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Kant, CRP B10-19

 IV] DA DISTINÇÃO ENTRE JUIZOS ANALITICOS E JUIZOS


SINTÉTICOS

 Em todos os juízos, nos quais se pensa a relação entre um sujeito e


um predicado (apenas considero os juízos afirmativos,porque é fácil
depois a aplicação aos negativos), esta relação épossível de dois
modos. Ou o predicado B pertence ao sujeito A como algo que está
contido (implicitamente) nesse conceito A, ou B está totalmente
fora do conceito A, embora em ligação com ele. No primeiro caso
chamo analítico ao juízo, no segundo, sintético. Portanto, os juízos
(os afirmativos) são analíticos, quando a ligação do sujeito com o
predicado é pensada por identidade; aqueles, porém, em que essa
ligação é pensada sem identidade, deverão chamar-se juízos
sintéticos.
 Os primeiros poderiam igualmente denominar-se juízos
explicativos; os segundos, juízo extensivos;porque naqueles o
predicado nada acrescenta ao conceito do sujeito e apenas pela
análise o decompõe nos conceitos parciais, que já nele estavam
pensados (embora confusamente); ao passo que os outrosjuízos,
pelo contrário, acrescentam ao conceito de sujeito um predicado
que nele não estava pensado e dele não podia ser extraído por
qualquer decomposição. Quando digo, por exemplo, que todos os
corpos são extensos, enuncio um juízo analítico, pois não preciso de
ultrapassar o conceito que ligo à palavra corpo para encontrar a
extensão que lhe está unida; basta-me decompor o conceito, isto é,
tomar consciência do diverso que sempre penso nele, para
encontrar este predicado; é pois um juízo analítico.
 Em contra-partida, quando digo que todos os corpos são
pesados, aqui o predicado é algo de completamente
diferente do que penso no simples conceito de um corpo em
geral. A adjunção de tal predicado produz, pois, um juízo
sintético.
 [Os juízos de experiência, como tais, são todos sintéticos, poisseria
absurdo fundar sobre a experiência um juízo analítico, uma vez que
não preciso de sair do meu conceito para formular o juízo e, por
conseguinte, não careço do testemunho da experiência. Que
umcorpo seja extenso é uma proposição que se verifica a priori e
não umI juízo de experiência. Porque antes de passar à experiência
jápossuo no conceito todas as condições para o meu juízo; basta
extrair-lhe o predicado segundo o princípio de contradição para,
simultaneamente, adquirir a consciência da necessidade do juízo,
necessidade essa que a experiência nunca me poderia ensinar. Pelo
contrário, embora eu já não incluía no conceito de um corpo em
geral o predicado do peso, esse conceito indica, todavia, um objeto
da experiência obtido mediante uma parte desta experiência, à
qual posso ainda acrescentar outras partes dessa mesma
experiência, diferentes dasque pertencem ao conceito de objeto.
 Posso ainda previamente conhecer o conceito de corpo,
analiticamente, pelas características da extensão, da
impenetrabilidade, da figura, etc., todas elas pensadas nesse
conceito. Ampliando agora o conhecimento e voltando os olhos
para a experiência de onde abstraí esse conceito de corpo,
encontro também o peso sempre ligado aos caracteresprecedentes
e, por conseguinte, acrescento-o sinteticamente, como predicado,
a esse conceito. E pois sobre a experiência que se funda a
possibilidade de síntese do predicado do peso com o conceito
decorpo, porque ambos os conceitos, embora não contidos um
nooutro, pertencem, contudo, um ao outro, se bem apenas de
modo contingente, como partes de um todo, a saber, o da
experiência, que é, ela própria, uma ligação sintética das intuições.]
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 Nos juízos sintéticos a priori falta, porém, de todo essa
ajuda.Se ultrapasso o conceito A para conhecer outro
conceito B, como ligado ao primeiro, em que me apoio, o que
é que tornará a síntese possível, já que não tenho, neste caso,
a vantagem de a procurar no campo da experiência?
Tomemos a proposição: Tudo o que acontece tem uma causa.
No conceito de algo queacontece concebo, é certo, uma
existência precedida de um tempo que a antecede, etc. e daí
se podem extrair conceitos analíticos. Mas o conceito de
causa está totalmente fora desse conceito e mostra algo de
distinto do que acontece; não está, pois, contido nestaúltima
representação.
 Como posso chegar a dizer daquilo queacontece em geral
algo completamente distinto e reconhecer que o conceito de
causa, embora não contido no conceito do que
acontece,todavia lhe pertence e até necessariamente? Qual é
aqui a incógnita X em que se apóia o entendimento quando
crê encontrar fora do conceito A um predicado B, que lhe é
estranho, mas todavia considera ligado a esse conceito?
¹.Não pode ser a experiência, porque o princípio em questão
acrescenta esta segunda representação à primeira, não só
com generalidade maior do que aque a experiência pode
conceder, mas também com a expressão da necessidade, ou
seja, totalmente a priori e por simples conceitos.
 Ora é sobre estes princípios sintéticos, isto é, extensivos, que
assenta toda a finalidade última do I nosso conhecimento
especulativo a priori,pois os princípios analíticos sem dúvida
que são altamente importantes e necessários, mas apenas
servem I para alcançar aquela clareza de conceitos que é
requerida para uma síntese segura e vasta que seja uma
aquisição verdadeiramente A 10B 14nova 2.
 [V] EM TODAS AS CIÊNCIAS TEÓRICAS DA RAZÃOENCONTRAM-SE, COMO
PRINCÍPIOS, JUÍZOS SINTÉTICOS A PRIORI 1. Os juízos matemáticos são todos
sintéticos. Esta proposição parece até hoje ter escapado às observações dos
analistas da razão humana e mesmo opôr-se a todas as suas conjecturas; é,
contudo,incontestavelmente certa e de conseqüências muito importantes.
Como se reconheceu que os raciocínios dos matemáticos seprocessam todos
segundo o princípio de contradição (o que é exigido pela natureza de qualquer
certeza apodítica), julgou-se queos seus princípios eram conhecidos também
graças ao princípio decontradição; nisso se enganaram os analistas, porque
uma proposição sintética pode, sem dúvida, ser considerada segundo o
princípio de contradição, mas só enquanto se pressuponha outraproposição
sintética de onde possa ser deduzida, nunca em si própria. Antes de mais,
cumpre observar que as verdadeiras proposições matemáticas são sempre
juízos a priori e não empíricos, porque comportam a necessidade, que não se
pode extrair da experiência. I Se não se quiser admitir isso, pois bem, limitarei a
minha tese à matemática pura,cujo conceito já de si exige que não contenha
conhecimento empírico, mas um conhecimento puro e a priori.
 À primeira vista poder-se-ia, sem dúvida, pensar que aproposição 7
+5 = 12 é uma proposição simplesmente analítica,resultante, em
virtude do princípio de contradição, do conceito da soma de sete e
de cinco. Porém, quando se observa de mais perto, verifica-se que o
conceito da soma de sete e de cinco nada mais contém do que a
reunião dos dois números em um só, pelo que, de modo algum, é
pensado qual é esse número único que reúne os dois. O conceito de
doze de modo algum ficou pensado pelo simples fato de se ter
concebido essa reunião de sete e de cinco e, por mais que analise o
conceito que possuo de uma tal soma possível, não encontrarei
nele o número doze. Temos de superar estes conceitos, procurando
a ajuda da intuição que corresponde a um deles, por exemplo os
cinco dedos da mão ou (como Segner na sua aritmética) cinco
pontos, e assim acrescentar, uma a uma, ao conceito de sete, as
unidades do número cinco dadas na intuição.
 Com efeito, tomo primeiro o número sete e, com a ajuda dos dedos
da minha mão para intuir o conceito de cinco, adicionei-lhes uma a
uma, mediante este processo figurativo, as unidades que
primeirojuntei I para perfazer o número cinco e vejo assim surgir o
númerodoze. No conceito de uma soma de 7 + 5 pensei que devia
acrescentar cinco a sete, mas não que essa soma fosse igual ao
número doze. A proposição aritmética é, pois, sempre sintética, do
que nos compenetramos tanto mais nitidamente, quanto mais
elevados forem os números que se escolherem, pois então se torna
evidente que, fossem quais fossem as voltas que déssemos aos
nossos conceitos, nunca poderíamos, sem recorrer à intuição,
encontrar a soma pela simples análise desses conceitos.
 Do mesmo modo, nenhum princípio de geometria pura é
analítico. Que a linha reta seja a mais curta distância entre
dois pontos é uma proposição sintética, porque o meu
conceito de reta não contém nada de quantitativo, mas sim
uma qualidade. Oconceito de mais curtatem de ser
totalmente acrescentado e não pode ser extraído de
nenhuma análise do conceito de linha reta. Tem de recorrer-
se à intuição, mediante a qual unicamente a síntese é
possível.
 É certo que um pequeno número de princípios que os geômetras pressupõem
são, em verdade, analíticos e assentam sobre o princípio da contradição; mas
também apenas servem, como proposições idênticas, para o encadeamento do
método e não preenchem as funções de verdadeiros princípios; assim, por
exemplo, a=a, o todo é igual a si mesmo, ou (a + b) > a, o todo é maior do que a
parte. E,contudo, mesmo estes axiomas, embora extraiam a sua validade de
simples conceitos, são admitidos na matemática apenas porque podem ser
representados na intuição. Oque geralmente aqui nos faz crer que o predicado
destes juízos apodíticos se encontra já no conceito e que, por conseguinte, o
juízo seja analítico, é apenas a ambigüidade da expressão. Devemos,
comefeito, acrescentar a um dado conceito determinado predicado e essa
necessidade está já vinculada aos dois conceitos. Mas o problema não é saber o
que devemos acrescentar pelo pensamento ao conceito dado, é antes o
quepensamos efetivamente nele, embora de uma maneira obscura. Então é
manifesto que o predicado está sempre, necessariamente, aderente a esses
conceitos, não como pensado no próprio conceito, antes mediante uma
intuição que tem de ser acrescentada ao conceito.
 2.A ciência da natureza (physica) contém em si, como princípios,
juízos sintéticos a “priori”. Limitar-me-ei a tomar, como exemplo,
as duas proposições seguintes: em todas as modificações do
mundo corpóreo a quantidade da matéria permanece constante;
ou: em toda a transmissão de movimento, a ação e a reação têm de
ser sempre iguais uma à outra. Em ambas as proposições é patente
não só a necessidade, portanto a sua origema priori,mas também
que são proposições sintéticas. Pois no conceito de matéria não
penso a permanência, penso apenas a sua presença no espaço que
preenche. Ultrapasso, assim, o conceito de matéria para lhe
acrescentar algo a priori que não pensei nele. A proposição não é,
portanto, analítica, mas sintética e, não obstante, pensada a
priori;o mesmo se verifica nas restantes proposições da parte pura
da física. B 18
 3.Na metafísica,mesmo considerada apenas como uma ciência até
agora simplesmente em esboço, mas que a natureza darazão
humana torna indispensável, deve haver juízos sintéticos a priori;
por isso, de modo algum se trata nessa ciência de simplesmente
decompor os conceitos, que formamos a priori acerca das coisas,
para os explicar analiticamente; o que pretendemos, pelo contrário,
é alargar o nosso conhecimento a priori,para o que temos de nos
servir de princípios capazes de acrescentar ao conceito dado
alguma coisa que nele não estava contida e,mediante juízos
sintéticos a priori,chegar tão longe que nem a própria experiência
nos possa acompanhar. Isso ocorre, por exemplo, na proposição: o
mundo tem de ter um primeiro começo, etc. Assim, a metafísica,
pelo menos emrelação aos seusfins,consiste em puras proposições
sintéticas a priori.

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