Vous êtes sur la page 1sur 9

Gato que brincas na rua

Fernando Pessoa
1.
O sujeito poético inveja o gato pela ausência de preocupações
com que vive, resultado da irracionalidade que caracteriza a
sua condição aninal (“Invejo a sorte que é tua/ Porque nem
sorte se chama”, vv. 3-4), pela sua calma e aceitação do
destino (“Bom servo das leis fatais”, v. 5), por agir apenas
comandado pelo instinto (v. 7) e pelos sentidos (v. 8). É assim
que consegue ser feliz.
2.

Através da apóstrofe inicial, o sujeito poético aproxima-se


do gato, que admira, e caracteriza-o recorrendo à
comparação. Com esta, realça o comportamento
constante do gato, que esteja na rua, quer esteja na
cama. Ou seja, o animal age na rua com a mesma
naturalidade com que procederia na cama. Assim, o
sujeito poético destaca a ausência de convenções sociais
na atuação do gato, que vive segundo a sua vontade e os
instintos próprios de animal irracional.
3
a) Sendo o gato irracional, age segundo os instintos naturais
da sua condição felina. Não se trata de um
acontecimento circunstancial mas sim de uma
característica da sua essência.

b) O gato é um “nada”, sem qualquer relevo social. No


entanto, não está sujeito à observância de regras e,
portanto, não se molda à sociedade, agindo apenas de
acordo com os seus instintos e sentidos, sem estar
subjugado à razão. Esta condição é a responsável pela
sua felicidade
4.

Os dois últimos versos do poema levam-nos para a situação


particular do sujeito poético, pelo uso da primeira pessoa
gramatical. Depois de refletir sobre a natureza do gato,
estabelece um contraste entre o animal e ele próprio: na
verdade, o sujeito poético não consegue manter a sua
identidade (“estou sem mim”, v. 11), pois verga-se às
convenções sociais, pelo uso da razão, tornando-se um ser
estranho a si próprio (“Conheço-me e não sou eu”, v. 12).
5
O poema é constituído por três quadras de versos heptassilábicos
(redondilha maior), com rima cruzada.
Segunda Quadra:
Vocativo

Bom servo das leis fatais


Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes,

3 orações com função de modificadores


Gramática
1. “Porque nem sorte se chama” – Subordinada adverbial causal

2. Vocativo (núcelo: “servo”)


Integra:
Bom – modificador restritivo do nome
Das leis fatais – complemento do nome
Fatais – modificador restritivo do nome
Que regem pedras e gentes – modificador restritivo do nome
Que – sujeito (leis fatais)
regem pedras e gentes – predicado
pedras e gentes – complemento direto
Que tens instintos gerais - modificador restritivo do nome
que – sujeito (gato)
tens instintos gerais– predicado
instintos gerais– complemento direto

E (que) sentes só o que sentes – modificador restritivo do nome


Sentes só o que sentes – predicado
o que sentes – Complemento direto

3. Sujeito subentendido

4. “És”, “teu”, “Eu”, “vejo”, “me”, “estou”, “mim”, “Conheço”, “me”, “sou”,
“eu”

Vous aimerez peut-être aussi