Preceptor: Dr. Francisco Lírio Ramos Filho Definição • Rotura Prematura de Membranas Ovulares (RPM) Ruptura espontânea das mesmas antes do começo do trabalho de parto • Rotura prematura de membranas pré-termo (RPMPT) Antes de 37 semanas • Rotura prematura de membranas no termo (RPMT) Gestação a termo • Abortamento Inevitável Antes da 20ª semana de gestação Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia,2008 Incidência • 10% de todas as gestações vão apresentar RPM antes do início do trabalho de parto e dentre essas, 75% a 80% já estarão a termo • A RPPM acomete de 1% a 3% das gestações responsável por cerca de 30% de todos os partos pré-termo e por 20% das mortes perinatais neste período
Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia,2008
Etiologia • Diminuição progressiva da quantidade de colágeno do Córion
• Diminuição das concentrações de fosfatidilinositol nas membranas
Tem papel lubrificante na interface entre o córion e o âmnio
• A infecção é uma das principais causas de RPPM, sendo que estudos
mostram que 32% a 35% dos casos têm cultura de líquido amniótico positiva As bactérias infectantes produzem enzimas (proteases, colagenases e elastases) que atuam sobre as membranas, levando ao enfraquecimento e à ruptura das mesmas Fatores de Risco Fatores de risco para RPPM • Trabalho de parto pré-termo ou RPM prévios • Tabagismo • Sangramento genital • Incompetência cervical • Vaginose bacteriana • Útero distendido (polidrâmnio, gemelaridade, macrossomia) • Procedimentos invasivos (biopsia de vilo corial, amniocentese, cordocentese) • Doenças maternas como a deficiência de alfa-1-antitripsina, drepanocitose, síndrome de Ehlers-Danlos Diagnostico • Anamnese Paciente informa perda de liquido pelos genitais em grande quantidade ( “molha a roupa” ) Súbita, habitualmente indolor Diagnostico • Aspecto do Liquido Transparente Odor característico seminal, ou hipoclorito de sódio Cor amarelada ou esverdeada = Mecônio Purulento = Infecção IDENTIFICAÇÃO DO LÍQUIDO AMNIÓTICO • Exame especular com mobilização do polo fetal e realização da manobra de Valsava para a detecção de saída de líquido pelo orifício cervical • Microscopia Coletar secreção vaginal do fundo de saco Verificar em microscópio após secagem pelo calor Presença de cristalização em “folha de samambaia” ou mudança da coloração após ser aquecida durante um minuto IDENTIFICAÇÃO DO LÍQUIDO AMNIÓTICO • pH da secreção vaginal: é utilizado papel de nitrazina que se torna azul em contato com o fluido vaginal falso positivo (17%) com sangue, sêmen, Trichomonas vaginalis ou vaginose • Ultrassonografia não é um método definitivo. Deve-se avaliar a idade gestacional juntamente com a redução do volume do líquido amniótico • AmniSure®: teste imunocromatográfico, qualitativo rápido, para detecção de proteína específica do líquido amniótico (alfa1microglobulina placentária – PAMG-1) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Perda involuntária de urina • Leucorréia • Muco EXAME FÍSICO • Temperatura axilar e pulso materno; • Dinâmica uterina; • Altura uterina; • Estado fetal; • Exame especular; • Se houver sangramento vaginal, avaliar possibilidade de placenta prévia e/ou descolamento de placenta. Evitar toques vaginais repetidos, exceto nas gestações a termo, gestantes com parto iminente, ou quando se planeja indução imediata PROPEDÊUTICA COMPLEMENTAR • Hemograma completo • Urina rotina, Gram de gota urinário, urocultura; • Pesquisa para estreptococo do grupo B em swab anal e vaginal; • Ultrassonografia (avaliar índice de líquido amniótico – ILA). Conduta
Toda mulher com diagnóstico de RPM e sua família devem receber
aconselhamento sobre a morbidade e mortalidade associadas à idade gestacional e sobre a eficácia limitada do tratamento. CONDUTA ENTRE 22 E 24 SEM • Individualização da conduta • Prognóstico perinatal é bastante ruim, além dos riscos maternos associados, tais como corioamnionite, sepsis e até óbito Oferecer à mulher e sua família a opção de interrupção da gestação Caso a mulher opte por uma conduta expectante, tal fato deverá ser registrado no prontuário • Deve-se fazer a internação no momento do diagnóstico, com hiper- hidratação por 48–72 horas e reavaliação do ILA CONDUTA ENTRE 22 E 24 SEM • Avaliação de sinais de infecção e de começo do trabalho de parto: Febre Hemograma duas vezes por semana Presença de contrações uterinas • Avaliação do estado fetal • Repouso estrito no leito • Evitar coito vaginal • Antibioticoterapia • Sem tocólise • Sem corticoterapia CONDUTA ENTRE 22 E 24 SEM • Acompanhamento poderá ser realizado em nível ambulatorial, se não houver evidências de infecção ou sangramento vaginal • Interromper se trabalho de parto ou sinais de corioamnionite • A variável mais importante para a orientação sobre prognóstico fetal é o volume de líquido amniótico CONDUTA ENTRE 24 E 33 SEM • Deve-se orientar sobre os benefícios esperados para o feto com o prolongamento da gestação • Cuidados Gerais: Repouso no leito com permissão para uso do banheiro Curva térmica de 4 em 4 horas Observar presença de contrações uterinas • Realizar exame especular quando necessário • Hemograma duas vezes por semana ou se surgirem sinais de corioamnionite Hemossedimentação e Proteína C reativa quando possível CONDUTA ENTRE 24 E 33 SEM • Avaliação do estado fetal Ausculta de batimentos cardiofetais duas a três vezes ao dia Contagem de movimentos fetais pela mãe duas vezes ao dia Perfil biofísico fetal para gestantes: ILA < 5cm = Diário ILA > 5cm = Duas vezes por semana Avaliação de volume de líquido amniótico por ecografia de 2 em 2 dias Hidratação oral (3 a 4l/dia) Tocólise é contraindicada Antibióticos Corticóides Sulfato de Magnésio USO DE ANTIBIÓTICOS 1. AMPICILINA 2g, IV, 6/6h por 48h 2. AMOXICILINA 500mg, 8/8h OU 875mg, 12/12h por 05 dia + AZITROMICINA 1g em dose única oral
Se alergia: CLINDAMICINA 600mg, 6/6h OU 900mg 8/8h por 07 dias
Uso de corticoides • Contraindicações: Infecção, parto iminente, hipersensibilidade
1. Betametasona 12 mg IM a cada 24h por dois dias
2. Dexametasona 6mg IM de 12 em 12h por dois dias Uso de Sulfato de Magnésio • Neuroproteção fetal
1. Dose de ataque = 4g IV 2. Dose de manutenção = 2g/h em infusão contínua - 460mL de SFO 0,9% 50 mL/hora na BIC por um - 40mL de MgSO4 50% período máximo de 24 horas
• Repetir esquema em caso de novo risco de parto pré-termo
CONDUTA ACIMA DE 34 SEM • Interromper a gestação e induzir o trabalho de parto • Usar ocitocina se condições do colo forem favoráveis, caso contrário, utilizar misoprostol • Cesariana apenas uando indicações obstétricas CRITÉRIOS PARA A INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO • Gestação até 20 semanas, respeitadas as limitações legais, e além de 34 semanas; • Trabalho de parto espontâneo; • Sinais de comprometimento fetal; • Sinais de infecção: HIPERTERMIA ≥ 37,8ºC e pelo menos dois dos seguintes sinais: Útero doloroso; Odor vaginal desagradável; Taquicardia materna ou fetal Leucocitose >15.000 células/mL; Desvio do leucograma para esquerda. ASSISTÊNCIA AO PARTO • Realizado com cardiotoco • Presença obrigatória do médico obstetra • Via vaginal: gestantes em trabalho de parto espontâneo, apresentação de vértice ou com dilatação cervical progressiva • Gestantes que não estão em trabalho de parto, mas com necessidade de interrupção da gestação, a conduta dependerá da idade gestacional ASSISTÊNCIA AO PARTO • Maior ou igual a 34 sem de gestação em apresentação de vértice: indução do parto independente do estado cervical e via vaginal adotada • Gestações < 34 semanas, em apresentação de vértice: Se Escre de Bishop >= 6: ocitocina Se Bishop < 6: utilizar misoprostol, com tempo máximo de 24h Se indução for prolongada, considerar cesarian