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E PRINCIPAIS TIPOS DE
ARGUMENTOS E FALÁCIAS
INFORMAIS
O DISCURSO ARGUMENTATIVO E PRINCIPAIS TIPOS DE
ARGUMENTOS E FALÁCIAS INFORMAIS
Foi Aristóteles quem, pela primeira vez, distinguiu o âmbito dos argumentos lógico-formais
daquilo que é apenas arguível, estabelecendo três tipos distintos de argumentação
legítima:
A par dos modos próprios do discurso científico, Aristóteles cria um espaço para o discurso
que escapa à necessidade – a argumentação retórica e a argumentação dialética.
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Retórica: Segundo Aristóteles, é a faculdade de considerar, para cada questão, o que pode
ser adequado para persuadir. A sua natureza intrínseca define-se, portanto, por relação
com a persuasão. Tradicionalmente, significa tanto a arte da persuasão como a disciplina
que versa sobre essa arte. Inclui procedimentos não dedutivos e é o objeto de estudo, por
excelência, da lógica informal. É, por vezes, também definida como arte oratória, da
palavra ou arte de bem falar.
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Tanto no caso da retórica como no da dialética, o ponto de partida não são verdades
estabelecidas, mas premissas verosímeis, abertas à discussão. Porém, ao contrário da
dialética, que se apoia sobre argumentos dedutivos, a retórica faz também uso de
argumentos não dedutivos e desenvolve-se em torno de um elemento específico – a
persuasão –, que define a sua natureza e a distingue de todas as outras maneiras de
estudar a argumentação.
Para Perelman, a argumentação informal (ou retórica) é algo com uma natureza
radicalmente diferente de uma demonstração. Enquanto a demonstração é definida
como um processo lógico-formal de derivação ou de prova, a argumentação informal tem
um caráter dialógico: implica uma resposta por parte do auditório (conjunto de todos
aqueles que o orador quer influenciar com a sua argumentação) e o confronto de pontos
de vista.
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Argumentos indutivos
Um argumento diz-se indutivo quando se pretende que algo que está para
além do conteúdo das premissas seja de alguma maneira apoiado por elas ou
se torne provável devido a elas.
Argumentos indutivos
→ Todos os A observados (até este momento) são X. Logo, todos os A observados (no
futuro) serão X.
Por exemplo: «É verdade que os pêssegos já observados têm caroço. Logo, o próximo
pêssego que for observado terá caroço».
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Argumentos indutivos
Para garantirmos que os nossos argumentos indutivos são fortes, isto é, para
acautelarmos que o vínculo que une premissas e conclusão está baseado num forte
grau de probabilidade:
Argumentos indutivos
A inferência por analogia decorre, assim, do estabelecimento de uma relação entre o que
se pretende argumentar e um aspeto que se vai procurar a outro elemento do real. Pode
ser um tipo de argumento extremamente persuasivo, principalmente quando aquilo que
se pretende estabelecer na conclusão é do domínio do complexo ou invisível. Mas, tal
como acontece com a generalização e a previsão, a analogia gera, na melhor das
hipóteses, conclusões prováveis.
Argumentar por analogia é argumentar que uma vez que A e B são idênticos em alguns
aspetos conhecidos, então, sê-lo-ão também noutros.
Argumentar por analogia pode parecer, à primeira vista, uma forma de raciocínio
segura. Todavia, para que um argumento por analogia possa ser considerado forte,
devemos poder responder afirmativamente às duas primeiras perguntas do conjunto
que se segue e negativamente à terceira.
Este cartaz publicitário, da agência TBWA, promove uma marca de pão industrial. Nesta
imagem compara-se a fatia de pão de forma a uma almofada, sugerindo-se que, tal
como esta, as fatias de pão de forma da marca são agradáveis e fofas. A analogia é eficaz
mas encerra, do ponto de vista lógico, alguns problemas. Por exemplo, são ignoradas
diferenças significantes entre os elementos que estão a ser comparados (almofadas e fatias
de pão).
Dizemos, por isso, que se trata de uma analogia fraca ou de uma falsa analogia.
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Argumentos de autoridade
Uma vez que a vida é demasiado breve e as nossas capacidades intelectuais são limitadas,
não nos é possível investigar e descobrir tudo sozinhos. Somos, por isso, frequentemente
levados a argumentar apoiando-nos no trabalho e opinião de especialistas. Sem eles ser-
nos-ia impossível reunir toda a informação e conhecimento que existe sobre o nosso
mundo.
Uma fonte tanto pode ser uma pessoa como uma organização ou instituição.
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Argumentos de autoridade
Argumentos de autoridade
Os argumentos ad hominem são geralmente considerados falaciosos, uma vez que uma
dada opinião pode estar correta, ainda que o seu autor seja mentalmente confuso,
hipócrita, indigno de confiança, desonesto, etc. Exemplos de argumentos ad hominem
são frequentes, por exemplo, nas discussões políticas e nos debates jurídicos.
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Na classificação clássica e mais generalizada deste tipo de falácia, distinguem-se três tipos
diferentes de argumentos ad hominem:
Consiste em inferir que uma afirmação é verdadeira, uma vez que não
se provou que seja falsa, ou vice-versa, isto é, concluir que é falsa dado
que não se provou ser verdadeira. Acontece que a falta de prova não é prova do que
quer que seja.
Porém, o facto de um evento ocorrer depois de um outro, por si só, não justifica a crença
de que exista qualquer ligação entre ambos.
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→ A. Logo, A.
Vejamos um exemplo.
Suponhamos que Platão nos convida a aceitar uma qualquer afirmação de Sócrates com
base no seguinte argumento: «Sócrates quando discursa não mente. Sócrates está a
discursar neste momento. Logo, Sócrates diz a verdade». Aceitar a verdade da premissa
«Sócrates quando discursa não mente» exige, à partida, que admitamos a conclusão:
«Sócrates diz a verdade».
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Vejamos um exemplo.
Se não praticarmos desporto ou qualquer outra atividade física, não demorará muito
tempo até começarmos a engordar. Se começarmos a engordar, é certo que nos
transformaremos rapidamente em pessoas obesas. Desenvolveremos diabetes,
problemas nas articulações e estaremos condenados a ter pouca qualidade de vida,
acabando por morrer muito jovens. Portanto, devemos praticar desporto.
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Os falsos dilemas são muito comuns em política: «Ou votam em mim ou será o caos»,
«Ou temos armas nucleares ou corremos o risco de ser atacados», «Quem não é por
César é contra César», etc. Surgem, por vezes, camuflados sob perguntas retóricas: «Está
Vossa Excelência do nosso lado ou do lado das forças do mal?!». Os políticos usam
frequentemente falsos dilemas quando pretendem fazer-nos aceitar conclusões que não
queremos admitir.
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Por exemplo:
1. Fred, o australiano, roubou a minha carteira. Portanto, os australianos são ladrões.
(É evidente que não devemos julgar os australianos tendo por base um exemplo.)
2. Perguntei a seis dos meus amigos o que pensavam das novas restrições ao consumo e
eles concordaram que é uma boa ideia. As novas restrições são, portanto, populares.
Por exemplo:
1. Para ver como os canadianos vão votar na próxima eleição, entrevistámos cem pessoas
em Calgary. Isso mostra, de forma conclusiva, que o Partido da Reforma vai varrer as
eleições.
(As pessoas em Calgary tendem a ser mais conservadoras, portanto, mais propensas a
votar no Partido da Reforma, que é conservador, do que as outras pessoas do resto do
país.)
2. As maçãs de cima da caixa parecem boas. Todas as maçãs desta caixa devem ser boas.
(As maçãs podres, claro, estão escondidas no fundo.)
Falácia ad populum
Ocorre quando se sustenta que uma proposição é verdadeira por ser aceite
como verdadeira por uma parte significativa da população.
Esta afirmação é desmentida pelo estudo do Alto Comissariado para as Migrações, que
situa em 33.5% a percentagem de famílias ciganas beneficiárias do Rendimento Social
de Inserção (RSI).
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