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A construção da ciência
A ciência
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A ciência
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A ciência
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A ciência
Esta posição defende que o senso comum não merece a nossa confiança. As
crenças erradas que aceita resultam de raciocínios incorretos. Por isso, a nossa
relação cognitiva com o mundo é assegurada apenas pelo conhecimento
científico, o único conhecimento genuíno do mundo.
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A ciência
Por essa razão, o senso comum sabe que as suas crenças podem ser revistas à
luz de nova informação extraída da experiência. Isto quer dizer que o senso
comum tem capacidade de autocrítica e não é tão conservador como se
imagina.
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A ciência
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• a resposta indutivista, que tem uma tradição tão antiga como a própria ciência;
• a resposta falsificacionista, que é particularmente atraente e teve o mérito de
renovar a discussão sobre a ciência.
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A construção racional da ciência
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A construção racional da ciência
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A construção racional da ciência
Hipótese:
É importante termos a noção de que a finalidade de Provavelmente
um método baseado na indução é apenas a todos os cisnes
são brancos
confirmação de hipóteses. Isso significa que é possível
que uma hipótese, mesmo amplamente confirmada,
seja falsa é possível, por exemplo, que um cisne seja
preto, como de facto se constata. Dados
de experiência
favoráveis
A lógica da confirmação pode ser esquematizada à hipótese
do seguinte modo:
Confirmação Dados
de experiência
(1) Se uma certa hipótese é verdadeira, desfavoráveis
então uma dada consequência ocorrerá. à hipótese
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Caso 1 Caso 2
1. Observa-se que a água ferve a uma certa 1. Observa-se que certos materiais são combustíveis.
temperatura. 2. Propõe-se a hipótese de que certos materiais
2. Propõe-se a hipótese de que a água ferve a possuem uma substância combustível chamada
100 graus Celsius. flogisto, que é libertada durante a combustão,
3. Extrai-se a consequência de que a água que levando a que esses materiais fiquem pretos.
se encontra num recipiente irá ferver se 3. Extrai-se a consequência de que esses materiais
aquecida a uma temperatura de 100 graus diminuem de peso depois da combustão devido à
Celsius. perda de flogisto.
4. Faz-se a experiência para averiguar se a 4. Faz-se a experiência da combustão de certos
previsão ocorre. materiais e mede-se o seu peso depois da
5. A previsão ocorre e a hipótese é confirmada. combustão para ver se a previsão ocorre.
5. A previsão não ocorre e a hipótese não é
confirmada.
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Para aceitarmos uma confirmação e para uma lei da Natureza merecer a nossa
confiança, devem ser satisfeitas determinadas condições:
Condições da confirmação:
1. O número de observações em que se baseia a lei geral deve ser grande.
2. As observações devem ser repetidas numa grande variedade de condições.
3. Nenhuma observação deve entrar em conflito com a lei geral.
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A observação seletiva
A observação descrita pelo indutivista simplesmente não existe. Não é possível
uma observação sem pressupostos que se encarregam de selecionar os aspetos
do mundo que são relevantes para a investigação científica. Os pressupostos
que influenciam a observação podem ser interesses, problemas, pontos de
vista ou teorias. Isto implica que as observações são já interpretações dos
factos observados à luz de teorias.
O problema da indução
O próprio raciocínio indutivo levanta um sério problema, que a partir da sua
formulação por Hume ficou conhecido como problema da indução: a falácia
da circularidade, um erro de raciocínio que compromete a tentativa de
justificação da indução.
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Por terem essa finalidade, os factos proporcionados pela experiência são vistos
como testes severos. As hipóteses gerais que sobreviverem a esses testes são a
melhor explicação disponível que a ciência tem para oferecer.
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Princípio da assimetria:
Não podemos verificar uma afirmação universal, mas podemos falsificá-la.
Exemplo:
Uma afirmação como «Nenhum mamífero põe
ovos.» não pode ser verificada, mas pode ser
falsificada por uma única observação de um
mamífero que ponha ovos, como é o caso do
ornitorrinco, permitindo derivar logicamente a
afirmação «Alguns mamíferos põem ovos.»
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A razão lógica para usar a experiência com a finalidade de falsificar hipóteses gerais
é clara. A falsificação de uma hipótese geral estabelece conclusivamente que ela é
falsa: uma única observação de um caso que contrarie a hipótese geral basta para
que isso aconteça. No entanto, as observações de casos favoráveis à hipótese geral,
por mais numerosas, não são suficientes para estabelecerem conclusivamente que
a mesma é verdadeira não conseguem, portanto, verificá-la.
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1. Os cientistas deparam 2. Uma conjetura é proposta 3. A conjetura é testada por meio de tentativas
com um problema como uma tentativa para de refutação a finalidade deste importante
empírico. resolver o problema. passo é eliminar erros através de testes severos.
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Uma teoria mais próxima da verdade é também uma ferramenta mais capaz de
responder aos desafios da adaptação à realidade.
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Refutação
(1) Se uma certa hipótese é verdadeira, então uma dada consequência
ocorrerá.
(2) A consequência prevista ocorre.
∴ Logo, a hipótese não é verdadeira está refutada.
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Exemplos:
(1) Chove ou não chove.
Análise: Trata-se de uma afirmação de conteúdo zero e grau de probabilidade igual a 1, pois é uma
tautologia; segue-se que se ajusta a todo e qualquer facto e não é falsificável.
(2) Irá chover.
Análise: Esta afirmação tem um conteúdo mínimo e um grau de probabilidade máximo; na prática, não
é falsificável, pois nunca poderemos provar que é falsa.
(3) No próximo ano, em algum momento irá chover.
Análise: Esta afirmação tem um conteúdo mínimo, mas ligeiramente maior do que a anterior, e um
grau de probabilidade muito elevado, mas menor do que a afirmação anterior. Podemos provar que é
falsa, apesar de ser praticamente inevitável que seja verdadeira.
(4) No próximo ano, em algum momento irá chover em Portugal.
Análise: Esta afirmação já tem algum conteúdo, pois há zonas do planeta onde não irá chover no
próximo ano, e assim a afirmação não se ajusta na prática a qualquer facto e é falsificável; a sua
probabilidade é elevada, mas menor do que na afirmação anterior. Por transmitir algum conteúdo, e
ter portanto valor cognitivo, este é o tipo de afirmação que já começa a ter interesse para a ciência.
(5) Irá chover em Portugal na próxima semana.
Análise: Esta afirmação é mais específica e, portanto, tem mais conteúdo e é mais falsificável do que
a anterior; tem claramente menos probabilidade do que a afirmação anterior; mas, dado que é mais
informativa, se resistir à falsificação, mais utilidade ganha.
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Exemplos:
(6) A prática de xadrez estimula o raciocínio.
(7) A prática de jogos de tabuleiro estimula o raciocínio.
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Exemplo:
(8) Os nativos de Carneiro podem ter dores de cabeça esta semana.
Análise: Esta afirmação tem o defeito de se ajustar a qualquer facto
relevante para a avaliação da sua verdade. O uso do termo
«podem» retira à afirmação a possibilidade de ser falsa. Tenha ou
não um nativo de Carneiro dores de cabeça nessa semana, a
afirmação mantém-se de pé.
Por certas afirmações nada dizerem sobre o mundo, este também nada tem a
dizer-nos sobre elas. Recorrer à experiência para averiguar se essas afirmações
são verdadeiras ou falsas de nada adiantaria. Seja qual for o comportamento do
mundo, essas afirmações não têm a menor probabilidade de ser falsas.
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Esquema-síntese
• Ser metódica
• Ter resultados repetíveis
Ciência caracteriza-se por • Revelar uma convergência para a verdade
• Existir um acordo entre os investigadores
em relação ao que é verdade
envolve
Perspetiva
indutivista Confirmação versus verificação
O problema da indução
Perspetiva
Refutação e corroboração
falsificacionista
A confirmação faz parte da ciência