MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
DISCIPLINA: FONOLOGIA,VARIAÇÃO E ENSINO
PROEFSSORA: DRA. DÉBORA LIBERATO
MESTRANDA: FRANCISCA JAMIRES MENDES DE CARVALHO LIMA COMO SEGMENTAR? Por quais caminhos se pode supor que o aprendiz da escrita transita ao tentar identificar e delimitar por meio de espaços em branco, palavras na escrita? O ESCRITO NO ORAL
• Crítica à teoria da grande divisa;
- Definindo-a com base em Tfouni (2000, p. 47) : “Separação radical entre usos orais e usos escritos da língua” • Entrelaçamento dos modos de enunciação falado e escrito da língua. O ORAL NO ESCRITO
• Relação entre a pontuação e a oralidade;
• Relação entre a prosódia e a oralidade; • Aquisição da escrita infantil; • “Hiperssegmentações na escrita não são marcas de imperfeição de um produto que se tem como modelo, [...] mas marcas de um sistema em construção, que indiciariam o trânsito do sujeito aprendiz pelos diferentes modos de enunciação da língua” (CHACON, p. 79, 2005) DADOS DA PESQUISA
• 451 textos produzidos em contexto escolar por 40 crianças (18 meninas
e 22 meninos) da primeira série de uma escola de ensino fundamental do interior de São Paulo; • Textos fundamentados em propostas temáticas desenvolvidas com base em gêneros textuais como relatos, cartas, histórias, listas, descrições, receitas, etc; • Textos produzidos entre março e novembro de 2001. FOCO DA PESQUISA
• Textos de 38 sujeitos (2 foram descartados);
• Rupturas em vocábulos trissílabos; • “Com efeito, polissílabos hipersegmentados ocorreram com uma frequência muito baixa no corpus. Já os dissílabos hipersegmentados, embora tenham ocorrido com uma frequência ainda maior do que a dos trissílabos, não apresentaram variação significativa no que se refere à ação da prosódia” (CHACON, p. 80, 2005) RESULTADOS
• As rupturas obedecem a princípios recorrentes:
- Produção escrita como resultado da enunciação oral; - O ritmo, marca da oralidade, determina a posição da hipersegmentação. • Do total de 139 trissílabos hipersegmentados, somente 3 promoveram rupturas que não se explicam em termos prosódicos: a j u das; aj u da; e pe di g rre RESULTADOS • Nos 136 restantes, as rupturas aconteceram: - 25 em limites de sílabas (e só nesses limites), cerca de 18,38%. Como em: lhi pam do (limpando), sau da de (saudade) e câ me ra (câmera); - 111 em limites em limites de sílabas ou pés, cerca de 81,62%. Uma sílaba breve (átona) e uma sílaba longa 92 casos (82,88%) – A ruptura ocorreu entre uma sílaba e um pé: (tônica). Ex.: cartão
(a) Entre uma sílaba e um pé iambo – com vido (convido)
Uma sílaba longa (tônica) (b) Uma sílaba e um pé troqueu – em e Rita (irrita) e uma sílaba breve (átona) Ex.: carta (c) Uma sílaba e um pé espondeu – a sucar (açúcar) Duas sílabas longas (tônica) Ex.: açúcar RESULTADOS • 19 casos (17,12%) – A ruptura promoveu de forma inversa, ou seja, um pé + uma sílaba. (a) Entre um pé iambo e uma sílaba – colo que (coloque) (b) Um pé troqueu e uma sílaba – para bens (parabéns) (c) Um pé espondeu e uma sílaba – escom de (esconder) • Soluções ortográficas recorrentes: – Olviram - Comvidou CONSIDERAÇÕES FINAIS
• As soluções gráficas que as crianças apresentaram sugerem um trabalho
reflexivo sobre a complexidade da correspondência grafema-fonema; • “Acredito, com os resultados que expus, poder contribuir para realçar [...] o fato de que, na alfabetização, o que mais insistentemente está em questão, de um ponto de vista linguístico é a relação sujeito-língua – possibilitada pelo movimento de muitas e complexas práticas de oralidade e de letramento que, entrelaçadas, compõem o universo de linguagem do aprendiz na escrita.” (CHACON, p. 84, 2005) REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
• CHACON, Lourenço. Hipersegmentações na escrita infantil: entrelaçamentos de
práticas de oralidade e letramento. Estudos linguísticos XXXIV, p.77-86, 2005.