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Mayombe

Pepetela
Contexto Histórico

 Publicação: 1970 e 1971


 Guerra de independência de Angola: MPLA (Movimento Popular de
Libertação de Angola) em luta contra as tropas portuguesas.
 Relógio histórico/ documento social sobre Angola em sua fase de
independência.
 História reconstruída a partir da visão de um guerrilheiro que participa da
luta pela libertação
 Denúncia do massacre, da pobreza, da fome, e corrupção do período
pós-colonial, bem com seus impactos sociais.
Narrativa bélica

 Metalinguagem: o próprio narrador reconhece a característica fílmica do


romance
 Projeto Literário: denúncia das injustiças sociais por parte dos personagens
engajados na luta da libertação, bem como as incoerências internas
dessa luta, com suas especificidades.
 Confronto não só com os inimigos naturais da floresta, mas também com
questões que envolvem diferenças culturais e étnicas.
 Dedicatória: como uma proposição, característica do épico
 “ Aos guerrilheiros do Mayombe, que ousaram desafiar os deuses abrindo
caminho na floresta obscura, Vou contar a história de Ogun, o Prometeu
africano.
 Pepetela é o pseudônimo de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, um
escritor angolano que nasceu em Benguela, 29 de Outubro de 1941. A sua
obra reflete sobre a história contemporânea de Angola, e os problemas
que a sociedade angolana enfrenta. Durante a sua adolescência, um tio
seu que era jornalista, introduziu-lhe a uma variedade de pensadores da
esquerda. Durante os seus anos do liceu em Lubango, Pepetela também
foi influenciado por um padre esquerdista chamado Noronha, que lhe
informou sobre a revolução e outros eventos contemporâneos.
 Participou como guerrilheiro e por isso tem plenas condições de mostrar as
incoerências das lutas internas
Contexto Histórico

 Guerra de Independência de Angola, também conhecida como Luta


Armada de Libertação Nacional foi um conflito armado entre as
forças independentistas de Angola (UPA/FNLA (China), MPLA
(URSS) e UNITA(EUA) e as Forças Armadas de Portugal, que até então
dominavam a colônia angolana. A guerra teve início em 4 de
Fevereiro de 1961, durou mais de 13 anos e terminou com um cessar-
fogo em Junho (com a UNITA) e Outubro (com a FNLA e o MPLA)
de 1974. A independência de Angola foi estabelecida a 15 de
Janeiro de 1975, com a assinatura do Acordo do Alvor entre os quatro
intervenientes no conflito.
 Independência não configurou paz, mas revelou as diferenças ideológicas
internas de ordem tribal, étnica e cultural entre os angolanos: MPLA- URSS,
UNITA- EUA, FNLA- China
Fragmentação polifônica

 Polifonia: vários focos narrativos, há um narrador onisciente que dá uma


unidade ao enredo, mas este se intercala com as vozes de cada
personagem que narra em primeira pessoa os fatos
 Cada narração tem sua especificidade, sua visão da luta e do espaço,
relacionada à diversidade étnica e cultural de cada integrante da
guerrilha. Ecletismo narrativo.
 Traço comum: insatisfação quanto ao colonizador X interesses particulares
 5 capítulos + epílogo
 Um narrador em 3 pessoa e os demais em 1
 Cada narrador é a representação de uma tribo diferente e da sua
respectiva cultura.
 Mestiço: Teoria- professor da Base
 Mundo Novo: marxista
 Muatiânvua: destribalizado ( mistura de raças, ausência de identidade)
 Relação entre Sem medo e comandante do grupo ( pai e filho)
 Sem medo: personalidade formada, Comissário: sofre ritos de passagem,
aprendizagem,
 Comandante: herói épico
 Comissário: falhas, herói romanesco
 Personagens alegóricos: nomes de combate
 Importante: humanização dos personagens, expõe as entranhas do
movimento: racismo, corrupção, machismo
 Aproximação com a Odisseia : heróis com características humanas
 Exceção: Ondina: perpassa toda a história: sedutora, atraente, inverso do
machismo ao declarar os desejos, questiona a atitude dos homens:valores
liberalistas X tradição africana)
 Mayombe: floresta no norte de Angola, arvores com mais de 50 metros,
imponentes
 Produtora de metais e petrolífera
 Antropomorfização da Floresta
 Dicotomia: a floresta mata e ao mesmo tempo abriga
 Alimento: comunas ( sementes, espécie de amêndoas que servia de
refeição para os combatentes)
 Nome inspirado no comunismo, movimento apoiado pela URSS
Eu sou teoria- IDENTIDADE

 Eu, O Narrador, Sou Teoria.


 Nasci na Gabela, na terra do café. Da terra recebi a cor escura de café,
vinda da mãe,misturada ao branco defunto do meu pai, comerciante
português. Trago em mim o inconciliável e é este o meu motor. Num
Universo de sim ou não, branco ou negro, eu represento o talvez. Talvez é
não, para quem quer ouvir sim e significa sim para quem espera ouvir não.
A culpa será minha se os homens exigem a pureza e recusam as
combinações? Sou eu que devo tornar-me em sim ou em não? Ou são os
homens que devem aceitar o talvez? Face a este problema capital, as
pessoas dividem-se aos meus olhos em dois grupos: os maniqueístas e os
outros. É bom esclarecer que raros são os outros, o Mundo é geralmente
maniqueísta.
 Entre Manuela e o meu próprio eu, escolhi este. Como é dramático ter
sempre de escolher, preferir um caminho a outro, o sim ou o não! Porque
no Mundo não há lugar para o talvez? Estou no Mayombe, renunciando a
Manuela, com o fim de arranjar no Universo maniqueísta o lugar para o
talvez.
Personificação da floresta: A base

 O Mayombe tinha aceitado os golpes dos machados, que nele abriram


uma clareira. Clareira invisível do alto, dos aviões que esquadrinhavam a
mata, tentando localizar nela a presença dos guerrilheiros. As casas
tinham sido levantadas nessa clareira e as árvores, alegremente, formaram
uma abóbada de ramos e folhas para as encobrir. Os paus serviram para
as paredes. O capim do teto foi transportado de longe, de perto do
Lombe. Um montículo foi lateralmente escavado e tornou-se forno para o
pão. Os paus mortos das paredes criaram raízes e agarraram-se à terra e
as cabanas tornaram-se fortalezas. E os homens, vestidos de verde,
tornaram-se verdes como as folhas e castanhos como os troncos colossais.
A folhagem da abóbada não deixava penetrar o Sol e o capim não
cresceu em baixo, no terreiro limpo que ligava as casas. Ligava, não:
separava com amarelo, pois a ligação era feita pelo verde. Assim foi
parida pelo Mayombe a base guerrilheira.
 A comida faltava e a mata criou as «comunas», frutos secos, grandes
amêndoas, cujo caroço era partido à faca e se comia natural ou assado.
As «comunas» eram alimentícias, tinham óleo e proteínas, davam energia,
por isso se chamavam «comunas». E o sítio onde os frutos eram
armazenados e assados recebeu o nome de «Casa do Partido». O
«comunismo» fez engordar os homens, fê-los restabelecer dos sete dias de
marchas forçadas e de emoções.

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