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Patrícia Campos Borja

Lidiane Mendes Kruschewsky Lordelo


Albert Tiago Porto Gomes
Airon da Hora
Luiz Roberto Santos Moraes
Silvio Roberto de Magalhães Orrico
Introdução
 No semiárido o déficit de acesso á água é um drama
vivenciado por milhares de pessoas, principalmente para
mulheres e crianças que historicamente e culturalmente são
responsáveis pela coleta da água..

 Na região a situação é agravada pelas características


climatológicas, pelo déficit hídrico, além da desigualdade
social e deficiência e inadequação de políticas públicas.

 Alternativas para alterar essa realidade vêm sendo


experimentadas, tendo-se destaque as ações da ASA na
região, que tem disseminado a noção da convivência com o
semiárido.
A convivência com o Semiárido e o P1MC
 Na busca do enfrentamento do déficit de
acesso à água, a Articulação no Semiárido
Brasileiro (ASA) passou a realizar diversas
parcerias para a implantação de cisternas
para captação de água de chuva.
 A partir da experiência adquirida e da
mobilização da sociedade civil organizada,
contando com mais de 700 órgãos, a ASA
passou a executar o Programa Um Milhão de
Cisternas no Semiárido – P1MC.

 Em 2003, o governo federal incorporou o


P1MC no âmbito do MDS, por meio da
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional – SESAN.
 Hoje integra o Programa Água para Todos.
Introdução
 Segundo o MDS, o P1MC visa garantir o acesso à água para
consumo humano, utilizando-se da tecnologia de cisternas de
placas e da mobilização social, buscando a convivência
sustentável com o Semiárido (MDS, 2009).
 Segundo a ASA, o Programa de Formação e Mobilização Social
para a Convivência com o Semiárido: um Milhão de Cisternas
Rurais - P1MC visa “beneficiar cerca de cinco milhões de pessoas
em toda região semiárida com água potável para beber e
cozinhar, através da implantação de cisternas de placas para
captação e armazenamento de água de chuva” (ASA, 2015).
O P1MC
 O processo de implementação das ações é conduzido pela ASA
(OSCIP), envolvendo a participação e capacitação das famílias
beneficiadas, além da contratação de mão de obra local, em
especial de pedreiros.

 Esse esforço participativo leva a ASA a caracterizar a cisternas


como uma tecnologia social, que além de garantir a água visa
promover o empoderamento da população.
O P1MC
O P1MC prioriza famílias que preenchem os seguintes requisitos:

 mulheres chefes de família;

 número de crianças de zero a seis anos;

 crianças e adolescentes na escola;

 adultos com idade igual ou superior a 65 anos; e

 deficientes físicos e mentais.


O P1MC
 As cisternas são executadas em placas de
concreto semienterradas, com volume de
16.000 litros.

 Os materiais utilizados estão disponíveis


nas comunidades rurais e a tecnologia
ainda apresenta baixo custo de
implantação.

 Durante a construção das cisternas são


entregues as bombas manuais para a
retirada de água, representando uma
barreira sanitária.
 Os beneficiários participam de um curso
de capacitação de duração mínima de 12
horas que tem como objetivo a
conscientização e orientação dos
beneficiários para o uso adequado das
cisternas (BRASIL, 2009).

Fonte: Projeto Cisternas e <ongiac.webnode.com.br>


Condições de participação das famílias, segundo o MDS.

 Custo: R$ 2.500,00
P1MC
 Foram construídas no Brasil 550.486 cisternas no período
de 2003 - 2013. Dessas, 60,5% foram implantadas pelo
P1MC (SIG Cisternas, 2013)

 Até 2013, o P1MC tinha atingido 33% da sua meta,


prevista para ser alcançada em 2008.

 Os estados mais beneficiados pelo P1MC foram Bahia


(24%), Ceará (15%), Pernambuco (15%) e Paraíba (15%).

 No estado Bahia foram construídas 129.056 cisternas, 61%


pelo P1MC (SIG Cisternas, 2013).
Estados beneficiados pelo P1MC, 2003-2013. (BRASIL, 2013).
P1MC
 O PPA 2012-2015 estimou o atendimento de cerca de 750
mil famílias com água para consumo humano.

 Foi previsto ampliar o Programa a 245.000 famílias da zona


rural a outras regiões do país, especialmente na região
Norte.

 A Febraban, desde 2003 é a segunda maior financiadora


do P1MC.
Objetivo
 Analisar o uso e funcionamento das cisternas
implantadas no semiárido baiano, visando identificar
os fatores que estão restringindo a efetividade das
ações.
Metodologia
 Estudo quali-quantitativo, na busca de uma maior
compreensão das variáveis que têm influenciado no uso
e funcionamento das cisternas e, consequentemente, na
efetividade do P1MC.

 Estudo de base amostral e coleta de dados primários


em cinco municípios do Semiárido baiano onde foram
aplicados 347 questionários junto aos beneficiários
selecionados por amostra aleatória sistemática.
CIDADE Quantidade de
Questionários Aplicados
ABARÉ 88
CHORROCHÓ 105
MACURURÉ 36
GLÓRIA 31
SANTA BRÍGIDA 87
Algumas Variáveis de estudo
 Tratamento da água de beber no domicilio.
 Existência de dispositivo para desvio da primeira água.
 Estado da estrutura da cisterna.
 Prática de limpeza da cisterna.
 Forma de retirar a água da cisterna.
 Se utilizado balde para retirada da água, ele é utilizado para
outros fins?
 Estado de limpeza dos recipientes utilizados para
armazenamento da água.
 Se houve capacitação para o uso da cisterna.
 Distância da cisterna a instalações de esgoto ou vala a céu
aberto.
Resultados

Fonte de Água Quantidade de


Segura (adequado) Cisternas
Acesso entre 0 e 50% 44148
Acesso entre 50% e 47527
90%
Acesso maior que 887
90%
Sem Informação 178

Região Semiárida, Abastecimento de Água e


a Construção de cisternas
Fonte: Censo 2000 e SIG Cisternas
Alguns indicadores das famílias
beneficiadas

Indicador Anos de Estudo


Menor valor 0,63
Quantida
Valor médio 1,53 Níveis de
de de %
Maior valor 4,00 Renda
Cisternas
Desvio padrão 0,48
< R$ 150 61.793 66,63
150 - 200 25.600 27,60
Mulheres Chefes > R$ 200,00 5.169 5,57
Indicadores Sem Infor. 178 0,19
de Família (%)
Menor valor 3,00
Valor médio 15,70
Maior valor 38,90
Desvio padrão 5,00

Fonte: Própria, a partir de dados do IBGE, Censo 2000 e SIGCISTERNA, 2013.


Fonte: Barreto, 2014.
Resultados
 O acesso à água nas proximidades da residência vem
provocando alterações importantes no modo de vida local.

 As horas antes dedicadas à coleta de água podem ser


usadas para a melhoria da vida, para ir à escola, para
realizar atividades produtivas.

 O acesso à água promove justiça e inclusão ao retirar a


mulher e a criança da tarefa árdua e desgastante de
manejo das águas.

 As cisternas introduziram um deslocamento importante das


políticas para o semiárido ao se voltar para tecnologias que
buscam beneficiar as famílias prioritárias e ao inserir a
participação social.
 A região vem sofrendo há três anos com uma das
secas mais graves das últimas décadas, o que tem
inviabilizado a coleta de água de chuva pela
cisternas.

 O abastecimento de água é feito por carros-pipas


do Exército e das Prefeituras Municipais.

 Os carros-pipas do Exército ofertam água bruta


desinfetada com cloro, enquanto que os da
Prefeitura distribuem água bruta retirada do rio
São Francisco.

 A presença do carro pipa mantém as relações


clientelistas para o acesso à água, entrando em
contradição com os anseios da ASA quanto às
políticas para a convivência com o semiárido.

 Não existem ações voltadas para a orientação da


comunidade para o uso da cisterna, assim como
inexiste assistência técnica às intercorrências e
dosagens do hipoclorito de sódio na água.
Resultados

A prática de coletar água de chuva, quando da sua ocorrência, tem


se fragilizado e é comum ver domicílios que não contam mais com
as canalizações de coleta de água de chuva. Em Chorrochó,
aproximadamente 75% das casas beneficiadas com as cisternas
apresentavam esse material “guardado” sem alguma utilidade.
Abaré se destaca com mais de 80% da canalização instalada e em
bom estado.
Grupo de Estudos em Saneamento e Saúde Ambiental
Problemas: Manejo das águas
Problemas: Manejo das águas
Problemas: Manejo das águas
Distância da cisterna a instalações de esgoto a céu
90
aberto
80
70 Menos de 5 m
60
Entre 5 e 10m
50
40
Mais que 10m
30 Sem resposta
20 Não se aplica
10
0
Gloria Chorrochó Santa Brigida Abaré Macururé

Chorrochó apresentou o maior percentual de casas com distancias


maiores que 10 m aos esgotos.

Macururé aparece com as menores distancias entre as casas e os


esgotos a céu aberto.
Bom estado
Estado da estrutura da Cisterna Apresenta fissuras discretas
Estrutura danificada
90
80
Tem infiltração
PORCENTAGEM

70 Outro
60 apresenta umidade e fissuras
50
foi recuperada
40
30 sem resp
20 Apresenta umidade
10
estrutura danificada e com umidade
0
Gloria Chorrochó Santa Brigida Abaré Macururé Deslocada de sua posição
Deformada pelo sol (PVC)
Estrutura muito comprometida

Percebe-se que, de forma geral, que nos cinco municípios a


maioria das cisternas encontravam-se em bom estado de
conservação, a exceção de Glória onde a maior
porcentagem apresentava umidade.
Forma de retirar água da cisterna
Bomba manual de
100
PVC
90
Bomba de Ferro
80
70
Balde
60
Outro
50
40
Não foi colocada
30
bomba
20
Bomba manual/Balde
10
0
Gloria Chorrochó Santa Brigida Abaré Macururé Sem resposta

 Na grande maioria dos domicílios investigados, utilizava-


se o balde para a retirada da água da cisterna.
Educação sanitária e capacitação para uso dos reservatórios
Resultados
Fatores que vêm influenciando o desempenho do Programa:

 contratações e desembolso financeiro;


 critério de priorização e elegibilidade dos beneficiários;
 problemas no projeto e construção;
 dificuldades técnico-operacionais pós-implantação;
 baixa efetividade das ações de educação sanitária;
 dificuldades administrativas e gerenciais;
 baixa capacidade institucional dos órgãos gestores e não
participação do Poder Público municipal;
 falta de agilidade nos processos de execução das obras e
ações junto às comunidades beneficiadas.
Conclusão
 O P1MC é pioneiro no esforço de implementar os
pressupostos da convivência com o semiárido e
incorporar a participação popular e a tecnologia social
às ações na zona rural, o que certamente irá
influenciar outros programas.

 O P1MC, apesar de ser pautado na valorização da


tecnologia social e se esforçar no sentido da
promoção da emancipação cidadã da população, se
caracteriza por uma ação pública focalizada, setorial e
residual, não integrante de uma ação de governo
pautada no tratamento da problemática em sua
totalidade e complexidade.
Conclusão
 A concepção não dialogou os princípios e
diretrizes da Lei n. 11.445/2007, em espacial o
papel dos municípios, titulares dos serviços de
saneamento básico.
 O princípio da integralidade das ações não foi
incorporado; então, não são apresentadas
alternativas para o destino dos dejetos, limitando
o Programa como uma ação de saúde pública.
 O Programa se constitui em uma ação que
prioriza a construção da cisterna e se ausenta da
manutenção, do reparo, da vigilância da
qualidade da água e da educação sanitária
continuada junto aos beneficiários.
Conclusão
 O Programa não previu um plano de emergência e
contingência para enfrentar os momentos de secas
prolongadas, sendo possível observar verdadeiras
operações de guerra realizadas pelo exercito para a
distribuição da água pelos caminhões pipas, com débil
planejamento e pondo em risco a saúde da população.

 Apesar das melhorias necessárias é percebido que o


Programa tem produzido impactos positivos na
qualidade de vida dos beneficiados.
Conclusão
 Inegavelmente, o fato de dispor água reservada
nas residências tem alterado as condições de vida
da população do semiárido, possibilitando
alterações nas relações de gênero, inserção na
escola, e geração de renda, desta forma
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida
da população.
Conclusão
 A problemática do seminário exige a definição de uma
política pública para a região mais ampla,
intersetorial, participativa, voltada para a realidade
socioambiental local e articulada entre as diversas
instituições federais, estaduais e municipais e a
sociedade civil organizada.

 A garantia do acesso à água certamente passa pela


construção de cisternas, embora esta não deva ser
considerada como a única solução. Alternativas de
barragens subterrâneas, sistemas adutores,
dessalinização de águas de poços, dentre outros
devem ser considerados. Também se deve prever um
plano de emergência e contingência para as situações
de secas prolongadas.
Obrigada!

Grupo de Estudos em Saneamento e Saúde Ambiental

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