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MACHADO DE ASSIS AFRODESCENDENTE

LITERATURAS
AFRICANAS
GRUPO: Ana Tavares,
Andréa Gomes, Andréa
Santoro, Leon Bullus,
Renata Lanceiro
“MACHADO DE ASSIS AFRODESCENDENTE:
Escrito de Caramujo”
Organizador: Eduardo de Assis Duarte. Editora: Pallas, 2007
 O fundamento que norteou a pesquisa do Professor Eduardo de Assis Duarte foi a
convicção de que por Machado de Assis, ter sido mulato (neto de escravos, filho
de pai mulato e mãe portuguesa) e por sua experiência de pobreza vivida na
infância (tendo que vender quitutes nas ruas, feitos pela madrasta, também
mulata), seu caráter negro deveria estar representado em sua obra, de uma forma
ou de outra, já que era um afrodescendente, numa época em que, negros e
mulatos, não valiam nada.
 Assim, mais tarde, se intitulou de “escritor caramujo” - aquele que usou
diversos pseudônimos, que jogou com a ironia e com o riso, procedimentos
dissimuladores e não panfletários.
 Machado de Assis é incontestavelmente um dos maiores escritores da literatura
brasileira. Está citado no livro Gênio, de Harold Bloom, renomado crítico da
atualidade, entre os cem maiores escritores mundiais. Segundo Bloom, “Machado
reúne os pré-requisitos da genealidade. Possui exuberância, concisão e uma visão ímpar do
mundo”.
“MACHADO DE ASSIS AFRODESCENDENTE:
Escrito de Caramujo”
Organizador: Eduardo de Assis Duarte. Editora: Pallas, 2007
 O tema do negro é um tema que surge pelas bordas, e que vai entrando meio
espertamente, meio dissimuladamente, no meio dos seus assuntos, dos seus
romances, principalmente, das suas crônicas. Esses assuntos eram para brancos,
porque era esse o público que lia Machado de Assis, já que naquele tempo,
conforme o primeiro recenseamento feito no Brasil, por volta de 1876, 84% da
população brasileira era analfabeta e que só 16% era alfabetizado, ou seja, a de
elite branca;
 Mas, se no conjunto da obra do autor estão incorporados elementos históricos e
sociais a serem lidos nas entrelinhas, há também momentos em que sua
colocação é explícita. Isto ocorre, sobretudo, nas crônicas e na crítica. Vejamos,
por exemplo, o trecho de uma carta endereçada a José de Alencar, datada de
fevereiro de 1868, na qual Machado tece elogios a Castro Alves. Esta carta era,
de fato, a crítica do escritor, sobre o drama Gonzaga, escrito pelo poeta,
portanto, destinada a ser lida pelo público:
“MACHADO DE ASSIS AFRODESCENDENTE:
Escrito de Caramujo”
Organizador: Eduardo de Assis Duarte. Editora: Pallas, 2007

 “Eu não podia, por exemplo, deixar de mencionar aqui a figura do preto Luiz. Em
uma conspiração para a liberdade, era justo aventar a idéia da abolição. Luiz
representa ao elemento escravo. Contudo o Sr. Castro Alves não deu exclusivamente a
paixão da liberdade[...]. Luiz espera da revolução, antes da liberdade, a restituição
da filha; é a primeira afirmação da personalidade humana; o cidadão virá depois. Por
isso, quando no terceiro ato Luiz encontra a filha já cadáver, e prorrompe em
exclamações e soluços, o coração chora com ele, e a memória, se a memória pode
dominar a tais comoções, nos traz aos olhos a bela cena do rei Lear, carregando nos
braços Cordélia morta. Quem os compara não vê nem o rei nem o escravo; vê o
homem”.
“MACHADO DE ASSIS AFRODESCENDENTE:
Escrito de Caramujo”
Organizador: Eduardo de Assis Duarte. Editora: Pallas, 2007

 Dentro da coletânea organizada por Eduardo, Elizabeth Broze conta sobre o


artifício usado por Machado ao aplicar diversas técnicas para tratar da igualdade
entre os brasileiros e dos abusos contra os afrodescendentes, mostrando a
excelência do autor. Outro autor da coletânea, Mauro Rosso, fala da urgência
na obrigatória releitura da equivocada omissão de Machado em relação à
escravidão e as relações inter-raciais de sua época e de seu “aburguesamento” e
“denegação das origens”.
 O professor Otavianni, um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX,
tem um artigo que se chama “literatura e consciência”, que considera que
“Machado de Assis é clássico duas vezes. É clássico da literatura brasileira
e é clássico da literatura negra”.
 Eduardo afirma que: “o lugar da fala machadiana é o do outro, do discurso contra-
hegemônico, e sua obra constrói a alegoria da decadência patriarcal e escravista”.
“REAÇÃO DO CÉTICO À VIOLÊNCIA:
o caso Machado de Assis” BERNARDO, Gustavo
 Machado de Assis é o escritor mais respeitado desde o século XIX. Esse
respeito veio ainda em vida com obra de qualidade impecável,
impressionante. Todavia, Machado nasceu mulato e pobre em plena
escravidão no Brasil.
 Havia a contradição da sua fama e respeito com sua condição de
afrodescendente, de origem humilde, isso levava o
embranquecimento de sua figura e a denegação do caráter subversivo
da sua ficção. Sua imagem nas fotografias era retocada para ser
embranquecida. Nos retratos os pelos de sua barba são alisados e os
traços do rosto suavizados.
 É a denegação do caráter subversivo da sua ficção encontrada nos livros
didáticos, que insistem em considerar Machado o maior representante do
Realismo no Brasil, no entanto ele fazia duras críticas a todo tipo de
Realismo.
“REAÇÃO DO CÉTICO À VIOLÊNCIA:
o caso Machado de Assis” BERNARDO, Gustavo
 Só era possível construir sua estátua se fosse embranquecida para
representar a cultura dominante, buscando a própria cumplicidade do
autor, imputando-lhe um elitismo que negaria sua cor e origem pobre.
Tal negação faria com que seus contos e romances não tivessem
protagonistas negros e oposições claras contra a violência absurda da
escravidão. Por causa desse embranquecimento muitos se espantaram ao
saber que foi considerado por Harold Bloom o maior literato negro
surgido até o presente, no mundo inteiro.

 Entretanto, como escritor, ele enfrentava a violência da história através de


uma ironia peculiar, capaz de mostrar o avesso dos sistemas, dos esquemas
e das supostamente boas intenções do ser humano. Como pensador e
cidadão, ele se mostrava coerente com a postura de escritor e assumia
sempre uma postura não-dogmática.
“ESTRATÉGIAS DE CARAMUJO”
DUARTE, Eduardo de Assis

 “O branco é como a casca do caramujo. E o narrador branco é uma


espécie de proteção desse guerrilheiro, pondo as palavras na boca do
personagem branco. É um autor afro, então é um pouco isso, são
verdadeiras lições de sutileza, de sofisticação, enfim, com uma linguagem
inteligente, uma linguagem irônica, então eu penso que é um autor, que
todos os escritores do movimento negro devem ler sempre, porque é um
exemplo muito grande de como fazer boa literatura sem fugir da política
e não deixar a política e a ideologia dominarem a criação literária e
enfraquecerem o texto enquanto literatura” , Eduardo de Assis Duarte.
“ESTRATÉGIAS DE CARAMUJO”
DUARTE, Eduardo de Assis

 O caramujo é um animal que utiliza sua carapaça para se


proteger e camuflar dos possíveis predadores.
 O escritor Machado de Assis utilizou da mesma estratégia no
período abolicionista. Ele se escondeu atrás de pseudônimos e
suas obras mostravam de forma subjetiva seu pensamento sobre
o abolicionismo.
 Como um mulato letrado e jornalista de um país que estava em
transição de um regime escravocrata para uma total abolição da
escravatura Machado de Assis colocou em suas obras a visão de
pessoas branca sobre o que se passava naquele momento em
relação aos negros.
“ESTRATÉGIAS DE CARAMUJO”
DUARTE, Eduardo de Assis

 Segundo o texto de Eduardo de Assis ele utilizou de forma


dissimulada e homeopática para introduzir a questão étnica e a
crítica ao escravismo. Esta forma na época foi vista como
omissão e negação de suas origens.
 A sociedade da época exigia uma posição, mas Machado de Assis
sempre foi muito discreto em sua vida social, mesmo sendo
completamente a favor da abolição dos escravos ele não tomava
uma posição pública quanto a isto e com isto resolveu se utilizar
da forma subjetiva com seus textos as veracidades dos fatos
aonde os negros deixariam a condição de escravos e passariam a
ser assalariados de baixo nível.
CRÔNICAS - DUELO DE FILANTROPIA
(Diário do Rio de Janeiro, 1864)
“Era um leilão de escravos. Na fileira dos infelizes que estavam ali de
mistura com os móveis, havia uma pobre criancinha abrindo os olhos
espantados e ignorantes para todos. Todos foram atraídos pela tenra idade e
triste singeleza da pequena. Entre outros, notei um indivíduo que, mais
curioso que compadecido, conjeturava à meia voz o preço por que se
venderia aquele semovente. Travamos conversa e fizemos conhecimento;
quando ele soube que eu manejava a enxadinha com que revolvo as terras
do folhetim, deixou escapar dos lábios esta exclamação:
- Ah!
Estava longe de conhecer o que havia neste - ah! - tão misterioso e tão
significativo. Minutos depois começou o pregão da pequena. O meu
indivíduo cobria os lances com incrível desespero, a ponto de pôr fora de
combate todos os pretendentes, exceto um que lutou ainda por algum
tempo, mas que afinal teve que ceder.
CRÔNICAS - DUELO DE FILANTROPIA
O preço definitivo da desgraçadinha era fabuloso. Só o amor à humanidade
podia explicar aquela luta da parte do meu novo conhecimento; não perdi
de vista o comprador, convencido de que iria disfarçadamente ao leiloeiro
dizer-lhe que a quantia lançada era aplicada à liberdade da infeliz. Pus-me à
espreita da virtude. O comprador não me desiludiu, porque, apenas
começava a espreitá-lo, ouvi-lhe dizer alto e bom som:
- É para a liberdade!
O último combatente do leilão foi ao filantropo, apertou-lhe as mãos e
disse:
- Eu tinha a mesma intenção.
O filantropo voltou-se para mim e pronunciou baixinho as seguintes
palavras, acompanhadas de um sorriso:
- Não vá agora dizer lá na folha que pratiquei este ato de caridade.
Satisfiz religiosamente o dito do filantropo, mas nem assim me furtei à
honra de ver o caso publicado e comentado nos outros jornais. Deixo ao
leitor a apreciação daquele airoso duelo de filantropia."
CRÔNICAS – BONS DIAS!
(Gazeta de Notícias, em 19 de maio de 1888.)
Bons dias!
Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum, depois
do gato morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso
digo, e juro se necessário fôr, que tôda a história desta lei de 13 de
maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes
mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha,
pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada;
entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei
um jantar.
Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em
falta de outro melhor, reuni umas cinco pessoas, conquanto as
notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe
dar um aspecto simbólico.
CRÔNICAS – BONS DIAS!
No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua),
levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que acompanhando as
idéias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao
meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar
as mesmas idéias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era
um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado.
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio
abraçar-me os pés. Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho)
pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembléia que correspondesse ao
ato que acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi
cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao
molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de
admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos
cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo.
CRÔNICAS – BONS DIAS!
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:
- Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já
conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que...
- Oh! meu senhô! fico.
- ...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste
mundo; tu cresceste imensamente. Quando nasceste, eras um pirralho
dêste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais
alto quatro dedos...
- Artura não qué dizê nada, não, senhô...
- Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis; mas é de grão em grão
que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha.
- Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano, se andares bem,
conta com oito. Oito ou sete.
CRÔNICAS – BONS DIAS!
Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia
seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade.
Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural,
não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei.
Êle continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais,
quase divinos.
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe
despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e
chamo-lhe bêsta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas tôdas
que êle recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até
alegre.
CRÔNICAS – BONS DIAS!
O meu plano está feito; quero ser deputado, e, na circular que
mandarei aos meus eleitores, direi que, antes, muito antes da
abolição legal, já eu, em casa, na modéstia da família, libertava um
escravo, ato que comoveu a tôda a gente que dêle teve notícia; que
êsse escravo tendo aprendido a ler, escrever e contar, (simples
suposições) é então professor de filosofia no Rio das Cobras; que os
homens puros, grandes e verdadeiramente políticos, não são os que
obedecem à lei, mas os que se antecipam a ela, dizendo ao escravo:
és livre, antes que o digam os poderes públicos, sempre
retardatários, trôpegos e incapazes de restaurar a justiça na terra,
para satisfação do céu.
Boas noites.
CONTOS: “O CASO DA VARA” e “PAI CONTRA MÃE”
CONTOS: “O CASO DA VARA” e “PAI CONTRA MÃE”

 TEMÁTICA: Ambos têm como figuras centrais um homem


branco livre e uma negra escrava. Os dois tratam da questão da
escravidão e do jogo de poder dessa relação. Os dois têm final
surpreendente.
 O conto O Caso da Vara, de Machado de Assis, publicado
inicialmente na Gazeta de Notícias em 1891 e depois no livro Páginas
Recolhidas, em 1899. A pesar de o conto ter como tema principal
algumas mazelas da sociedade da época, como a falta de princípios
e a priorização de interesses individuais, Machado mostra as
crueldades da escravidão com flagrante da criança escrava.
CONTOS: “O CASO DA VARA” e “PAI CONTRA MÃE”
 O conto Pai contra Mãe, de Machado de Assis, publicado em
1906, no livro Relíquias da Casa Velha. Ambienta-se no Rio de
Janeiro do século XIX antes da abolição da escravatura, que
serve de pano de fundo para a narrativa. O conto não foi
datado, mas a narrativa esclarece que sua data é posterior à da
lei áurea. Machado descreve alguns equipamentos e ofícios da
época da escravidão, destacando a reificação do ser humano
escravo reduzido a mercadoria, e revela aspectos
socioeconômicos das personagens, escrava ou não, que beiram
a miséria, com dificuldades muito grandes, dependência e
escassez.
O CASO DA VARA
 Resumo: O conto é a história de Damião, que se recusava ficar no
seminário e por isso fugiu, resolvendo ir para a casa da Sinhá Rita,
conhecida de seu padrinho, João Carneiro. Após contar sua história, Sinhá
chama o padrinho e pede-lhe para resolver a situação com o pai do menino.
Em outro momento, Damião conta uma anedota que provoca risadas em
Sinhá e na escrava Lucrécia que fazia renda próxima deles. A menina de
onze anos foi ameaçada por sua senhora com uma vara. Damião prometeu
apadrinhá-la quando tudo se acalmasse. O pai do menino envia-lhe uma carta
furioso. O menino se desespera e pede ajuda para Sinhá Rita, que o defende
para seu padrinho. Ao final do dia, Sinhá Rita vai verificar os trabalhos feitos
pelas criadas e percebe que Lucrécia não havia terminado. Furiosa, pede a
vara para Damião, para maltratá-la. O garoto hesitou. Não sabia se dava a
vara para obedecer a Sinhá que o acolheu em sua casa ou se recusava a ordem
para ajudar a escrava. No final do conto, Damião toma uma decisão: resolve
dar a vara.
O CASO DA VARA
 A relação de favor que caracterizava as relações sociais no século
XIX brasileiro;
 a despreocupação com o próximo; e
 a falta de consciência moral.
 * Dissimulação de Machado na descrição de Lucrécia: “uma
negrinha, magricela, um frangalho de nada, com uma
cicatriz na testa e uma queimadura na mão esquerda.
Contava 11 anos.”
 marca de tortura denuncia o sádico rigor imperial da Sinhá Rita; a
dureza das condições de vida e de trabalho, que não é amenizada
para crianças e mulheres.
PAI CONTRA MÃE
 Resumo: O conto inicia descrevendo produtos relacionados à escravidão - a
máscara e a coleira de ferro - e o ofício de caçador de escravos fugidos. Conta a
história de Cândido Neves que, já tendo passado por diversos ofícios sem
sucesso, tornou-se caçador de escravos, ofício a que se dedicavam aqueles que
não se adaptavam em outra profissão. A paixão por Clara trouxe o desejo de
constituir família. Clara vivia com a tia Mônica, a quem auxiliava na profissão
de costureira. O casal resolveu ter um filho, mas as dificuldades aumentaram
com dívidas de aluguel e, sem ter o que comer, vão viver de favor na casa de
uma conhecida. A gravidez avançava, e a tia sugeriu que entregassem a criança à
Roda dos Enjeitados. O menino nasceu, e, com muita relutância, Cândido se
dirigiu ao local da Roda. No caminho viu Arminda, uma mulata que venceria
uma recompensa de cem mil réis. Apressadamente, deixou a criança em uma
farmácia e partiu na perseguição da escrava. Alcançou-a e levou-a consigo. A
escrava revelou que estava grávida e que temia os castigos corporais aos quais
seria submetida. Surdo a esses apelos, Cândido a entregou ao dono. No transe
da luta para livrar-se, a mulher abortou. Cândido recebeu a recompensa,
apanhou o filho com o farmacêutico e voltou para casa.
PAI CONTRA MÃE
MUNIZ, Márcio Ricardo Coelho. Uma Leitura Possível de “Pai Contra
Mãe” Ensaio publicado na Revista de Estudos acadêmicos Unibero, São
Paulo, 1996.
A consciência de Machado de Assis dos problemas que da classe emergente de
assalariados e a preocupação com a questão da escravidão.
1º) Temática: só embate de interesses e aborto realista?
Pai branco livre x mãe negra escrava?
2º) Nome do Livro “Relíquias de CasaVelha”. Prefácio “Advertência”.
3º) 4 períodos descritivos.
1º período – tópico frasal: "A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos,
como terá sucedido a outras instituições sociais".
Razão da ênfase descritiva e tempo passado? superado do clima opressivo,
por que retorno à escravidão, se já passou? enfatiza o não apagamento da
memória da escravidão?
PAI CONTRA MÃE
4º) Tendência Machadiana – discurso irônico de dissimulação:
“Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre
se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel".
5º) Ofício de pegar escravo fugido – assegurar o direito de propriedade –
reificação?
6º) Casamento de miséria de Cândido e Clara –
“não davam de comer, mas davam de rir.”
8º) Desfecho inusitado -
“Cândido Neves beijando o filho, entre lágrimas verdadeiras,
abençoava a fuga e não se lhe dava do aborto. – Nem todas as crianças
vingam, bateu-lhe o coração”.
9º) Conclusão: Tema – não só embate de interesses e aborto realista, mas
também o trabalhador livre, negro ou branco, em situação de miséria: fome
e desemprego. Tanto Cândido quanto Arminda foram vítimas do mesmo
sistema.

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