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72. [...] Aqueles que Deus chama a seguir Cristo são consagrados e enviados ao mundo para
imitar o seu exemplo e continuar a sua missão. O fundamento vale para todo o discípulo,
mas aplica-se de modo especial àqueles que são chamados, na característica forma da vida
consagrada, a seguir Cristo ‘’mais de perto’’ e a fazer dele o ‘’tudo’’ de sua existência. Na
sua vocação, está incluído o dever de se dedicarem totalmente à missão. Sob ação do
Espírito Santo que está na origem de todo vocação, a vida consagrada torna-se missão, tal
como o foi toda a vida de Jesus. [...] é preciso afirmar que a missão é essencial para cada
Instituto, não só os de vida apostólica ativa, mas também de vida contemplativa.
A missão antes de ser caracterizada pelas obras externas, define-se pelo tornar presente o
próprio Cristo no mundo, através do testemunho pessoal. Esta é a tarefa primária da vida
consagrada.
[...] O carisma da fundação prevê atividades pastorais, porque o testemunho de vida e as
obras de apostolado e promoção humana são igualmente necessários: ambos representam
Cristo que é simultaneamente o consagrado á glória de Pai e o enviado ao mundo para
salvar os Irmãos e Irmãs.
A vida religiosa participa na missão de Cristo por outro elemento peculiar que lhe é
próprio: a vida fraterna em comunidade para a missão. Por isso, a vida religiosa será tanto
mais apostólica quanto mais íntima for a sua dedicação ao Senhor Jesus, quanto mais
fraterna for a sua forma comunitária de existência, quanto mais ardoroso for o seu
empenho na missão específica do Instituto.
Ao serviço de Deus e do homem
73. A vida consagrada tem a função profética de recordar e servir o
desígnio de Deus sobre os homens […]. As pessoas consagradas devem ter
uma profunda experiência de Deus e tomar consciência dos desafios do seu
tempo, identificando o sentido teológico profundo deles por meio do
discernimento realizado com a ajuda do Espírito.
O discernimento dos sinais dos tempos, deve ser feito à luz do Evangelho,
para que se « possa responder (...) às eternas perguntas dos homens acerca do
sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas »
78. [...] É tarefa da vida consagrada trabalhar em todos os cantos da terra para
consolidar e dilatar o Reino de Cristo, levando o anúncio do Evangelho a toda
parte, mesmo às regiões mais longínquas. A história missionária, testemunha a
grande contribuição que os institutos religioso deram para a evangelização dos
povos...
Ainda hoje, este dever continua a interpelar urgentemente os Institutos de vida
consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica: o anúncio do Evangelho de Cristo
espera deles a máxima contribuição possível. Os Institutos que surgem ou
trabalham nas jovens Igrejas são convidados a abrirem-se à missão junto dos não-
cristãos... a atividade missionária, oferece amplos espaços para acolher as mais
variadas formas de vida consagrada.
Nos países onde estão radicadas religiões não-cristãs, assume enorme importância
a presença da vida consagrada, tanto por meio das atividades educativas,
assistenciais e culturais, como através da figura da vida contemplativa.
“É dando a fé que ela se fortalece” (PP. João Paulo II)
Anúncio de Cristo e inculturação
79. O anúncio de Cristo « tem a prioridade permanente, na missão » da
Igreja, e visa a conversão, isto é, a adesão plena e sincera a Cristo e ao seu
Evangelho. O desafio da inculturação há-de ser acolhido pelas pessoas
consagradas como apelo a uma fecunda cooperação com a graça na
aproximação às diversas culturas. Os valores descobertos nas diversas
civilizações podem levá-las a aumentar o seu empenho de contemplação e
oração, a praticar mais intensamente a partilha comunitária e a
hospitalidade, a cultivar com maior diligência a atenção à pessoa e o
respeito pela natureza.
85. No nosso mundo, onde frequentemente parecem ter-se perdido os vestígios de Deus,
torna-se urgente um vigoroso testemunho profético por parte das pessoas consagradas.
109. Mas é sobretudo a vós, mulheres e homens consagrados, que no final desta
Exortação dirijo o meu apelo confiante: vivei plenamente a vossa dedicação a
Deus, para não deixar faltar a este mundo um raio da beleza divina que ilumine
o caminho da existência humana. Os cristãos, imersos nas lides e preocupações
deste mundo mas chamados eles também à santidade, têm necessidade de
encontrar em vós corações puros que, na fé, « vêem » a Deus, pessoas dóceis à
acção do Espírito Santo que caminham diligentes na fidelidade ao carisma da
sua vocação e missão.
Como bem sabeis, abraçastes um caminho de conversão contínua, de dedicação
exclusiva ao amor de Deus e dos irmãos, para testemunhar de modo cada vez
mais esplendoroso a graça que transfigura a existência cristã. O mundo e a
Igreja procuram autênticas testemunhas de Cristo. E a vida consagrada é um
dom oferecido por Deus para que seja colocada à vista de todos a « única coisa
necessária » (cf. Lc 10,42). Dar testemunho de Cristo com a vida, com as obras
e com as palavras, é missão peculiar da vida consagrada na Igreja e no mundo.
Tendes uma responsabilidade imensa no que diz respeito ao
amanhã: especialmente os jovens consagrados, testemunhando a
sua consagração, podem induzir os da sua idade à renovação da
própria vida. O amor apaixonado por Jesus Cristo é uma atracção
poderosa sobre os outros jovens, que Ele, na sua bondade,
chama a segui-Lo de perto e para sempre. Os nossos
contemporâneos querem ver, nas pessoas consagradas, a alegria
que brota do facto de estar com o Senhor.
Pessoas consagradas, idosas e jovens, vivei a fidelidade ao vosso
compromisso com Deus, na mútua edificação e apoio recíproco.
Não obstante as dificuldades que às vezes pudésseis ter
encontrado e a diminuição do apreço pela vida consagrada em
certa opinião pública, vós tendes a tarefa de convidar
novamente os homens e mulheres do nosso tempo a olharem
para o alto, a não se deixarem submergir pelas coisas de cada
dia, mas a deixarem-se fascinar por Deus e pelo Evangelho do
seu Filho.
Olhar para o futuro