AS PRATICAS ALTERNATIVAS COMO CONSTRUÇÃO DE UM
NOVO CAMPO DE SABER NO SISTEMA DE SAUDE PÚBLICO
Autores: Leonilson Santos, Pedro Rodolfo
Professor Orientador: Leonel Cardoso
Curso de Graduação em Psicologia 2017 – Estágio básico I
INTRODUÇÃO
De acordo com Spink (2013) a formação do psicólogo para atuação em
instituições de saúde – procura situar a complexidade do trabalho em
instituições e a consequente necessidade de sofisticação da análise da
dinâmica institucional e do referencial teórico utilizado para este fim. Em 2017
o Ministério da Saúde liberou através da Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC), as práticas integrativas a saúde, são
elas, meditação, arteterapia, reiki, homeopatia, fitoterapia, musicoterapia,
osteopatia e quiropraxia. Esta ação pode ser vista como uma nova forma de
praticar saúde, com novas demandas e necessidades de práticas
psicológicas e possibilitando ajudar a completar práticas convencionais que
não abarcam a totalidade humana.
Sobre a essencial participação de diferentes profissionais na saúde, o
Ministério da Saúde ao criar a PORTATIA Nº 971, DE 03 DE MAIO DE 2006,
avançou ao reconhecer as práticas complementares/alternativas como
recursos terapêuticos naturais. Tais sistemas e recursos envolvem
abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de
agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras,
com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico
e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade, de
acordo com os dados do PORTARIA Nº971 Ministério da Saúde
(MINISTÉRIO DA SAUDE, 2006 online)
Algumas práticas já eram oferecidas pelo SUS, como massagens,
massoterapia e Chi Kung, está ultima aderida pela estratégia de saúde da
família em Divinópolis, que constitui em uma intervenção terapêutica como
forma de buscar a união do corpo e da mente num equilíbrio harmonioso. A
integração das novas práticas é um desafio para a saúde por sua vasta
diversidade de formações, contribuindo assim para a integralidade da
assistência de forma humanizada.
Objetivo
Geral
O trabalho tem como objetivo analisar a introdução das práticas
alternativas dentro da saúde pública.
Específicos
Esclarecer as contribuições trazidas aos pacientes e participantes,
assim como os desafios para a introdução no campo da saúde pública dos
profissionais das práticas alternativas e a adaptação junto ao trabalho dos
profissionais convencionais;
Analisar as estratégias criadas na ampliação da importância de se
pensar o indivíduo não apenas como ser integrado em limitadas práticas
coletivas, mas como subjetividade humana e a possibilidade de se trabalhar
de forma plural a promoção de saúde.
Metodologia de Pesquisa
O estágio é realizado em dois campos da estratégia de saúde da
família, o primeiro através da atenção básica sendo realizadas visitas e
acompanhamento terapêutico, o segundo através da prática terapêutica Chi
Kung, um exercício que combina movimentos suaves com respiração sendo
que ao final de cada exercício, é retirado alguns minutos para uma roda de
conversas e reflexões sobre as demandas trazidas pelos participantes.
As tarefas realizadas podem ser consideradas difíceis devido ao
envolvimento humano. Cumpre destacar, que os acompanhamentos
apresentam especificidades trazidas aos estagiários uma vez que são
expostas crenças, valores, conflitos, emoções sentimentos e toda a
subjetividade humana, fazendo presente o desenvolvimento de novas
habilidades para manejar frente a essas questões, sendo necessária a
contribuição da abordagem de psicologia social para o direcionamento do
estágio.
Faculdade Pitágoras, Divinópolis, MG.
RESULTADOS
O trabalho cotidiano do psicólogo nas unidades básicas de saúde é
desenvolvido em cooperação com os outros profissionais da equipe. Existe
um grupo de Chi Kung realizado com assistência de enfermeiras, além de
serem feitos pronto atendimentos no PSF, atendimentos domiciliares com
pessoas idosas, atendimentos de emergência, desenvolvimento de atividades
de cunho educativo e desenvolvimento de grupos terapêuticos.
A pesquisa aponta que apesar do psicólogo no PSF contribuir com o
trabalho da equipe no desenvolvimento cotidiano de saúde, o foco é muito
voltado ao atendimento individual, em grande maioria como atenção
secundária de saúde. O psicólogo pode desenvolver ações preventivas,
trabalhar com a terapia comunitária e com atendimentos coletivos em casos
mais leves, sempre buscando inovações na forma de atenção a saúde. A
aquisição de novas práticas alternativas possibilita maior integração do
psicólogo com os profissionais que as aplicam, na tentativa de ampliar a visão
para conhecer melhor a comunidade, trabalhar a conscientização dos
pacientes.
Bittencourt e Matheus (2006) concluem sobre o psicólogo na saúde
publica e identificam esse profissional como um facilitador das práticas
geradoras de saúde mental, de melhoria de qualidade de vida, percebido
como alguém “aquém se pode recorrer na busca de acolhimento, em
situações consideradas difíceis. Além disso, para o usuário suas presença na
equipe satisfaz o desejo de acesso e humanização dos serviços”
Conclusões
Spink (2013), elucida sobre a construção de uma psicologia da saúde -
não se constrói uma disciplina apenas através do relato das práticas a ela
associadas. É necessário criar estratégias, integrações entre profissionais e
práticas. “Englobar não apenas os processos psicológicos e psicopatológicos
que caracterizavam a psicologia clínica tradicional, como também o
conhecimento dos processos sociopsicológicos relevantes para a
manutenção da saúde e a compreensão da origem e do desenvolvimento da
doença e dos diversos aspectos da prática médica” (pag. 33).
Espera-se com este projeto contribuir para a divulgação das novas
práticas aderidas pelo SUS, e ao mesmo tempo incentivar alunos e
professores a pensarem novas metodologias de ensino junto a essas novas
possibilidades de praticar saúde, concebendo assim o usuário dos serviços
de saúde como um ser total.
As conclusões obtidas mostram que mesmo através das dificuldades
enfrentadas é possível integrar novas práticas aos PSF, sendo que a procura
por métodos de saúde complementares se torna cada vez mais crescente.
Bibliográfica
BITTENCOURT, R. A. do A., & MATEUS, M. L. F. (2006). Possibilidades de
atuação do psicólogo no programa saúde da família: a experiência de Bonito-
MS. Psicol. Cienc. Prof. Vol.26 no.2 Brasília Jun. 2006
BRASIL. BRASIL. Ministério da Saúde. Aprova a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS. PORTARIA Nº 971, DE 03
DE MAIO DE 2006.
FILICE. N. B. Política nacional de práticas integrativas e complementares no
SUS – PNPIC-SUS. Cad.Saúde Pública vol.11 no.3 Rio de Janeiro Jul/Set.
2006
GAUER G., SOUZA L. M., MOLIN F. D., & GOMES W. B. Terapias
alternativas; uma questão contemporânea em psicologia. Instituto de
Psicologia UFRGS. Psicol. Cienc. Prof. Vol.17 no.2 Brasília 1997
JONAS, W. B. LEVIN, J. Tratado de Medicina Complementar e Alternativa.
Editora Manole Ltda. Barueri, São Paulo, 2001.
SPINK, M. J. P. Psicologia Social e Saúde; práticas, saberes e sentidos.
Editora Vozes. Petrópolis, RJ , 2013