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Modernismo

1. Antecedentes: a Semana de Arte Moderna (1922)


1. Antecedentes: a Semana de Arte Moderna (1922)

 O Modernismo teve início com a Semana de Arte


Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo
nos dias 13 a 18 de fevereiro de 1922. Idealizada por um
grupo de artistas, a Semana pretendia colocar a cultura
brasileira a par das corrente de vanguarda do
pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a
tomada de consciência da realidade brasileira.
 Ocorreram, durante esse período, exposições de artes
plásticas e saraus com conferências, leituras de
poemas, dança e música.
1. Antecedentes: a Semana de Arte Moderna (1922)

 A Semana de Arte Moderna, vista isoladamente, não


deveria merecer tanta atenção. Seus participantes não
tinham sequer um projeto artístico comum; unia-os
apenas o sentimento de liberdade de criação e o desejo
de romper com a cultura tradicional. Foi, portanto, um
acontecimento bastante restrito aos meios artísticos,
principalmente de São Paulo.
 Apesar disso, a Semana foi aos poucos ganhando uma
enorme importância histórica.
1. Antecedentes: a Semana de Arte Moderna (1922)

 Primeiramente, porque representou a confluência de várias


tendências de renovação que, empenhadas em combater a
arte tradicional, vinham ocorrendo na cultura brasileira
antes de 1922.
 Em segundo lugar, conseguiu chamar a atenção dos meios
artísticos de todo o país. A partir daí, formaram-se grupos
de artistas e intelectuais que levaram adiante e
aprofundaram o debate acerca da arte moderna.
 Os reflexos da Semana fizeram-se sentir em todo o
decorrer dos anos 1920, atravessaram a década de 1930 e, de
alguma forma, têm relação com a arte que se faz hoje.
1.
Antecedentes:
a Semana de
Arte Moderna
(1922)

O Teatro Municipal de
São Paulo serviu de
palco para o evento que
marcou o início do
Modernismo no Brasil
2. Características gerais do Modernismo

 A busca de uma linguagem brasileira: desprezando o rigor


das regras gramaticais,principalmente aquelas ditadas pela
gramáica lusitana mas distante da realidade brasileira. Os
modernistas aproximaram a linguagem literária da lígua
falada pelo povo brasileiro.
 Nacionalismo crítico: interesse por temas brasileiros,
buscando valorizar nossa tradição e cultura, bem como nosso
passado histórico cultural.
 Ironia, humor, piada, paródia: os modernistas procuravam
ser bem-humorados. Zombavam da arte tradicional e das
figuras eminentes de nosso passado histórico
2. Características gerais do Modernismo

 Temas extraídos do cotidiano: os modernistas


acreditavam na possibilidade de a arte ser extraída das
coisas simples da vida e não apenas dos grandes temas
universais. A produção modernista promove, assim,
uma dessacralização da arte.
3. A primeira fase do Modernismo (1922-1930): a “fase
heroica”

AMARAL, Tarsila do. A feira. 1924. Óleo sobre tela, 46x55 cm


3.1 A primeira fase do Modernismo (1922-1930): a “fase
heroica”

 Fase mais radical do movimento: necessidade de


definições
 Abandono das perspectivas passadistas e liberdade
formal
 Procura do original e do polêmico
 Visão nacionalista, porém crítica, da realidade
 Defesa da reconstrução da cultura brasileira sobre
bases nacionais: eliminação definitiva do nosso
complexo de colonizados, apegados a valores
estrangeiros.
3.1 A primeira fase do Modernismo (1922-1930): a “fase
heroica”

 Revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas


tradições culturais
 Aproximação entre fala e escrita na linguagem.
 Período rico em publicações de obras literárias,
revistas e manifestos.
 Principais poetas: Oswald de Andrade, Mário de
Andrade e Manuel Bandeira.
3. 2. A antropofagia: a deglutição cultural

 Oswald de Andrade,
Tarsila do Amaral e Raul
Bopp lançaram, em 1928,
o mais radical de todos os
movimentos do período: a
Antropofagia. Partidários
de um primitivismo
crítico, os antropófagos
propunham a devoração
da cultura estrangeira.

Abapuru (1928), de Tarsila do Amaral.


3. 2. A antropofagia: a deglutição cultural

 Contrariamente à xenofobia, os antropófagos não


negavam a cultura estrangeira, mas também não
copiavam nem imitavam. Assim como os índios
canibais devoravam seus inimigos, acreditando que
desse modo assimilariam suas qualidades, os artistas
antropófagos propunham a “devoração simbólica” da
cultura estrangeira, aproveitando suas inovações
artísticas, porém sem a perda da nossa identidade
cultural.
3. 2. A antropofagia: a deglutição cultural
“ [...]
Tupi, or not tupi that is the question. […]
Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império.
Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos
portugueses. [...]
Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca
João Ramalho fundador de São Paulo.
A nossa independência ainda não foi proclamada. Frase típica de D. João VI: – Meu filho,
põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a
dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da
Fonte.
Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem
complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de
Pindorama.”
OSWALD DE ANDRADE
Em Piratininga
Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha
(Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)
3. 2. A antropofagia: a deglutição cultural
“ [...]
Tupi, or not tupi that is the question. […]
Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império.
Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos
portugueses. [...]
Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca
João Ramalho fundador de São Paulo.
A nossa independência ainda não foi proclamada. Frase típica de D. João VI: – Meu filho,
põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a
dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da
Fonte.
Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem
complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de
Pindorama.”
OSWALD DE ANDRADE
Em Piratininga
Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha
(Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)
3. 3. Oswald de Andrade (1890-1954)
 A obra de Oswald de Andrade
representa um dos cortes mais
profundos do Modernismo brasileiro
em relação à cultura do passado.
Debochada, irônica e crítica, estava
sempre pronta para satirizar os meios
acadêmicos ou a própria burguesia.
 Seu conceito de nacionalismo era
diferente daquele pregado pelos
românticos. Oswald defendia a
valorização de nossas origens, de
nosso passado histórico e cultural,
mas de forma crítica, isto é,
recuperando, parodiando, ironizando
e atualizando a nossa história da
colonização
Oswald de Andrade pintado por Tarsila do Amaral
3. 4. Mário de Andrade (1893-1945)
 A poesia de Mário de Andrade é
marcada pela tentativa do poeta em
romper com as estruturas artísticas do
passado. Mário de Andrade lutou por
uma língua brasileira, que estivesse
mais próxima do falar do povo.
 Com Macunaíma, o herói sem
nenhum caráter, Mário de Andrade
renova a linguagem do herói
brasileiro. Fosse o índio ou o burguês
bem comportado, o herói que aparece
nos romances românticos tinha muito
de irreal e quase nada de nacional.
Macunaíma é uma personagem que se
transforma a cada instante,
assumindo as feições das diferentes
etnias que deram origem ao povo
Mário de Andrade pintado por Tarsila do Amaral
brasileiro.
3. 5. Manuel Bandeira(1886-1968)
 Entre as inúmeras contribuições
deixadas pela poesia de Manuel
Bandeira, duas se destacam: o
seu papel decisivo na
solidificação da poesia de
orientação modernista, com
todas as suas implicações (verso
livre, linguagem coloquial,
irreverência, liberdade criadora,
etc.), e o alargamento da lírica
nacional pela sua capacidade de
extrair poesia das coisas
aparentemente banais do
cotidiano.
Manuel Bandeira pintado por Portinari (1931)
3. 5. Manuel Bandeira(1886-1968)
 Partindo de temas até então
considerados “baixos” para a
criação da “grande poesia”,
Bandeira criou uma poesia rica
em construção e significado,
apesar de sua aparência quase
prosaica.
 Outro legado é a simplicidade e
o despojamento com que são
trabalhados certos temas, como
a reflexão existencial, a solidão,
o amor, a vida e a natureza.

Manuel Bandeira pintado por Portinari (1931)


4. A segunda fase do Modernismo (1930-1945)

AMARAL, Tarsila do. Operários. 1933. Óleo sobre tela, 150x230 cm.
4. A segunda fase do Modernismo (1930-1945):
Momento histórico

 1929: A diminuição do consumo de café no mercado


mundial, provocada pela crise desencadeada pela quebra da
bolsa, fez despencar o preço do café brasileiro no mercado
internacional.
 1937: estava decretado o Estado Novo. Vargas passou a exercer
o poder de modo autoritário e centralizador.
 1939: início da Segunda Guerra Mundial. Ela nos obrigou a
enfrentar a barbárie humana e a reconhecer que o
preconceito e o desejo desmedido de poder podem levar à
perda de milhões de vidas.
4. A segunda fase do Modernismo (1930-1945):
Momento histórico

 1945: lançamento das bombas atômicas em


Hiroshima e Nagasaki. Foi a última fronteira da ética
derrubada pela ciência: o ser humano havia
descoberto uma forma eficiênte de exterminar a
própria raça.
 Estava criado o contexto para que a arte assumisse
uma perspectiva mais intimista e procurasse as
respostas para as muitas dúvidas existenciais
desencadeadas por todo esse cenário de horror e
destruição.
4. A segunda fase do Modernismo (1930-1945): Poesia:
misticismo e consciência social

 Em 1930, a vitória da primeira geração modernista na luta


travada contra a cultura acadêmica já estava consolidada.
Muitas de suas propostas, comoo verso livre, a afirmação
de uma língua brasileira, a priorização da paisagem
nacional e a abordagem de temas ligados ao cotidiano,
estavam definitivamente consolidadas em nossa literatura.
 Enquanto a primeira geração modernista experimentou
uma grande variedade de temas e técnicas, a segunda
geração é caracterizada por uma produção com forte
dimensão social. Assim, o contexto sociopolítico define um
foco para a poesia desse momento
4. A segunda fase do Modernismo (1930-1945): Poesia:
misticismo e consciência social

 Poesia de questionamento da existência humana.


 Inquietações sociais, religiosas, filosóficas e amorosas
 Amadurecimento das conquistas da primeira geração:
versos livres e brancos convivem com outros rimados e
de métrica fixa. Os poetas submetem à linguagem às
suas necessidades, valendo-se de todos os recursos
(formais ou não) à sua disposição.
 Estrutura sintática dos versos é mais elaborada:
questionar a realidade exige uma elaboração sintática
de complexidade equivalente.
4. A segunda fase do Modernismo (1930-1945): Poesia:
misticismo e consciência social

Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.


Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Carlos Drummond de Andrade
4.1. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

 Considerado o maior poeta


brasileiro do século XX
 Se considerarmos sua
carreira poética, podemos
perceber que certas
temáticas afloram de sua
poesia, tais como o fazer
poético, a função social do
poeta, a dificuldade de
compreender os
sentimentos, a importância
da família e da reflexão.
4.1.1 Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): família e
origens: a viagem na memória

 O tema da família se
confunde com o das
origens, representadas na
poesia de Drummond
pelas inúmeras
referências à infância, à
Itabira e às Minas Gerais.
 A recordação do passado
permite que ele seja
reavaliado e que sua
importância seja
reconhecida no presente.
4.1.2 Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): “ o tempo é
a minha matéria presente”

 Em inúmeros poemas,
Drummond aborda a função
social do poeta: denunciar a
opressão e lutar para a
construção de um mundo
novo.
 O presente se torna o
grande tema dessa fase
 A fase social da poesia de
Drummond também se
manifesta sob a forma de
denúncia da alienação da
elite.
4.1.3. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): o exercício
incansável da reflexão

 Em sua poesia reflexiva,


Drummond define-se por
perseguir algumas questões
fundamentais para o poeta:
que “coisa” é o ser humano?
O que significa fazer parte
da humanidade? Como
combater as injustiças do
presente?
4.1.4. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): o fazer
poético: ação e transformação

 O que se observa é que


Drummond, mesmo nos
textos em que
declaradamente trata da
criação poética, continua a
desenvolver um tema maior:
a poesia em busca de si
mesma. Essa busca assume
duas faces: a “material” (do
verso, da escolha das
palavras, da rima) e a do
conteúdo, que a vincula aos
outros eixos temáticos da
obra do poeta.
4.1.5. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): A “concha
vazia” do amor

 A obra de Drummond
também aborda a
necessidade de
compreender o sentimento,
que se manifesta tanto no
nível pessoal quanto no
social (o “estar no mundo”).
 Mais do que registrar
emoções, o poeta de Itabira
quer compreendê-los, e isso
só é possível por meio da
análise
4.2. Cecília Meireles (1901-1964): a vida efêmera e transitória

 Sua poesia, de modo geral, filia-


se às tradições da lírica luso-
brasileira. Além disso, as obras
da poetisa evidenciam uma certa
tendência neossimbolista.
 Do ponto de vista formal, a
escritora foi uma das mais
habilidosas em nossa poesia
moderna, sendo cuidadosa sua
seleção vocabular e forte a
inclinação para a musicalidade,
para o verso curto e para os
paralelismos, a exemplo da
poesia medieval portuguesa.
4.2.1. Cecília Meireles (1901-1964): o neossimbolismo

 A frequente presença de
elementos como o vento, a água,
o mar, o ar, o tempo, o espaço, a
solidão e a música dá à poesia de
Cecília Meireles um caráter
fluido e etéreo, que confirma a
inclinação neossimbolista da
autora.
 O espiritualismo, a
musicalidade e o orientalismo,
tão prezados pelos simbolistas,
também se fazem presentes na
obra da poetisa.
4.2.1. Cecília Meireles (1901-1964): o neossimbolismo

 Raramente a poesia de Cecília


Meireles foge à orientação intimista.
Um desses momentos é
representado por Romanceiro da
Inconfidência (1953), que, pelo viés
da História, abre importante espaço
em sua obra para a reflexão sobre
questões de natureza política e
social, tais como a liberdade,a
justiça, a miséria, a ganância, a
traição, o idealismo.
 O Romanceiro da Inconfidência é
uma “narrativa rimada”, segundo a
autora, que reconstrói, fundindo
história e lenda, os acontecimentos
da Vila Rica à época da
Inconfidência Mineira (1789)
4.2.2. Cecília Meireles (1901-1964): a efemeridade do tempo

 Cecília Meireles cultivou uma poesia


reflexiva, de fundo filosófico, que
aborda, entre outros, temas como a
transitoriedade da vida, o tempo, o
amor, o infinito, a natureza, a
criação artística. Mas não se deve
entender sua atitude reflexiva como
uma postura intelectual, racional.
Cecília foi antes de tudo uma
escritora intuitiva, que sempre
procurou questionar e compreender
o mundo a partir de suas próprias
experiências. Desses temas, os que
mais se destacam são a fugacidade
do tempo e a efemeridade das
coisas. Tal preocupação filosófica
dialoga com a tradição,
especialmente com o Barroco.
4.2.2. Cecília Meireles (1901-1964): a efemeridade do tempo

 Ela mesma revelou os


objetivos que buscava
alcançar por meio da poesia:
“Acordar a criatura humana
dessa espécie de
sonambulismo em que
tantos se deixam arrastar.
Mostrar-lhe a vida em
profundidade. Sem
pretensão filosófica ou de
salvação – mas por uma
contemplação poética
afetuosa e participante.”
5. A segunda fase do Modernismo (1930-1945): Prosa

PORTINARI, Cândido. Criança Morta. 1944.Óleo s/ tela, 176 x 190 cm.


5. A segunda fase do Modernismo (1930-1945): Prosa

 O projeto literário do romance da geração de 1930 foi


claro: revelar como uma determinada realidade
socioeconômica, no caso, o subdesenvolvimento
brasileiro, influenciava a vida dos seres humanos.
 Para tratar das questões sociais regionais, os romances
escritos a partir de 1930 retomaram dois momentos
anteriores da prosa de fição: o regionalismo romântico e
o Realismo do século XIX.
 Do regionalismo romântico, vem o interesse pela relação
entre os seres humanos e os espaços que eles habitam,
apresentando agora uma perspectiva mais determinista.
5. A segunda fase do Modernismo (1930-1945): Prosa

 Do Realismo, é recuperado o interesse em estudar as relações


sociais
 O romance de 1930 inova ao abandonar a idealização romântica e a
impessoalidade realista para apresentar uma visão crítica das
relações sociais e do impacto do meio sobre o indivíduo. Essas
raízes literárias fizeram com que os romances escritos nesse
período fossem conhecidos como regionalistas ou neorrealistas.
 Os escritores pretendiam caracterizar a vida sacrificada e
desumana do sertanejo e compreender a estrutura socioeconômica
que alimentava a política do coronelismo nordestino. Para eles,
apontar tais problemas significava ajudar a transformar essa
realidade injusta.
5. A segunda fase do Modernismo (1930-1945): Prosa

• De modo geral, o trabalho com a linguagem realizado


pelos autores dessa geração busca trazer para as
narratiavas a “cor local”, ou seja, as informações sobre
espaços, comportamentos e costumes, que permitem
ao leitor reconhecer os aspectos típicos característicos
de uma região específica.
5. A segunda fase do Modernismo (1930-1945): Prosa

Fragmento de Vidas Secas


(…)
-Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
(…)E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado
em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a
barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de
animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e
julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse
percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
- Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho. capaz de vencer
dificuldades. (…)

Graciliano Ramos
5.1. Graciliano Ramos (1892-1953): o mestre das palavras secas

 O cuidado com as palavras é um


dos traços mais importantes da
prosa de Graciliano Ramos. A
economia no uso de adjetivos e
advérbios, a escolha cuidadosa
de substantivos, todos os
aspectos da construção de seus
romances colaboram para a
criação do “realismo bruto” que
define o olhar neorrealista do
autor.
5.1. Graciliano Ramos (1892-1953): o mestre das palavras secas

 Como romancista, Graciliano


Ramos alcançou raro equilíbrio
ao reunir análise sociológica e
psicológica. Como poucos,
retratou o universo do sertanejo
nordestino, tanto na figura do
fazendeiro autoritário quanto do
caboclo comum, o homem de
inteligência limitada, vítima das
condições do meio natural e
social, sem iniciativa, sem
consciência de classe, passivo
diante dos poderosos.
5.1. Graciliano Ramos (1892-1953): o mestre das palavras secas

 Contudo, em Graciliano Ramos


o regional não caminha na
direção do específico, do
particular ou do pitoresco; ao
contrário, as especificidades do
regional são um meio de
alcançar o universal. Suas
personagens, em vez de traduzir
experiências isoladas, revelam
uma condição coletiva: a do
homem explorado socialmente
ou brutalizado pelo meio.
5.1. Graciliano Ramos (1892-1953): o mestre das palavras secas

 O autor de Vidas Secas


sobressai entre os demais de sua
época, não só pelas qualidades
universalistas que apresenta,
mas sobretudo pela linguagem
enxuta, rigorosa e
conscientemente trabalhada, no
que se mostra o legítimo
continuador de Machado de
Assis na trajetória do romance
brasileiro.
5.2. Jorge Amado(1912-2001): retrato da diversidade
econômica e cultural

 Um dos escritores brasileiros


mais conhecidos e lidos de todos
os tempos, Jorge Amado
imprimiu um recorte particular
ao projeto literário de sua
geração: o estudo das relações
humanas que levaram à
constituição do perfil
multirracial que caracteriza o
povo brasileiro.
5.2. Jorge Amado(1912-2001): retrato da diversidade
econômica e cultural

 A maior parte das obras do escritor,


principalmente as primeiras que
publicou, apresenta preocupação
político-social, denunciando, num
tom direto, lírico e participante, a
miséria e a opressão do trabalhador
rural e das classes populares.
 Conforme o autor foi
amadurecendo, sua força poética
voltou-se para os pobres, para a
infância abandonada e delinquente,
para a miséria do negro, para o cais e
os pescadores da Bahia, para a seca,
o cangaço, a exploração do
trabalhador urbano e rural e para a
denúncia do coronelismo
latifundiário.
5.2. Jorge Amado(1912-2001): retrato da diversidade
econômica e cultural

 Autor de obras de cunho


regionalista e de denúncia social
no início de sua carreira de
escritor, Jorge Amado passou por
diferentes fases até chegar a
última delas, voltada para a
crônica de costumes.
 A partir da publicação de
Gabriela, cravo e canela (1958), a
ficção de Jorge Amado afasta-se
das questões sociais para
concentrar-se na construção de
tipos humanos, explorando cada
vez mais o tema do amor. Essa
nova tendência de suas obras
garantiu ao autor a continuidade
de seu imenso sucesso popular.
5. O Pós-Modernismo(1945-1960)

GUTTUSO, Renato. Cruxificação. 1940-1941


5. OPós-Modernismo(1945-1960) : contexto histórico
 Fim da Segunda Guerra Mundial: A Europa começou o lento
processo de reconstrução em meio aos destroços humanos e
políticos
 Início da Guerra Fria: o Brasil aliou-se aos norte-americanos
contra a expansão do comunismo. O Partido Comunista, abrigo de
muitos intelectuais, entrou na ilegalidade
 Fim da ditadura Vargas e início da redemocratização.
 No governo JK, o crescimento industrial acelerado desencadeou
um crescimento urbano equivalente. Massas humanas
deslocaram-se do campo para a cidade à procura de oprtunidades,
comprometendo a estrutura dos grandes centros.
 1950: Assis Chateaubriand trouxe para o Brasil a televisão, que se
revelou uma máquina de fazer astros instantâneos e modificou de
modo irreversível o perfil da produção cultural brasileira.
5. O Pós-Modernismo(1945-1960): a arte procura novos
rumos

 Crise dos valores que vigoravam a partir do século XX. Os


conceitos de classe social, de ideologia, de direita e de esquerda,
de arte, do Estado de bem-estar começam a ruir, afetados pelas
duas guerras mundiais. O Pós-Modernismo nasce da ruptura
com algumas certezas e definições que sustentavam conceitos do
campo social, político, econômico, estético, etc.
 O que importa, no mundo contemporâneo, é a individualidade
extrema. A solidariedade e a busca do bem-estar social são
postas em segundo plano. No centro da sociedade, o indivíduo
reina absoluto.
 A experimentação torna-se o princípio norteador da estética
pós-moderna
5. O Pós-Modernismo(1945-1960):Poesia

 Os poetas, que desejavam devolver aos poemas o rigor formal


abandonado pelos primeiros modernistas, passam a
privilegiar o trabalho com a materialidade do texto poético.
Algumas formas fixas e modelos poéticos mais “clássicos”
foram retomados. Com isso, os escritores esperavam definir
de modo mais claro os limites que separavam o poético,
fundamentado no trabalho com a forma, do não poético,
associado ao mero registro do elemento prosaico do
cotidiano.
 Valorização da técnica de composição
• Ampliação do poder de significação da palavra e do texto
• Busca da temas relacionados ao social, moral e político
5. O Pós-Modernismo(1945-1960):Poesia

 É importante que não se confunda a valorização da técnica de


composição promovida pela poesia de 1945 com o
rebuscamento formal que marcou a póetica dos parnasianos.
Trata-se de um procedimento inverso. No Pós-Modernismo, o
domínio da forma deve permitir que a combinação entre
código e a mensagem aconteça de modo absoluto, para que o
poder de significação da palavra seja ampliado e o texto
também tenha sua significação ampliada por essa articulação.
Os parnasianianos investiram no rebuscamento formal sem
pretender, com isso, criar novos sentidos para o texto. A arte
pela arte, a perfeição formal, a imparcialidade diante do
objeto do poema eram seus objetivos.
5. O Pós-Modernismo(1945-1960): “Catar Feijão”

1. 2.

Catar feijão se limita com escrever: Ora, nesse catar feijão entra um risco:
joga-se os grãos na água do alguidar o de que entre os grãos pesados entre
e as palavras na folha de papel; um grão qualquer, pedra ou indigesto,
e depois, joga-se fora o que boiar. um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo, toda palavra boiará no papel, Certo não, quando ao catar palavras:
água congelada, por chumbo seu verbo: a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
pois para catar esse feijão, soprar nele, obstrui a leitura fluviante, flutual,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco açula a atenção, isca-a como o risco

João Cabral de Melo Neto


5.1 João Cabral de Melo Neto (1920-1999): a linguagem
objeto

 João Cabral é um poeta cerebral.


Isso significa que o planejamento
do poema e a reflexão sobre o
próprio processo de composição
são as bases do seu fazer literário.
Sua preocupação em buscar a
significação máxima de cada
palavra e a qualidade literária de
seus poemas foram fatores que o
projetaram como um dos maiores
poetas de sua geração.
5.1 João Cabral de Melo Neto (1920-1999): a linguagem
objeto

 A reflexão sobre o fazer poético é


o principal tema do autor. São
frequentes, em sua obra, os
metapoemas, ou seja, os poemas
que falam sobre a composição
poética. Nesses textos, João
Cabral recorre muitas vezes à
aproximação entre a atividade de
escrever e a outra atividade
cotidiana, para oferecer ao leitor
imagens que simbolizem o
aspecto da composição sobre o
qual deseja refletir.
5.1 João Cabral de Melo Neto (1920-1999): a linguagem
objeto

 Seu universo poético é


essencialmente nordestino, com
muitas referências à zona da mata
e ao sertão. Fiel às origens, o autor
pernambucano trouxe para o
poema a aridez dos espaços em
que se criou. A linguagem que
utiliza aparece despida de
ornamentos, uma “faca só
lâmina”, como ele mesmo definiu.
Pela linguagem de seus versos, por
não falar de sentimentos, não
abordar estados de espírito, os
críticos o reconhecem como um
poeta não-lírico.
5.1 João Cabral de Melo Neto (1920-1999): a linguagem
objeto

 Morte e vida severina é a obra mais


conhecida de João Cabral. Trata-se de
um auto de Natal, que, seguindo a
tradição dos autos medievais, faz uso
da redondilha, do ritmo e da
musicalidade.
 Severino, o protagonista, é um
nordestino que sai do interior do
sertão em direção ao litoral, em busca
de melhores condições. Na sua fala
inicial, percebe-se o drama da
personagem: incapaz de encontrar
características pessoais ou sociais que
o diferenciem de tantos outros
retirantes, Severino torna-se um
símbolo do drama vivido nas regiões
assoladas pela seca.
5.1 João Cabral de Melo Neto (1920-1999): a linguagem
objeto

 O retirante chega ao Recife com uma


dúvida: será que vale a pena uma
pessoa como ele permanecer viva,
tendo que enfrentar tanta
dificuldade? No momento em que faz
essa pergunta a José, um carpinteiro
com quem convers no cais do
Capiberibe, é interrompido por uma
mulher, que em avisar José do
nascimento do filho. Severino
testemunha, então, a solidariedade
dos outros habitantes do manguezal,
dispostos a dividir o pouco que têm
com a criança recém-nascida.
Naquele momento, compreende que a
própria vida deu a resposta que
procurava: mesmo sofrida, difícil, a
vida merece ser vivida.
5.1 João Cabral de Melo Neto (1920-1999): a linguagem
objeto

 A composição de poemas
que articulam forma e
conteúdo fez com que sua
obra desencadeasse uma
revolução formal na poesia
brasileira, criando a base para
novas propostas estéticas
como o Concretismo, que
surgiria alguns anos mais
tarde.
O Pós-Modernismo(1945-1960): Prosa

PRADO, Evandro. Em casa de capitalista, Coca-cola é santa. 2005. 195x86x37 cm


O Pós-Modernismo(1945-1960): Prosa: A reivenção da
narrativa

 A literatura acompanha o processo de busca de novas


possibilidades de organização desencadeado pelo Pós-
Modernismo. Dois autores já anunciavam, em
momento anterior, o experimentalismo narrativo
característico da prosa pós-moderna: James Joyce e
Virginia Woolf.
 James Joyce: reiventa a linguagem e a sintaxe. O
escritor irlandês explora processos de associação de
imagens e todo o tipo de recurso verbal para criar o
fluxo de consciência em Ulisses.
O Pós-Modernismo(1945-1960): Prosa: A reivenção da
narrativa

 O fluxo de consciência é uma técnica narrativa


utilizada para expressar, por meio de um monólogo
interior, os vários estados de espírito e as emoções que
caracterizam uma personagem. Para isso, o narrador
apresenta pensamentos sem se preocupar em garantir
a articulação lógica entre as ideias: uma série de
impressões (visuais, olfativas, auditivas, físicas,
associativas) ganha forma no texto, recriando, em um
universo ficcional, o funcionamento da mente
humana.
O Pós-Modernismo(1945-1960): Prosa: A reivenção da
narrativa

 Fluxo de consciência é uma radicalização da


instrospecção psicológica já praticada desde o Realismo.
 Introspecção psicológica: desvenda o universo mental da
personagem de forma linear, com espaços determinados e
marcadores temporais nítidos. O leitor tem pleno domínio
da situação e distingue com facilidade um momento do
passado (revivido pela personagem por meio da memória)
de um momento presente ou de um devaneio.
 Fluxo de consciência: quebra dos limites espaço-
temporais: presente e passado, realidade e desejo se
misturam, sem qualquer preocupação lógica ou com a
ordem narrativa.
5. O Pós-Modernismo(1945-1960): Prosa: A reivenção
da narrativa

 Virginia Woolf também faz uso do fluxo da consciência


para lidar com as angústias individuais de personagens
atormentadas. O fio narrativo se fragmenta e se multiplica,
tecendo uma rede complexa da qual surge, ao fim, a
imagem multifacetada dos seres humanos.
 Interessados em tratar da experiência interior dos
indivíduos (a noção de espaço e tempo, a ideia do eu e de
sua relação com o outro), Joyce e Woolf abrem mão da
organização tradicional do romance, atribuindo novos
papéis para narrador e personagesns e propondo novas
relações entre tempo e espaços narrativos.
5. O Pós-Modernismo(1945-1960): Prosa: A reivenção
da narrativa

 No Brasil, João Guimarães Rosa e Clarice Lispector


serão os principais responsáveis pela transformação da
prosa de fiçcão. Na obra desses autores, observa-se a
essência da literatura pós-moderna: encarar a palavra
como um feixe de significados.
 Guimarães Rosa: se caracteriza pelo uso particular da
linguagem e por, nesse mundo aparentemente
regional, tratar de temas próprios a todos os seres
humanos como o bem e o mal, a sanidade e a loucura,
o certo e o errado, o amor e a morte, o acaso e o
destino.
O Pós-Modernismo(1945-1960): Prosa: A reivenção da
narrativa

 Clarice Lispector: desenvolve um universo ficcional


em que investiga os processos que tornam o ser
humano único, que lhe dão identidade. Suas
narrativas abandonam o interesse do enredo para
submeter as personagens a um processo de
individuação que permite a elas reconhecer a própria
identidade. Esse reconhecimento as faz reavaliar o
contexto em que se encontram e questionar às
expectativas familiares e sociais.
O Pós-Modernismo(1945-1960): Prosa: A reivenção da
narrativa

 Clarice Lispector e Guimarães Rosa trazem assim a escrita


para o primeiro plano, demonstrando a possibilidade de
valorizar a elaboração do texto e o trabalho com a linguagem
como espaços de construção de mundos específicos.
 As obras desses autores desafiam o leitor a entrar em um
mundo próprio, a participar de maneira ativa da construção
do sentido e a dialogar efetivamente com o texto. No
momento em que o leitor aceita o jogo proposto por esses
escritores e se deixa levar pela linguagem envolvente de sua
ficção, mergulha em um fascinante universo narrativo e, ao
acompanhar a vida e a trajetória das personagens, muitas
vezes percebe-se refletindo sobre a sua própria vida
Guimarães Rosa: o descobridor do sertão universal

 Caráter regionalista de
Guimarães Rosa: as
marcas regionais são
evidentes nos termos
utilizados, na recriação da
fala de jagunços e de
vaqueiros do interior de
Minas. As questões
tematizadas, porém, vão
muito além de uma
perspectiva regional.
Guimarães Rosa: o descobridor do sertão
universal

 Em suas narrativas, Rosa fala dos grandes dramas


humanos: a dor, a morte, o ódio, o amor, o medo.
Indagações filosóficas aparecem na boca de homens
simples, incultos, deixando claro que os grandes
fantasmas da existência podem ser identificados em
qualquer lugar, desde um grande centro urbano até um
minúsculo vilarejo nos sertões das Gerais.
 Dos contos e novelas de Guimarães Rosa, emerge um
mundo sempre marcado pelo confronto de opostos: o
arcaico e o moderno, o rural e o urbano, o oral e o
escrito.
Clarice Lispector
Clarice Lispector: a busca incansável da identidade

 Em Clarice Lispector, a experimentação afeta


principalmente a estrutura da narrativa. É o domínio
da técnica do fluxo da consciência, porém, que se
torna a marca registrada da autora.
 A literatura produzida por Clarice Lispector não se
preocupa com a construção de um enredo
tradicionalmente estruturado, com começo, meio e
fim. Ela busca a compreensão da consciência
individual, marcada sempre pela grande introspecção
das personagens.
Clarice Lispector: a busca incansável da identidade

 Suas narrativas tratam do momento preciso em que


uma personagem toma consciência da própria
individualidade. Esse momento pode ser
desencadeado por situações corriqueiras, como a
contemplação de rosas ou a visão de um cedo
mascando chiclete.
 São situações narrativas complexas, em que as
personagens passam por transformações capazes de
abalar a estrutura prosaica de suas vidas.
Clarice Lispector: a busca incansável da identidade

 Esse processo de descoberta individual por que


passam as personagens de Clarice Lispector é chamado
de epifania. O termo faz referência à apreensão
intuitiva da realidade por algo geralmente simples e
inesperado. Nesse sentido, é a percepção do
significação essencial de alguma coisa.
 Epifania: na obra de Clarice Lispector, significa a
descoberta da próprian identidade a partir de um
estímulo externo. As personagens, nesse momento,
descobrem a própria essência, aquilo que as distingue
das demais e as transforma em indivíduos singulares.
Clarice Lispector: a busca incansável da identidade

 As narrativas apresentam uma estrutura semelhante, que


o crítico Affonso Romano de Sant’Anna definiu em
quatro passos:
1. A personagem é disposta numa determinada situação
cotidiana
2. Prepara-se um evento que é pressentido discretamente
pela personagem (algo como uma inquietação)
3. Ocorre o evento que ilumina a vida (epifania)
4. Apresenta-se o desfecho, no qual a situação da vida da
personagem, após a epifania, é reexaminada.
Clarice Lispector: a busca incansável da identidade

 O trabalho com a linguagem é fundamental para que


esse processo de autodescoberta adquira a dimensão
intimista que permite, ao leitor, acompanhar os
efeitos, na personagem, do momento de iluminação. A
autora promove, na forma do texto, uma
desconstrução equivalente àquela vivida pelas
personagens, fazendo com que a própria linguagem
assuma uma função libertária.
 Clarice Lispector trata da condição feminina, da
dificuldade de relacionamento humano, da hipocrisia
dos papéis socialmente definidos, da busca pelo “eu”.
Clarice Lispector: a busca incansável da identidade

 Outra característica recorrente, na ficção de Clarice, é


a presença de animais (cavalo, galinha, barata, aranha,
búfulo, gato, etc.) que representam o “coração
selvagem” da vida, que pulsa descontrolada, sem se
submeter às regras e expectativas sociais. Essa é uma
forma também revolucionária de simbolizar a busca
incessante das personagens pela libertação das
amarras sociais e o mergulho no irreversível processo
de individuação.
Referências bibliográficas

Passagens integralmente retiradas de:


 ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela;
CESILA, Juliana Sylvestre. O ensino de Literatura. São
Paulo: Santillana, 2009.
 ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela.
Literatura: tempos, leitores e leituras. 2 ed. São Paulo:
Moderna, 2010.
 CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza
Cochar. Conecte: Literatura brasileira. São Paulo:
Saraiva, 2011.

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