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As vaidades de um “fantasmático

anfitrião” colecionador de artes em um


palacete italiano: uma reflexão sobre o
conto ‘Vanitas’, de Almeida Faria
Letícia Santos (UFPE)
O primeiro romance do autor e a
grande polêmica

Almeida Faria por volta dos 19 anos de idade. Rumor Branco, primeira
Almeida Faria e sua produção
Romances: literária
• Rumor Branco (1962)
• A Paixão (1965)
• Cortes (1978) Tetralogia
Lusitana
• Lusitânia (1980)
• Cavaleiro Andante (1983)
• O Conquistador (1990)
• O Murmúrio do Mundo (2012)

Teatro:
• Vozes da Paixão (1998)
• A Reviravolta (1999)

Contos:
• Os Passeios do Sonhador Solitário (1982)
• Um Cão Chamado Bolotas (1984)
• Peregrinação (1963)
• Vanitas (1996)
O que é um Vanitas?
O Vanitas, nas Artes, é um tipo de obra de arte
simbólica especialmente associada com o gênero
de pintura Still-life (Natureza-morta), do norte da
Europa e dos Países Baixos, nos séculos XVI e
XVII, embora também seja comum em outros
lugares e períodos. A palavra em latim significa
"vacuidade, futilidade"; na história da Arte é
interpretada como "vaidade", e pode ser
compreendida como uma alusão à insignificância
da vida terrena e à efemeridade da vaidade.
Vanitas, de Almeida Faria
• Publicado pela primeira vez em 1996, na
Revista Colóquio Letras;
• Reedição em 2007 pela Fundação Calouste
Gulbenkian, com a adição do Tríptico de Paula
Rego;
• O conto se passa numa espécie de museu e o
protagonista é um artista que estava
preparando uma exposição artística sua
naquele espaço.
Aspectos do palacete
• “Soalhos velhos” (p. 11), que estalam quando
a temperatura muda;
• Corredor silencioso, após um som de passos;
• “Mansão sem outros hóspedes” (p. 12);
• Paredes que tremem no início do evento
sobrenatural.
“Só percebi que adormecera de luz acesa quando
acordei de súbito e senti a luz das lâmpadas de cada
lado da cama. Estremunhado, pareceu-me ouvir
uns passos lentos sobre minha cabeça. Os soalhos
velhos estalavam quando as temperaturas mudam,
possivelmente estalaram à frialdade nocturna.
Estalar sim, mas a ponto de fazer tremer paredes?
Levantei-me e, mesmo descalço, em calções de
pijama, atarantado e tropeçante, caminhei até a
porta do quarto, espreitei o corredor, silêncio,
ninguém.” (FARIA, 2007, p. 11).
“O homem da recepção, ao entregar-me um
cartão com o código da porta principal, avisara-
me de que se ausentaria até segunda de manhã.
A porteira é o marido, habitando a subcave,
àquela distância não ouviam nada. Talvez os
passos fossem do guarda que, segundo o
recepcionista, costuma descansar num canapé
ao cimo da grande escadaria, junto à biblioteca.
Mas o peso das pezadas era de alguém
firmemente disposto a despertar um defunto.”
(FARIA, 2007, p. 12)
• Para Todorov, o medo não é condição necessária do
fantástico.
• Roger Caillois (1970) diferencia o maravilloso do
fantástico da seguinte maneira: “El universo de lo
maravilloso está naturalmente poblado de dragones,
de unicornios y de hadas; los milagros y las
metamorfosis son allí continuos; la varita mágica es de
uso corriente... En lo fantástico, al contrario, lo
sobrenatural aparece como una ruptura de la
coherencia universal. El prodigio se vuelve aquí una
agresión prohibida amenazadora, que quiebra la
estabilidad de un mundo en el cual las leyes hasta
entonces eran tenidas por rigurosas e inmutables” (p.
11).
Da assombrosa aparição
“Num salão rectangular muito mais comprido do que
largo, sentado à cabeceira da mesa rodeada por uma
vintena de cadeiras com costas e fundos de cabedal, à luz
de um candelabro, um cavalheiro – cuja cara julguei
reconhecer sem saber de onde – aguardava-me calmo e
sem surpresa. A sua palidez e seu traje antiquado, o
sobretudo azul, a gravata de seda, as calças, colete e
casaco cinzentos, vinham de outros tempos ou de fora do
tempo.
Calvo, de rosto redondo que o bigode e as densas
sobrancelhas sombreavam, de carnudas orelhas e nariz
direto, fixava-me semicerrando os olhos vivos e
levantinos. [...].” (FARIA, 2007, p. 13)
O fantasmático anfitrião colecionador
de obras artes
Vida, morte, arte e vaidades
Vanitas antivanitas
Entre certezas e dúvidas: qual a
natureza da aparição?
Um vago vislumbre da casa em vida
do proprietário...
Do assombroso espanto ao silêncio
sonhador
A incerteza do evento sobrenatural
Referências bibliográficas
CAILLOIS, Roger. Imagénes, imagénes. Buenos
Aires: Sudamerica, 1970.
FARIA, Almeida. REGO, Paula. Vanitas: 51,
Avenue D’Iéna. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2007.
LOURENÇO, Eduardo. Duas vanitas. In: FARIA,
Almeida; REGO, Paula. Vanitas: 51, Avenue
D’Iena. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
2007.

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