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CARTUM
Professora Karlla Gavazzoni
CARTUM
• Refere-se a acontecimentos atemporais: é um gênero de
conteúdo universal;
• Linguagem verbal e não verbal;
• Sátira, humor e
ironia;
• Embasamento
crítico cultural
e ético ao construir
personagens que
revelam posição
social e política.
• Abrangência do tema – os usuários ios e android são a nível mundial;
• Não representatividade de uma personalidade em específico – não há referência
a um personagem social ou histórico;
• Associação da linguagem verbal com as imagens – o semblante do usuário ios
possui uma conotação de satisfação, em contraste com o do usuário android;
• Associação a um comportamento humano sem ser situado no tempo – há uma
crítica ao comportamento dos usuários dos dois sistemas, sem referência
temporal.
CHARGE
• Caráter humorístico e crítico;
• Referência ao tempo presente e a situações
de um contexto específico e contemporâneo;
• Aponta para um perso-
nagem da vida pública
em geral: um artista, um
político, um músico etc.
• Linguagem verbal e
não verbal;
O CINISMO NA MÍDIA
É tênue o limite que separa a informação de interesse público da notícia
convertida em espetáculo.
Por Aurélio Munhoz
Passadas as primeiras 24 horas após o incêndio que destruiu 231 jovens em uma
casa de shows em Santa Maria (RS), o Brasil foca suas atenções agora na identificação
dos culpados por mais esta inominável tragédia urbana.
Natural que seja assim. O que aconteceu neste domingo na cidade gaúcha foi
fruto de uma coleção de indefiníveis aberrações que, por sua extrema gravidade,
causam indignação e merecem punição rigorosíssima.
Ocorre que não são apenas os donos ou os seguranças da casa de shows,
tampouco a Prefeitura de Santa Maria e o Corpo de Bombeiros, que merecem
condenação. O papel que grande parte da mídia está exercendo diante deste drama
humano de proporções colossais, a exemplo do que tem feito em relação a tantos
outros, também se revela abjeto e passível de duríssimas críticas.
A mídia tem todo o direito - e, mais que isto, o dever - de noticiar tragédias como
a que estamos acompanhando, ao vivo e em cores. Fornecer informações de interesse
público é uma das suas atribuições. A morte de 233 seres humanos, ainda mais nas
circunstâncias verificadas na casa de shows é, obviamente, digna de uma extensa
cobertura porque interessa a um expressivo segmento da sociedade.
O CINISMO NA MÍDIA
É tênue o limite que separa a informação de interesse público da notícia
convertida em espetáculo.
Por Aurélio Munhoz
É um Big Brother de verdade, formado não por beldades vulgares e sem cérebro,
do tipo que costumam freqüentar os realities shows, mas por cidadãos respeitosos
vítimas da irresponsabilidade humana. Sensacionalismo, em uma palavra, como nos
tempos do programa Aqui Agora, extinto em 1997. Mais brando, é verdade, mas uma
forma de sensacionalismo, de todo modo.
Foi o que aconteceu durante todo o dia da tragédia, quando, por exemplo, até
programas dominicais exclusivamente de entretenimento - inclusive os conduzidos
por não jornalistas - consumiram horas a fio tratando do tema, mas em tom
predominantemente emocional e policialesco, e não informativo. Tampouco estes
veículos sinalizaram o interesse de incluir este tema (a segurança em casas de shows)
em uma agenda permanente de debates.
É claro que não se pode descartar o componente fortemente emocional que
permeia uma tragédia como esta, mas quando se exagera na ênfase deste aspecto -
sobretudo quando esta iniciativa parte de programas exclusivamente de
entretenimento, aos quais não cabe o perfil de noticiosos - e quando se aborda este
tema de maneira superficial gera-se desconfiança sobre os reais propósitos que
margeiam a divulgação do fato.
O CINISMO NA MÍDIA
É tênue o limite que separa a informação de interesse público da notícia
convertida em espetáculo.
Por Aurélio Munhoz
Não se trata de uma novidade. O histórico de grande parte da mídia é profícuo neste
gênero de cinismo, no âmbito das tragédias humanas. Cito apenas um caso, já clássico na
cronologia de aberrações da mídia: o terremoto no Haiti, que completou três anos em 12 de
janeiro e matou 316 mil pessoas, convertendo-se em um das maiores tragédias provocadas por
causas naturais da humanidade. Entre elas, Zilda Arns, médica gaúcha fundadora da Pastoral
da Criança.
Fontes ligadas à própria Pastoral da Criança, que continua atuando na região, informam
que pouca coisa mudou de lá para cá. O portal IAI (International Alliance of Inhabitants) vai
além. Comunica que, três anos após o terremoto, depois do bombardeio inicial de notícias
sobre o desastre, o Haiti foi praticamente esquecido pela grande mídia e pelos organismos de
ajuda internacionais. Mais de 370 mil pessoas continuam vivendo em abrigos temporários, em
péssimas condições. E, o que é quase tão grave, 78 mil (21% do total) ameaçam ser despejadas.
Não bastasse tudo isto, apenas 1/3 da ajuda prometida, inclusive pela ONU (Organização das
Nações Unidas), chegou às mãos do presidente Michel Martelly.
Não é a grande mídia a culpada por isto, evidentemente, mas é de se perguntar por que
um problema desta gravidade é solenemente ignorado pela imprensa, que, por sinal, só trata
do Haiti ultimamente para criticar a presença dos militares brasileiros no país, algo
plenamente justificável pela necessidade de combater os roubos, estupros, a violência e
demais atos criminosos nos acampamentos.
O CINISMO NA MÍDIA
É tênue o limite que separa a informação de interesse público da notícia
convertida em espetáculo.
Por Aurélio Munhoz
Perdoem-me os colegas jornalistas que levam sua profissão a sério, mas não há
como não deduzir, do exposto, que o que realmente move a engrenagem de boa
parte da imprensa neste tipo de situação não é exatamente o interesse público, ou o
sentimento de justiça e de solidariedade às vítimas.
O que se deseja é, tão somente, vampirizar as vítimas das tragédias. Nesta lógica
cínica, importa não garantir espaço permanente às famílias das vítimas das tragédias,
mas oferecer generosa cobertura aos seus dramas apenas durante o curto tempo em
que os corpos dos mortos continuarem rendendo manchetes e as atenções do
público. Até, portanto, o surgimento de uma nova tragédia que abasteça com sangue
fresco a sede por dramas humanos novos dos que chamam isso de jornalismo.
Os meninos que perderam suas vidas neste domingo, bem como suas famílias,
merecem um tratamento bem mais respeitoso - e não serem citados como vítimas de
uma tragédia dantesca para, depois, serem praticamente esquecidos pela poeira do
tempo, o que fatalmente irá acontecer. Cobrem-me isso, aliás, daqui a alguns meses.
Todas as vítimas de todas as tragédias merecem, aliás, pelo simples fato de que são
seres humanos - e não objetos descartáveis a serviço de empresários e jornalistas que
lançam um olho sob os locais das tragédias e o outro sob os números da audiência.
Triste que seja assim.
EXERCÍCIOS
Questão 1
A charge a seguir que ironiza a situação política no Brasil, ligada ao efeito
da Reforma Ortográfica.
A ironia que pode ser
identificada na charge é o fato
e o presidente do Brasil
A) encontrar-se totalmen-
te preocupado com as mudan-
ças trazidas pela Reforma Orto-
gráfica.
B) mostrar-se totalmente
preocupado com os devidos in-
teresses pela Reforma Ortográfica.
C) interpretar em outro
sentido o termo “Reforma”: Refor-
ma Ortográfica, não Reforma Social.
D) mostrar a tranquilidade
em relação às Reformas já atendidas: política, tributária e agrária.
E) apresentar toda indignação pelas alterações feitas com a Reforma
Ortográfica e os métodos.
Questão 2
A charge a seguir que ironiza a situação política no Brasil, ligada ao efeito
da Reforma Ortográfica.
Para inferir a sátira proposta pela charge, o leitor deve pressupor a
complexidade no reconhecimento nas remissões dos sentidos nos diálogos entre
a linguagem exposta na
imagem e na escrita e como
será interpretada com certa
ironia. Tal complexidade dos
conhecimentos sociais de
diferentes sentidos associados
no enunciado, englobando
outros enunciados, recebe o
nome de
A) Metalinguagem.
B) Intertextualidade.
C) Morfossintaxe.
D) Linguagem Culta.
E) Linguagem Popular.
Questão 3
A questão refere-se à charge de humor publicada no Jornal Comércio do Jahu,
em uma região do Estado de São Paulo (unidade federativa), no dia 21/11/2009.