nós, na maioria das vezes, nem oferecemos o ombro
amigo. Entender o que está acontecendo, olhar, ajudar, amparar esse processo
de luto é com certeza, nosso papel fundamental. E nós como estudantes de
medicina, precisamos colocar os cuidados paliativos em prática não só nessa
disciplina, mas a cada atitude tomada a partir de agora.
E então?......
• Contraditoriamente, o filme começou com a morte e
terminou com a vida. Quantas vezes não damos mais
importância à morte, se desde o começo já sabemos que
o que permanece é a vida, ou melhor, o que ela
representou.

• A cada nome riscado da sua lista, o que da morte ficou


para você? Quem morre deixa mesmo de existir? Ou vive
para sempre na nossa ausência assimilada?
Na Hora de Pôr a Mesa, Éramos Cinco
na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs e eu.
depois, a minha irmã mais velha casou-se.
depois, a minha irmã mais nova casou-se.
depois, o meu pai morreu.
hoje, na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está na casa dela,
menos a minha irmã mais nova que está na casa dela,
menos o meu pai, menos a minha mãe viúva.
cada um deles é um lugar vazio nesta mesa onde como sozinho.
mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos sempre cinco.

José Luís Peixoto, in 'A Criança em Ruínas


ALUNOS:

Beatriz Andrea Allegrini, 06


Gabriel Teixeira Cagnin, 23
Jéssica Alves Vasselo, 26
João Victor Gomes de Carvalho, 29
Loíse M. T. Cenedesi, 37
Luana Gouveia Tonini, 39
Luiza Mastrange Pugin, 41
Milena Theodoro, 49
Thaísa Bonardi, 61
FIM

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