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Divisão da obra

A obra econômica principal de Marx, O Capital,


está dividida em 3 tomos (além do quarto tomo
com contribuições também de Engels).
O tomo I tem por foco a explicação da
natureza do capital e da origem do lucro; não
se preocupa em explicar preços reais. Os
valores são os únicos determinantes do valor
de troca, abstraindo-se a diferença na relação
entre capitais. Trabalha inicialmente com o
conceito de mercadoria, depois analisa a
transformação do dinheiro em capital e a
teoria da mais-valia.
O tomo II começa por considerar as
variações na intensidade e na produtividade
do trabalho e seus efeitos sobre a mais-
valia, discute a questão dos salários e o
processo de acumulação do capital, onde
distingue a reprodução simples da
acumulação capitalista.
Também discute a colonização.
Tomo III

O tomo III explica preços reais; ele


não foi totalmente terminado por
Marx.
Os livros II e III de O
Capital
Estes livros são rascunhos

Foram escritos pro Marx em


diferentes períodos.
Engels editou e publicou após a morte
de Marx.
Desafio teórico

Passar do mundo do valor para o


mundo diferente dos preços.
Após a análise da realidade, fazer a
análise da aparência.
Esse é o problema tratado no livro
III. E o livro II?
Sumário do Livro II (O processo
de circulação do capital)
Parte 1: As Metamorfoses do Capital e seus Circuitos
Cap. I: O Circuito do Capital-dinheiro
I. Primeiro estágio . M — D
II. Segundo estágio. Funções do Capital Produtivo
III. Terceiro estágio. D' — M’
IV. O Circuito como um todo
Cap.2: O Circuito do Capital Produtivo
I. Reprodução Simples
II. Acumulação e Reprodução em Escala Ampliada
III. Acumulação de dinheiro
IV. Fundo de Reservas
Cap. 3: O Circuito de Capital-mercadoria
Cap. 4: As Três Fórmulas do Circuito
Cap. 5: O Tempo de Circulação
Cap. 6: Os Custos de Circulação
I. Custos Genuínos de Circulação
II. Custos de Armazenagem
II. Custos de Transporte
Parte 2: O Circuito do Capital.
Cap.7: O tempo de circuito e o número de voltas
Cap. 8: Capital Fixo e Capital Circulante
Cap. 9: O Circuito Agregado do Capital Adiantado, Ciclos de circuitos
Cap. 10: Teorias do Capital Fixo e Circulante. Os fisiocratas e Adam Smith
Cap. 11: Teorias do Capital Fixo e Circulante. Ricardo
Cap. 12: O período de Trabalho
Cap. 13: O período de Produção
Cap. 14: Os tempos de Circulação
Cap. 15: Efeitos do Tempo de Circuito e a Magnitude do Capital Adiantado
I. O Período de Trabalho Igual ao Período de Circulação
II. O Período de Trabalho Maior que o Período de Circulação
III. O Período de Trabalho Menor que o Período de Circulação
IV. Conclusão
V. Os Efeitos de Mudanças nos Preços
Cap. 16: O Circuito do Capital Variável
I. A taxa anual de mais-valia
II. O circuito do capital variável
III. O circuito do capital variável de um ponto de vista social
Cap. 17: A Circulação da Mais-Valia
I. Reprodução Simples
II. Acumulação e Reprodução em Escala Ampliada
Parte 2: A Reprodução e a Circulação do Capital Social
Agregado
Cap. 18: Introdução
I. A Matéria Investigada
II. O papel do Capital-dinheiro
Cap. 19: Apresentação inicial do Assunto
I. Os Fisiocratas
II. Adam Smith
III. Últimos Economistas
Cap. 20: Reprodução Simples
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Cap. 21: Acumulação e Reprodução em Escala Ampliada
Parte 1
Parte 2
Livro II

No livro I, o capital se apresentava na


forma de capital constante e capital
variável.
Mas o capital de um capitalista pode ser
dinheiro, ouro, papel-moeda, título de
crédito...
Forma do capital: capital-dinheiro, capital-
máquina, capital-dinheiro transformado em
salários (capital variável), capital–mercado-
ria.
Algumas ideias-chave do
livro II
O ciclo das metamorfoses do
capital
Passagem do capital-dinheiro para o
re-capital dinheiro, através do ciclo
das metamorfoses em capital-
máquina, em capital variável, em
capital mercadoria, para voltar ao
capital-dinheiro.
Ciclo mais simples

D – M – D’
D’ > D
Todo o produto líquido, toda mais-valia vem de um
momento único, que é o capital salário.
Na metamorfose do capital, só há um momento
produtor de mais –valia: o da transformação do
capital-dinheiro em capital variável, em salário.
Problemas que aparecem nesse
percurso
Realidade: todo o produto líquido ou
toda mais-valia vem de um momento
do ciclo.
Aparência: em todos os momentos
desse ciclo as pessoas compram para
revender mais caro.
Como passar da realidade para a
aparência?
O problema do tempo

Na forma, D-M-D’, de quanto tempo precisa


o capital para voltar ao ponto de partida
com um excedente?
Juros: direito de dispor do capital.
O juro não é uma categoria fundamental, é
apenas uma das formas da mais-valia. É uma
das categorias em que se subdivide a massa
global da mais-valia.
Outra distinção entre capitais

Já conhecida dos clássicos: capital


fixo e capital circulante.
Uma parte do capital constante é fixo
e outra é circulante.
O capital-valor se encarna em
realidade distintas: umas fixas,
outras circulam com as mercadorias.
Do capital constante, há elementos
que transmitem à mercadoria de uma
só vez a totalidade de se valor;
desaparece no ato da produção e seu
valor é todo transmitido à mercadoria.
Mas uma máquina só transmite à dada
mercadoria uma fração de valor.
Cuidado na passagem de valores
aos preços
Levar em consideração o tempo
diferente que toma um certo valor de
capital para se transmitir às
mercadorias.
Desvalorização por depreciação
ou perda de uso
Aron: “Mas nunca sabemos com certeza se
a máquina que pode servir dez anos servirá
apenas cinco ou dez, porque, em razão da
transformação incessante dos meios de
produção, pode haver uma desvalorização
do capital-máquina pelo fato de meios de
produção mais aperfeiçoados tornarem
proibitiva a atividade de um capital-máquina
anterior.”
Livro II

Vai das abstrações do livro I para as


fórmulas mais concretas.
Leva em conta as diversidades das
formas que toma o capital e também a
desigualdade do tempo que gasta o
capital para ir da forma inicial
dinheiro à forma final dinheiro
(ampliado), passando pelas diferentes
metamorfoses.
Conclusão importante do livro II

O tempo de circulação do capital,


segundo seus elementos, é desigual e
exerce sua influência sobre a massa
da mais-valia que a parte capital
constante permite acumular.
Outro tema, este já comentado

A relação entre dois setores


principais de uma economia.
Setor que produz meios de produção.
Ele compreende um capital constante,
um capital variável, uma mais-valia.
Segundo setor que produz bens de
consumo. Ele também compreende um
capital constante, um capital variável,
uma mais-valia.
Surge uma série de problemas

Capital variável corresponde na quase


totalidade a bens de consumo, pois os
assalariados utilizam seus salários
para comprar bens de consumo.
O capital constante do segundo setor
se compõe de máquinas => trocas
entre o setor de meios de produção e
o de bens de consumo.
Em quais condições o sistema
pode funcionar?
Em quais condições as trocas entre os
dois setores se dão conforme as
exigências do equilíbrio?
Considerações adicionais:

Enquanto capital-valor, todo capital circula


O valor do capital-máquina se transmite à
mercadoria e o valor do capital-máquina
circula como mercadoria.
Mas qual a rapidez que um certo capital
transmite seu valor à mercadoria?
Momento criador da mais-valia

O trabalho na fábrica
Nela, o capital constante, máquinas e
matéria-prima, é posto em movimento
pelo capital variável, valor da força de
trabalho do operário.
As fases ulteriores das metamorfoses
são estéreis (não criam mais-valia)
A circulação é estéril
Duplo sentido de circulação

Circulação do valor encarnado na


mercadoria
Circulação no sentido físico
Processos que tomam tempo e NÃO
são criadores de mais-valia
Trabalho produtivo e
improdutivo
Trabalho industrial é produtivo, é
produtor de mais-valia (pelo emprego
de capital variável)
Diferença entre o trabalho no sentido
industrial do termo e os diferentes
tipos de trabalho tornados
necessários pela circulação de
mercadorias.
Só o trabalho industrial é produtivo!
Aron:

“Como toda mais-valia vem do momento do trabalho


industrial, e como a circulação do capital toma um tempo
diferentes segundo os setores, haverá enormes diferenças
entra as taxas de lucro se elas corresponderem às taxas de
mais-valia. No entanto, é preciso que tudo isso se iguale. É o
que nos leva ao que Marx chama de “giro do capital”, que nada
é senão o conjunto de ciclos de metamorfoses ou, ainda, o
tempo necessário para a passagem do capital-dinheiro inicial
ao capital-dinheiro final”.
O giro do capital e a mais-valia

Período de trabalho: tempo de trabalho


necessário para ir dos meios de produção
até os produtos acabados
Os períodos de trabalho são extremamente
diferentes de acordo com os setores
industriais
Tempo de produção: tempo necessário ao
desenvolvimento do esforço exercido pelo
trabalho humano (leva em conta as
circunstância naturais)
Tempo de giro do capital

Tempo de produção + tempo de


circulação
Os tempos de produção depende do
setor. Também os tempos de
circulação
Um problema teórico

A mais-valia é toda tirada do momento


produtivo.
A quantidade de capital que se deve
adiantar para fazer funcionar determinada
empresa em determinado setor não
depende simplesmente da importância da
mercadoria considerada, mas,
manifestamente, do tempo de produção e
do tempo de circulação.
Os volumes de capital adiantados
depende do tempo, cresce com o
tempo entre término da mercadoria e
término do ciclo.
Quanto mais complicados forem os
desvios de produção e maior a
circulação das mercadorias, menor
será a mais-valia em relação ao capital
investido.
Aparente paradoxo

É preciso adiantar maior capital


quando o tempo de produção ou de
circulação é maior.
A mais-valia não se modifica com o
tempo de circulação.
Há menos mais-valia por capital
investido quanto maior o tempo do
processo todo.
Essa questão será esclarecida apenas
no Livro III
Livro III
Sumário do Livro III
(O processo global de produção
capitalista)
Parte I. A Conversão de Mais-Valia em Lucros e da Taxa de Mais-Valia
em Taxa de lucro
Cap. 1. Custo-Preço e Lucro
Cap. 2. A Taxa de Lucro
Cap. 3. A Relação da Taxa de Lucro com a Taxa de Mais-Valia
Cap. 4. Os Efeitos do Circuito na Taxa de Lucro
Cap. 5. Economia no Emprego do Capital Constante
I. Em Geral
II. Poupanças nas Condições de Trabalho a Expensas dos Trabalhadores
III. Economia na Geração e na Transmissão de Poder, e na Construção
IV. Utilização de Excreções da Produção
V. Economia por Meio de Invenções
Cap. 6. O Efeito das Flutuações de Preço
I. Flutuações no Preço de Matéria-prima, e seus Efeitos Diretos na Taxa de Lucro
II. Apreciação, Depreciação, Liberação de Capital Conectado
III. Ilustração Geral. A Crise do Algodão de 1861-65
Experimentos in “corpore vili”
Cap. 7. Considerações Suplementares
Parte II. Conversão de Lucro em Lucro Médio
Cap. 8. Diferentes Composições dos Capitais em Diferentes Ramos da
Produção e as Resultantes Diferenças nas Taxas de lucro
Cap. 9. Formação da Taxa Geral de Lucros (Taxa Média de Lucros) e
Transformação dos Valores das Mercadorias em Preços de Produção
Cap. 10. Equalização da Taxa Geral de Lucro através da Competição. Preços
de Mercados e Valores de Mercado. Lucro Excedente
Cap. 11. Efeitos das Flutuações do Salário Geral nos Preços de Produção
Cap. 12. Considerações Suplementares
I. Causas Implicando em Mudanças nos Preços de Produção
II. Preços de Produção de Mercadorias na Composição Média
III. As Bases do Capitalismo para Compensação
Parte III. A Lei da Tendência de Queda da Taxa de Lucro
Cap. 13. A Lei como Tal
Cap. 14. Influencias Compensatórias
I. Intensidade Crescente de Exploração
II. Depressão de Salários Abaixo do Valor do Poder de Trabalho
III. Barateamento dos Elementos do Capital Constante
IV. Sobre-População Relativa
V. Comércio Exterior
VI. O Incremento no Estoque de Capital
Cap. 15. Exposição das Contradições Internas da Lei
I. Geral
II. Conflito Entre Expansão da Produção e Produção de Mais-Valia
III. Capital em Excesso e Excesso de População
IV. Considerações Suplementares
Parte IV. Conversão de Capital-Mercadoria e Capital-dinheiro em
Capital Comercial e Capital de Transação Monetária (Capital do
Mercador)
Cap. 16. Capital Comercial
Cap. 17. Lucro Comercial
Cap. 18. O Circuito do Capital do Mercador. Preços
Cap. 19. Capital de Transação Monetária
Cap. 20. Fatos Históricos sobre Capital do Mercador
Parte V. Divisão de Lucro em Juros e Lucro da Empresa. Capital que
Ganha Juros
Cap. 21. Capital que Ganha Juros
Cap. 22. Divisão do Lucro. Taxa de Juros. Taxa Natural de Juros
Cap. 23. Juros e Lucro da Empresa
Cap. 24. Externalização das Relações do Capital na Forma de Capital que
Ganha Juros
Cap. 25. Crédito e Capital Fictício
Cap. 26. Acumulação de Capital-Dinheiro. Sua Influência na Taxa de Juros
Cap. 27. O Papel do Crédito na Produção Capitalista
Cap. 28. Meio de Circulação e Capital; Visões de Tooke e Fullarton
Cap. 29. Partes Componentes do Capital Bancário
Cap. 30. Capital-Dinheiro e Capital Real I
Cap. 31. Capital Dinheiro e Capital Real II
1. Transformação do Dinheiro em Capital de Empréstimo
2. Transformação de Capital ou Renda em Dinheiro que é Transformado em Capital de
Empréstimo
Cap. 32. Capital Dinheiro e Capital Real III
Cap. 33. O Meio de Circulação do Sistema de Crédito
Cap. 34. O Princípio da Monetização e a Legislação Bancária Inglesa de 1844
Cap. 35. Metais Preciosos e Taxa de Câmbio
I. Movimento das Reservas de Ouro
II. A Taxa de Câmbio: Taxa de Câmbio com a Ásia. Balança Comercial Inglesa
Cap. 36. Relações Pré-Capitalistas: Juros na Idade Média. Vantagens
Derivadas pela Igreja da Proibição de Juros
Parte VI. Transformação de Lucro Excedente em renda da Terra
Cap. 37. Introdução
Cap. 38. Renda Diferencial: Considerações Gerais
Cap. 39. Primeira Forma da Renda Diferencial (Renda Diferencial I)
Cap. 40. Segunda Forma da Renda Diferencial (Renda Diferencial II)
Cap. 41. Renda Diferencial II
Primeiro Caso: Preço Constante de Produção
Cap. 42. Renda Diferencial II
Segundo Caso: Preços de Produção Decrescente
I. A Produtividade do investimento adicional do capital permanece a mesma
II. Taxa de produtividade decrescente do capital adicional
III. Taxa de produtividade crescente do capital adicional
Cap. 43. Renda Diferencial II
Terceiro Caso: Preço de Produção Crescente
Cap. 44. Renda Diferencial também no Pior Solo Cultivado
Cap. 45. Renda da Terra Absoluta
Cap. 46. Renda em Instalações Construídas. Renda da Minas. Preço da terra
Cap. 47. Gêneses da Renda da Terra Capitalista
I. Considerações Introdutórias
II. Renda do Trabalho
III. Renda em natura
IV. Renda Monetária
V. Propriedade Métayage e Camponesa de Parcelas da Terra
Parte VII. Receitas e suas Fontes
Cap. 48. A Fórmula Trinitária I, II, III
Cap. 49. A Respeito da Análise do Processo de Produção
Cap. 50. Ilusões Criadas pela Competição
Cap. 51. Relações de Distribuição e Relações de Produção
Cap. 52. Classes
Suplemento, por Frederick Engels
Introdução
Lei do Valor e da Taxa de Lucro
O Estoque de Divisas
Algumas ideias-chave do
livro III
Marx acreditou que os preços reais
poderiam se desviar dos preços previstos
pela teoria do valor-trabalho mais pura e
simples.
No entanto, a questão da formação dos
preços só seria atacada por ele no volume
III da obra em questão.
Ainda no volume I do Capital, Marx expõe
as condições do caso simples em que os
preços seriam iguais ao valor da produção.
O valor da mercadoria é a soma de dois
componentes: o trabalho morto e o trabalho
vivo, ou seja, o trabalho passado que aderiu
aos fatores físicos de produção e o
trabalho corrente. O trabalho morto é
associado ao capital constante c.
O trabalho vivo se desdobra em
trabalho necessário que produz o
capital variável v e trabalho
excedente que gera a mais-valia.
Portanto o valor w é expresso como
w = c + v + s.
Na hipótese simplificadora de que s/v e c/v
sejam o mesmo em qualquer indústria, a
taxa de lucro r, como vimos r = (s/v)/(1
+(c/v)), é a mesma em todas elas.
Definindo os preços de produção como a
soma dos custos dos fatores produtivos c,
mais o custo do trabalho usado na produção
v e mais a margem de lucro total r.C,
demonstra-se trivialmente que:
p = c + v + r(c+v) =
c + v + [(s/v)/((c + v)/v))](c+v) =
c+v+s=w

Ou seja, o valor é igual ao preço de


produção.
Aron:

“Como os capitalistas não conhecem a


distinção entre capital constante e
capital variável, coloca-se a questão.
Como passar das categorias de capital
dos capitalistas? Como passar das
categorias dos capitalistas para as
categorias de Marx?”
Aron:

“Isso significa que o capitalista conhece o conjunto


de suas produções, o capital fixo mais o capital
circulante, conhece as diferentes taxas de rotação
e também o conjunto que constitui o custo de
produção e, para além do custo de produção, há o
que chamam de lucro. Mas o que ele não sabe é que
o conjunto do lucro vem exclusivamente do capital
variável.”
O problema da transformação

Vejamos mais de perto onde reside a problemática da


transformação de valor em preços.
A análise de Marx é setorial, em cada setor da economia ele
calcula como os valores das mercadorias são formados.
Supondo um montante de capital imobilizado, uma parte do
capital constante é transferida para as mercadorias, a parte
depreciada pelo uso das máquinas, ferramentas etc. (a parte
que corresponde ao uso efetivo da máquina em cada período
de produção), e todo o capital variável o é pela contratação
de trabalhadores.
Assim o valor das mercadorias é formado pela soma de
capital constante, capital variável e mais-valia.
Mesma taxa de mais-valia.
Diferentes taxas de lucro.
Supondo que a taxa de mais-valia seja a mesma em todos os
setores, porque o grau de exploração é o mesmo em todos
eles, a taxa de lucro seria diferente entre diferentes
setores (dados os diferentes tempos de circulação e as
diferentes composições orgânicas do capital).
Isto é claramente incompatível com a hipótese ricardiana de
arbitragem entre os setores.
Marx acredita que as taxas de lucro se nivelam numa taxa
geral de lucro que é a média entre os setores da economia.
Aron:
“É preciso, por outro lado, haver uma concorrência entre os
capitalistas e as empresas, tendo como resultado produzir
uma taxa de lucro médio. Segundo Marx, essa taxa de lucro
médio se produz em uma economia que tem como condição a
fluidez simultânea do capital e do trabalho. Para que uma
taxa de lucro médio se constitua, apesar da composição
orgânica do capital variável segundo os setores, é preciso que
os capitais e os homens passem de um setor a outro com o
máximo de liberdade... o que é preciso para que o sistema, tal
como ele o concebe, funcione é que exista uma taxa de lucro
médio para o conjunto do setor.”
Preços de produção

À medida que o capital se move dos


setores de menor lucro para os
setores de maior lucro os valores são,
por fim, transformados em preços de
produção (o ponto de atração da
convergência dos preços de mercado).
Ramo de composição média do
capital
Quando as taxas de lucros finalmente se igualam, o lucro
comum a todos os setores deve coincidir com o lucro anterior
praticado pelo ramo de composição média do capital (média
da relação capital constante-capital variável).
O valor se transmuta em preços de produção. Estes preços
passam a guiar a convergência dos preços de mercado.
Transmutando valores em
preços
Além do problema de fornecer um fundamento
microeconômico a esse processo de transmutação
do valor em preços de produção, os críticos
apontam uma falha na argumentação de Marx em
mostrar como se pode derivar os preços de
mercado transmutando adequadamente as
componentes dos valores nas componentes da
determinação dos preços.
O problema

Ou seja, como na fórmula de Marx os


preços são formados com base em
salários, lucros e preços do capital
constante depreciado, Marx terá que
transmutar primeiro o capital variável
em salários, a mais-valia em lucro, o
capital constante medido em valores
para o capital constante medido em
preços.
Reescrevendo a fórmula anterior

p = preço do capital constante


depreciado + salário + lucro
valores =c+v+[(s/v)/((c + v)/v))](c+v) =
c+v+s=w
Supondo: preço do capital constante depreciado = c
salário = v
lucro = s
Portanto, p = w
Fórmula dos valores versus
fórmula dos preços
Marx aplica uma taxa de lucro comum em todos os setores,
igual à taxa de lucro do setor de composição média do capital
(obtida no sistema de valores), somando-a ao capital
imobilizado em cada setor e aos salários pagos em cada qual,
sendo que este dois últimos componentes ainda estão
expressos em valores.
Ou seja, Marx deixou de realizar a transformação desses
componentes antes de importá-los da fórmula dos valores
para a fórmula dos preços.
Marx tinha consciência dessa
inadequação
Ele estava mais preocupado em
mostrar que, entre todos os setores,
a soma dos lucros iguala-se a soma das
mais-valias ou que a soma dos preços
de produção igualar-se-ia às somas
dos valores.
Igualdade na totalização de
valores e preços de produção.
Ele sabia que os preços de custo de uma mercadoria
poderiam diferir dos valores dos meios de produção, e que
uma análise mais detalhada teria que examinar como em cada
setor esses valores ensejariam, com o processo de ajuste, os
preços de produção.
Marx visualiza que o mercado se encarregaria dessa tarefa e
que a falha da teoria em não acompanhar todo esse processo
não era algo realmente digno de preocupação.
O que ele considera demonstrada é a igualdade na totalização
de valores e preços de produção.
No volume III do Capital, Marx supõe que as várias
indústrias trabalham com diferentes composições
orgânicas do capital c/v de modo que p  w.
Mostra-se, de início, que a mesma taxa de mais-
valia em diferentes indústrias com diferentes
composições do capital leva a diferentes taxas de
lucro.
No exemplo numérico da tabela adiante, supõe-se o
mesmo capital total C para todas elas e que em
cada caso somente uma parcela do capital total é
consumida.
Indústria Capital Capital Composição Mais-valia Custo da Valor da Taxa de
constante c variável v orgânica do s produção mercadoria lucro r
capital c/v c+v w = c+v+s =s/100
I 40 20 2,0 20 60 80 0,2
II 45 25 1,8 25 70 95 0,25
III 50 17 2,9 17 67 84 0,17
IV 40 15 2,7 15 55 70 0,15
V 24 30 0,8 30 54 84 0,3
Observa-se na tabela que em todas as
indústrias a taxa de mais-valia é de 100%
já que s = v. O capital total é $100 como
aparece no cálculo da taxa de lucro na
última coluna, então apenas uma parcela
dele é consumida durante um período de
produção, já que c + v < 100.
Nota-se que cada indústria apresenta
diferente relação c/v e que em cada qual
calcula-se uma taxa de lucro diferenciada
das demais.
O problema da desigualdade nas
taxas de lucro
O problema para a teoria de Marx que este
simples exemplo numérico coloca é que a
hipótese realista de diferentes
composições de capital entre as indústrias
leva à desigualdade nas taxas de lucro,
mesmo que as taxas de mais-valia sejam
iguais.
Este resultado é incompatível com o modelo
de concorrência que tende a igualar a taxa
de lucro de todas as indústrias.
Hipótese de mesma taxa de
lucro
Se fixarmos uma mesma taxa de lucro
para todas, digamos de 20%, a mais-
valia s seria de 20 em todas as
indústrias e neste caso as taxas de
mais-valia seriam:
Indústria Capital Capital Mais-valia Taxa de Taxa de
constante c variável v s Mais-Valia lucro r
s/v =s/100
I 40 20 20 1 0,2
II 45 25 20 0,8 0,2
III 50 17 20 1,18 0,2
IV 40 15 20 1,33 0,2
V 24 30 20 0,67 0,2
Como justificar diferentes taxas
de mais-valia?
Se as taxas de salários e a duração da
jornada de trabalho são iguais entre todos
os setores, respectivamente pela
arbitragem entre mercados e por imposição
legal, as taxas de mais-valia teriam de ser
iguais e não diferentes como na tabela
anterior.
A solução ao aparente paradoxo

A solução consiste em separar dois


conceitos de taxa de mais-valia:
1. como relação s/v (relação de valores)
2. como a relação entre trabalho
excedente e trabalho necessário
(relação de tempos)
Interpretação proposta:

A taxa de mais-valia expressa em s/v é a mais-valia


realizada na esfera da produção (esfera dos
valores).
A mais-valia como tempo de trabalho
excedente/tempo de trabalho necessário é criada
na esfera da circulação (esfera sensível dos
tempos).
s/v é sempre a mesma em todos os setores
independentemente das diferenças nas
composições orgânicas do capital.
A mais-valia na esfera da circulação (relação entre
tempos) não precisa ser igual entre os setores.
Se a razão s/v é a mesma em cada setor,
isto não está em contradição com o
modelo de Marx, pois ele só diferencia as
taxas de mais-valia medidas em tempo de
trabalho!
Ainda com base na tabela anterior, com o lucro comum de
20%, teríamos um preço de produção obtido da soma do
lucro com o custo de produção c + v:

Indústria Capital Capital Taxa de Montante Custo de Preço de


constante c variável v lucro r do lucro produção produção
=r.100 c+v l+c+v
I 40 20 0,2 20 60 80
II 45 25 0,2 20 70 90
III 50 17 0,2 20 67 87
IV 40 15 0,2 20 55 75
V 24 30 0,2 20 54 74
Comparando-se o lucro com a mais-valia
realizada na esfera da produção (tal que a
taxa de mais-valia seja, por hipótese, igual
a 1), temos, em cada indústria, um desvio do
lucro em relação à ela.
Somando-se este desvio ao preço de
produção resulta o valor da mercadoria
identificado por Marx.
Taxa de mais-valia =1

Indústria Capital Capital Montante do Composição Preço de Mais-valia Desvio do Valor


constante c variável v lucro =r.100 orgânica c/v produção realizada na lucro em
l+c+v produção relação a
mais-valia

I 40 20 20 2,0 80 20 0 80
II 45 25 20 1,8 90 25 5 95
III 50 17 20 2,9 87 17 -3 84
IV 40 15 20 2,7 75 15 -5 70
V 24 30 20 0,8 74 30 10 84
A média da composição orgânica do capital
é 2,0. Setores que apresentam a
composição orgânica do capital acima da
média têm os preços de produção superior
ao respectivo valor, casos das indústrias
III e IV; os setores com composição
orgânica abaixo da média têm os preços
abaixo dos correspondentes valores e o
setor I cuja relação c/v é igual à média da
economia tem p = w.
Os vários desvios observados dos preços de
produção em relação ao valor se cancelam
dentre todos os setores. Portanto, o total
das mercadorias produzidas conjuntamente
consideradas apresenta valor e preço de
produção igualados. Os desvios em cada
caso só ocorrem porque as composições
orgânicas do capital são diferentes da
média.
Uma mercadoria, como na indústria I, que
tem uma proporção entre insumos fixos e
variáveis igual a da economia como todo tem
o seu preço determinado exatamente pelo
valor. Ela poderia ser usada como um
numerário já que seu preço não se desvia do
valor. Então o numerário é qualquer
mercadoria produzida com a composição
média de capital da economia.
A solução de Marx ao problema do
numerário foi criticada por marxistas que
se debruçaram no problema.
Piero Sraffa, no século XX, demonstrou que
com uma medida invariável do valor não se
estabelece necessariamente o vínculo
apropriado entre valores medidos em
trabalho e preços.
Um livro inacabado

O livro III de fato não chegou a ser


completado e lacunas na construção
de Marx foram percebidas pelos seus
seguidores.

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