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SEMANA PEDAGÓGICA

Gêneros textuais e Produção de


Texto
Profª Ma. Rosangela do Nascimento Costa

Quirinópolis
2019
Objetivos
✔ Subsidiar o trabalho com gêneros
textuais/discursivos no Ensino fundamental I;
✔ Refletir sobre o conceito de gênero
textual/discursivo e sobre o trabalho em sala de
aula;
✔ Realizar uma uma proposta de trabalho com
gênero textual.
O que é o Texto:
 Texto pode ser concebido como o lugar de
constituição e de interação de sujeitos sociais, como
evento em que convergem ações lingüísticas,
cognitivas e sociais, ações por meio das quais se
constroem interativamente os objetos-de-discurso e
as múltiplas propostas de sentidos, como função de
escolhas operadas pelos enunciadores entre as
múltiplas possibilidades de organização que a
língua lhes oferece. (Koch, 2002, p. 2)
FATORES DE TEXTUALIDADE
5

 Coesão
 Coerência
 Intencionalidade
 Aceitabilidade
 Informatividade
 Situacionalidade
 Intertextualidade
(Beaugrande e Dressler, 1981)
Texto e discurso
 O discurso se manifesta linguisticamente por meio
de textos. Isto é, o discurso se materializa sob a
forma de texto. É por meio do texto que se pode
entender o funcionamento do discurso.”

BRANDÃO, H. H. N. Gêneros do Discurso: Unidade


e Diversidade. (USP)
Bakhtin (1895 – 1975)
 Mikhail Mikhailovich Bakhtin é na verdade um filósofo da
linguagem e sua linguística é considerada uma "trans-
linguística" porque ela ultrapassa a visão de língua como
sistema. Isso porque, para Bakhtin, não se pode entender a
língua isoladamente, mas qualquer análise linguística deve
incluir fatores extralinguisticos como contexto de fala, a
relação do falante com o ouvinte, momento histórico.
Gêneros textuais como práticas sócio-
históricas
 Contribuem para ordenar e estabilizar as atividades
comunicativas do dia-a-dia;
 São entidades sócio-discursivas e formas de ação
social incontornáveis em qualquer situação
comunicativa;
 Os gêneros textuais surgem situam-se e integram-se
funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem e
caracterizam-se muito mais por suas funções
comunicativas, cognitivas e institucionais do que por
suas peculiaridades lingüísticas e estruturais
Novos gêneros e velhas bases

 As novas tecnologias, ou seja, a intensidade do uso das tecnologias e suas


interferências nas atividades comunicativas diárias propiciaram o
surgimento de novos gêneros textuais, formas inovadoras. Fato já notado
por Bakhtin(1997) quando falava na transmutação dos gêneros e na
assimilação de um gênero por outro gerando novos.
Exemplos: a) conversa -> telefonema
b) bilhete -> carta -> e-mail
 Os limites entre a oralidade e a escrita tornam-se menos visíveis, a isto
chama-se hibridismo que desafia as relações entre oralidade e escrita e
inviabiliza de forma definitiva a visão dicotômica.
 Os gêneros híbridos permitem observar melhor a integração entre os
vários tipos de semioses: signos verbais, sons, imagens e formas em
movimento.
Definição de tipo e gênero textual

 É impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum


gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a
não ser por algum texto.
 Esta visão segue a noção de língua como atividade social,
histórica e cognitiva, privilegia a natureza funcional e
interativa. A língua é tida como uma forma de ação social e
histórica e que, ao dizer, também constitui a realidade sem
contudo cair num subjetivismo ou idealismo ingênuo. Neste
contexto os gêneros textuais se constituem como ações sócio-
discursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo,
constituindo-o de algum modo.
 Textoé uma entidade
concreta realizada
materialmente e corporificada
em algum gênero textual.

 Discurso é aquilo que um


texto produz ao se manifestar
em alguma instância
discursiva. O discurso se
realiza nos textos.
Domínio Discursivo
 Uma esfera ou instância de produção discursiva ou
de atividade humana. Não são textos nem
discursos, mas propiciam o surgimento de discursos
bastante específicos. Discurso jurídico, discurso
jornalístico, discurso religioso, discurso político, etc.
TIPO TEXTUAL

 Usamos essa expressão para designar uma espécie de


sequência teoricamente definida pela natureza
lingüística de sua composição (aspectos lexicais,
sintáticos, tempos verbais, relações lógicas).
PARALELO

 TIPOS TEXTUAIS  GÊNEROS TEXTUAIS


 1 – constructos teóricos  1 – realizações linguísticas
definidos por propriedades concretas definidas por
lingüísticas intrínsecas; propriedades sócio-
comunicativas;
 2 – constituem seqüências  2 – constituem textos
lingüísticas ou seqüências de empiricamente cumprindo
enunciados no interior dos funções em situações
gêneros e não são textos comunicativas;
empíricos;
3 – sua nomeação abrange um 3 – sua nomeação abrange um
conjunto limitado de categorias conjunto aberto e praticamente
teóricas determinadas por ilimitado de designação
aspectos lexicais, sintáticos, concretas determinadas pelo
relações lógicas, tempo verbal; canal, estilo, conteúdo,
composição e função;
4 – exemplos de gêneros:
4– designações teóricas dos telefonema, sermão, carta
tipos: narração, argumentação, comercial, carta pessoal,
descrição, injunção e exposição. romance, bilhete, reportagem
jornalística, aula expositiva,
notícia jornalística reunião de
condomínio, cardápio,
instruções
horóscopo, receita culinária, bula de
remédio,lista de compras, cartões de
instruções de uso, outdoor, inquérito
policial, resenha, edital de concurso,
piada, conversação espontânea,
conferência, carta eletrônica, bate-
papo virtual, aulas virtuais, etc.
TIPOS TEXTUAIS

constituem
definição

abrangem são
Tipos Textuais – Classificação segundo
Werlich(1973)
Estrutura simples com um verbo estático no presente
ou imperfeito, um complemento e uma indicação
Descritiva circunstancial de lugar. Ex.: Sobre a mesa havia
milhares de vidros.
Exposição sintética pelo processo de composição. Um
sujeito e um predicado(no presente) e um
complemento com um grupo nominal. Enunciado de
identificação de fenômenos. Ex.: Uma parte do
cérebro é o córtex.
Exposição analítica pelo processo de decomposição.
Expositiva Um sujeito, um verbo da família do verbo ter(ou
verbos como contém, consiste, compreende) e um
complemento que estabelece com o sujeito uma
relação parte-todo.Enunciado de ligação de
fenômenos.Ex.: O cérebro tem dez milhões de
neurônios.
Tipos Textuais – Classificação segundo
Werlich(1973)
Verbo de mudança no passado, um
circunstancial de tempo e lugar. Enunciado
Narrativa indicativo de ação. Ex.: Os passageiros
aterrissaram em Nova York no meio da noite.
Uma forma verbal com o verbo ser no
presente e um complemento. Enunciado de
Argumentativa qualidade. Ex.: A obsessão com a
durabilidade nas Artes não é permanente.
Um verbo no imperativo. Enunciados
incitadores à ação. Podem assumir
configuração mais longe onde o imperativo é
Injuntiva substituído por “deve”. Ex.: Pare! Seja
razoável. Todos brasileiros acima de 18 anos
do sexo masculino devem comparecer ao
exército para alistarem-se.
Gêneros textuais Exemplos de gêneros:
telefonema, sermão, carta
comercial, carta pessoal,
romance, bilhete, aula
expositiva, reunião de
condomínio, horóscopo,
receita culinária, lista de
compras, cardápio,
instruções de uso, outdoor,
resenha, inquérito policial,
conferência, bate-papo
virtual, etc

Abrange um conjunto aberto e


praticamente ilimitado de
designações concretas determinadas
pelo canal, estilo, conteúdo,
composição e função.
Observações sobre Gêneros Textuais

 Quando dominamos um gênero textual, dominamos uma forma


de realizar lingüisticamente objetivos específicos em situações
sociais particulares.”A apropriação dos gêneros é um
mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas
atividades comunicativas humanas” -> Bronckart(1999) Os
gêneros operam, em certos contextos, como formas de
legitimação discursiva, já que se situam numa relação sócio-
histórica com fontes de produção que lhes dão sustentação
muito além da justificativa individual.
Observações sobre Gêneros Textuais
 Intertextualidade inter-gêneros = um gênero com função de outro
 Intertextualidade tipológica = um gênero com a presença de vários
tipos
 A possibilidade de operação e maleabilidade dá aos gêneros
enorme capacidade de adaptação e ausência de rigidez.
Miller(1984) considera o gênero como “ação social” e diz: “uma
definição de gênero não deve centrar-se na substância nem na
forma do discurso, mas na ação em que ele aparece para realizar-
se.”
 Bakhtin(1997) indicava a “construção composicional”, ao lado do
“conteúdo temático” e do “estilo” como as três características dos
gêneros.
 Os gêneros são, em última análise, o reflexo das estruturas sociais
recorrentes e típicas de cada cultura.
Gêneros textuais e ensino
 Ter em mente a questão da relação oralidade e escrita no
contexto dos gêneros textuais, desde os mais informais até os
mais formais e em todos os contextos e situações de vida
cotidiana.
 Os gêneros são modelos comunicativos e servem, muitas vezes
para criar uma expectativa no interlocutor e prepará-lo para
determinada reação. Operam prospectivamente, abrindo o
caminho da compreensão, como frisou Bakhtin(1997).
Gêneros Textuais e Ensino
 Os interlocutores seguem em geral três critérios para
designarem seus textos: [Elizabeth Gulich(1986)]
 Canal/ meio de comunicação(telefonema, carta, telegrama)
 Critérios formais(discussão, conto, debate, contrato, ata,
poema)
 Natureza do conteúdo(piada, prefácio de livro, receita
culinária, bula de remédio)
Gêneros textuais e ensino

 Para Douglas Bilber(1988), os gêneros são geralmente


determinados com base nos objetivos dos falantes e na
natureza do tópico tratado.
 Os gêneros textuais se fundem em critérios
externos(sócio-comunicativos e discursivos) e os tipos
textuais fundam-se em critérios internos(lingüísticos e
formais).
Gêneros textuais e ensino
 Adequação tipológica que diz respeito à relação que deveria haver, na
produção de cada gênero textual, entre os seguintes aspectos:
 Natureza da informação ou do conteúdo veiculado;
 Nível de linguagem(formal, informal, dialetal, culta, etc)
 Tipo de situação em que o gênero se situa(pública, privada, corriqueira,
solene, etc)
 Relação entre os participantes(conhecidos, desconhecidos, nível social,
formação, etc)
 Natureza dos objetivos das atividades desenvolvidas.
Gêneros textuais na escola

Os gêneros textuais estão na escola?

Se não, por que ainda não entraram?

Se sim, como têm “entrado” nas salas de aula?


O que se tem observado
✔ crescente presença de textos em sala de aula;
✔ foco apenas nas características dos gêneros;
✔ trabalho sobre os gêneros;
✔ predominância de situações de interação com os
gêneros;
✔ um gênero explorado na leitura serve de “mote”
para a produção de outro(s) gênero(s), geralmente
em função de sua temática...
Um exemplo...
 Leitura da fábula “A formiga e a cigarra”, de
Esopo  exploração do texto e de suas
características  discussão sobre o assunto do
texto e da moral do texto  proposição de uma
produção textual em que seja noticiada a morte da
cigarra  o texto produzido será exposto no mural
da sala...
Os sentidos que o mesmo
discurso adquire em
diferentes momentos da
história.
Coração de estudante
Quero falar de uma coisa Mas renova-se a esperança
Advinha onde ela anda? Nova aurora a cada dia
Deve estar dentro do peito E há que se cuidar do broto
Ou caminha pelo ar Pra que a vida nos dê flor e
Pode estar aqui do lado fruto
Bem mais perto que pensamos Coração de estudante
A folha da juventude Há que se cuidar da vida
É o nome certo desse amor Há que se cuidar do mundo
Já podaram seus momentos Tomar conta da amizade
Desviaram seu destino Alegria e muito sonho
Seu sorriso de menino Espalhados no caminho
Quantas vezes se escondeu Verdes: planta e sentimento
Folhas, coração, juventude e fé

Milton Nascimento
O bicho
O Bicho Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira
Gêneros discursivos
 Nós aprendemos a moldar o nosso discurso em
formas de gênero e, quando ouvimos o discurso
alheio, já adivinhamos o seu gênero pelas primeiras
palavras, adivinhamos um determinado volume (isto
é, uma extensão aproximada do conjunto do
discurso), uma determinada construção
composicional, prevemos o fim, isto é, desde o início
temos a sensação do conjunto do discurso que em
seguida apenas se diferencia no processo da fala
(BAKHTIN, 2010, p. 283).
Gêneros discursivos
 BAKHTIN argumenta ainda que dentro de uma dada
situação linguística, o falante / ouvinte produz uma
estrutura comunicativa que se configurará em formas-
padrão relativamente estáveis de um enunciado, pois
são formas marcadas a partir de contextos sociais e
históricos. Em outras palavras, tais formas estão sujeitas
a alterações em sua estrutura, dependendo do contexto
de produção e dos falantes / ouvintes que produzem,
os quais atribuem sentidos a determinado discurso.
Logo, conclui-se que são muitas e variadas as formas
dos gêneros textuais (BAKHTIN, 2010, p. 279).
BILHETE
RECEITA DE BOLO
BULA DE REMÉDIO
LISTA TELEFONICA
CARTA COMERCIAL
SERMÃO
PIADA
E-MAIL
LISTA
HORÓSCOPO
POEMA
PREFÁCIO
HISTÓRIA EM
QUADRINHO
MANUAL DE INSTRUÇÃO
Facebook
Suportes
 chamaremos de SUPORTES TEXTUAIS os espaços físicos e
materiais onde estão grafados os gêneros textuais, como por
exemplo, o livro, o jornal, o computador, o folder, o manual de
instrução, a folha da bula de remédio, etc. Numa concepção
ampla de texto, sob o ponto de vista da semiótica, a televisão,
o cinema, o rádio o “outdoor” também podem ser
considerados como suportes textuais. Os gêneros textuais
podem estar presentes em diversos suportes, como por
exemplo, revista e jornais, que suportam os gêneros
reportagem, matéria, coluna, resenha, charge, quadrinho,
classificados entre outros gêneros.
Suportes
 Marcuschi (comunicação pessoal) aponta para
alguns suportes denominados “incidentais” e dá
como exemplo uma tatuagem afixada em um a
parte do corpo humano, ou ainda uma inscrição
produzida no céu – no ar – por um avião da
esquadrilha da fumaça. Poderíamos acrescentar a
areia da praia que serve de suporte para
pequenos poemas, tal qual os troncos de árvores;
ou, até mesmo, as portas dos banheiros de nossas
universidades.
Dialogismo e Polifonia
 Para Bakhtin (2000, p. 345), "a relação dialógica é
uma relação (de sentido) que se estabelece entre
enunciados na comunicação verbal". Bakhtin ainda
afirma que o dialogismo como relação entre o
enunciador e o enunciatário pressupõe um deslocamento
do conceito de sujeito. O sujeito passa a ser composto
pelas múltiplas vozes que soam no diálogo e se situa
fora dos interlocutores, no texto que eles criam.
polifonia é o conceito que define esta multiplicidade de
vozes no discurso.

Dialogismo e Polifonia
 "Sobre a relação dialógica. É uma relação marcada
por uma profunda originalidade e que não pode ser
resumida a uma relação de ordem lógica, linguística,
psicológica ou mecânica, ou ainda a uma relação de
ordem natural. Estamos perante uma relação
específica de sentido cujos elementos constitutivos só
podem ser enunciados completos (ou considerados
completos, ou ainda potencialmente completos) por trás
dos quais está (e pelos quais se expressa) um sujeito
real ou potencial, o autor do determinado
enunciado." (BAKHTIN, 2000, p. 353)
Intertextualidade
 "Fiorin explica o conceito de intertextualidade como sendo algo que
“concerne ao processo de construção, reprodução ou transformação
do sentido”. Em outras palavras, é o processo de incorporação de
um texto em outro. O texto é a unidade de manifestação onde os
sentidos se manifestam e se dão a ler. É o lugar de relação entre
imanência e manifestação, enquanto o discurso é o patamar de
percurso gerativo no qual o enunciador assume as estruturas. São 3
processos de intertextualidade: a citação, a alusão e a estilização.
Citação – confirma ou altera o sentido do texto cidado. Alusão –
reproduz/substitui construções sintáticas em que certas figuras são
substituídas por outras. Estilização – reproduz o estilo de outrem
(seja do tipo polêmica ou contratual). Reproduz um conjunto de
concorrências formais: - tratamento na segunda pessoa do plural. ·
uso sistemático do plural majestático. - uso de um léxico preciosista. -
uso de elementos da sintaxe clássica (oração infinitiva etc.)."
(CLÓVIS, forchat, 2002, 27/09)
Intertextualidade
Intertextualide na literatura
 "Meus oito anos"  "Meus oito anos"
 Oh! Que saudade que tenho  Oh! Que saudade que tenho
 Da aurora da minha vida,  Da aurora da minha vida,
 Da minha infância querida  Da minha infância querida
 Que os anos não trazem mais  Que os anos não trazem mais
 Que amor, que sonhos, que  Naquele quintal de terra
flores  Da rua São Antonio
 Naquelas tardes fagueiras  Debaixo da bananeira
 À sombra das bananeiras  Sem nenhum laranjai
 Debaixo dos laranjais!  (Oswald de Andrade)
 (Casimiro de Abreu)
Monte Castelo

É um não querer mais que bem querer;


Legião Urbana É solitário andar por entre a gente;
Ainda que eu falasse É um não contentar-se de contente;
A língua dos homens É cuidar que se ganha em se perder.
E falasse a língua dos anjos, É um estar-se preso por vontade;
Sem amor eu nada seria. É servir a quem vence, o vencedor;
É só o amor! É só o amor É um ter com quem nos mata a lealdade.
Que conhece o que é verdade. Tão contrário a si é o mesmo amor.
O amor é bom, não quer o mal, Estou acordado e todos dormem.
Não sente inveja ou se envaidece. Todos dormem. Todos dormem.
O amor é o fogo que arde sem se ver; Agora vejo em parte,
É ferida que dói e não se sente; Mas então veremos face a face.
É um contentamento descontente; É só o amor! É só o amor
É dor que desatina sem doer. Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse Ainda que eu falasse
A língua dos homens A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria. Sem amor eu nada seria.
Composição: Renato Russo (recortes do
Apóstolo Paulo e de Camões).
AMBIENTES DISCURSIVOS
 chamaremos de AMBIENTES DISCURSIVOS os lugares ou as
instituições sociais onde se organizam formas de produção com
respectivas estratégias de compreensão onde ocorrem as atividades
de linguagem, através dos textos empíricos classificados em gêneros
textuais; por exemplo, o Ambiente Discursivo escolar, acadêmico,
mídia, jurídico, religioso, político, etc. Há ainda que se considerar
que esses ambientes discursivos os “lieux sociaux” podem ser
recortados em formações discursivas, de acordo com as suas
formações sociais, conforme (Foucault, 1969).
Tabela terminológica
GÊNERO TEXTUAL MODALIDADE DISCURSIVA SUPORTE DO AMBIENTE INTERAÇÃO VERBAL
TEXTO DISCURSIVO ENUNCIADORES
(INSTITUIÇÃO)

NOVELA Narrar Televisão Mídia televisiva Autores telespectadores

CRÔNICA Expor / Argumentar Seção coluna de Mídia impressa Escritor leitor de


jornal/revista jornal/revista jornal/revista

ROMANCE Narrar Livro Indústria literária Escritor leitor

ENTREVISTA Interativo/Dialogal Revista Mídia escrita Jornalista e


entrevistado/leitor

CARTA OFÍCIO Expor/Argumentar Folha papel Acadêmico escolar Universidade/Escola


timbrado e oficial Prefeitura
envelope

BIOGRAFIA Relatar Livro Indústria Literária Escritor/Leitor


Conclusão
 Os gêneros são, em última análise, o reflexo das
estruturas sociais recorrentes e típicas de cada
cultura.
 O trabalho com gêneros será uma forma de dar
conta do ensino dentro de um dos vetores da
proposta oficial dos PCNs.
Referências
 FIORIN, José Luiz. Maravilhas da enunciação. Disponível em:
<http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12024> Data
de acesso: 17 set. 2011.
 BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Introdução e tradução
Paulo Bezerra. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
 BEAUGRANDE, Alain-Robert de & DRESSLER, Wolfgang, 2002,
Introduction to Text Linguistics, [1981]. Disponível em:
<http://www.beaugrande.com/introduction_to_text_linguistics.htm>
Data de acesso: 15/10/2010.
 ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios &
procedimentos. Campinas, SP: Pontes, 1999. p. 15.
 FERNANDES, Cleudemar Alves. Análise do discurso: reflexões
introdutórias. 2. ed. São Carlos: Claraluz, 2007.
Oficina – Memória Literária
 Leitura do texto: “ De onde vêm as histórias”;
 Propor que os alunos conversem com pessoas idosas
em casa, nos vizinhos, no bairro, algum conhecido;
 Façam uma entrevista;
 Discussão em sala;
 Exposição da entrevista;
 Exposição de coisas antigas para lembrar;
 Leitura de um texto de memória;
Leitura:
De onde vêm as histórias? Elas não estão escondidas como um tesouro na gruta de
Aladim ou num baú que permanece no fundo do mar. Estão perto, ao alcance de
sua mão. Você vai
descobrir que as pessoas mais simples têm algo surpreendente a nos contar.
Quando um avô fica quietinho, com o olhar perdido no passado, não perca a
ocasião. Tal como Aladim da lâmpada maravilhosa, você descobrirá os tesouros
da memória. Se ter um velho amigo é bom, ter um amigo velho é ainda melhor.

Ecléa Bosi. Velhos amigos. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Conversa c
Perguntas que podem ser feitas:
 O(a) senhor(a) se lembra de alguma passagem
marcante da sua vida nesta cidade?
Que fato é esse? Por que ele foi marcante?
▶ O(a) senhor(a) tem algum objeto antigo ou foto
que lembre essa passagem de sua vida?
▷ ?????
Se bem me Lembro...
 Aproveitando a ocasião, converse com a turma a respeito da
importância do registro; dê sugestões e dicas para que eles
anotem o maior número possível de informações durante a
conversa com a pessoa escolhida.
 ▷ Em classe, reunidos em pequenos grupos, peça aos alunos
que contem o que ouviram e organizem um quadro com os
seguintes dados: se bem me lembro...
Nome e idade Fato mencionado O que mais chamou a
atenção
 Monte com os alunos, na escola, uma exposição com as fotos e os objetos
antigos que eles conseguiram reunir enquanto realizavam a pesquisa.
▷ Decida com eles onde as peças serão expostas: sala de aula, biblioteca,
pátio ou algum outro lugar da escola. Organize e identifique-as com
placas ou cartazes que contenham informações sobre elas e seus donos.
 ▷ Você pode distribuir as tarefas entre os alunos: um grupo ficará
responsável por preparar as placas; outro, por organizar os objetos e as
fotografias; outro, por fazer convites cartazes de divulgação; outro, para
monitorar a visita. É recomendável que os alunos convidem colegas de
outras turmas, professores e familiares para visitar a exposição.
 ▷ Converse a respeito do registro das memórias. Chame a atenção dos
alunos para que percebam que, na conversa com os entrevistados,
fragmentos de memórias foram contados oralmente e, depois, com base
nos registros realizados, eles recontaram esses fragmentos para o grupo,
também oralmente.

O pai do meu pai era pastor de ovelhas numa aldeia bem pequena, nas montanhas
da Galícia, ao norte da Espanha. Antes de o dia clarear, ele abria o estábulo e saía
com as ovelhas para o campo. Junto, seu amigo inseparável: um cachorrinho ensinado.
Numa noite de neve na aldeia, depois que os irmãos menores dormiram, meu avô
sentou ao lado da mãe na luz quente do fogão a lenha:
– Mãe, eu quero ir para o Brasil, quero ser um homem de respeito, trabalhar e
mandar dinheiro para a senhora criar os meus irmãos.
Ela fez o que pôde para convencê-lo a ficar. Pediu que esperasse um pouco mais, era
ainda um menino, mas ele estava determinado:
– Não vou pastorear ovelhas até morrer, como fez o pai.
Mais tarde, como em outras noites de frio, a mãe foi pôr uma garrafa de água
quente entre as cobertas para esquentar a cama dele:
– Doze anos, meu filho, quase um homem. Você tem razão, a Espanha pouco pode
nos dar.
Vá para o Brasil, terra nova, cheia de oportunidades. E trabalhe duro, siga o
exemplo do seu pai.
Meu avô viu os olhos de sua mãe brilharem como líquido. Desde a morte do marido,
era a primeira vez que ela chorava diante de um filho.

Drauzio Varella. Nas ruas do Brás. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000, p. 5.
 https://www.escrevendoofuturo.org.br/

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