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Quirinópolis
2019
Objetivos
✔ Subsidiar o trabalho com gêneros
textuais/discursivos no Ensino fundamental I;
✔ Refletir sobre o conceito de gênero
textual/discursivo e sobre o trabalho em sala de
aula;
✔ Realizar uma uma proposta de trabalho com
gênero textual.
O que é o Texto:
Texto pode ser concebido como o lugar de
constituição e de interação de sujeitos sociais, como
evento em que convergem ações lingüísticas,
cognitivas e sociais, ações por meio das quais se
constroem interativamente os objetos-de-discurso e
as múltiplas propostas de sentidos, como função de
escolhas operadas pelos enunciadores entre as
múltiplas possibilidades de organização que a
língua lhes oferece. (Koch, 2002, p. 2)
FATORES DE TEXTUALIDADE
5
Coesão
Coerência
Intencionalidade
Aceitabilidade
Informatividade
Situacionalidade
Intertextualidade
(Beaugrande e Dressler, 1981)
Texto e discurso
O discurso se manifesta linguisticamente por meio
de textos. Isto é, o discurso se materializa sob a
forma de texto. É por meio do texto que se pode
entender o funcionamento do discurso.”
constituem
definição
abrangem são
Tipos Textuais – Classificação segundo
Werlich(1973)
Estrutura simples com um verbo estático no presente
ou imperfeito, um complemento e uma indicação
Descritiva circunstancial de lugar. Ex.: Sobre a mesa havia
milhares de vidros.
Exposição sintética pelo processo de composição. Um
sujeito e um predicado(no presente) e um
complemento com um grupo nominal. Enunciado de
identificação de fenômenos. Ex.: Uma parte do
cérebro é o córtex.
Exposição analítica pelo processo de decomposição.
Expositiva Um sujeito, um verbo da família do verbo ter(ou
verbos como contém, consiste, compreende) e um
complemento que estabelece com o sujeito uma
relação parte-todo.Enunciado de ligação de
fenômenos.Ex.: O cérebro tem dez milhões de
neurônios.
Tipos Textuais – Classificação segundo
Werlich(1973)
Verbo de mudança no passado, um
circunstancial de tempo e lugar. Enunciado
Narrativa indicativo de ação. Ex.: Os passageiros
aterrissaram em Nova York no meio da noite.
Uma forma verbal com o verbo ser no
presente e um complemento. Enunciado de
Argumentativa qualidade. Ex.: A obsessão com a
durabilidade nas Artes não é permanente.
Um verbo no imperativo. Enunciados
incitadores à ação. Podem assumir
configuração mais longe onde o imperativo é
Injuntiva substituído por “deve”. Ex.: Pare! Seja
razoável. Todos brasileiros acima de 18 anos
do sexo masculino devem comparecer ao
exército para alistarem-se.
Gêneros textuais Exemplos de gêneros:
telefonema, sermão, carta
comercial, carta pessoal,
romance, bilhete, aula
expositiva, reunião de
condomínio, horóscopo,
receita culinária, lista de
compras, cardápio,
instruções de uso, outdoor,
resenha, inquérito policial,
conferência, bate-papo
virtual, etc
Milton Nascimento
O bicho
O Bicho Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
Gêneros discursivos
Nós aprendemos a moldar o nosso discurso em
formas de gênero e, quando ouvimos o discurso
alheio, já adivinhamos o seu gênero pelas primeiras
palavras, adivinhamos um determinado volume (isto
é, uma extensão aproximada do conjunto do
discurso), uma determinada construção
composicional, prevemos o fim, isto é, desde o início
temos a sensação do conjunto do discurso que em
seguida apenas se diferencia no processo da fala
(BAKHTIN, 2010, p. 283).
Gêneros discursivos
BAKHTIN argumenta ainda que dentro de uma dada
situação linguística, o falante / ouvinte produz uma
estrutura comunicativa que se configurará em formas-
padrão relativamente estáveis de um enunciado, pois
são formas marcadas a partir de contextos sociais e
históricos. Em outras palavras, tais formas estão sujeitas
a alterações em sua estrutura, dependendo do contexto
de produção e dos falantes / ouvintes que produzem,
os quais atribuem sentidos a determinado discurso.
Logo, conclui-se que são muitas e variadas as formas
dos gêneros textuais (BAKHTIN, 2010, p. 279).
BILHETE
RECEITA DE BOLO
BULA DE REMÉDIO
LISTA TELEFONICA
CARTA COMERCIAL
SERMÃO
PIADA
E-MAIL
LISTA
HORÓSCOPO
POEMA
PREFÁCIO
HISTÓRIA EM
QUADRINHO
MANUAL DE INSTRUÇÃO
Facebook
Suportes
chamaremos de SUPORTES TEXTUAIS os espaços físicos e
materiais onde estão grafados os gêneros textuais, como por
exemplo, o livro, o jornal, o computador, o folder, o manual de
instrução, a folha da bula de remédio, etc. Numa concepção
ampla de texto, sob o ponto de vista da semiótica, a televisão,
o cinema, o rádio o “outdoor” também podem ser
considerados como suportes textuais. Os gêneros textuais
podem estar presentes em diversos suportes, como por
exemplo, revista e jornais, que suportam os gêneros
reportagem, matéria, coluna, resenha, charge, quadrinho,
classificados entre outros gêneros.
Suportes
Marcuschi (comunicação pessoal) aponta para
alguns suportes denominados “incidentais” e dá
como exemplo uma tatuagem afixada em um a
parte do corpo humano, ou ainda uma inscrição
produzida no céu – no ar – por um avião da
esquadrilha da fumaça. Poderíamos acrescentar a
areia da praia que serve de suporte para
pequenos poemas, tal qual os troncos de árvores;
ou, até mesmo, as portas dos banheiros de nossas
universidades.
Dialogismo e Polifonia
Para Bakhtin (2000, p. 345), "a relação dialógica é
uma relação (de sentido) que se estabelece entre
enunciados na comunicação verbal". Bakhtin ainda
afirma que o dialogismo como relação entre o
enunciador e o enunciatário pressupõe um deslocamento
do conceito de sujeito. O sujeito passa a ser composto
pelas múltiplas vozes que soam no diálogo e se situa
fora dos interlocutores, no texto que eles criam.
polifonia é o conceito que define esta multiplicidade de
vozes no discurso.
Dialogismo e Polifonia
"Sobre a relação dialógica. É uma relação marcada
por uma profunda originalidade e que não pode ser
resumida a uma relação de ordem lógica, linguística,
psicológica ou mecânica, ou ainda a uma relação de
ordem natural. Estamos perante uma relação
específica de sentido cujos elementos constitutivos só
podem ser enunciados completos (ou considerados
completos, ou ainda potencialmente completos) por trás
dos quais está (e pelos quais se expressa) um sujeito
real ou potencial, o autor do determinado
enunciado." (BAKHTIN, 2000, p. 353)
Intertextualidade
"Fiorin explica o conceito de intertextualidade como sendo algo que
“concerne ao processo de construção, reprodução ou transformação
do sentido”. Em outras palavras, é o processo de incorporação de
um texto em outro. O texto é a unidade de manifestação onde os
sentidos se manifestam e se dão a ler. É o lugar de relação entre
imanência e manifestação, enquanto o discurso é o patamar de
percurso gerativo no qual o enunciador assume as estruturas. São 3
processos de intertextualidade: a citação, a alusão e a estilização.
Citação – confirma ou altera o sentido do texto cidado. Alusão –
reproduz/substitui construções sintáticas em que certas figuras são
substituídas por outras. Estilização – reproduz o estilo de outrem
(seja do tipo polêmica ou contratual). Reproduz um conjunto de
concorrências formais: - tratamento na segunda pessoa do plural. ·
uso sistemático do plural majestático. - uso de um léxico preciosista. -
uso de elementos da sintaxe clássica (oração infinitiva etc.)."
(CLÓVIS, forchat, 2002, 27/09)
Intertextualidade
Intertextualide na literatura
"Meus oito anos" "Meus oito anos"
Oh! Que saudade que tenho Oh! Que saudade que tenho
Da aurora da minha vida, Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonhos, que Naquele quintal de terra
flores Da rua São Antonio
Naquelas tardes fagueiras Debaixo da bananeira
À sombra das bananeiras Sem nenhum laranjai
Debaixo dos laranjais! (Oswald de Andrade)
(Casimiro de Abreu)
Monte Castelo
Ecléa Bosi. Velhos amigos. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Conversa c
Perguntas que podem ser feitas:
O(a) senhor(a) se lembra de alguma passagem
marcante da sua vida nesta cidade?
Que fato é esse? Por que ele foi marcante?
▶ O(a) senhor(a) tem algum objeto antigo ou foto
que lembre essa passagem de sua vida?
▷ ?????
Se bem me Lembro...
Aproveitando a ocasião, converse com a turma a respeito da
importância do registro; dê sugestões e dicas para que eles
anotem o maior número possível de informações durante a
conversa com a pessoa escolhida.
▷ Em classe, reunidos em pequenos grupos, peça aos alunos
que contem o que ouviram e organizem um quadro com os
seguintes dados: se bem me lembro...
Nome e idade Fato mencionado O que mais chamou a
atenção
Monte com os alunos, na escola, uma exposição com as fotos e os objetos
antigos que eles conseguiram reunir enquanto realizavam a pesquisa.
▷ Decida com eles onde as peças serão expostas: sala de aula, biblioteca,
pátio ou algum outro lugar da escola. Organize e identifique-as com
placas ou cartazes que contenham informações sobre elas e seus donos.
▷ Você pode distribuir as tarefas entre os alunos: um grupo ficará
responsável por preparar as placas; outro, por organizar os objetos e as
fotografias; outro, por fazer convites cartazes de divulgação; outro, para
monitorar a visita. É recomendável que os alunos convidem colegas de
outras turmas, professores e familiares para visitar a exposição.
▷ Converse a respeito do registro das memórias. Chame a atenção dos
alunos para que percebam que, na conversa com os entrevistados,
fragmentos de memórias foram contados oralmente e, depois, com base
nos registros realizados, eles recontaram esses fragmentos para o grupo,
também oralmente.
O pai do meu pai era pastor de ovelhas numa aldeia bem pequena, nas montanhas
da Galícia, ao norte da Espanha. Antes de o dia clarear, ele abria o estábulo e saía
com as ovelhas para o campo. Junto, seu amigo inseparável: um cachorrinho ensinado.
Numa noite de neve na aldeia, depois que os irmãos menores dormiram, meu avô
sentou ao lado da mãe na luz quente do fogão a lenha:
– Mãe, eu quero ir para o Brasil, quero ser um homem de respeito, trabalhar e
mandar dinheiro para a senhora criar os meus irmãos.
Ela fez o que pôde para convencê-lo a ficar. Pediu que esperasse um pouco mais, era
ainda um menino, mas ele estava determinado:
– Não vou pastorear ovelhas até morrer, como fez o pai.
Mais tarde, como em outras noites de frio, a mãe foi pôr uma garrafa de água
quente entre as cobertas para esquentar a cama dele:
– Doze anos, meu filho, quase um homem. Você tem razão, a Espanha pouco pode
nos dar.
Vá para o Brasil, terra nova, cheia de oportunidades. E trabalhe duro, siga o
exemplo do seu pai.
Meu avô viu os olhos de sua mãe brilharem como líquido. Desde a morte do marido,
era a primeira vez que ela chorava diante de um filho.
Drauzio Varella. Nas ruas do Brás. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000, p. 5.
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