conceitos como questão semântica LUIZ ANTÔNIO MARCUSCHI Experimento vygotskiano
Linguagem artificial que o próprio experimento vai
descobrindo e construindo = dados controláveis. Conceitos artificiais = grau de confiabilidade e validade para aplicação na linguagem natural. Ambiente de elementos discretos, não forma ambiente contínuo. Nível lógico maior que o psicológico dos significados. “[...] antes da adolescência temos a ver com imagens de pensamento que externamente assemelham-se aos autênticos conceitos, e, em virtude dessa semelhança externa, numa observação superficial, podem fazer crer na presença de autênticos conceitos já na primeira infância.” (p. 64) “A formação do conceito ou o fato de uma palavra assumir uma significação é o resultado de uma atividade complexa (a operação com uma palavra na qual todas as funções intelectuais estão implicadas numa conexão especifica).” (p. 64) “Para Vygotski, o pensamento conceitual é impossível fora do pensamento linguístico. Com isso o uso da palavra se torna um momento essencial na formação do conceito.” (p. 64) Se o ambiente não cria estímulos, novas exigências, o pensamento não atinge sua forma máxima ou acontece tardiamente. (P.64)
A parte teórica vygotskiana destoa de sua parte
experimental, uma vez que essa se baseia em métodos de linguagem artificial e aquela leva em consideração aspectos históricos e sociais. Formação do conceito no desenvolvimento do pensamento Primeira fase: relacionada à criança, produção de multiplicidade disforme e desordenada em tarefas que os adultos formam um novo conceito. As relações que organizam os significados das palavras são conjuntivas e disjuntivas, oposição e semelhança. “Mas os caminhos pelos quais o pensamento do adulto e da criança chegam ao ponto de cruzamento são diferentes; mesmo lá onde o significado infantil da palavra se cobre em parte com a do adulto, psicologicamente procede de operações psicológicas diferentes.” (p. 65) A primeira fase se subdivide em: a) Formação da imagem sincrética ou do significado das palavras como resumo de coisas. b) A organização espacial das figuras desempenham papel fundamental. “Os objetos não são agrupados com base em características comuns que desembocariam num significado como tal, mas sim com base nos parentescos externos que a criança estabelece mediante sua impressão das coisas.” (p.67) c) A imagem sincrética surge das representações dos diferentes grupos serem conduzidos a um único significado. Permanece a falta de conexão interna, sendo ainda uma reunião de objetos desconexos. O significado agora é uma perspectiva, um duplo agrupamento. Segunda fase: formação dos complexos. O conceito envolve “sob o ponto de vista funcional, estrutural e genético, muitos tipos de um e mesmo processo de pensamento. Esse processo de pensamento leva, igualmente, à produção de relação entre impressões concretas diversas, à união e generalização de objetos, à ordenação e sistematização das experiências globais da criança.” (p. 66) “[...] a criança passa a agrupar objetos homogêneos num mesmo grupo, fundada agora em leis baseadas em relações objetivas por elas descobertas entre as coisas.” (p. 67) O pensamento em complexo já é um pensamento coerente e objetivo. “[...]o complexo é, como conceito, uma generalização ou reunião de coisas concretas, mas, enquanto um conceito funda-se nas relações de um tipo unitário logicamente idênticas entre si, o complexo baseia-se nas mais diversas relações fácticas que por sua nada têm em comum. No conceito, s coisas são generalizadas segundo uma única característica, no complexo, segundo as mais diversas razões fácticas. ” (p. 67) Cinco formas fundamentais de complexos Complexo associativo: “a criança estabelece uma ligação associativa com uma característica do objeto, por ela descoberta, que formará o núcleo do complexo em surgimento.” Complexos por coleção: “a criança realiza uma composição heterogênea , pela complementação mútua, unindo as coisa em grupos, lembrando coleções.” Complexos em cadeias: “união temporária dos diversos membros numa cadeia unitária pelo princípio da transferência de significado nos diversos membros dessa cadeia”. (p. 68) Complexos difusos: as características que une os diversos elementos torna-se indeterminadas e difusa. Como resultado, forma-se então “um complexo no qual, mediante ligações difusas e indeterminadas, são ligados os grupos intuitivo-concretos de figuras ou coisas. (p. 69) Complexo de pseudoconceito (pseudocomplexo): “[...]quanto a este tipo d complexo é frisado que, na sua forma externa, as generalizações da criança lembram o conceito do adulto, mas em sua natureza psicológica e algo totalmente diverso. Temos a ver aí com uma ligação complexa de uma serie de coisas concretas que, fenotipicamente, ou seja, quanto às condições de surgimento e desenvolvimento, de acordo com suas bases dinâmico-causais, não representa um conceito. [....]Apenas em seu resultado final, a generalização complexa coincide com a conceitual.” “O pseudoconceitos são a forma de pensamento complexo e dominante e por vezes exclusiva na vida duma criança em idade pré-escolar. Sua presença dominante deve-se ao fato d a criança atingir ou desenvolver espontaneamente o significado duma palavra para o complexo corresponde, uma vez que a palavra lhe é dada pelo adulo com um significado já fixada.” (P. 70)
“O erro de considerar que uma criança aos três anos já realiza
atividades intelectuais como o adulto é o de considerar o ponto de partida e o ponto final como coincidentes. Com efeito, a criança aproxima-se muito cedo das palavras, cujo significado concorda, no uso, com o dos adultos. É ilusório, contudo, inferir daí que ela, pelo fato de se entender com o adulto, opera intelectualmente como ele.” (p. 71) Regra genética vygotskiana
“a criança emprega na prática os conceitos e opera com
eles antes de se tornar consciente dos mesmos. O conceito ‘em si’ e ‘para os outros’ desenvolve-se na criança antes que o conceito ‘para criança’. O pensamento complexo é carente de abstração e separação. O conceito autêntico sutenta-se tanto na analise como na síntese. Junção e separação constituem, pois, momentos imprescindíveis na construção do conceito. (p. 73) “A terceira etapa do pensamento da criança é o desenvolvimento das classificações, da análise e da abstração.” (p. 73) A terceira fase subdivide-se em: Primeira etapa: próxima ao pseudoconceito. “A reunião de coisas concretas diversas é conseguida pela descoberta da semelhança máxima entre os elementos.” (p. 73) Esse elementos são destacados e os outros deslocados, realizando de forma rudimentar um processo de abstração. Segunda etapa – estágio dos conceitos potenciais: a criança, aqui, separa o grupo das coisas generalizadas, unidas de acoro com características comuns. Esse conceito é uma formação pré-intelectual, é efeito do que costumeiro e semelhante no objeto. (p. 73) Terceira etapa: construção do verdadeiro conceito. Esse surgiria quando uma “série de características abstraídas é novamente sincretizada e a síntese abstrata assim conseguida se torna a forma base do pensamento com o qual a criança compreende e interpreta o meio ambiente.” (p.73 e 74) “E é aqui que a palavra passa a receber seu significado decisivo. Com a palavra, a criança sintetiza as características do objeto, simboliza o conceito abstrato e opera com ele. Quando a palavra se torna signo carregado de significado e é capaz de operar de vários modos e em diversas operações mentais, então passa a haver uma distinção entre o pensamento complexo e o pensamento conceitual.” (p. 74) “[...] a criança só chega ao pensamento conceitual na idade de transição e que somente nesta idade é que e encerra a terceira fase do desenvolvimento do intelecto. Claro que as três fases podem coexistir simultaneamente e não significa que umas só iniciará com a conclusão da outra.” (p.74)