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Leitura e palavra

Prof. Dr. William Ruotti


Data: 05/08/2017
Objetivo
Visando o aprofundamento da discussão sobre a importância das
atividades de leitura na Educação Infantil, apresentar pontos teóricos
sobre as práticas de leitura e construção de sentidos e suas implicações
no processo de formação de leitores.
Estrutura da aula
• Leitura – o texto e a construção de sentidos
• Sistemas de conhecimentos e processamento textual
• Texto, contexto e gêneros textuais
• Letramento (breve retomada)
• Letramento Literário
• Prática guiada e organização de Sequências Didáticas
• Atividade e breve socialização
• Considerações/ Fechamento da aula
Cântico VI

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Leitura - o texto e a construção
de sentidos
Concepção de leitura
• Foco no autor
• Língua como representação do pensamento
• O texto é visto como um produto lógico do pensamento (representação
mental)
• Cabe ao leitor apenas “captar” essa representação mental, juntamente com
as intenções do produtor
• Foco no texto
• Língua como estrutura
• Sujeito determinada, ‘assujeitado’ pelo sistema
• Língua como código
• Cabe ao leitor o reconhecimento do sentido das palavras e estruturas do
texto
• Foco na interação autor-texto-leitor
• Concepção interacional (dialógica) da língua
• Os sujeitos são vistos como “atores/construtores sociais, sujeitos ativos que –
dialogicamente – se constroem e são construídos no texto
• A leitura é uma atividade interativa altamente complexa de produção de
sentidos
Relações entre o autor, o texto e o leitor
• O papel do leitor enquanto construtor de sentidos
• Estratégias como:
• Seleção
• Antecipação
• Inferências
• Verificação
O LEÃO E O SOL
Nilson Mello – Coleção Olho Mágico – Sementinhas

Conheci um leão que tinha muitas manias.


Uma delas era não sair de casa, nos dias de Sol. Ele dizia que tinha muito medo de sombras, pois receava
que tomassem o seu lugar. Quando era surpreendido pelo Sol, num de seus constantes passeios pela selva,
deitava-se e ficava ali mesmo, bem quietinho, aguardando que as nuvens o encobrissem. Deitava a cabeça
sobre o corpo e ficava ali imóvel.
Certo dia, um de seus filhos procurou saber o motivo pelo qual o pai agia assim. A resposta deixou-o
estarrecido.
- Mas isso é ridículo! – exclamou o filho.
- Vergonhoso, até! – reafirmou. E prosseguiu indignado: - O senhor teme alguém, especificamente?
- Isso é assunto meu – respondeu o velho leão, escondendo a cauda sob seu corpo, e olhando para todos
os lados.
Mas, pai, o senhor está agindo como um covarde!...
- Você pensa assim, porque não está no meu lugar, e esquece que sou Rei. - Ah! Então é isso! O senhor tem
medo que tomem o seu lugar! Pensei que estivesse brincando...- disse o filho, sorrindo.
E concluiu: - Imaginem, ter medo até da própria sombra!
- Já pensou, seu pai ser substituído? Seria uma desgraça.
- Mas, pai, isto faz parte da vida. Ninguém é insubstituível. Imagine se todo o mundo pensasse como o
senhor! Ninguém teria paz.
De repente, uma grande sombra surgiu diante de pobre leão. Era a da leoa, que vinha chamá-lo, pois havia
uma caça próxima dali...O coitado levou um susto enorme. E que tremedeira lhe deu...Só quando
reconheceu que era a sombra da sua companheira, é que ele se acalmou. Começou então a esfregar
suavemente sua cabeça no corpo do filho e no da companheira, para disfarçar, dizendo:
- Vamos ver essa caça de perto.
O filho olhou o pai, aspirou forte e murmurou:
- Esse meu pai tem cada mania!...É...coitado de quem sofre desse mal! São verdadeiros escravos!
- Vocês podem ir na minha frente – sugeriu o leão.
Os dois acataram a ordem, sorrindo. Enquanto caminhavam, o enigmático felino, de vez em quando, ainda
olhava para trás, para ver se ninguém os seguia. Á certa altura, o pequeno leãozinho disse:
- Pai, eu acho que, quem tem medo até de sombra, é porque não tem consciência tranquila. E só não a
tem quem não obedece as leis da Natureza.
Dizendo isto, lá se forma os três à procura de caça.
Sistemas de conhecimentos e
processamento textual
Conhecimento linguístico
Conhecimento enciclopédico
Conhecimento interacional
• Engloba os conhecimentos:
• Ilocucional (objetivos e propósitos pretendidos pelo produtor do texto)
• Comunicacional (quantidade de informação necessária, seleção da variante
linguística adequada, adequação ao gênero à situação comunicativa)
• Metacomunicativo (permite assegurar a compreensão e aceitação do texto)
• Superestrutural (conhecimento sobre gêneros textuais)
Texto, contexto e gêneros
textuais
Letramento
Para recordar...
• Hoje
• Letramento – como conjunto de práticas sociais que usam a escrita, como sistema simbólico
e como tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos
• Agências de letramento
• A Escola – preocupa-se não com o letramento como prática social, mas com apenas um tipo
de letramento, qual seja, a alfabetização, o processo de aquisição de códigos (alfabético,
numérico), processo geralmente concebido em termos de uma competência individual
necessária para o sucesso e promoção na escola
• Outras agencias – orientações de letramento muito diferentes
• Evento de letramento (ex.: conto de fadas)
• Mesmo não sabendo ler e escrever, pode ser considerada letrada
• Modelos de letramento (KLEIMAN, 1995)
• Modelo autônomo
• Modelo ideológico
Modelo autônomo
• Pressupõe que há apenas uma maneira de o letramento ser
desenvolvido, sendo que essa forma está associada quase que
causalmente com o progresso, a civilização, a mobilidade social
• Nesse modelo, o termo “autonomia”
• Pelo fato de que a escrita seria um produto completo em si mesmo, não
estaria preso ao contexto de sua produção para ser interpretado
• O processo de interpretação – determinado pelo funcionamento
lógico interno ao texto escrito, não dependendo das reformulações
estratégicas que caracterizam a oralidade
Modelo Ideológico
• Todas as práticas de letramento são aspectos não apenas da cultura
mas também das estruturas de poder numa sociedade
• Não é uma negação de resultados específicos dos estudos realizados
na concepção autônoma de letramento
• Práticas discursivas e eventos de letramento
• As práticas de letramento mudam segundo o contexto
• Evento de letramento – situações em que a escrita constitui parte essencial para
fazer sentido da situação, tanto em relação à interação entre os participantes
como em relação aos processos e estratégias interpretativas (p.40) Ex.: estória
antes de dormir
• Eventos de letramento – quando, como e onde acontecem
• Valorização versus famílias com alto nível de escolarização
• “uma diferença marcante entre os dois grupos é que os adultos com menos
escolarização não estendem nem o conteúdo nem as práticas dos eventos de
letramento a outros contextos, lembrando às crianças, na presença do objetos do
mundo real, de eventos ou objetos semelhantes nos livros que conhecem” (p.42-
43)
• Falta de encorajamento quando as crianças inventam histórias (baixa
escolarização)
• Práticas de letramento na escola
• Low tracking
• High tracking
• No brasil – reprodução do status quo
• Além das deficiências do sistema educacional na formação de cidadãos letrados,
das falhas do currículo, também as falhas são mais profundas, pois decorrentes
dos próprios pressupostos que subjazem ao modelo de letramento escolar

*tracking – atrelamento
Painel: Qual a importância do trabalho com a
leitura na Educação Infantil?
Letramento Literário
• Letramento – os usos que fazemos da língua em nossa sociedade
• Designa as práticas sociais da escrita que envolvem a capacidade e os
conhecimentos, os processos de interação e as relações de poder relativas ao uso da
escrita em contextos e meios determinados
• As práticas sociais da escrita são diversificadas
• Letramentos (no plural) – pluralidade do letramento
• Letramento Literário
• Um dos usos sociais da escrita
• Tipo de letramento singular
• Ele demanda um processo educativo específico que a mera prática de leitura dos
textos literários não consegue sozinha efetivar
• “processo de apropriação da literatura enquanto construção literária de sentidos”
• É uma experiência de dar sentido ao mundo por meio de palavras que falam de
palavras, transcendendo os limites de tempo e espaço
 “a adequada escolarização da literatura é aquela que
conduz a práticas de leitura que ocorrem no contexto
social, a atitudes e aos valores que correspondem ao
ideal de leitor que se quer formar”.

 Letramento Literário em sala de aula


o Questões
 Quem e quando diz
 O que diz
 Como diz
 Para que diz
 Para quem diz
• Habilidades ou estratégias no ato de ler (PRESSLEY,
2002):
 Conhecimento prévio
 Conexão
 Inferência
 Visualização
 Perguntas ao texto
 Sumarização
 Síntese
O que lemos quando lemos o texto literário? Contexto-autor

Contexto-leitor
Contexto
Contexto-texto

Contexto-
intertexto

Leituras literárias
Texto-autor

Texto-leitor
Texto
Texto-contexto

Texto-intertexto

Intertexto-autor

Intertexto-leitor
Intertexto
Intertexto-texto

Intertexto-
contexto
• Desenvolvimento da Competência Literária
• Ler o texto
• Ler o contexto (o que ele traz consigo)
• Ler o intertexto ( lugar desse texto dentro de um repertório)
• Prática guiada e organização da Sequência Didática
Atividade
A partir dos pontos apresentados e das discussões realizadas, elabore
uma proposta de trabalho de leitura utilizando a obra entregue ao
grupo. Essa proposta deve contemplar, principalmente:

1) Objetivo
2) Organização (etapas) da Sequência Didática
3) Avaliação (Critérios)
Habilidades Socioemocionais

• Autonomia
• Colaboração
• Curiosidade Investigativa
• Pensamento crítico
• Gestão da informação
• Gestão de processos
• Resolução de problemas
• Comunicação
• Liderança
• Criatividade
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL
• Princípios éticos – valorização da autonomia, da responsabilidade, da
solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às
diferentes culturas, identidades e singularidades.
• Princípios políticos – garantia dos direitos de cidadania, do exercício
da criticidade e do respeito à ordem democrática.
• Princípios estéticos – valorização da sensibilidade, da criatividade, da
ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.
Além disso, devemos considerar...
• A ludicidade
• Organização do tempo
• Atividades permanentes
• Sequências de atividades (Projetos)
• Observação, registro e avaliação formativa
Citações
“Não há como evitar que a literatura, qualquer literatura, não só a
literatura infantil e juvenil, ao se tornar ‘saber escolar’, se escolarize e
não se pode atribuir, em tese, [...] conotação pejorativa a essa
escolarização, inevitável e necessária; não se pode criticá-la, ou negá-la,
porque isso significaria negar a própria escola [...]. O que se pode
criticar, o que se deve negar não é a escolarização da literatura, mas a
inadequada, a errônea, a impropria escolarização da literatura, que se
traduz em sua deturpação, falsificação, distorção, como resultado de
uma pedagogização ou uma didatização mal compreendidas que, ao
transformar o literário em escolar, desfigura-o, desvirtua-o, falseia-o”
(SOARES, Magda B. “A escolarização da literatura infantil e juvenil”. In: EVANGELISTA, Aracy A. M.; BRANDÃO, Heliana M. B.; MACHADO, Maria Z. V. Escolarização da
leitura literária. Belo Horizonte: Autêntica, 2011).
“Ler, no sentido de construção de sentidos a partir de textos, supõe
normas, códigos de interpretação aprendidos numa comunidade;
supõe a aprendizagem de comportamentos face ao texto e ao contexto
onde se lê, comportamentos ‘oficialmente’ sancionados e
culturalmente aceitos relativamente ao que se deve ser uma leitura
apropriada, ao que deve ser resposta do leitor e, também, ao que é
texto válido. Nesta perspectiva, os códigos de leitura ensinados,
qualquer que seja o modelo pedagógico, podem ser vistos como
conjuntos de constrangimentos na relativa (e enfatizo relativa)
liberdade interpretativa dos alunos leitores”.
(DIONÍSIO, Maria de Lourdes T. A construção escolar de comunidade de leitores. Coimbra: Almedina, 2000.)
“A tarefa de uma metodologia voltada para o ensino da literatura está
em, a partir dessa realidade cheia de contradições, pensar a obra e o
leitor e, com base nessa interação, propor meios de ação que
coordenem esforços, solidarizem a participação nestes e considerem o
principal interessado no processo: o aluno e suas necessidades
enquanto leitor, numa sociedade em transformação”.
(AGUIAR, Vera T.; BORDINI, Maria da Glória. Literatura: a formação do leitor. Alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988)
“O tipo de avaliação literária consistente com a pedagogia de
transformação individual e social deve ser a extensão coerente dos
objetivos e métodos prescritos para a implementação de metas
objetivas. Se a literatura na escola é acessada através da testagem da
compreensão de determinados textos ou no treinar alunos para
costurar as anotações ditadas pelos professores na turma, a resposta
literária estará cada vez mais distante de se tornar responsabilidade
literária”.
(LEAHY-DIOS, Cyana. Educação literária como metáfora social. Niterói: Eduff, 2000.
“Tornar-se e ser-se leitor não envolve apenas o domínio e mestria de
uma técnica, mas envolve também uma forma de posicionamento face
ao escrito é às práticas de apropriação dos sentidos textuais. Este
posicionamento, constitutivo da história pessoal de cada sujeito, é uma
função de um processo social mais vasto que prescreve um conjunto de
convenções sobre as possibilidades e impossibilidades inerentes às
ações individuais e sociais da leitura”.
(DIONÍSIO, Maria de Lourdes T. A construção escolar de comunidade de leitores. Coimbra: Almedina, 2000.)
“Em relação aos professores e outros profissionais da leitura, o
reconhecimento da competência que determinados textos demandam,
pode ajuda-los a oferecer às crianças uma experiência de leitura mais
rica, mais valiosa, tanto para fins didáticos quanto estéticos, tanto na
prática cotidiana da sala de aula quanto na formulação de políticas
públicas. Isto, porém, pressupõe uma crença (ou as diretrizes do
currículo nacional) de que a compreensão mais profunda da literatura é
um objeto desejável em educação. Pessoalmente, eu acho que é um
objetivo imperativo”.
(NIKILAJEVA, Maria. Literacy, competence and meaning-making: a human sciences approach. Cambridge Journal of Education, v. 40, n. 2, 2010.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.1080/0305764X.2010.481258.)

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