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OBJETIVO GERAL
Realizar uma análise comparativa do Plano Diretor da Estância Balneária de
Caraguatatuba com a legislação reguladora do ordenamento urbano brasileiro, isto é, a Lei
Federal n° 10.257 de 10 de julho de 2001, o Estatuto da Cidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Que se conheça do Plano Diretor da Estância Balneária de Caraguatatuba, SP:
• A sua estrutura; • As partes inerentes ao Plano, como o
• As suas áreas de atuação; Zoneamento Municipal e as propostas de
• Quais os instrumentos previstos no Estatuto desenvolvimento da cidade;
da Cidade que o município em questão adotou • Suas diretrizes e parâmetros;
e como os adotou; • Sua instrumentação técnica, legal e
• A caracterização do mesmo; administrativa, mas não a orçamentária, nem
a financeira.
RELEVÂNCIA DO ESTUDO
A compreensão do ordenamento urbano é fundamental para a compreensão plena da
dinâmica espacial urbana. Para isso, faz-se necessário com que os elementos envolvidos no
ordenamento sejam também compreendidos, dentre os quais, o Plano Diretor é meio
básico e instituto jurídico estabelecido pela Lei Federal 10.257, de 10 de julho de 2001, o
Estatuto da Cidade. Sendo assim, para qualquer estudo holístico da dinâmica espacial
urbana da Estância Balneária de Caraguatatuba, SP, a compreensão de seu Plano Diretor
Municipal é imprescindível. O presente trabalho faz a análise comparativa entre o Plano
Diretor de Caraguatatuba e a legislação reguladora, isto é, o Estatuto da Cidade. Com tal
trabalho, estudos mais aprofundados a respeito da dinâmica espacial urbana de
Caraguatatuba, bem como estudos específicos mais profundos do próprio Plano Diretor
Municipal, como sua eficiência, o diagnóstico urbano realizado, os prognósticos urbanos,
etc., poderão ser desenvolvidos.
MARCO TEÓRICO
Dentre os principais marcos teóricos utilizados, o autor fundamentou-se em Henri LEFÉBVRE e
seu “direito à cidade” (2011), bem como na conceituação histórica de valores, fenômenos,
processos e conceitos prevalecentes no desenvolvimento da cidade capitalista.
Também foram fundamentais as teses de Flávio VILLAÇA expostas especialmente nos livros
“Espaço-intra-urbano no Brasil” (2001), “As ilusões do Plano Diretor” (2005) e no texto “Uma
contribuição para a história do planejamento urbano no Brasil” (1999), que tratam da exposição
da retórica da elite pelo planejamento utópico, do desequilíbrio de poder político no Brasil entre
as classes sociais e sua influência no ordenamento urbano brasileiro e sua visão de análise de
planos diretores diversos.
Além desses autores, o autor valeu-se da conceituação sobre “espaço urbano” de Roberto Lobato
CORRÊA, especialmente em seu “Espaço urbano” (1989).
Por fim, para a análise comparativa em si, foi usada a Matriz de Mensuração de Planos Diretores
Municipais da tese de pós-graduação de Cláudio Martinelli MURTA (2007).
METODOLOGIA
Para Roberto Lobato Corrêa, o espaço urbano, o inerente ou relativo à cidade, pode ser definido como fragmentado
e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas. É assim a própria sociedade
em uma de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada nas formas espaciais (CORRÊA, 1989, pp.7-9).
Num contexto capitalista, há agentes produtores da cidade que podem ser definidos como os proprietários dos
meios de produção, os proprietários fundiários, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais, incluindo
os pobres. A dotação de valor de troca à terra em substituição do valor de uso fez da cidade um instrumento de
acumulação muito importante no capitalismo. (LEFEBVRE, 2011, pp. 13, 17, 86). A maior parte do poder decisório
na reprodução da cidade se centra neste sentido, na necessidade de que a cidade seja um lócus de eficiência na
produção da acumulação capitalista. Daí surgem inúmeras distorções pelas quais observam-se em cidades de todo
o mundo, tanto quando comparadas internamente, ainda mais quando comparadas externamente . Villaça destaca
que as classes mais abastadas, uma minoria, tendem a se concentrar em determinadas áreas segregadas,
obedecendo ao sentido capitalista anteriormente mencionado (VILLAÇA, 1999, pp.150, 1). Para tanto, criam ou se
apropriam dos meios produtores e reprodutores do espaço (VILLAÇA, 1999, pp.342,3). Um destes meios essenciais
é a instrumentação político-administrativa do espaço, isto é, os instrumentos do Estado (VILLAÇA, 1999, pp.108,9).
O presente trabalho apresentará um destes instrumentos, o Plano Diretor e sua Lei regularizadora, o Estatuto da
Cidade, usando como modelo o Plano Diretor da Estância Balneária de Caraguatatuba, Estado de São Paulo, Brasil.
O Estatuto da Cidade
A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, mais conhecida como Estatuto da Cidade, é tida como um dos mais
significativos avanços legislativos da história do Brasil. Resultado de um processo muito lento, difícil, repleto de
embates, avanços e retrocessos, jogos de interesses, relevante participação da sociedade civil, enfim, o
Estatuto envolve um marco na história legal do país, ainda que do ponto de vista político-urbano ainda sofra
muitas críticas. Essencial para a política urbana do Brasil, funciona como marco regulatório de importantes leis
e instrumentos de política urbana brasileiros, firmando-se como principal meio de modernização das cidades
brasileiras e desenvolvimento da chamada Reforma Urbana Brasileira. O Estatuto, na prática, regula os artigos
182 e 183 da Constituição Federal. Passou a vigorar a partir de 10 de outubro de 2001, apesar de regular
instrumentos previstos ainda na Constituição de 88, com Projeto de Lei de 1990, o PL 5.788/90. O capítulo de
política urbana da Constituição de 1988 em combinação com o Estatuto da Cidade e o texto da Medida
Provisória nº 2.220 dão as diretrizes para a política urbana do país, nos níveis federal, estadual e municipal.
Foram apresentados todos os seus instrumentos, seus conceitos envolvidos, aplicabilidade e outras
pertinências.
O Plano Diretor
A Constituição de 88 estabelece a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades acima de 20 mil habitantes,
cidades em áreas de interesse turístico ou de grandes obras com impactos socioambientais significativos, ou em
regiões metropolitanas e aglomerações urbanas. O Estatuto da Cidade, veio a regulamentar como responsabilidade
intrínseca do Plano Diretor Municipal uma série de instrumentos de promoção da Reforma Urbana, dando uma nova
relevância ao mesmo. Todos os instrumentos aqui expostos podem e/ou devem constar em Plano Diretor.
Na prática o Plano Diretor é uma série de diretrizes que são estabelecidas em forma de Lei que regulamentam
diversos instrumentos urbanísticos e serve de parâmetro para a administração e planejamento da cidade, sendo
idealizado ele mesmo como um planejamento transdisciplinar.
A Resolução nº 34 de 1º de julho de 2005, do Conselho das Cidades, vinculado ao Ministério das Cidades, formula
orientações e recomendações quanto ao conteúdo mínimo de Plano Diretor, a saber: as ações e medidas para
assegurar o cumprimento das funções sociais da cidade; os objetivos, temas prioritários e estratégias para o
desenvolvimento da cidade e para a reorganização territorial do município; e os instrumentos da política urbana,
vinculando-os aos objetivos e estratégias estabelecidos no Plano Diretor. Visa estabelecer diretrizes para que a
propriedade urbana cumpra sua função social e a Reforma Urbana idealizada no Estatuto da Cidade seja
implementada na cidade com promoção do bem-estar geral, do direito à cidade, da justiça socioespacial, do
desenvolvimento socioambiental e socioeconômico.
* IBGE.
Agropecuária 1%
Indicadores socioeconômicos
Serviços Industriais de PIB: est. 119.625 (2018)* Salário Médio: 2,5 salários
Utilidade Pública 1%
RPC: R$ 24.005,32 (2018)* mínimos (2016)*
*IBGE. PEA: 22% (2016)*
# Litoral Sustentável, 2012.
TÍTULO I TÍTULO II TÍTULO III TÍTULO IV TÍTULO V TÍTULO VI TÍTULO VII TÍTULO VIII
Artigos 10 Artigos 102 a Artigos 119 a Artigos 203 a 265 Artigos 266 a
Artigos 1º ao 9º Artigos 40 a 74 Artigos 75 a 101
ao 39 118 202 346
DAS DO DO SISTEMA DE
DO MEIO
OBJETIVOS E POLÍTICAS ORDENAMENTO PLANEJAMENTO
AMBIENTE E DO DO DIRETRIZES PARA O USO
TEMA PRINCÍPIOS PÚBLICAS:
DESENVOLVIMENTO
PLANO URBANÍSTICO-AMBIENTAL
ZONEAMENTO
DO USO E
SOCIAL DA PROPRIEDADE
URBANO E
FUNDAMENTAIS OBJETIVOS E OCUPAÇÃO DO GESTÃO
URBANO
DIRETRIZES SOLO DEMOCRÁTICA
CAPÍTULO III
CAPÍTULO
IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO
VI
CAPÍTULO
SEÇÕES I A XXI
VII
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com Villaça, a falta de compreensão da dinâmica envolvida no planejamento
urbano faz parte da poder político das classes privilegiadas que sustentam sua retórica
tecnicista que esconde a verdadeira ineficiência e até inércia dos Planos Diretores
(VILLAÇA, 2001, pp.44, 342, 8; VILLAÇA, 2005, pp. 42, 52, 90). O presente trabalho visa,
portanto, contribuir publicamente com a compreensão do Plano Diretor da Estância
Balneária de Caraguatatuba, SP, de maneira que essa retórica possa ser desfeita. Também
visa ser o primeiro passo para a realização de estudos mais aprofundados da dinâmica
espacial urbana de Caraguatatuba, bem como de estudos específicos sobre o Plano Diretor
Municipal e toda a sua abrangência, incluindo os diagnósticos urbanos, os prognósticos
urbanos, o histórico político-administrativo, a análise de seu desenvolvimento, a
implementação e sua aprovação, bem como outras análises pertinentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORRÊA, Roberto Lobato. “O Espaço urbano”. PUCRS. Editora Ática. São Paulo, 1989. IBGE, Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. Rio de Janeiro. Disponível em:
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/caraguatatuba/panorama. Acessado em 15/11/2018.
LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. Editora Centauro. São Paulo, 2011. 5ª Ed.
MURTA, Claudio Martinelli. “Mensuração de Planos Diretores Municipais”. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso
Intensivo de Pós-Graduação em Administração Pública)—Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, Junho, 2007.
VILLAÇA, Flávio, Espaço-intra-urbano no Brasil, São Paulo, Studio Nobel Editora, FAPESP, Lincoln Institute, 2001, 2ª.
Ed.
________________. "As ilusões do Plano Diretor". FAPESP. São Paulo, 2005.
________________. "Uma contribuição para a história do planejamento urbano no Brasil". DÉAK, Csaba, SCHIFFER,
Sueli R. (orgs.). O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL, págs. 170-239. EDUSP, São Paulo, 1999.
OBRIGADO!
ANDERSON SOUZA
geoanderson.souza@hotmail.com
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – CEDERJ
LICENCIATURA DE GEOGRAFIA