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HESCHEL
ABRAHAM JOSHUA HESCHEL
* 11 de janeiro de 1907
+ 23 de dezembro de 1972
Nasceu em Varsóvia - POLÔNIA
Filho de Moshe Mordechai Heschel e Reizel Perlow
Heschel
Casa-se em 1946 com Sylvia Strauss
Filha Susannah Heschel
ESCOLA DE FRANKFURT
PANENTEÍSMO
KABBALHA
TEOTROPISMO (???)
Devido às graves perseguições nazistas,
refugia-se em Londres, depois Nova Iorque
Nos EUA assume postura de militância
→ O pensamento situacional;
O predomínio da razão na filosofia é
a principal diferença em relação ao
pensamento religioso, para o qual
todo discernimento está relacionado
com a vontade de Deus. Heschel
adota a perspectiva epistemológica
do pensamento aberto, que se
sobrepõe àquela que se dirige de
imediato para a busca de soluções.
Para o autor, no processo do
pensamento é de suma importância
formular questões, pois, em suas palavras,
“uma resposta sem uma pergunta é
privada de vida. Pode entrar na mente;
não penetrará na alma. Pode tornar-se
uma parte do intelecto; não chegará a ser
uma força criativa” (HESCHEL, Deus em
busca do Homem, p.16).
A teologia, por sua vez, refere-se a um
sentido último, o que, para o autor, diz
respeito às respostas de caráter
dogmático, antecipadamente formuladas,
restringindo a liberdade de pensamento,
pois se ocupam principalmente da
descrição, da norma e da história a
respeito de como Deus se apresenta para
o humano. Deixa de lado a necessidade
premente de estabelecer o homem
como centro da preocupação no
relacionamento com Deus.
Ao propor uma teologia da profundidade,
Heschel aponta o que considera um erro
grave da teologia conceitual: o fato desta
ter separado a existência dos atos
religiosos das afirmações acerca da
própria teologia.
Ele diz que as idéias a respeito da fé não
devem ser estudadas de modo totalmente
apartado dos momentos de fé, pois,
nestas ocasiões, a experiência do homem
em se conectar intimamente pela atitude
de reverência e, religiosamente,
encaminhar-se em direção à Luz, não
pode ser apreendida apenas pela
formulação de um conceito (HESCHEL,
Deus em busca do Homem, p. 21).
“Quando a fé é substituída pela profissão
de fé, a adoração pela disciplina, o amor
pelo hábito; quando a crise de hoje é
ignorada por causa do esplendor do
passado, a fé se torna mais propriamente
uma herança tradicional do que uma fonte
de vida; quando a religião fala mais pela
autoridade do que pela voz da compaixão,
sua mensagem torna-se sem significado. A
religião é uma resposta aos problemas
fundamentais do homem” (HESCHEL,
Deus em busca do Homem, p. 15).
Vemos que o autor propõe manter esta
questão como o foco principal da filosofia
da religião, relacionado com a tarefa
fundamental de descobrir os problemas
para os quais a religião é uma resposta
relevante. Volta a abordagem filosófica
para o âmbito existencial, o que implica
trabalhar com a descrição das
experiências da consciência na atividade
do conhecimento.
Considera não só a questão do Homem
em geral, mas também a de cada homem
em particular, pois o conhecimento
filosófico deve se estender ao cotidiano,
como condição para atingir algum
conhecimento a respeito de Deus.
Para o autor, o homem fala em símbolos.
Deus fala em acontecimentos e
mandamentos. Assim ele nos diz:
Pensando em tudo isso, começa-se a
querer saber se o simbolismo é uma
categoria autêntica de religião profética.
Ou se não é um meio de uma apologética
mais alta, um método de racionalização.
O que faz com que a Bíblia seja única é o
fato de ela descobrir a vontade de Deus
em palavras simples, dizendo-nos da
presença de Deus na historia e não em
sinais simbólicos e acontecimentos
míticos. A escada misteriosa que Jacó viu
foi um sonho; a redenção de Israel do
Egito foi um fato de ferro. “A escada
estava no ar enquanto a cabeça de Jacó
estava sobre uma pedra” (HESCHEL,
Deus em busca do Homem, p. 182).
Segundo Heschel, se há alguma coisa no
mundo que a Bíblia olha como “símbolo de
Deus é o homem, cada homem”. A idéia
de Deus é real, encontra-se concretizada
na materialidade de Sua criação, o
homem. Para o pensamento judaico, o
valor maior é o homem, ele mesmo é
expressão da realidade da obra do Criador
(HESCHEL, Deus em busca do Homem,
p. 158).
“Oque pode ter de tão luminoso um dia?
O que há de ser nele tão precioso para
cativar os corações? É que o sétimo dia é
uma mina onde o metal precioso do
espírito pode ser encontrado para, com
ele, construir o palácio no tempo, uma
dimensão em que o humano esta em casa
com o divino (...)” (pg. 29)
Neste dia celebra-se a presença
divina no tempo:
“(O Schabat) é santo, não longe de
nós. É santo, para nós. ‘Guardei o meu
Schabat por que ele deve ser santo
para ti’ (Êxodo 31,14). ‘O Schabat
adiciona santidade à Israel’ (Mekilta ao
31,14)”
“O que o Schabat confere ao
homem é algo real, quase aberto à
percepção, como se uma luz, que
brilha de dentro, que de sua face
resplandece”
(Pg. 123)
O Schabat e a eternidade
corresponde ao uno. Um exemplo
neste mundo do mundo vindouro.
“Serve de exemplo do mundo
vindouro e o mundo vindouro é
caracterizado pelo tipo de santidade
que o Schabat tem neste mundo (...)
‘O Schabat possui uma santidade
como aquela do mundo vindouro’.
Esse dia santo ‘o Sétimo dia e é o
sinal da ressurreição e do mundo
vindouro, e não poderá haver,
portanto, luto neste dia”. (pg. 105-
106)
A vida eterna não está longe do
homem, ela é plantada dentro do
homem. Este mundo vindouro não é
uma condição póstuma, mas
atualizado no presente, pelo próprio
ato de santificar o sábado
A dicotomia judaica não se dá entre
mente e matéria, mas entre sagrado e
profano.
“A lei do Schabat tenta dirigir o corpo
e a mente para a dimensão do
sagrado. Procura nos ensinar que o
homem não está só em relação com
a natureza, mas também em relação
com o criador da natureza” (pg. 109).
HESCHEL, A. J. O homem não está só. Ed. Paulinas. 1974
HESCHEL, A. J. O Schabat.
HESCHEL, A. J. Deus em busca do homem. Ed. Paulinas, 1975
HESCHEL, A. J. O homem à procura de Deus. Ed. Paulinas, 1974
HAZAN, G. Filosofia do judaísmo em Abraham Joshua Heschel: Consciência
religiosa, condição humana e Deus. Dissertação de mestrado em Ciências
da Religião. PUC/SP, 2006.
PFEFFER, R. S. A contribuição de Abraham Joshua Heschel para a Filosofia
das Ciências. Revista Horizonte, v. 9, n. 21, p. 311-328.