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A bioética e a saúde

materno-infantil
A bioética e a saúde materno-infantil

Discutir as questões da maternidade e da paternidade é, de certo


modo, discutir e questionar:

Como se constrói uma cidadania social e política?


Como vivemos uns com os outros? (…)

Porque o que está em causa é:

• Qual é a responsabilidade ética de uma comunidade para que


um recém-nascido se torne um ser humano capaz de prometer?
CONTEXTO PORTUGUÊS

• As mudanças na situação das mulheres,


ocorreram a partir de 1974, a nível do
ensino, do emprego e da família.
CONTEXTO PORTUGUÊS
ENSINO:Devemos fazer referência especial à taxa elevadíssima de
feminização do ensino superior em Portugal.
CONTEXTO PORTUGUÊS
EMPREGO:
• Uma das grandes mudanças que se verificaram no mercado de emprego
nas últimas décadas teve a ver com a feminização da mão de obra.
CONTEXTO PORTUGUÊS

 FAMILIA: As transformações mais importantes:

O estabelecimento do divórcio para os casados


catolicamente (1975) e a introdução de meios
contracetivos modernos, surgindo deste modo
uma paisagem familiar mais diversificada.
CONTEXTO PORTUGUÊS

• Esses novos tipos de família veiculam um contrato conjugal mais


igualitário, em que deixou de haver a figura do chefe de família.

• No art. 36º da Constituição da República Portuguesa:

– “1. Todos têm o direito de constituir família e de contrair


casamento em condições de plena igualdade. [...]

– 3. Os cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à


capacidade civil e política e à manutenção e educação dos
filhos”.
PLANEAMENTO
FAMILIAR / Direitos Reprodutivos.
ENQUADRAMENTO

 Primeiro “bebé-medicamento” nasceu nos Estados Unidos


Foi em 2001, e o bebé veio tratar Molly Nash, que na altura tinha seis
anos e sofria de anemia de Franconi;

Portugal autoriza nascimento de primeiro "bebé-medicamento"
 RTP 30 Abr, 2015, 13:06 / atualizado em 30 Abr, 2015, 14:32 | País

 A LEI N.º 32/06, SOBRE PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA –


revista pela ultima vez : Lei nº25/2016 – gestação de substituição
ENQUADRAMENTO

 Banco Público de Gâmetas - Ministério da Saúde autoriza Centro


Hospitalar do Porto a criar Banco Público de Gâmetas. Despacho n.º
3219/2011. DR n.º 34, Série II de 2011-02-17
Enquadramento

 Instituto de Política Familiar (IPF) - "evolução do aborto na Espanha:


1985-2005“ - principal causa de mortalidade no país.

 Referendo à despenalização do aborto em Portugal


(2007) realizou-se no dia 11 de Fevereiro de 2007, tendo sido o
terceiro referendo realizado em Portugal e o segundo sobre este
tema.

 INQUÉRITO A 1400 MULHERES EM IDADE FÉRTIL - Uma em


cada três adolescentes já tomou a pílula do dia seguinte
: PÚBLICO - 03/03/2005

 Sobrevivem 40% dos bebés que nascem com 24 semanas: por Ana
Maia, 17 Novembro 2010
SAÚDE REPRODUTIVA E EQUIDADE

• As transformações de um modelo de família pensado como


constituído por pai-mãe-filhos e o aparecimento de uma
pluralidade de tipos de famílias, assim como a entrada cada vez
mais precoce numa vida sexual activa teve, entre outras
consequências, que o conceito utilizado nos anos 60 de
Planeamento Familiar fosse progressivamente substituído, a
nível das instituições internacionais, pelo de Direitos
Reprodutivos.
Carta dos Direitos Reprodutivos

• Este conceito é mais lato e inclui aspectos que não eram incluídos
no de Planeamento Familiar, nomeadamente o direito à orientação
sexual no que diz respeito à igualdade e a não ser alvo de
qualquer forma de discriminação.

• Este conceito tem também em conta grupos-alvo desfavorecidos,


entre eles, os jovens.

• Não é um conceito simplesmente médico, mas inclui nele


aspectos sociais e culturais.

• As questões de saúde sexual têm em conta aspectos fora do


âmbito exclusivo de reprodução, como a violência e o abuso
sexual, Doenças Sexualmente Transmissíveis e a SIDA.
Carta dos Direitos Reprodutivos

São componentes dos direitos sexuais e reprodutivos:

- a igualdade e equidade entre homens e mulheres;


- a não discriminação baseada no sexo;
- a segurança sexual e reprodutiva, incluindo a não sujeição à
violência sexual e à coacção e o direito à vida privada.
A maternidade e a paternidade responsáveis
A passagem de uma natalidade dependente dos ritmos naturais,
para uma natalidade controlada pela intervenção humana, tanto
para a evitar como para a promover, resultou da acão conjunta de
múltiplos fatores:

 Culturais;

 Demográficos;

 Sócio-económicos.
FACTORES CULTURAIS

 Valorização da criança;

 Modificação do papel social da mulher

 Nova vivência da sexualidade


FACTORES DEMOGRÁFICOS

“É impossível alcançar o bem-estar geral sem


contenção demográfica, pois o crescimento
demográfico é sempre maior que a produção de
bens”
Pessini, Barchifontaine (2002,170)
FACTORES SÓCIO-ECONÓMICOS

O interesse contraceptivo é, no fundo e também,


uma preocupação pela criança

Mais do que falar em limitação à fertilidade,


hoje fala-se de orientação e planeamento
familiar/direitos reprodutivos.
FACTORES SÓCIO-ECONÓMICOS

Orientação no sentido de informar e aconselhar o casal e


os jovens individualmente a planear a sua família numa
óptica da responsabilidade.

Planeamento entendido como o direito que os


casais têm de ter filhos quando o desejam.
Direito à maternidade e paternidade

Artigo 67.º - Família

1. A Família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à


proteção da sociedade e do Estado e à efetivação de todas as condições
que permitam a realização pessoal dos seus membros.

d) Garantir, no respeito pela liberdade individual, o direito ao planeamento
familiar, promovendo a informação e o acesso aos métodos e aos meios
que o assegurem, e organizar as estruturas jurídicas e técnicas que
permitam o exercício de uma maternidade e paternidade conscientes;
Constituição da República Portuguesa
A maternidade e a paternidade Responsáveis

Lei n.º 3/84 de 24 de Março


Educação sexual e planeamento familiar

Artigo 1.º

2- “Incumbe ao estado, para proteção da família, promover, pelos


meios necessários, a divulgação dos métodos de planeamento
familiar e organizar as estruturas jurídicas e técnicas que permitam o
exercício de uma maternidade e paternidade conscientes.”
A maternidade e a paternidade Responsáveis

Lei n.º 3/84 de 24 de Março


Educação sexual e planeamento familiar
Artigo 3.º
Objeto do planeamento familiar
2- “proporcionar aos indivíduos e aos casais informações, conhecimentos
e meios que lhes permitam uma decisão livre e responsável sobre o
número de filhos e o intervalo entre o seu nascimento.”
A maternidade e a paternidade Responsáveis

Lei n.º 3/84 de 24 de Março

Educação sexual e planeamento familiar

Artigo 3.º

Objeto do planeamento familiar

3- “Os métodos de planeamento familiar constituem instrumento


privilegiado de defesa da saúde das mães e dos filhos, de prevenção
do aborto e de defesa da saúde e da qualidade de vida dos
familiares.”
A maternidade e a paternidade Responsáveis

Lei n.º 3/84 de 24 de Março


Educação sexual e planeamento familiar
A decisão da escolha de um método contraceptivo é
uma decisão do foro pessoal e conjugal e os técnicos de
saúde estão obrigados ao segredo profissional.
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS DECISÃO DO FORO PESSOAL E CONJUGAL

1 - Os que permitem a fecundação, mas impedem a


implantação do embrião no útero e os que
favorecem a expulsão inicial ou tardia do mesmo.
métodos intra-uterinos/antimplantatórios
(dispositivo intra-uterino)
métodos de intercepção
(pílula do dia seguinte)
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS (cont.)

2. Impedem a fecundação

métodos naturais
(abstinência periódica, coito interrompido, lavagens vaginais)
métodos de barreira
(preservativo e diafragma)
métodos hormonais
(contracetivos orais, dispositivo intra-uterino e subcutâneos e
selos)
métodos cirúrgicos
(laqueação das trompas, vasectomia)
INTERRUPÇÃO DA
GRAVIDEZ
ENQUADRAMENTO
MÉDICO E ÉTICO-LEGAL
INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ
CONCEITO

ABORTO
Deriva do Latim "ab" (não) "ortus" (nascimento).

Interrupção provocada da gravidez de uma forma


voluntária, antes que o feto possa sobreviver fora do útero
materno, isto é, seja viável.
Aborto é:

“a expulsão ou a extracção do embrião ou feto com menos


de 500gr de peso ou menos de 22 semanas de gestação
e a morte fetal a que ocorre depois das 22 semanas.”
OMS
“ é a morte que se produz no seio materno, ou fora dele, do
embrião ou do feto não viável. A morte pode produzir-se de
forma natural, isto é espontânea ou provocada.”
Pastor Garcia (1996)
MÉTODOS DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ

Idade gestacional do feto;


História clínica da mulher;
Tipos de tratamento disponíveis.

MÉDICO CIRÚRGICO

Segundo MURPHY e JORDAN (2002:40) é adequada a


utilização do método médico até às 9 semanas de gestação
(64 dias) e entre as 7 e as 12 semanas é aconselhado o
método cirúrgico.
MÉTODOS DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ

Não envolve uma intervenção


MÉTODO MÉDICO cirúrgica, apenas utiliza fármacos
capazes de induzir o aborto

Bloqueio da acção da
MIFEPRISTONA
progesterona

provoca contractilidade uterina


apagamento cervical
deslocamento do blastocisto/embrião
MÉTODOS DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ

MÉTODO CIRÚRGICO

Curetagem

Introdução no canal cervical de dilatadores


metálicos para provocar a dilatação, seguida
de curetagem da superfície uterina com
curetas .
MÉTODOS DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ

Aspiração

menor risco de hemorragia


excessiva
Menor risco de infecção
Menor risco de perfuração do
útero
QUESTÕES ÉTICAS E LEGAIS
ESTATUTO DO EMBRIÃO

A questão básica em toda a discussão ética sobre a interrupção da


gravidez centra-se no Direito à vida do não-nascido.
Será que o embrião resultante da fusão de um espermatozoide e de um óvulo é
apenas uma simples célula com particularidades específicas ou já é um ser
humano?

Será o embrião humano uma pessoa potencial ou uma pessoa humana real?

A partir de que momento exato deverá o produto de conceção ser objeto de toda
a proteção implícita a um ser humano?

Será que ao ovo ou zigoto, antes da nidação uterina, deverão ser outorgados
menos direitos do que a um embrião já implantado no útero materno?
QUANDO COMEÇA A VIDA
HUMANA?

Fecundação

Nidação

Formação da linha primitiva - córtex cerebral


QUANDO COMEÇA A VIDA
HUMANA?

O embrião e o feto são praticamente ignorados nas Declarações


sobre os Direitos.

 A Declaração dos Direitos Humanos só se refere aos direitos após


o nascimento e a Declaração dos Direitos da Criança não faz
referência à vida intra-uterina.

Só recentemente, a Convenção Europeia dos Direitos do Homem e


da Biomedicina faz referência à vida intra-uterina, nos artigos 13º,
14º e 18º referindo-se à investigação sobre o genoma e ao embrião
in-vitro.
QUANDO COMEÇA A VIDA HUMANA?

Mas será o feto uma entidade perfeitamente definida e limitada no


tempo?
Não há consenso!

 EMBRIÃO – até às 12 semanas;


– até à fase de nidação (5 a 8 dias após a
fecundação);
– 15º dia após a fertilização e início da formação do
tubo neural;
– 30º dia após a fecundação aquando do
encerramento do tubo neural.

Não é possível diferenciar limites claros entre as


fases da vida intra-uterina.
QUANDO COMEÇA A VIDA
HUMANA?

 Por sua vez, o limite superior da vida fetal que corresponde ao momento
em que o feto é viável fora do útero, tem variado à medida dos avanços
da Medicina. Hoje, admite-se que esteja nas 23 semanas!!!!

 Os exames complementares de diagnóstico têm permitido avaliar o


desenvolvimento fetal e a sua interacção com a mãe, contribuindo para
a pessoalização intra-uterina.

 Torna-se incontestável que o embrião e o feto estão, durante a vida


intra-uterina, em situação de grande dependência materna, dos seus
sentimentos, das suas infecções, dos seus cuidados e dos seus
descuidos.
QUANDO COMEÇA A VIDA HUMANA?

A vida humana é intocável desde a concepção


baseando-se na irrefutável evidencia biológica que
é o facto de no zigoto já se encontrar o programa
genético do novo individuo (CNECV,1993)

Para a Comissão dos Assuntos Jurídicos e dos direitos


dos Cidadãos do Parlamento Europeu “A vida humana
começa com a fecundação e desenvolve-se sem saltos
de qualidade numa continuidade permanente até à
morte” (SERRÃO e NUNES,1998:143)
ESTATUTO JURÍDICO DO
EMBRIÃO

Constituição da República Portuguesa (Artº 24º, nº1)

“a vida é inviolável”, o embrião/feto encontra-se


protegido, mas não goza de protecção do direito à vida,
enquanto direito fundamental, porque segundo o artigo
66º, do código civil, ele só adquire personalidade
jurídica no momento do nascimento completo e com
vida, só a partir daí é reconhecido pelo Direito, como
titular de direitos e obrigações”.
A vida humana é inviolável
( Artigo 24.º CRP)

O Aborto é qualificado como crime até (lei nº16/2007 de 17 de Abril)

Exceções
Por opção da mulher
nas 1ªs 10 semanas de gestação

Aborto terapêutico Aborto ético


(a finalidade é remover ou evitar um mal) (violação)

Aborto eugénico
(evitar a ocorrência de nascimentos marcados
por doenças incuráveis ou mal-formações)
ENQUADRAMENTO LEGAL
LICITUDE

Para que a IVG não fosse punível, o Código Penal (Art.º 141)
requeria cumulativamente:

 Seja efetuada por um médico, ou sob sua direção em


estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido
e com o consentimento da mulher grávida, o qual é prestado
em documento assinado por esta, ou a seu rogo;
 A verificação das circunstâncias que tornam não punível a
IVG seja certificada em atestado médico, escrito e assinado,
antes da intervenção, por médico diferente daquele por
quem, ou sob cuja direção, a interrupção é realizada.
ENQUADRAMENTO LEGAL antes de 2007
CP (Artº 142)
Crimes contra a vida intra-uterina

Pena de prisão de 2 a 8 anos quem por


qualquer meio e sem consentimento da
mulher a fizer abortar – Aborto não
consentido;

Circunstâncias Se o aborto for feito com o consentimento


Puníveis da mesma - pena de prisão até 3 anos;

Pena de prisão até 3 anos à mulher


grávida que der consentimento ao aborto
praticado por terceiro, ou que por facto
próprio ou alheio, se fizer abortar;
ENQUADRAMENTO LEGAL depois de 2007
CP (Artº 142)
QUESTÕES ÉTICAS E LEGAIS
DECISÃO DA GRÁVIDA

CONSENTIMENTO INFORMADO
Segundo o CÓDIGO DEONTOLÓGICO DO ENFERMEIRO o
enfermeiro assume o dever de:
Atender com responsabilidade e cuidado todo o pedido de informação ou
explicação feito pelo indivíduo em matéria de cuidados de enfermagem; ou
seja, dar resposta com exactidão incluindo os conteúdos pertinentes à sua
finalidade de forma gentil, atenta e utilizando os instrumentos básicos de
enfermagem.

Informar sobre os recursos a que a pessoa pode ter acesso, bem como a
maneira de os obter; para tal, o enfermeiro necessita de ter conhecimento
dos recursos existentes à sua volta, tanto na organização como na
comunidade.

O importante desafio que a IVG coloca é, depois de oferecer uma


correcta informação à grávida, obter o seu consentimento
informado.
QUESTÕES ÉTICAS E LEGAIS
DECISÃO DO PROFISSIONAL

Para salvaguardar a crença do próprio profissional de saúde,


este pode recusar-se a prestar cuidados numa situação que
considere ir contra os seus próprios princípios

Para isso pode alegar ser objector de consciência


como refere o Código Deontológico do Enfermeiro
. (OE, 2003)

O enfermeiro objector deve anunciar por escrito ao seu superior


hierárquico imediato ou a quem desempenha a sua função, a sua
decisão de recusa da pratica de acto da sua profissão explicitando as
razões porque tal prática entra em conflito com a sua consciência ou
contradiz o disposto no Código Deontológico.
VALOR DA VIDA HUMANA

Quando se trata de IVG, estamos a lidar com duas


entidades humanas distintas:

a mãe
o embrião/feto

COMO DECIDIR?
QUAL O MELHOR INTERESSE?
VALOR DA VIDA HUMANA
DISCUSSÃO

Os argumentos a favor da despenalização/legalização do aborto,


foram os seguintes:

 Pluralismo social;

 A não discriminação social;

 Riscos do aborto não clínico;

 Irrealismo de uma legislação restritiva do


aborto
VALOR DA VIDA HUMANA
DISCUSSÃO

Os argumentos contrários à legalização/despenalização do aborto,


foram:

 Multiplicação dos números do aborto;

Valor proclamatório da lei;

O valor da vida humana.


VALOR DA VIDA HUMANA
ATRIBUTOS CARACTERÍSTICOS DA PESSOA HUMANA

Capacidade de:
Pensar Livre decisão
Sentir
Amar

•Todos estes traços, não existem ainda no


Consciência recém-nascido.
de si mesmo •Não reúne essas características e o seu
cérebro que constituirá a base biológica
das suas futuras qualidades pessoais, é
ainda extremamente imaturo.
•Apesar disso, tem a capacidade de se
Estabelecer relações tornar pessoa num longo processo do qual
interpessoais as relações interpessoais terão um papel
importante.
VALOR DA VIDA HUMANA
ATRIBUTOS CARACTERÍSTICOS DA PESSOA HUMANA

Para NUNES (1998) “até existir iniludível


confirmação de que o embrião, durante as
suas primeiras divisões, não tem as
características suficientes e necessárias
para ser considerado de estatuto
semelhante ao de uma pessoa humana
deve, em nosso parecer, ser considerado
como se as tivesse.”
DIREITOS DO EMBRIÃO
HUMANO

 Direito à vida;

 Direito à família;

 Direito à integridade física;

 Direito à identidade biológica e


psicológica.
“DECLARAÇÃO SOBRE OS DIREITOS
DO NASCITURO”

(…) “direito à vida é o mais básico de todos os direitos e


assiste também ao feto no útero da sua mãe. Por esta razão,
as diferentes sociedades devem promulgar legislação que
se aplique aos eventos que possam afectar este direito. Os
médicos e enfermeiros devem respeitar todas as formas de
vida, incluindo a do embrião humano. Para diferentes
sociedades, é a mesma base legal que protege a vida quer
de um bebé recém-nascido, quer de um embrião ou de um
feto a partir, o mais tardar, do momento em que este possa
continuar a viver fora do útero da mãe”.
Associação Médica Mundial
CLONAGEM

Paulo Lopes
20017/2018
ENQUADRAMENTO

 No Jornal Le Monde, pergunta-se: Como contrariar,


amanhã, a vontade de uma determinada pessoa ceder à
vertigem da imortalidade, pedindo aos biólogos ou aos
médicos o nascimento do seu clone, antes ou mesmo
depois da sua morte? ?????
ENQUADRAMENTO

A morte é ultrapassada pela:


 Reprodução sexuada - o património genético é
transmitido de geração em geração numa linha contínua,
mas assegurando a biodiversidade;
 Reprodução não sexuada - o mesmo património genético
transmite-se imutável, até ao fim dos tempos.
ENQUADRAMENTO

 Uma imortalidade deste tipo é juridicamente aceitável?


 O que é a clonagem? Que evoluções se têm verificado no
domínio desta técnica?
 Abrange 2 processos laboratoriais diferentes: duplicação
embrionária; transferência nuclear.
ENQUADRAMENTO

 Duplicação embrionária: gémeos naturais - sempre


existiram; induzida artificialmente, nos últimos quarenta
anos em sapos, coelhos, ovinos, bovinos e embriões
humanos;
 em 1993, JERRY HALL e ROBERT STILLMAN, da George
Washington University, dividiram 17 embriões humanos
inviáveis, em 48 embriões com idêntica informação
genética, tendo alguns dos clones sobrevivido 6 dias.
ENQUADRAMENTO

 Transferência nuclear: largamente difundida no mundo


vegetal; no mundo animal, nos últimos 20 anos - realizada
em rãs, ovinos, bovinos e macacos; no Roslin Institute, em
Edimburgo, procedeu-se inicialmente à transferência
nuclear a partir de células embrionárias de ovelha (tendo
nascido duas ovelhas gémeas monozigóticas, Megan e
Morag) e, em 1996, a partir de células extraídas de um
animal adulto.
ENQUADRAMENTO

 No período entre 1996 - 2007: Centro de Investigação de Primatas de


Oregon - clonou, a partir de células embrionárias, 2 macacos;
 Universidade de Monash, em Clayton - obteve por clonagem, 470
embriões de bovinos, a partir de 1 ovo fertilizado;
 Roslin Institue - nasce Polly, uma ovelha transgénica que tem genes
humanos em cada célula do seu corpo, o que possibilita que seja
extraída do seu leite uma proteína humana de interesse terapêutico;
 Universidade do Hawaii – são clonados ratos a partir de células adultas;
ENQUADRAMENTO

 Clonagem humana: tecnicamente possível - em


princípio, o que é possível fazer com um mamífero é
possível fazer com outro; a única barreira que podemos
opor à clonagem é a barreira política, a barreira ética
(GRAHAM BULFIELD, director do Roslin Institute).
ENQUADRAMENTO

Médico italiano, Severino Antinori:


anuncia que uma mulher está na oitava
semana de gravidez de um embrião
clonado. …………………………
ENQUADRAMENTO

Questões suscitadas na matéria:


 Quantos genes humanos necessita uma ovelha ou um porco, de
apresentar no seu património genético para ser sujeito de direitos e de
obrigações?
 Quais os riscos de aceitar o desaparecimento das barreiras entre
espécies?
 Quais os reflexos da clonagem sobre a biodiversidade, uma vez que
constitui uma técnica que a evolução evita cuidadosamente - fazer
cópias rigorosas apresenta o perigo de as tornar sensíveis às mesmas
infecções, que matariam todos os clones.
ENQUADRAMENTO

Quais foram as posições jurídicas assumidas a nível


internacional e nacional?

 Resolução sobre a clonagem de seres humanos, de 7 de Setembro de


2000 – reitera o seu apelo a cada Estado membro para que adopte uma
legislação vinculativa a proibir a investigação sobre clonagem humana,
cujo incumprimento seja punido através de sanção penal.

 Portugal: Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida -


Parecer sobre as implicações éticas da clonagem, de 1 de Abril de
1997; Lei Constitucional nº 1/97, de 20 de Setembro - aprovou a Quarta
Revisão Constitucional; Lei n.º 32/2006, de 26 de Julho sobre PMA.
Maternidade de Substituição
Ou …
Gestação de Substituição

Paulo Lopes
20017/2018
Maternidade de Substituição em Portugal

 Entende-se por «“maternidade de substituição” qualquer situação em


que a mulher se disponha a suportar uma gravidez por conta de
outrem e a entregar a criança após o parto, renunciando aos poderes e
deveres próprios da maternidade».

 «São nulos os negócios jurídicos, gratuitos ou onerosos, de


maternidade de substituição».

 Nestes casos, será considerada mãe a parturiente.

 Aplicação de pena de prisão até 2 anos ou pena de multa até 240 dias
para quem concretizar acordos deste tipo a título oneroso, bem como
para quem promover a maternidade de substituição .
PMA – MARTA COSTA 2010
Gestação de Substituição em Portugal

 Foi publicada em Diário da República, no dia 22 de agosto de 2016, a Lei n.º


25/2016, que regula o acesso à gestação de substituição nos casos de
ausência de útero, de lesão ou de doença deste órgão que impeça de forma
absoluta e definitiva a gravidez.

 O diploma determina que as técnicas de procriação medicamente assistidas


(PMA), incluindo as realizadas no âmbito das situações de gestação de
substituição, devem respeitar a dignidade humana de todas as pessoas
envolvidas, bem como proíbe a discriminação com base no património
genético ou no facto de se ter nascido em resultado da utilização de técnicas
de PMA.

 De acordo com a lei, que entra em vigor no primeiro dia do mês seguinte ao
da sua publicação, entende -se por “gestação de substituição” qualquer
situação em que a mulher se disponha a suportar uma gravidez por conta de
outrem e a entregar a criança após o parto, renunciando aos poderes e
deveres próprios da maternidade.
Gestação de Substituição em Portugal

 Em Portugal, a gestação de substituição só é permitida em casos de infertilidade por


parte da mulher, como o ter nascido sem útero ou com alguma lesão que impeça de
suportar uma gravidez. E não pode existir qualquer tipo de pagamento, à exceção das
despesas médicas.

 Os casais que decidirem recorrer a uma gestante estão dependentes da autorização de


um psiquiatra ou psicólogo que se mostre “favorável à celebração do negócio jurídico”.
Para poderem iniciar uma gestação de substituição, casal e gestante devem recorrer a
um centro de procriação medicamente assistida, público ou privado, para que seja
atestada a infertilidade da mãe e a situação psicológica da gestante.

 Após os pedidos ao CNPMA, é solicitado um parecer não vinculativo à Ordem dos


Médicos. As decisões terão de ser tomadas num prazo máximo de 60 dias. Se durante
o processo surgirem dúvidas, o CNPMA pode pedir a realização de uma avaliação
completa e independente do casal beneficiário e da gestante de substituição, por uma
equipa técnica e multidisciplinar, designadamente na área da saúde materna e da saúde
mental. Neste caso, o processo será decidido e acompanhado caso a caso pelos
membros do CNPMA, que vão gerir e mediar o conflito.
BIBLIOGRAFIA

 ALMEIDA, Ana Nunes; GUERREIRO, Maria das Dores. - A família, in: França L. (ed.).-
Valores europeus e Identidade cultural, Portugal: IED, 1993, pp. 181-218.

 ALMEIDA SANTOS, Agostinho – Reprodução Humana, in: SERRÃO, Daniel; NUNES,


Rui (coord).- Ética em cuidados de saúde. Porto: Porto Editora, 1998. ISBN 972-0-
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 CNECV- As condições para o exercício da maternidade e da paternidade na sociedade


portuguesa. Relatório parecer. Nº36, Lisboa: CNECV, 2001.

 NUNES, Rui; MELO, Helena (coord) – A ética e o direito no início da vida humana.
Colectânea Bioética Hoje, Vol III. Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2001. ISBN 972-603-
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 Legislação de protecção da maternidade e paternidade:


https:/.../PORTAL/pt/cidadao/areas+interesse/emprego+e+actividade+profissional/legisl
acao+e+regulamentacao/
BIBLIOGRAFIA

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 BISCAIA, Jorge – Os direitos do feto. Cadernos de Bioética, Ano XI, nº 24
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 JORGE, Carlos - Princípios éticos e biológicos para o enquadramento da
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 LEI nº 6/84 de 11 de Maio. Diário da República I Série. Nº 19 (84-05-11), p. 1518 -
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 LEI nº 90/97 de 30 de Julho. Diário da República I Série. Nº 174 (97-07-30), p.
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 MELO, Helena Pereira de – O embrião e o direito. In: NUNES, Rui; MELO,
Helena Pereira de (coord.) – A ética e o direito no início da vida. Vol III.
Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2001, 157-188. ISBN 972-603-231-8.
 MELO, Helena Pereira – O biodireito. In: SERRÃO, Daniel; NUNES, Rui – Ética
em Cuidados de Saúde. Porto: Porto Editora, 1998, p 171-181.
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Porto: Edições Âmbar, 2002. ISBN 972-43-0548-1.
 MURPHY, Fiona ; JORDAN, Sue. Interrupção voluntária da gravidez durante
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 NEVES, Maria do Céu Patrão – Comissões de Ética: das bases teóricas à
actividade quotidiana. 2ª ed.. Coimbra: Gradiva de Coimbra, s.d.. ISBN-972-
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