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1724-1804
As duas fases do
pensamento kantiano
• Fase pré-crítica
• Influência do racionalismo de Leibniz
Para Kant, a razão humana depende da experiência. Sem a experiência, a razão seria
sempre vazia, inoperante, nada conhecendo. Assim, a experiência fornece a matéria (os
conteúdos) do conhecimento para a razão e esta, por sua vez, fornece a forma (universal e
necessária) do conhecimento. A matéria do conhecimento, por ser fornecida pela
experiência, vem depois desta e por isso é, no dizer de Kant, a posteriori.
A forma da sensibilidade é o que nos permite ter percepções, isto é, a forma é aquilo
sem o que não pode haver percepção, sem o que a percepção seria impossível.
Percebemos todas as coisas como dotadas de figura, dimensões (altura, largura,
comprimento), grandeza: ou seja, nós as percebemos como realidades espaciais.
Não interessa se cada um de nós vê cores de uma certa maneira, gosta mais de uma
cor ou de outra, ouve sons de uma certa maneira, gosta mais de certos sons do que de
outros, etc. O que importa é que nada pode ser percebido por nós se não possuir
propriedades espaciais; por isso, o espaço não é algo percebido, mas é o que permite
haver percepção (percebemos lugares, posições, situações, mas não percebemos o
próprio espaço). Assim, o espaço é a forma a priori da sensibilidade e existe em nossa
razão antes e sem a experiência.
• Para Kant, tudo o que conhecemos são os fenômenos, isto é, a matéria que
nos é dada sob as formas da sensibilidade e do entendimento. Não podemos,
portanto, conhecer os objetos como eles são em si mesmos,
independentemente das nossas faculdades. Ou seja, não podemos conhecer a
coisa em si, o noumenon.
A faculdade da razão
• Como vimos, para Kant só podemos
conhecer os fenômenos, isto é, a
matéria/mundo exterior a partir das
formas a priori relativas ao sujeito.
Assim, nunca conhecemos o mundo de
modo independente das formas a priori
da nossa sensiblidade e entendimento.
Sendo assim, o que acontece com as
ideias metafísicas, como a de Deus e a
imortalidade da alma? Não seria mais
possível conhecê-las ?
• As ideias metafísicas que se pretendem
a origem e a explicação do mundo
material não podem ser conhecidas,
pois só conhecemos efetivamente, os
fenômenos relativos ao mundo
material. Como vimos, para Kant, o
conhecimento é o resultado da
interação entre a matéria exterior e as
formas a priori da sensibilidade e do
entendimento.
• Embora, não possam ser conhecidas,
as ideias metafísicas podem ser
pensadas pela razão.
Para Kant, na verdade, é inevitável que a
faculdade da razão pense nas ideias
metafísicas. Como ele afirma no célebre
prefácio da Crítica da Razão Pura:
“A razão humana, num determinado
domínio dos seus conhecimentos, possui
o singular destino de se ver atormentada
por questões que não pode evitar, pois
lhe são impostas pela sua natureza, mas
também não podem dar respostas por
ultrapassarem completamente a sua
possibilidade.”
• Esses temas inevitáveis da razão pura ou da
da faculdade da razão são: Deus, liberdade e
imortalidade. Ou seja: justamente aqueles
temas de que se ocupa a Metafísica.
Para Kant, esses temas são derivados das 3
ideias básicas da faculdade da razão das
quais todas as outras ideias metafísicas
derivam, são elas:
• A ideia da alma (que dá unidade absoluta ao
sujeito pensante);
• A ideia de mundo (que dá unidade absoluta ao
mundo externo, material);
• A ideia de Deus (que dá unidade absoluta a
todos os objetos do pensamento)
• Embora, não possam ser conhecidas,
as ideias metafísicas são pensadas
pela faculdade da razão de modo a
regular o agir moral.
• Isso significa que enquanto as
faculdades da sensibilidade e do
entendimento têm função de conhecer
o mundo material, externo, a faculdade
da razão tem função prática, isto é, é
fundamental para que o homem aja
moralmente
Disso se segue, que para Kant só é
possível conhecer a realidade que que se
oferece a nós pela experiência (o mundo
dos fenômenos).
Quanto à realidade que está além da
experiência (o mundo do noumeno), não
nos é possível conhecer, posto que não é
dada à nossa sensibilidade (isto é, nós
não podemos percebê-la através de
nossos sentidos) nem ao nosso
entendimento. Contudo, como este mundo
dos noumeno é curiosamente afirmado
pela razão sem base na experiência ou no
entendimento é inevitável que pensemos
nele.
•Quando tentamos conhecer as ideias da
razão, aplicando-lhes as formas do
espaço e do tempo ou das categorias,
chegamos a conclusões contraditórias,
igualmente pertinentes e, portanto,
impossíveis de serem solucionadas.
Essas são chamadas de antinomias da
razão.
As antinomias
• Primeira antinomia
É possivel concluir que o mundo tem um
princípio no tempo e é limitado no
espaço como também no contrário. Ou
seja: que o mundo não tem princípio no
tempo, nem limite no espaço.
• Terceira antinomia
É possivel concluir que o homem dispõe
de liberdade como também no seu
contrário. Ou seja: que o homem está
inexoravelmente subordinado às leis da
natureza.
• Quarta antinomia
É possivel concluir que existe um Ser
absolutamente necessário como
também no seu contrário. Ou seja: que
não existe um Ser absolutamente
necessário.