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A língua padrão e a língua culta

Professor Richard Venceslau


O que é a Sociolinguística?
A sociolinguística é o ramo da Linguística que estuda as relações entre a
língua e a sociedade, coletando, analisando e interpretando o comportamento
linguístico dos membros de uma comunidade. Busca saber como ele é
determinado pelas relações sociais, culturais e econômicas existentes. A
Estatística é uma ciência complementar fundamental no estudo sociolinguístico,
pois, por meio da apresentação e estudo contextualizado de dados quantitativos,
comprova-se o sentido matemático da frequência real dos comportamentos
linguísticos observados.
Língua Padrão
Língua padrão (do latim patronus: “patrono, protetor, fundador”), também chamada de norma
padrão, é aquela que obedece às regras. Ela é determinada por um modelo rígido, por preceitos
gramaticais. A língua padrão se baseia no conceito, na ordem, na doutrina. Tem como princípio
geral e abstrato a disciplina morfossintática preconizada pelas gramáticas. As gramáticas derivam
das formas recomendadas pelos “patronos”, ou seja, pelas lições estabelecidas nas literaturas
consagradas. É a forma escrita por excelência.
A língua padrão tem a força do dogma e a natureza dos tratados. Sua postura é declarar de
modo prático o que é certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem
discussão. É a forma linguística atribuída a autoridades (escritores, gramáticos, professores,
filólogos, entre outros) acima de qualquer opinião ou dúvida particular: é o princípio estabelecido.
É o que nos parece bom por decreto.
Língua Culta
Língua culta (do latim Cultum: “cultivado, cuidado, preparado”), também
chamada de Norma Culta, é aquela falada pelas pessoas cultas, pelos intelectuais
ou profissionais com grau de instrução superior. Embora procure seguir a
língua padrão, a língua culta é o que se pratica, de fato, nos grandes centros
urbanos pelas pessoas de mais alto prestígio social. É a língua efetivamente
falada na vida cotidiana, em geral, em situações mais formais, já que a
informalidade e o grau de intimidade entre os interlocutores têm influência
significativa sobre a forma de expressões de todas as pessoas, mesmo das mais
cultas.
O Projeto NURC
Na década de 1970, o projeto de pesquisa sobre a língua falada nos grandes
centros urbanos batizado de NURC (Norma Urbana Culta) foi o primeiro grande
estudo sociolinguístico brasileiro. Sua finalidade era investigar a relação entre a língua
padrão (o cânone linguístico) e a língua culta (aqui chamada de norma urbana culta), que
é aquela efetivamente falada pelas pessoas de mais alto prestígio social.
O projeto inicialmente procurou metódica e minuciosamente descobrir como era
língua falada em cinco grandes cidades brasileiras que nos anos de 1970 haviam
completado mais de 300 anos de fundação e tinham mais de um milhão de habitantes:
Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador.
Divergências entre padrão e culto
As pesquisas do projeto Nurc concluíram que os brasileiros cultos realmente falam uma
língua diferente do modelo preconizado pelos padrões estabelecidos por gramáticos.
A língua padrão recomendada e prescrita nas gramáticas normativas serve de base para a
língua culta efetivamente falada. Na prática, porém, há divergências entre o que se
preceitua e o que se pratica.
• Com muita frequência os pronomes pessoais oblíquos átonos têm sido substituídos por pronomes pessoas
retos.
Ex.: Eu adoro elas! Amamos ele de paixão! Peguei ela pelo pescoço!
• Algumas regências verbais insistentemente aconselhadas pelas gramáticas há muito não encontram
correspondência com a fala culta. A elipse da preposição “a” em verbos transitivos indiretos é quase uma
unanimidade nacional.
Ex.: Assisti um filme ótimo ontem à noite. 2. Obedeço os meus pais.
• O uso proclítico do pronome pessoal oblíquo no início das frases, contrário à todas as normas relativas ao
assunto, é o caso de maior incidência entre os falantes de todas as classes sociais.
Ex.: Me empresta sua caneta! 2. Te espero sem falta. 3. Se vira!
• O conhecido poema “Pronominais”, de Oswald de Andrade, é um bom exemplo de transgressão quanto
ao uso do pronome oblíquo em início de frases:
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
ANDRADE, Oswald de. VII Poesias reunidas.
• Alguns verbos até recentemente considerados como defectivos, ou defeituosos, pois não possuíam todas as formas
para as três pessoas do presente (e as formas derivadas não correspondentes), agora são largamente conjugados.
Ex.: Eu explodo de raiva. 2. Compute logo essas datas.3. Adéque sua vida ao que você ganha.
Frases como essas, embora transgridam as regras da gramática normativa, são comuns também no
vocabulário de pessoas de nível socioeconômico e cultural mais elevado.
É fundamental perceber que os falantes que se utilizam dessas formas (da língua culta) divergentes
da norma recomendada (padrão) não sofrem nenhum tipo de preconceito linguístico.
Entre a língua culta e a língua padrão há uma ampla zona comum. Na língua culta, entretanto,
ocorrem palavras e construções que historicamente se estabeleceram à revelia do que manda a
norma gramatical.
Ainda que alguns gramáticos classifiquem como “erradas” algumas formas linguísticas presentes
há muito tempo na fala e na escrita (e até mesmo literária) dos brasileiros urbanos letrados, é
preciso reconhecer que elas ocorrem com muita frequência. Aliás, é exatamente esse dinamismo
(das formas vivas e mutantes) o aspecto que caracteriza a evolução de toda língua natural.

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